A Morte Devagar - Em minha Vida escrita por Andrew Drehmer


Capítulo 1
A Morte Devagar - Em minha Vida


Notas iniciais do capítulo




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Antes eu só vivia. Vivia do verbo viver. Era feliz, e por ser feliz, não conhecia a infelicidade. A vida era uma festa, uma festa constante da qual eu era convidado. Tudo era elogios, risos e alegrias.

Só que tudo o que existe tem um fim. E então se teve uma alameda sombria que atravessei, que só servia para mascarar o vale de lágrimas ao qual eu realmente iria cair e ter de caminhar. Mas esse vale é mui extenso, e não encontro o seu fim. E começo a ficar sem forças para isso.

Alcançei a alameda quando entrei no ensino médio. Tudo era desconhecido. As árvores muito grandes, quase não deixavam os raios de sol tocar minha pele. Depois disso, as coisas só pioraram cada vez mais.

Morri devagar quando me apaixonei perdidamente, e esse amor me levou à revelar minha homossexualidade para minha mãe. Mas estava tudo bem, afinal... Amor de mãe é incondicional. Só que o da minha não era tão ilimitado assim. E ela me magoou muito, me feriu o peito como o algoz que chega para torturar.

Morri devagar quando esse mesmo amor, puro e eterno se dissipou em ilusão e uma amarga necessidade de permanecer com ele.

Morri devagar quando percebi que a mesma pessoa que me fizera tão bem, me afundava em um poço de lágrimas depois.

Morri devagar quando vi o cerco começar a se fechar, e quando percebi que minhas lanças haviam se quebrado uma após a outra, quando fui forte para lutar anteriormente.

Morri devagar quando um novo e mais ainda magnífico amor me cavou um poço de mentiras, no qual eu acabei me sufocando.

Morri devagar quando para ficar ao lado desse amor, vi todos os meus esforços em vão, e enxerguei então o futuro tão negro que se aproxima.

Morro devagar quando estou lutando por ele, fantasiando ser feito de ferro, mas percebendo que o que me constitui é carne e nada mais além disso.

Morro devagar todos os dias, quando perco mais e mais dos meus fantásticos palácios, como a cerração que baixa no pampa quando é outono.

Morro devagar hoje, amanhã e depois, quando cada dia que se passa, é um passo que se avança mais próximo da morte.


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