Ore no Goshujin-sama escrita por Assa-chan


Capítulo 7
A "ex-amiga" dela


Notas iniciais do capítulo

Um pedido de ajuda.



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(Syaoran's POV)

Quando eu voltei pra casa aquela noite, algo me incomodava.

Tudo tinha sido fácil demais.

Joguei-me sobre a cama, suspirando lentamente uma ou duas vezes. Fechei os olhos, a luz ainda acesa. Por conta da alegria de Sakura eu tentei fingir que também achava que tinha dado certo. No entanto era estranho que ele, de uma hora pra outra, tenha dito aquelas palavras.

- Talvez... Ele goste da Sakura. - eu me surpreendi com aquela frase, notando que seria a única conclusão lógica à qual eu poderia chegar. Balancei a cabeça, pensando que era impossível. Tanto Sakura quanto Touya me disseram mais de uma vez que Yukito a enxergava com olhos quase fraternais. Não fazia sentindo que alguém como eu, que mal o conhece, acertasse a forma em que sentia com uma mera suposição.

Mas eu não podia aceitar um resultado tão veloz para uma "fase" que deveria ter durado ao menos uma semana. Com aqueles pensamentos em mente, eu acabei me adormentando.

*****

No dia seguinte, tudo correu de acordo com a norma, ou ao menos até a pausa do terceiro periodo.

- Syaoran! - Sakura exclamou, acabando com minha calmaria. Será que já tinha esquecido tudo o que eu tinha feito por ela na noite anterior?

- O que foi? - atendi ao seu grito sem vontade, fechando meu livro.

- Fez meu dever de casa?

Merda. Eu tinha esquecido.

- Ahm... Não tive tempo. Estive pensando demais sobre como pode ser a segunda fase do plano de conquista do Tsukishi... - Sakura tampou minha boca com uma mão, fazendo-me parar de falar.

- Eu não te disse que não deve falar sobre isso na escola? - ela me soltou, fazendo um semblante irritado. - Vamos, ainda temos mais uns minutos da pausa, faça-o logo. Vê se imita bem minha caligrafia.

- Vai ser difícil fazer esse garrancho. - eu sorri, levantando-me - Mas vou ver se faço algum milagre.

- Muito engraçado. - a garota cruzou os braços. - Aproveite e peça os formulários sobre o festival escolar na outra classe do primeiro ano. Estou sem vontade.

- E quando é que você tem vontade de fazer alguma coisa? - eu arqueei uma sobrancelha, e ela permaneceu calada - Como pensei. Bem, ao menos vou ganhar nossa aposta daqui a pouco e essa tortura vai acabar.

- Sim. Vou ter que achar outro cachorrinho. - comentou indiferente, porém, por algum motivo, aquelas palavras me afetaram.

Sai de perto dela sem argumentar sobre aquilo. Não tinha porque ficar triste por algo que fui eu quem comecei, tentei me convencer. Eu teria continuado meu discurso interno, mas antes que pudesse atravessar a porta da classe um certo Hiiragizawa - por sinal muito chato - me impediu.

- Li! - ele exclamou, escorando-se na porta - A Sakura ficou muito bonita com esse penteado, né? Eai, ela já te rejeitou?

- Pra ser rejeitado é preciso se confessar, não acha? - eu respondi sem me fazer intimidar, caminhando.

- Quer dizer que você nem se confessou, ainda?! - Eriol indagou estarrecido, me seguindo.

- Eu não gosto dela, imbecil.

- Certo... Então o casal S e M possui um amor unilateral. - eu estava prestes a esganá-lo, mas a este ponto já tinha chegado na frente do primeiro ano B.

- Eu tenho que pegar os formulários pro festival aqui. - parei de andar. - Suma antes que eu quebre esses seus óculos ridículos.

- Uhm, que medo. Mas... Essa não é uma tarefa do representante de classe?

Eu fiquei calado, revirando os olhos; já sabia aonde aquilo iria parar.

- A goshujin-sama ataca de novo! - vi um sorriso sarcástico se manifestar em seu rosto. - Isso é muito engraçado, Li! Eu poderia assistir você e a Sakura o tempo todo.

- Sakura...? - uma voz feminina se intrometeu em nossa conversa, nos interrompendo. - Sakura Kinomoto, por acaso?

Me voltei para ela, vendo uma garota extremamente bonita. "Quase tanto quanto Sakura", pensei sem querer. Era baixa e delicada. Os cabelos negros e longos extendiam-se por suas costas até alcançarem sua fina cintura, enfatizando ainda mais o contraste entre a pele alva e a íris escura.

- Sim, ela. - Eriol respondeu antes que eu acordasse de seu encanto. - Você é Tomoyo, certo? Terceiro lugar no ranking.

- Acertou. - ela sorriu, e eu continuei olhando-a em silêncio.

- Conhece a Sakura? - indaguei, ligeiramente espantado. Sakura não tinha muita intimidade com garotas.

- Digamos que éramos amigas de infância. - seu semblante recebeu certa tristeza disfarçada pelo sorriso ainda presente em seus lábios. - Ahm... Precisam de algo?

- Ah, sim... Somos bem mal-educados! - exclamei, percebendo que nem tinha me apresentado ainda. - Eu sou Syaoran Li e este é Eriol Hiiragizawa.

- Syaoran Li... Aquele Li? - Tomoyo me pareceu atordoada. - Quer dizer... O "servo masoquista", seguidor de Sakura Kinomoto, a goshujin-sama?!

- Esses são apenas rumores. - eu quase capotei, vendo que aquelas vozes tinham se espalhado tanto assim. - Não acredite em tudo o que ouve por ai.

- Certo... A Sakura-chan é doce, nunca maltrataria alguém como dizem. - aquela expressão, de novo. Algo com certeza se escondia por trás dela. Mas ela não podia estar falando do demônio Kinomoto.

- Você parece conhecê-la bem. - Eriol disse o que eu estava pensando, e a expressão da garota mudou bruscamente.

- Não é importante. Vieram aqui pra saber isso? - perguntou, mudando de assunto.

- Oh, não... - eu me lembrei do motivo de ter ido até ali, gesticulando encabulado. - Eu vim pegar os formulários pro festival escolar de fevereiro.

- Você é representante de classe?

- Não, a Sakura que é... - eu passei uma mão na nuca, sabendo que aquilo iria contra eu ter desmentido os rumores. - Mas ela tem umas coisas pra fazer agora, então pediu pra eu vir fazer isso no lugar dela.

- Hm. - Tomoyo franziu a testa, como se estivesse me reprovando de alguma forma. - Certo, espere... Vou chamar o representante. - concluiu, atravessando a porta.

Naquele exato instante o sino soou, e eu me vi sem ter feito o dever de Sakura. Pensei que talvez conseguiria disfarçar se pedisse pra trocar de lugar com alguém no período sucessivo. Ela ficava muito perigosa quando eu não obedecia a alguma de suas ordens.

- Oh, Li... Eu vou indo! - Eriol se pronunciou, já correndo em direção à nossa classe - Diga à Daidouji-san que foi um prazer. - despediu-se, acenando.

Eu esperei alguns minutos escorado à porta que ficava do lado da porta. Os alunos voltavam e me olhavam de forma desconfiada. Ah, todo mundo sabia da minha fama, por mais que ainda estivesse no primeiro ano. E isso era terrivelmente desconfortável. "Mas não vai durar por muito", comentei para mim mesmo.

- Syaoran-kun, - a garota voltou com uma pilha de papéis em mãos - Aqui. O representante está ocupado, então eu mesma vim te dar isto.

- Obrigado. - respondi, pegando os formulários. - Certo, agora tenho que... - ela segurou meu braço, interrompendo-me.

- Ahm... Durante o almoço, você tem tempo? - eu pensei por um segundo, lembrando-me que Sakura tinha algo a tratar com o time de basquete e que provavelmente não almoçariamos juntos.

- Sim, acho que tenho. Por quê? - indaguei desconfiado.

- Bem... O estarei esperando atrás da quadra de tênis depois do sinal. - soltou-me, ruborizando ligeiramente - Por favor, venha. - Tomoyo entrou antes que eu pudesse dizer algo. Estava atordoado. O que ela iria querer comigo?

Voltei para a classe e dei os papéis à Sakura. Incrivelmente, ela não me bateu por não ter feito seu dever - parece que já tinha achado outro trouxa pra resolver isso. Eu me limitei a suspirar aliviado enquanto sentava na minha carteira. Poderia ficar tranquilo até a hora do almoço, ao menos.

- Syaoran. - ela me cutucou com uma caneta assim que o professor virou-se para escrever algo no quadro negro - Hoje eu não vou almoçar contigo... A Naoko-chan confirmou que vou ter que discutir umas coisas durante a pausa com o time porque se não atrasaria o treino dessa tarde.

- Tudo bem. - eu apoiei meu rosto sobre uma mão, olhando pro professor que tinha acabado de se virar pra olhar algo no livro que estava em cima da mesa - Você já tinha avisado semana passada, lembra? Eu nem fiz seu bentou.

- Ahh. - ela sussurrou, provavelmente recordando-se da cena - Pensei que não ia se lembrar.

- Senhorita Kinomoto! - o ancião finalmente notou nossa conversa, atravessando a classe até chegar perto de nossas carteiras - Espero que este dialogo tenha algo a ver com literatura antiga.

- Certo que tem, professor - ela respondeu sem nem ao menos se assustar - O Li-kun estava me ilustrando as diferenças entre este texto em japonês e o mesmo traduzido em chinês. Aposto que seria entusiasta de oferecer seus conhecimentos à classe.

Maldita. Ela adorava jogar a culpa em cima de mim, e sempre conseguia de forma que eu não pudesse sequer rebater. Todos me olharam, enquanto meus olhos se mantinham fixos sobre o semblante divertido que Sakura apresentava. Ela parecia ter certeza de que eu iria suar frio e falar uma idiotice qualquer. Porém eu não lhe daria este gostinho facilmente.

- Ah, claro. - eu inspirei bem fundo, serrando um de meus punhos e soltando o ar logo depois - A principal diferença é a forma metamórfica das sentenças - eu não fazia idéia do que estivava falando, mas prossegui ao ver que até mesmo o professor parecia estar acreditando naquilo. - Muitas das frases ganharam uma sequência diferente ou até mesmo inversa quando foram traduzidas para a minha língua.

Eu nunca soube muito de chinês além de falar - a escrita me parece algo incompreensível. É absolutamente verdade que eu nasci em tal pátria, mas fui criado no Japão. Minhas irmãs costumam girar pelo mundo com minha mãe e meu pai. Visito a China uma vez a cada dois anos por conta de alguns parentes que moram lá, no entanto não tenho uma verdadeira ligação com nenhum deles... Ah, certo, com excessão de Meiling.

- Tudo bem. - o senhor se convenceu, olhando para a parte anterior da classe - Agora, continuando...

Eu lancei um olhar assassino pra cima de Sakura, e ela fingiu não estar vendo.

Ah, um dia eu ainda mato essa garota.

*****

Hora do almoço. Saí da classe antes da Kinomoto, esperando que não me perguntasse para onde ia. Eu sabia que houvera algo entre aquelas duas, mas não seria o maldito que iria desenterrar o que aconteceu.

Quando cheguei ao local marcado, Tomoyo já estava lá. A olhei de soslaio assim que ultrapassei a parede da quadra, vendo que parecia estar repetindo algo a voz baixa.

- Oi. - eu disse, indiferente. Um pouco desconfiava que ela quisesse se confessar, mas achei aquilo ridículo; nós nunca nem tinhamos nos falado antes daquele dia.

- Ah, olá! - ela desencostou-se da parede, parecendo assustada. - Nem percebi que estava ai.

- Acabei de chegar. - comentei, sincero - Então...? - mudei de assunto, querendo chegar logo no motivo de ter me chamado ali.

- Ah, é... - Tomoyo ruborizou imediatamente, e minhas suspeitas aumentaram - Eu... Quero... que você me ajude, Li-kun.

- Ajudar? - certo, agora eu tinha que ajudar outra garota a conquistar sei lá quem. Minha vida ia de mal pra pior. - Com o que, exatamente?

- Você é amigo da Sakura-chan, certo? - eu afinei o olhos, achando aquele assunto muito estranho - Eu quero saber tudo sobre ela.

- Você deve ter algo de errado dentro da cabeça. - eu virei-me, intencionado a ir embora. Sakura, Sakura, Sakura. Pra onde eu ia, tudo acabava dando neste nome. Elas eram amigas, ex-amigas, conhecidas... Eu sei lá! Sei apenas que não precisava me envolver ainda mais na vida da Kinomoto.

- Espere! - ela agarrou meu braço, e eu senti lágrimas molharem minha camisa. A olhei com o canto do olho, e não pude fazer a menos de parar de andar. - Eu tenho meus motivos pra fazer isso. Por favor... você é o único da escola que tem intimidade o bastante com ela pra eu poder perguntar!

- Ah, cara. Vocês mulheres são um pé no saco. - eu me voltei para ela, e Tomoyo soltou-me de imediato, recebendo certo brilho nos olhos - O que quer saber exatamente?

Limpou seu pranto com a manga da camisa, respirando fundo antes me mudar completamente a expressão. As lágrimas até mesmo me pareceram falsas.

- Hm, tudo. Não só agora. - Tomoyo parou para pensar, desviando o olhar por um segundo - Sabe... quero que me informe sobre a vida dela antes de começarmos a nos falar novamente.

- Isso é confuso. Você é algum tipo de maníaca?

- Não, não! - ela riu, apesar do fato que eu estava falando sério. - Sabe... Houveram algumas coisas entre mim e ela, e Sakura acabou me odiando. Eu simplesmente queria reconquistar nossa amizade... Ela é muito importante pra mim.

Aquelas palavras me pegaram desprevenido. Eu sempre senti que faltava algo à Kinomoto, e esse algo provavelmente era Tomoyo. Não poderia simplesmente ignorar.

- Olha, eu não desconfio que ela vá me odiar se souber sobre isso. - eu me convenci, juntando as sobrancelhas - Mas acho que não vou machucar ninguém se te contar algumas coisas sobre ela.

- Você é o melhor, Syaoran! - a Daidouji exclamou, segurando meu pulso com as duas m    ãos. Ela tinha dedos quentes, e a aproximação me fez sentir seu cheiro de íris.

Nos sentamos e ficamos conversando ali até o sinal tocar. Lhe disse coisas banais, como onde morava, sua cor preferida, o time de basquete do qual era capitã... Sinceramente, eu conhecia muito mais sobre Sakura do que pensava.

Eu não sabia de poderia confiar nela. Mas, por algum motivo, eu via verdade em suas palavras.

Entretanto, agora eu estava com duas pessoas para ajudar, e os exames de meio ano estavam chegando... Iria acabar só abaixando minha colocação.

...Mulheres são mesmo um pé no saco.a279;


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Notas finais do capítulo

Eae? O que foi que a Tomoyo fez pra Sakura? AHAH, vão descobrir bem mais pra frente.
Capitulo meio longo, mas eu gosto de escrever a narração do Syaoran.
Reviews?