Ela estava treinando. Estava suada. Estava linda. E Henry precisava ir urgentemente a um psiquiatra. Chegou a compará-la com uma deusa em sua mente!

– Podemos ir em algum lugar mais privado?

Ela demorou um pouco para responder, como se avaliando a situação.

– Eu estou toda suada, poderia ao menos esperar eu tomar um banho? – ela falou por fim e Henry assentiu.

Ele esperou no refeitório. E ela foi rápida como prometeu. Voltou com o cabelo seco, mas não era só isso, ele estava com mechas azuis, rosa e violeta.

– O que... o que fez no seu cabelo? – ele falou confuso. Ela revirou os olhos, como se fosse óbvio.

– Sou legado de Vênus. Posso fazer essas coisas, sabe?

– Entendi. – eles ficaram num silêncio constrangedor. O clima estava pesado. Quem ia falar primeiro?

– Podemos ir num café em Nova Roma. Conheço um maravilhoso. – ela falou.

– Ainda não fui em nenhum, mas confio na sua escolha. – ele respondeu gentil, e os dois seguiram em direção ao café.

Era um ambiente agitado, mas tranquilo. Uma grande contradição, com certeza. O café tinha os atendentes rápidos que atendiam vários pedidos ao mesmo tempo, pessoas que conversavam, riam e falavam alto, mas também Meliandra se sentia em paz lá. Ela pediu um cappuccino com uma dose de néctar, e Henry pediu apenas um café preto e forte.

– Não gosta de néctar? – ela pergunta surpresa.

– Não muito. – ele responde e ela balança a cabeça.

– Impossível alguém não gostar de néctar? – ela responde cética e ele ri. Meliandra se sente tão bem com a risada dele. É como uma brisa quente no meio de um inverno tenebroso. Ela se repreendeu por pensar assim.

– Não fui muito acostumado. Só isso. – ele dá de ombros. O pedido deles chega logo, e ele vão se sentar numa mesa num canto afastado, onde as coisas estavam bem mais tranquilas. Mas um silêncio constrangedor se instala sobre eles. Meliandra se mexeu desconfortável na cadeira. Henry pareceu ainda mais desconfortável. Ele limpou a garganta, e foi o primeiro a quebrar o silêncio.

– Eu andei pensando bastante sobre ontem...

Meliandra o encara, tentando entender todas aquelas palavras. Ele havia pensado no beijo... ela não podia se alegrar com isso, apesar de seu coração estar acelerado.

– Era melhor ter esquecido. Foi um erro. – aquelas palavras dela estavam longe de ser verdade.

– Não fale assim Meli. – Henry exclama. – Para mim não foi um erro, e é por isso que não vou pedir desculpa.

Ele encara ela com determinação. Meliandra quase se perdeu naquele olhar doce. O que estava acontecendo com ela? Por que parecia que a qualquer momento ela desabaria, apenas por estar ao lado dele? Ela não podia pensar nisso!

– Você não entende... – ela tentou esconder a angustia na voz. Mas Henry estava prestando muita atenção nela, que nada lhe passava despercebido.

– Você não me explicou, então claramente não pude compreender. – ele responde e Meliandra queria poder contar para ele tudo. Sobre o encontro com Netuno, e o bebê que esperava. Que por ele ser um príncipe, seria impossível uma união com ela grávida. E como isso partia seu coração. Mas ela sabia que contar a verdade podia trazer consequências desastrosas.

– Eu... eu não posso Henry. Só... não daria certo entre a gente. Entende?

– Por que Meliandra?

– Porque não.

– Não é uma resposta. – ele falou sério. E ela não pode responder mais nada. – Você... você não gosta de mim?

Era isso que ela se perguntava. Ela sabia que a possibilidade de não gostar dele era impossível. Mas, o que ela realmente sentia?

– Não é isso... nós mal nos conhecemos. – ela exclama.

– Tá bem, então isso eu posso resolver. Podemos nos conhecer. – ele fala com um sorriso. – Que tal um passeio? Fora do acampamento. Podemos ir para qualquer lugar.

– Eu nunca sei do acampamento. – ela responde de cabeça baixa.

– Nunca? – Henry fala confuso.

– Kayron achava melhor eu permanecer aqui. Meu irmão sempre foi muito super protetor.

– Então eu posso falar com ele. Pedir autorização para um passeio. Você aceita Meliandra? – os olhos de Henry pediam uma chance. A garota não conseguia controlar a respiração. Ela queria tanto dizer sim!

– Um passeio... como amigos. – ela por fim responde e Henry aumenta o sorriso.

– Sua condição é severa, mas eu me contento com sua companhia. – e com isso Meliandra finalmente rir. Amplamente e sem se preocupar com seus problemas.