Memórias Perdidas escrita por LadyPumpkin


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Quero dizer q sou castiete, mas, mesmo sendo castiete, eu sei que a Debrah deve ter sido muito importante para o Castiel num passado ;D
É por isso que ele resolver voltar com ela, pq eles já tiveram um passado em que ele amava muuuuito a Debrah! E foi isso que me inspirou a fazer essa fic ^-^ e ah, eu acho a Debrah realmente bonita :P
Espero que gostem, é minha primeira, e provavelmente única, fic de AD ;D



Atenção: a história da fic se passa uns meses depois da Debrah ter voltado e a docete ter desmascarado ela! Resolvi usar a Lynn, pq só leio fic yaoi de AD e n sei qual docete usam mais LOL


Boa Leitura!



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Capítulo Único

— Castiel, você pode pegar essa caixa para mim? – Lynn não parecia muito feliz de ter de pedir algo a ele, mas o suor na testa e a respiração ofegante denunciaram que ela já tentara aguentar o peso e não havia conseguido.

Acordando de seus pensamentos, ele se levantou, sorrindo presunçosamente.

— Como é que se diz? – provocou, achando graça na expressão irritada dela.

Por favor. – A voz mal humorada parecia um garfo arranhando um prato de vidro. Castiel sorriu satisfeito para ela e levantou a tal caixa, que era pesada o suficiente para ele próprio ter dificuldade. Tentou não aparentar, ou Lynn podia rir e usar isso contra ele no futuro.

Quando conseguiu botar a caixa em cima da mesa, esbarrou em Nathaniel e o olhou feio. Não disse nada, porém, pois Iris e Lynn haviam praticamente implorado para que os dois não brigassem – Castiel não costumava obedecer ninguém, mas aquele não era um dos seus melhores dias. O loiro respeitou as garotas e se virou, ignorando o olhar demoníaco que o outro lhe lançava.

Obviamente eles estavam no ginásio, arrumando-o para mais uma das ideias loucas que Lynn havia tido. Ela sempre metia todo mundo no que queria fazer para o colégio; dava um jeito e, mesmo quem não concordava inicialmente, acaba fazendo algo para ajudar. Era até estranho o modo como ela conseguia persuadir todo mundo. Castiel estava no grupo de “eu acho essa ideia muito idiota”, mas no fim ele sempre gostava do resultado, e ela sempre sorria daquele jeito que era quase impossível dizer não. Não que Lynn fosse lá essa beleza toda, mas ela era insistente. Por isso Castiel sempre recusava de primeira – adora vê-la correr atrás e insistir! Meio sádico.

Olhou ao redor, vendo como as garotas decoravam o teto com barbantes que caiam quase até o chão, com várias borboletas e flores de plástico amarradas. Kim, sem medo nenhum, se equilibrava na escada enquanto Violette parecia um poço de preocupação lá embaixo, segurando a escada e morrendo de medo de Kim cair.

— Não está ficando lindo?! – Lynn comentou com os olhos brilhantes, parecendo ver cada decoração do salão. Até mesmo as menores. Castiel se apoiou na mesa, cruzando os braços.

— É, dá para o gasto. – Deu de ombros, contendo o sorriso de canto que queria sair ao ver a cara indignada que Lynn fazia.

— Oras, se você não está satisfeito com a decoração, não apareça no baile! – E ela que cruzou os braços, fazendo um biquinho. Pareceu esperar que Castiel falasse alguma coisa, e ele até já imaginava o que ela queria, mas o ruivo só deu uma olhada longa no salão.

Baile de primavera.

Essa palavra trancou sua garganta. Lynn – que ele já havia notado que esperava um convite –, tossiu para chamar a atenção dele. Olhou-o meio preocupada, o biquinho sumindo na face.

— Castiel? Tudo bem? – chamou e passou a mão na frente dos olhos dele. O ruivo piscou, voltando a si.

— Ah, sim, tudo – balbuciou, meio confuso. Lynn o olhou curiosa, como ela sempre era, mas antes que pudesse falar algo, Rosa estava lhe chamando.

— Estou indo! – gritou em respostas e olhou para Castiel logo depois. – Hã... você está bem mesmo?

Ele arqueou a sobrancelha de um modo muito superior. Um sorriso de canto escapou de sua boca.

— Vai embora logo, mamãe.

Uma veia saltou da testa de Lynn, que se virou e foi andando até Rosalya pisando forte e o xingando em murmúrios. Castiel observou as costas dela por um momento, até erguer o olhar para o teto do ginásio. Conseguia ver um globo espelhado, mas não havia nada lá. Sua boca secou.

-

— Alexy, onde você colocou meu PSP? – Armin revirava os bolsos de sua calça, irritado. Não estava lá, então ele deduzia que o irmão havia pegado. Alexy mostrou a língua para ele.

— Você não acha que está jogando demais? – Ele havia ficado realmente irritado, pois Armin, ao em vez de ajudar os outros, estava sentado num canto do ginásio com seu videogame. – Eu escondi.

A expressão de Armin ficou muito irritada.

— Alexy, me dá meu PSP agora! – E quase voou no irmão, tentando alcançar os bolso da jaqueta laranja.

— Alexy, devolve logo! – Lynn se intrometeu, temendo que o moreno ficasse mais irritado ainda; não queria que aquele dia acabasse numa briga.

Castiel, do lado de Lysandre, revirou os olhos e o puxou, para saírem logo do ginásio. Já estava de noite e eles haviam terminado tudo o que tinham que fazer – alguns até mesmo foram embora, mas, como sempre, Lynn acabava chamando os meninos para ficarem mais um pouco. Entretida com os gêmeos, ela nem notou quando Lysandre e Castiel saíram.

Lysandre tentava esconder a graça que havia achado da cena, mas um pequeno sorriso brincava nos seus lábios. Castiel se espreguiçou, ouvindo o amigo falar de uma nova composição que estava fazendo – infelizmente ele havia perdido o bloco de notas outra vez, então não dava para mostrar para Castiel agora. O ruivo deu de ombros, dizendo que ele podia fazer isso amanhã, quando achasse o bloquinho.

Lysandre acabou ficando na loja do irmão e Castiel se despediu, seguindo o caminho para o próprio apartamento. Morava sozinho, então não costumava chegar cedo; se o fazia, era sempre pensando em Dragon, pois não gostava de deixá-lo por tanto tempo. Quando chegou, depois de uns 10 minutos acariciando o cachorro para que ele se acalmasse com a chegada do dono, colocou uma lasanha congelada no micro-ondas e comeu assistindo alguma série não muito interessante num canal aleatório.

Era sempre muito quieto e tranquilo o seu apartamento. Castiel gostava assim; de ficar sozinho, sem ninguém o incomodando e nem lhe dizendo o que devia ser feito. Às vezes – só às vezes – sentia falta de alguma companhia, para chamar para assistir algum programa na TV ou para comentar coisas do cotidiano como “a Lynn é muito folgada e o Nathaniel é um idiota”, mas até isso passava.

Quando terminou de comer jogou o prato na lava-louças e foi para o banheiro tomar um banho – ia tirando as roupas e deixando no caminho, mesmo. Não fazia diferença nenhuma, considerando que era que teria que pegar tudo no final. Ficou pelo menos quinze minutos no chuveiro e saiu, enrolando uma toalha no quadril e utilizando outra, uma preta, pois seu cabelo manchava tudo, para secar os fios.

Ele até ia para o quarto se trocar, mas o calor daquela noite fez com que Castiel simplesmente se jogasse no sofá – a coisa confortável mais próxima – ainda só de toalha. Quando fez isso, porém, o seu pé acabou esbarrando num porta-retratos que ficava num criado mudo, ao lado do sofá.

— Puta que pariu, minha mãe vai me matar se perceber isso – xingou, se arrumando no sofá, para pegar o porta retrato que era de vidro e havia se quebrado todo. A foto que ficava exposta era uma de sua mãe e seu pai, com um menininho de cabelos negros no ombro do homem. Obviamente era uma foto de quando Castiel ainda era pequeno. O que o ruivo encontrou no chão, porém, não foi só vidro e aquela foto.

Havia mais uma, que peto jeito estava escondida atrás da primeira. Estava virada de cabeça para baixo, então Castiel precisou puxar com a mão, até a altura dos seus olhos. Felizmente nenhum pedaço de vidro lhe cortou, mas o que viu fez seu peito doer mais do que qualquer corte.

Ele voltou a se deitar, com a foto muito próxima do rosto. Examinava devagar e seus dentes morderam sem querer o lábio inferior. Aquela imagem lhe trazia péssimos sentimentos.

Era ele e Debrah. Mais um casal, num baile, como qualquer outro. Ela abraçava sua cintura e ele tinha o braço por cima dos ombros dela, num abraço extremamente protetor. Sem toda aquela maquiagem que ele vira da última vez, e sem as roupas extravagantes, ela era quase irreconhecível. Só uma garota bonita, vestindo um vestido de baile colado e bonito, do lado de seu namorado. Só uma garota normal sorrindo ao lado dele. E Castiel tinha os olhos mais apaixonados que qualquer um já poderia ter visto...

“Era mais um dia qualquer de Outono. Fazia um pouco de frio lá fora, mas nada insuportável. Castiel observava os carros lá fora, as pessoas andando tranquilamente, suspirando de tédio. Era sempre assim quando estava no colégio: entediante. Completamente. Quando estava em casa, ao menos podia brincar com Dragon ou tocar sua guitarra.

É ela a aluna nova? – Kim murmurou para Iris, que tinha os olhos curiosos. A ruiva sentava ao lado do moreno, mas eles não se falavam. Por isso Castiel gostava de Iris.

É ela sim – Iris respondeu, com um sorriso.

Castiel havia acabado por ouvir a conversa delas, pois estavam as duas bem do seu lado. Não entendendo o assunto, ele se virou para a porta, onde estava a garota sobre a qual as duas outras falavam. Mesmo ele tentando esconder, sua boca se abriu em “o”.

Lá estava ela, parecendo pronta para esquentar o outono de Sweet Amoris. Tinha o cabelo castanho chocolate caindo até suas costas, era um corte repicado e duas trançinhas caiam pela lateral. Não havia muita maquiagem sob o rosto de pele pálida, era naturalmente bonita. As íris eram de um azul claro profundo e os olhos chamativos por causa dos cílios negros e grossos. Parecia ter um corpo bonito – os shorts jeans não tão curto e a regata preta deixavam evidente que era magra, mas com curvas.

Era encantadora. Os olhos vagaram por cada pessoa da sala e, quando caíram sobre ele, Castiel pensou que ela era a garota mais bonita que já havia visto. Ainda mais quando sorriu, um sorriso branco e claro sob os lábios carnudos e rosados. Ele tinha certeza que, assim como ele, as pessoas da sala estavam pensando sobre a beleza dela. A morena se aproximou um pouco rápido demais e, quando ele notou, já estava parada em frente a ele, apontando para a cadeira na frente dele, vazia.

Alguém senta aqui? – ela perguntou educada, apontando. Se fosse qualquer outra pessoa, ele logo diria que sim, mesmo que a verdade fosse não. Felizmente, ela espantou seu mal humor.

Não, não há ninguém.

Ela sorriu de novo e se sentou, deixando a bolsa sob a mesa. Quando se virou para trás, afim de vê-lo, examinou-o de modo cuidadoso. Era como se ela estivesse numa loja de bolsas, tendo que escolher alguma. Castiel, pelo jeito, fora sua bolsa preferida.

Me chamo Debrah...

Castiel. – Se apressou. O sorriso dela abriu mais um pouco.

É um prazer. – Piscou os dois olhos, os cílios batendo. Castiel se perguntou onde estava o seu ar. – Você toca?

Oi? – arqueou a sobrancelha, surpreso com aquela pergunta. Ela riu ao perceber o que ele pensara.

Perguntei se você toca algum instrumento. – E pegou na mão dele, apontando para a ponta dos dedos, onde haviam algumas marquinhas e partes descascando. Castiel não se irritou com o toque repentino dela.

Você notou isso? – Era uma pergunta retórica. Estava surpreso, pois não eram marcas assim tão grandes para serem vistas do nada.

Debrah levantou os olhos das mãos dele e sorriu mais uma vez.

Acredite em mim, sou uma grande observadora. – Havia um tom estranho por trás daquelas palavras, como se ela dissesse “sei escolher bolsas”. Castiel fingiu, para si mesmo, que não havia reparado. – Então, o que é? – passou a ponta dos próprios dedos nos dedos dele.

Guitarra.

O sorriso dela se transformou em algo como “eu sabia!”.

Eu sei tocar um pouco, também. Mas sou melhor cantando e compondo.

Você canta? – Castiel ficou mais surpreso ainda. Aquela garota havia caído do céu? – Eu não sei cantar. – Era estranho para ele admitir que não conseguia algo, mas ela parecia tão sincera e gentil, que ele não se importou de comentar.

Ah, eu posso te mostrar quando você quiser...

-

Eu realmente acho que a Debrah canta bem! – Iris comentou, na porta do clube. Melody, observando tudo, concordou.

Ela é muito boa. – Ela mexia a cabeça com o ritmo da voz da garota. Rosalya olhava aquilo, mas não parecia tão encantada quanto as outras duas.

Ah, bem, eu gosto um pouco. Mas não acho assim tão incrível como vocês acham. – Deu de ombros. Podia continuar ouvindo Debrah cantar por muitas horas se fosse obrigada, mas nunca colocaria numa música dela por vontade própria. As outras duas não deram muita atenção para o que ela falava e logo Rosa saiu do clube. Só havia ido mesmo acompanhar Iris, mas Leigh havia chegado e lhe ligado, então não via porquê ficar ali dentro.

Castiel até ouvia, mas estava meio alheio ao que elas falavam. Seus olhos cinzentos não desgrudavam de Debrah, sentada sob um banco alto, cantando acompanhada de um instrumental que havia trazido num pendrive. Para ele, ela estava linda daquele jeito e Castiel realmente gostava da música. Adorava vê-la cantando. Debrah parecia gostar do que fazia, e isso o satisfazia também. Vê-la bem.

Ela parou de cantar quando o instrumental acabou e recebeu aplausos de todos do clube. Desceu do banquinho e foi até onde o moreno estava sentado.

O que você achou? – perguntou, se sentando sob as coxas dele. Para ela não fazia nenhuma diferença se alguém visse ou não. De qualquer forma, não estava fazendo nada demais. Castiel passou as mãos pela cintura dela, entrelaçando-as nas costas da garota.

O que acontece se eu falar que estava muito ruim? – ele tinha um sorriso sapeca nos lábios. Debrah botou as mãos nos ombros masculinos, os dedos brincando com os fios negros.

Gosto do seu cabelo – comentou. – E eu vou ficar muito brava se você disser uma besteira dessas – ela aproximou sua testa da dele, colando as duas. Os narizes quase se tocando. -, gatinho.

O hálito dela tocou os lábios dele e Castiel a beijou, roubando a boca dela para si, imaginando o quão sortudo era por ter um amor correspondido.

-

Debrah não soltou a mão dele enquanto entravam no elevador e esse subia. Ela parecia bem tranquila para uma garota que visitaria o apartamento do namorado pela primeira vez. O apartamento vazio do namorado. Castiel havia demorado um pouco para contar o detalhe sobre seus pais para ela, acreditando que isso a assustaria e a faria achar que ele tinha segundas intenções. Não que não tivesse; era um adolescente, é claro que ele pensaria nessas coisas. Mas não estava levando-a ali para isso. Queria que Debrah conhecesse sua casa.

Depois que ele abriu a porta, ela olhou tudo por um momento.

Essa é a sala. – Ele indicou o óbvio, trancando a porta atrás de si. A morena demorou um pouco olhando o cômodo. Castiel encarou o rosto dela. Encontrou um pouco de decepção nos olhos azuis, mas quando ia dizer algo, ela falou:

Ah, é lindo!

Ela parecia estar sendo sincera, apesar do que falara não combinar nada com o que os olhos diziam. Castiel olhou para a própria sala; não era nada super chique, mas não era horrível e estava bem arrumado – ele fizera questão de limpar as coisas antes de chamá-la. Preferiu acreditar no que a boca dela dizia.

Ele tentou dizer algo mais uma vez, mas Debrah virou-o de frente para ela, passando os braços pelo pescoço dele e ficando na ponta dos pés, para alcançar o rosto dele. O moreno ficou um pouco surpreso com o beijo repentino, mas retribuiu, segurando a cintura dela. Ela separou os lábios dos dele um tempo depois, olhando-o com um sorriso.

Você ia me mostrar uma melodia nova hoje, não ia? – Piscou duas vezes. Castiel estranhou que ela não se interessasse em ver o resto da casa. Havia falado sobre a melodia com ela no dia anterior, achava que ela nem se lembraria.

Hm... Ia sim.

Ela bateu as mãos no peitoral dele, por cima do casaco marrom.

Então vá pegar a guitarra, estou tão ansiosa! – E sentou-se no sofá, batucando as mãos na coxa. Ainda achando estranho, Castiel seguiu até o seu próprio quarto sozinho, mas quando abriu a porta Dragon quase voou, indo rápido em direção ao sofá; o moreno olhou chocado, havia esquecido de que havia prendido o animal lá, pois Debrah não gostava muito de cachorros.

Ela deu um grito e Castiel correu para lá, mesmo sabendo que Dragon nunca atacaria nenhum de seus amigos. O cachorro costumava gostar de quem ele gostava também. Mas a cena que viu foi exatamente o contrário do que esperava: ele latia furiosamente e ameaçava pular em cima de sua namorada, que estava em cima do sofá gritando seu nome.

Dragon, Dragon, para! – Castiel parou no meio dos dois. O cachorro continuava latindo, mas agora em intervalos mais longos. – Eu disse para! – E olhou-o com raiva. Dragon abaixou as orelhas, gemendo triste. Castiel afagou a cabeça dele, suspirando. Era estranho o fato de ele estar assim com Debrah, Dragon nunca fora violento.

Ainda no sofá, a morena apoiou as mãos nos ombros de Castiel, que estava de costas para ela.

Cachorro feio! – xingou, irritada. O moreno se virou, arqueando a sobrancelha para ela.

Não fale assim com ele, Debrah.

Ela soltou um sorriso amarelo, descendo do sofá.

Me desculpa, gatinho. Eu só fiquei com medo, sim? – E deu um selinho nele, ainda mantendo distância do animal. Deu mais alguns beijos em Castiel, até que sentiu que ele estava relaxado e não tenso. – Agora... Por que não trás sua guitarra e leva o cachorro fe... Digo, o Dragon, para a varanda? – Ela apertou mais os dedos no cabelo dele. – A gente pode querer usar o quarto...

Hm...

Castiel murmurou, parecendo gostar da ideia, e Debrah percebeu que aquela era uma guerra já vencida.

-

Alguém havia colado um pôster sobre o baile de primavera no seu armário. Castiel puxou o papel e amassou, só para jogar no lixo que estava a uns passos dele. Acertou uma cesta.

Esse baile é idiota – falou para Debrah, que talvez nem tivesse o ouvido. Nos últimos meses ela não saia do telefone e trocava mensagens com alguém toda hora. Havia dito para o moreno que era com uma amiga do antigo colégio, e Castiel não via como não confiar nela.

Você acha mesmo? – Ela levantou o rosto do celular. Tinha um batom arroxeado nos lábios. Continuava bonita, mesmo diferente. Sorriu. – E se eu dissesse que quero ir?

Ele arqueou a sobrancelha para ela.

Você querendo ir ao um baile? – Não parecia fazer o estilo dela, que era basicamente o estilo dele.

Na verdade – ela se virou para ele, colocando o celular no bolso de trás da calça e agarrando seu braço, se aproximando do corpo do namorado. Ela sempre fazia isso quando queria algo, e Castiel nunca conseguia dizê-la não –, eu já me ofereci para cantar.

Você o qu...

Ele foi interrompido por um beijo rápido, ela sorria sapeca quando eles se afastaram. Castiel não conseguia deixar de encarar aquele rosto, aquela garota! Ele conseguia sentir... realmente conseguia sentir que amav...

E quero que você vá, gatinho. É especial para mim, você entende? Nós não precisamos dançar se você não quiser... Mas me convide. – E esperou, em silêncio.

Castiel não podia acreditar no que ela conseguia fazer com ele. Parecia mágica. As palavras praticamente deslizaram pela boca dele alguns segundos depois e, como sempre, Debrah vencera:

Quer ir ao baile comigo?

-

Sorriam! – O fotografo pediu, na frente do ginásio. Cada casal que passava por ali, a entrada do baile, tirava a foto e podia pegar depois.

Acho que sai um desastre! – Debrah comentou, com o braço enroscado no de Castiel. Naquele dia ela não usava nada extravagante como vinha fazendo; fora um pedido dele que ela cumprira com muito custo. Por isso tinha a maior cara de mau humor do mundo, apesar de ter sorrido lindamente na foto.

Você está linda. – Ele repetiu pela milésima vez,já arrependido de ter pedido aquilo. Debrah estava tornando as coisas ridiculamente difíceis. Afinal, era ela que queria vir, não era? Castiel havia a levado.

Quando entraram no ginásio, todo decorado, o humor dela mudou de repente. Um grande sorriso cobriu sua face. Alguns casais já estavam dançando e a banda que tocava estava provavelmente quase no fim das músicas. Logo Debrah poderia subir ao palco – ela teria que ir até os bastidores alguns minutos antes, mas eles sabiam que ainda tinham um tempo juntos.

Beberam o ponche e ela não desgrudava de Castiel, que até que não havia achado tão ruim, afinal, estar ali.

Vamos dançar? – Não fora um pedido, fora praticamente uma frase certa. Ela o puxou para o meio da pista, aproveitando a música lenta, afinal o moreno era desengonçado. Castiel acompanhou o “dois para lá, dois para cá”. Ela tinha a testa grudada na sua, quando falou: - você sabe que eu gosto de você, não sabe?

Não havia nada de profundo na voz dela, na verdade pareceu superficial, mas só aquilo foi o suficiente para ele se sentir bem. Ela nunca, naqueles seis meses que namoravam, havia dito que o amava. Essa palavra nunca havia saído dela. Apenas uma vez dele – mas Castiel acreditava que ela não havia ouvido, pois não tinha respondido nada. Ele tinha certeza que o que sentir por ela era amor. E nunca havia sentido isso por ninguém.

Ela continuou:

E que quero seu bem, gatinho... – murmurou, como uma... despedida? Castiel a ouvia atentamente, pois nunca havia ouvido algo parecido dela antes. – E você é tão bom... Muito bom...

E quase o beijou. Os lábios superiores já se tocavam quando ela se separou dele junto do fim da música. Sorriu, mas Castiel tinha a expressão confusa.

Eu vou ir cantar, depois dessa já é minha vez. – Apertou a mão dele. – Vai me assistir?

Vou – sussurrou ainda meio perdido. De repente Debrah deu um sorriso diferente dos de sempre, parecia aqueles sorrisos que um inimigo te dá. Não era feio, porém. Mas era diferente dos que Castiel se habituara nela.

Promete que vai me assistir para sempre? E vai torcer por mim?

Ainda confuso, mas sabendo que ela tinha que ir logo e ele não podia ficar pensando, disso, por fim:

Prometo.

E Debrah o soltou, ainda com o mesmo sorriso estranho. Castiel sentou-se numa cadeira ao lado de Iris, que sabia que ele não gostava de conversar, então ficara quieta. Quando Debrah entrou no palco, ela parecia outra. Usava um jeans rasgado e um tomara que caia cheio de brilho. O cabelo estava preso de lado e havia uma maquiagem forte no rosto. Era diferente de tudo o que ele já a vira vestindo, mas provavelmente aquilo era uma personagem que ela havia criado para o palco. Só uma personagem, Castiel se convenceu, bebericando o ponche ruim.

Então ele reconheceu a melodia que tocava antes dela começar a cantar. Surpreso, juntou as sobrancelhas. Era muito parecida com a sua... mas quando chegou ao meio mudou e ficou mais agitado, combinando com a voz dela. Então provavelmente seus ouvidos o haviam enganado. Debrah não roubaria nenhuma composição dele, tinha certeza. A melodia voltava a ficar igual em vários momentos, mas ela estava tão exuberante que Castiel não se concentrava na música. Concentrava-se nela. Não parecia nada com a menina que havia chegado no colégio no outono.

Continuava cantando bem, mas os ouvidos dele não pareciam gostar tanto assim mais. Isso fez sua boca secar.

-

“Gatinho, precisamos conversar.”

Era a mensagem que tinha no celular de Castiel quando ele acordou. Tomou banho, comeu e foi para o colégio. Havia um garoto novo na classe, mas ele não teve tempo – e nem interesse – de falar com esse, pois viu Debrah no mesmo momento. Ela estava no portão do colégio e não parecia que ia entrar. Ele estranhou quando viu a roupa dela; era um jeans rasgado muito parecido com o do baile de alguns dias atrás, o cabelo meio preso num coque e meio solto, com algumas trancinhas. Muita maquiagem no rosto e um batom escuro.

Sem segurar na sua mão como sempre fazia, Debrah andou até atrás da escola e, pacientemente, Castiel a seguiu. Estava curioso. Não tinha ideia sobre o que ela queria falar.

Debrah parou de repente, botando a mão na cintura e botando o peso do corpo numa outra perna. Ela parecia entediada em ter que fazer aquilo, mas ao mesmo tempo havia dor nos seus olhos. Castiel ainda não sabia, mas era só fingimento, mais uma vez.

- Gatinho, tem uma coisa que eu preciso te dizer... Ah, bem, é sobre o baile. Havia um olheiro lá. Quero dizer, um desses caras que procuram pessoas famosas em pessoas normais, sabe? Acontece que eu fui chamada...

E tudo o que era mais importante naquela época para Castiel, desabou. Um final que ele nunca havia esperado para aquilo tudo.”

O celular tocando interrompeu seus pensamentos. Piscou algumas vezes, procurando o relógio na parede. Havia ficado mais de 10 minutos olhando para aquela foto velha. O celular tocou de novo e ele procurou com os olhos, ainda meio confuso por ter sido trazido à realidade tão depressa. Quando o achou, atendeu sem olhar o visor.

Castiel?

Reconheceu aquela voz, voltando a deitar no sofá, com a foto na mão livre. Ainda precisava por uma roupa.

—Não, o Papai Noel. – Sorriu de canto, e sabia que do outro lado da linha a garota revirava os olhos.

Hahaha, que engraçado. – Ela fingiu uma risada.

— Não vai dizer para quê ligou? – Obviamente Castiel não havia passado o número para ela por boa vontade. Lynn havia insistido que isso era bom por causa dos planejamentos do baile, e ele resolveu não discutir com ela por muito tempo. Como havia já pensando mais cedo, ela era extremamente insistente e convincente.

O silêncio durou tempo o suficiente para o ruivo estranhar. Ela normalmente tagarelava. Parecia ter dificuldade para formar uma frase.

A-Ah... Isso pode parecer meio e-estranho, sabe?

— Fala logo.

Ele pode ouvi-la engolindo em seco.

Eu senti uma coisa ruim. Como se tivesse acontecido alguma coisa com você... – Castiel riu seco de lado, ao ouvir aquilo. – Está tudo bem, não está?

Ela parecia verdadeiramente preocupada.

— Se a minha saúde dependesse das suas sensações, eu estaria bem ferrado.

Ok, vou desligar, tchau. – Castiel riu baixo, achando graça no fato dela ficar irritada tão rápida. Apressou-se, antes que ela desligasse:

— Lynn, espera.

O que foi? – Conseguia imaginá-la com uma veia na testa e fazendo um biquinho.

Castiel olhou para a foto mais uma vez. Ele e Debrah. Ela estava perfeitamente linda ali. Ele estava tão feliz...

Jogou a foto para o alto, vendo Dragon pegar, achando que era um brinquedo, e começava a mastigar.

— Você quer ir naquele seu baile idiota comigo?


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Notas finais do capítulo


Para quem não entendeu, a Debrah roubou a composição do Castiel e chamou o olheiro pra ir ver :P ou seja, ela sabia que o olheiro ia estar lá, por isso resolveu cantar no baile. E ela é mt ruim com as própria composições, então pegou a melodia do Cast e jogou uma letra barata em cima KKKKKKKKKKKK

Espero que tenham gostado ^-^
Um beijão~


PS: essa imagem linda eu achei dps de já ter escrito metade da fic, mas mudei o nome justamente por causa dela ;D combinou mt com oq eu queria ^^ Então deem uma olhada: http://www.deviantart.com/art/Lost-memories-Debrah-x-Castiel-MCL-380068964



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