Rosas e demônios escrita por Ana Flávia Souza


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu de novo!! Mais um capítulo pra vocês. Espero que gostem!!

Comentem por favor.



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Capítulo quatro

Ao sair do quarto e pisar no chão do corredor, uma sensação estranha percorreu meu corpo. Minha cabeça estava começando a clarear. Não me lembrava de nada realmente importante sobre o meu passado, mas estava reconhecendo aquele corredor. Olhei novamente para os dois lados, que eram praticamente iguais. Os dois sumiam de vista sem sinal de término e havia várias portas de madeira espalhadas pelos dois lados em intervalos constantes.

Hesitei por um instante, mas logo, decidi tomar o corredor que ia para o lado esquerdo. Não só porque meu pai tinha ido na outra direção, mas porque precisava encontrar uma velha amiga e ela só poderia estar em um lugar.

Corri pelos corredores, sendo guiado por um instinto de que estava indo na direção correta. Vez ou outra deparei-me com bifurcações, mas sempre escolhia um caminho sem nem pensar direito. Como se eu estivesse no piloto automático. Cada parede e cada quadro me traziam recordações e iam clareando minha mente.

Passei em frente a uma grande porta de madeira com entalhe de um porco com uma maçã na boca e á sua volta, arame farpado. É uma bela maneira de se manter as crianças longe da cozinha, pena que nunca tenha funcionado conosco.

Voltei os meus pensamentos para ela. Lembro-me vagamente de seu rosto, olhos dourados e cabelos vermelho-fogo. Tinha esperanças de que aquela menina que sempre treinara e brincava comigo - e que também me ajudara a assaltar a cozinha - pudesse me ajudar a entender o porquê de eu ter sido deixado com os "mundanos". Esta é a maior mancha em meu passado, a única coisa da qual eu não consigo me lembrar ou entender.

Parei em frente a uma porta, ligeiramente maior que as demais. Entalhada nela, havia três rosas, uma em cada canto da porta e ainda era possível ver a marca de uma quarta rosa que um dia fizera parte do entalhe, mas que agora fora retirada. Respirei fundo e me preparei para o que viria a seguir.

Empurrei a porta com bastante cuidado. Por sorte a porta não fazia barulho quando era aberta. Quando abri o suficiente para entrar na sala, fui tomado por uma enxurrada de lembranças do meu passado real.

Vi-me correndo por aquela sala, sendo perseguida por outros dois garotos, cada um armado com uma faca. Um deles era uma versão mais nova do meu irmão gêmeo, Dêniss. O outro era alguém que eu sentia que deveria conhecer, mas que mesmo assim me era totalmente estranho.

Lembrei-me também de algumas aulas de esgrima que eu tivera ali, com um professor extremamente severo. Minhas aulas eram junto com uma outra garota, cujos cabelos pareciam rastros de fogo, conforme ela se movia para aplicar cada golpe com uma precisão assustadora.

Varias outras imagens foram surgindo em minha mente. Lutei para afastá-las e me concentrar no que estava fazendo ali.

O lugar era grande, mais de seis vezes o tamanho do meu quarto, o centro era um pouco abaixo de onde eu estava e compreendia um grande circulo de areia e grama. Nas paredes, várias armas como; foices, espadas, arcos, bestas, facas e até alguns neko-te pendiam de suportes. Havia também um quadro onde estavam marcados alguns exercícios e horários.

A arena em que treinei desde pequeno não havia mudado em absolutamente nada desde a ultima vez em que estive ali, o que já fazia um bom tempo, eu acho. Reparei que uma pessoa estava no centro da arena treinando. Ela usava apenas uma calça apertada e uma blusa cinza debaixo de uma meia armadura, que só protegia seu tronco. Enfrentava um imenso dragão mecânico de treinamento. Essa pessoa não usava nenhuma arma, mas os punhos estavam envoltos por uma luva de ferro. E as pernas tinham uma espécie de caneleira também de ferro.

Quando se movia, seus cabelos pareciam deixar um rastro vermelho no ar e, como ela se movia em uma velocidade muito alta, parecia um raio de luz vermelha passando. Bastou apenas cinco investidas da menina contra o boneco de treino para que ele caísse aos pedaços no chão. Confesso que senti pena do dragão de metal, pois de alguma forma eu senti que compartilhava essa dor com ele. Um leve sorriso dançou em minha boca, o primeiro desde que chegara ali.

Olhei novamente enquanto o boneco era destruído sem misericórdia pela garota. Finalmente ela parou, ao perceber que já não tinha como destruir ainda mais a pilha de metal à sua frente. A menina se virou e os nossos olhares se cruzaram. Seus olhos, dourados como ouro, se arregalaram ao me ver.

Ela retirou as luvas e as guardou em um canto da arena, ficou parada ali por um tempo antes de se virar e andar calmamente em minha direção. Seus passos eram suaves e ao mesmo tempo firmes e tinham a leveza de quem cresceu treinando para o combate. Devia fazer uns dois anos que não a via, mas não tinha como ter certeza, já que nem sabia como e quando eu saí daqui. Ela era um pouco mais baixa que eu. Seu corpo era o de uma verdadeira guerreira. Pernas e braços firmes e musculosos, algumas curvas pelo corpo e olhar feroz e atento.

Percebi que estava olhando-a fixamente então desviei o olhar, levemente corado. Fingi observar o outro lado da sala enquanto a vigiava pelo canto do olho. Quando já estava perto o suficiente para me ouvir, lembrei-me de algo a seu respeito.

– Vejo que você não mudou nada Emmy! Mas onde estão Nill e Nilla? Pensei que vocês nunca se separassem. – Emmy era uma grande domadora de demônios, a melhor que eu conhecia, e Nill e Nilla eram o par de demônios que eram “parceiros” dela.

–Eu não ando mais com aqueles dois para todo canto já faz um tempo. E agora eles estão descansando no meu quarto, se quer tanto saber. – disse revirando os olhos e chegando mais perto, até que eu pudesse escutar sua respiração ofegante por causa do exercício. Parou bem na minha frente, olhou pra mim e continuou – Por que demorou tanto pra voltar?

Senti meu rosto esquentar. Sei que é idiota, mas torcia para não ter ficado tão corado. Ela estava perigosamente perto, o suficiente para sentir a sua respiração contra o meu rosto. Ela cheirava a terra molhada como sempre, esse era um dos melhores cheiros que já senti. Seus olhos grudados aos meus. Um sorriso travesso surgiu e logo desapareceu de seus lábios.

Emmy pegou uma das minhas mãos e o meu rosto ficou ainda mais vermelho do que antes. Alguma no meu subconsciente me dizia para recuar, mas eu estava paralisado. Com um único e rápido movimento, ela torceu meu braço atrás do meu corpo e com a perna direita passou uma rasteira que me faz cair de boca no chão.

– Não sei se você escutou, mas eu acho que fiz uma pergunta. – Emmy estava com o pé em cima da minha coluna e aquilo doía muito, pois ela ainda segurava a minha mão para trás. – porque demorou tanto para voltar? Você me deixou... Digo, deixou todos muito preocupados, seu idiota egoísta.

Ela me segurou por um tempo e, como eu não respondi por causa da dor, finamente me soltou. Levantei o mais rápido q pude e fiquei de frente pra ela, agora mais atento. Com cuidado abracei-a e estranhei quando ela não tentou me matar.

– Desculpe-me, eu também senti sua falta. – disse depois de um tempo em silêncio.

– Convencido! – Emmy resmungou, desfazendo o abraço – quem disse que eu senti sua falta? É que não tinha ninguém idiota o suficiente para eu poder usar como saco de pancada.

Ela foi em direção à porta, mas antes de sair se virou e disse mais uma coisa:

– vem! O almoço já deve estar quase pronto, e Hades deve querer você presente, não é?

Concordei com um gesto de cabeça e a segui até a sala de refeições que ficava no fim de um corredor um pouco mais largo que os outros.

parei diante da porta sem saber se queria mesmo entrar ali, mas por fim acabei me convencendo e abrindo a porta do grande salão. Entrei, acompanhado pela linda domadora de demônios.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem. Comentem, elogiem, critiquem, me avisem sobre possíveis erros de português, etc...

Até o próximo capítulo o/



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