Rosas e demônios escrita por Ana Flávia Souza


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá povo, espero que gostem da história... Vou tentar postar um episódio por semana, se quiserem uma frequência maior é só comentar bastante u.u kkkkkk okok chega de enrolar.

Boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/579850/chapter/1

Meu nome é Louis e eu sou um garoto normal, ou quase. Não sei o porquê, mas tenho uma “habilidade” estranha. Não sei ao certo quando comecei a vê-lo, mas parece que ele sempre esteve me seguindo. Alguns dizem que é um dom e que eu devo me orgulhar disto, já outros encaram isso como uma maldição, algo negativo e então se afastam de mim.

Acontece que eu vejo a Morte. É.. "Morte" com letra maiúscula. Vejo um homem alto encoberto por um manto negro tremeluzente e um capuz que lhe encobre a cabeça e deixa seu rosto nas sombras, deixando visível apenas seus dois olhos que parecem brilhar em um tom vermelho sangue.
inúmeras vezes, vi pessoas sendo mortas na minha frente, o que aumentava os rumores de que eu era cercado por uma maldição. Ao contrário do que é retratado em diversos desenhos e filmes, a Morte não usa uma foice para levar a vida daqueles cujo tempo na terra se acabou.

Apenas um olhar daqueles olhos sombrios e misteriosos era suficiente para que a alma deixasse o corpo e queimasse em uma intensa chama verde, e como os demais não possuíam tal habilidade, apenas viam a pessoa morrendo, mas eu podia ver o sofrimento das pessoas refletido nos olhos da morte e ouvir os gritos de agonia da alma ao ser expulsa do corpo.

---xxx---

Naquele dia, acordei particularmente angustiado. Olhei para o lado procurando meu relógio, que marcava cinco e quarenta da manhã. Era dia 3 de setembro, um dia que senti que não seria tranquilo. Sabia que não conseguiria dormir mais, por isso levantei da cama vagarosamente e me permiti demorar um pouco mais no banho. Vesti o uniforme cinza e sem graça de sempre e desci para a cozinha.

Não havia ninguém em casa, afinal eu moro sozinho desde que consigo me lembrar. Nunca me importei em saber quem eram meus pais ou se um dia eu tivera algum. Tomei um rápido café da manhã, como de costume, e me dirigi para a escola.

No caminho, reparei que a maioria das pessoas evitava andar perto de mim e até mesmo evitavam um contato visual comigo, como se eu emitisse um sinal de alerta para que todos fugissem. Entrei em um rua em que o movimento era menor, pois encarar uma multidão de olhares atravessados logo de manhã não era nem de longe o melhor plano para começar um dia bem.

Ao chegar na escola, sentei-me sozinho no canto da sala e comecei a me lembrar do estranho sonho que tive na noite anterior: dois olhos vermelho-sangue me observavam friamente e refletiam o momento que deduzi ser a minha morte, em seguida a visão de uma rosa branca transformando-se em uma escarlate para depois desaparecer nas sombras, deixando para traz uma única pétala ainda com poucos resquícios de brancos.

Escapei de meus devaneios com um sobressalto ao perceber que todas as outras pessoas já saíam para o intervalo, incluindo o professor. Eu nunca era incomodado ou obrigado a fazer algo e isso estava começando a me incomodar. Levantei a cabeça para a porta preparando-me para sair da sala, mas parei de súbito ao vê-lo.

Ele estava ali, parado na porta. Olhando friamente em minha direção. Meu coração falhou uma batida e então acelerou quando um temor percorreu meu corpo e fez com que os pelos da minha nuca se arrepiassem. Então percebi quem ele provavelmente viera buscar. Minhas mãos tremiam e eu comecei a suar frio, um calafrio percorrendo minha espinha.

Ele estava aqui para me buscar.

Mas por que não me mata logo? Por que está parado na porta e não avança? O que o está impedindo? Fui pego por um instinto primitivo que me fez querer fugir. Eu sabia que queria estar em qualquer lugar, menos ali. Tentei me levantar, mas minhas pernas estavam bambas e não respondiam aos meus comandos.

Naquele momento eu estava quase entregue ao desespero, um único pensamento rondava em minha mente. Com a voz trêmula gritei um “eu não vou morrer agora” -ou algo parecido com isso- e percebi que o alto homem de capa negra exibia um sorriso triunfante ou de deboche como se zombasse da minha atitude.

Ainda não sei de onde surgiu a coragem e a força para o que fiz a seguir. Ouvi o sinal que indicava o final do intervalo tocar, sempre detestei aquele som estridente e agudo.

Quando as pessoas da sala começaram a entrar, meu contato visual com aqueles olhos vermelhos foi quebrado e aproveitei esse momento para levantar-me, pular a janela que ficava nos fundos da sala e correr, deixando para traz todo meu material e uma turma completamente confusa.
Para aonde exatamente eu estava indo? isso não importava. Apenas continuei correndo por entre as ruas da cidade que eu tanto conhecia. As pessoas e os carros pareciam se mover em câmera lenta enquanto eu corria sem rumo pela cidade, afastando-me cada vez mais da escola em que estudava. Afastando-me da Morte. Minha adrenalina estava a mil.

Novamente a imagem de uma rosa branca invadiu meus pensamentos.

Quando percebi estava correndo em direção à floresta que ficava ao norte da pequena cidade. Ela era conhecida como o labirinto eterno. E não era à toa, pois ao adentrar por cerca de cinco metros percebi que não havia caminhos abertos que tivessem mais do que um palmo de largura, provavelmente feitos por pequenos animais que passavam por ali.

Abri caminho pela vegetação densa o mais rápido que conseguia. Era difícil enxergar, pois mesmo no fim da manha o emaranhado de árvores e trepadeiras impedia que os raios solares adentrassem e iluminassem o caminho. O chão era coberto por uma fina camada de neblina o que dificultava ainda mais o trabalho de avançar.

Corri por um bom tempo, tentando ignorar as dores em quase todos os músculos, e os arranhões nos braços e no rosto, decorrentes de galhos que vez ou outra meu pânico e desespero por fugir me impediam de ver. Meu coração batia em um ritmo tão acelerado e forte que eu tinha certeza de que todos os animais em um raio de cem metros poderiam ouvi-lo. Minha respiração estava entrecortada e eu suava muito. Comecei a escorregar e a tropeçar com mais frequência até que finalmente encontrei uma clareira.

O sol incomodou minha vista, forçando-me a semicerrar os olhos para poder enxergar melhor o pequeno lugar iluminado no meio de um emaranhado de árvores. Havia apenas um pequeno lago de águas cristalinas em um canto da clareira e uma árvore, ligeiramente maior que as demais, que se erguia no lado oposto de onde eu estava.

Corri até as margens do lago e me permiti parar para jogar uma água no rosto. Mas, quando olhei para a água, senti a cor se esvair do meu rosto. Não havia qualquer sinal do meu reflexo. Esfreguei os olhos com as costas da mão e olhei novamente para ter certeza do que tinha visto e novamente nada. Neste momento sucumbi ao medo e ao pavor, soltando um grito estrangulado, para em seguida tapar a boca com medo de que alguém me ouvisse. Não sei quem poderia me ouvir ali, no meio do nada, mas mesmo assim o fiz.

Parei debaixo de uma árvore para descansar. Estava exausto e agora podia sentir cada músculo do meu corpo protestando e o menor movimento causava uma dor absurda. Permiti-me fechar os olhos por alguns minutos, péssima ideia por sinal, pois quando voltei a abri-los, a figura encapuzada estava parada diante de mim com seu manto negro cobrindo-lhe o corpo, mas desta vez o capuz estava para trás e pude, pela primeira vez, ver seu rosto.

O que encontrei foi ainda mais assustador do que eu poderia ter imaginado. Prendi um berro ao perceber que ele era exatamente igual a mim, cabelos negros e naturalmente bagunçados, rosto levemente arredondado e bochechas altas. Um sorriso frio e sem humor dançava em seus lábios, que eram levemente rosados assim como os meus. A única diferença era a cor dos nossos olhos, pois até mesmo a dor estampada naqueles olhos parecia familiar ao meu.

Fiquei imaginando por um momento, se todas as pessoas viam a morte com um rosto igual ao seu próprio, mas descartei essa possibilidade tão logo ela surgiu, eles não podiam ver aquele cara.

Ao fitar aqueles profundos olhos escarlates, fui tomado por uma terrível onda de dor. Como se de repente um punhal tivesse sido enfiado em meu peito e retirado logo em seguida. Meus ossos pareciam estar em chamas. Em minha boca, sentia gosto de sangue, mas sabia que não estava sangrando. Meus olhos se mantinham fixos nos olhos do homem à minha frente, ou melhor, percebi com um sobressalto, o garoto à minha frente.

Estava implorando para que tudo isso acabasse logo, me contorcendo de dor pelo que pareceu ser uma eternidade. Minha cabeça estava a mil, imagens perturbadoras inundavam meus pensamentos.

Um Louis, muito mais jovem, correndo por corredores desertos junto com uma menina e dois outros garotos. Aquele garoto e eu, ainda em uma versão mais jovem, lutando. Um grande salão com um trono ricamente adornado em uma das paredes e outras imagens sem sentido, que giravam e me davam ânsia de vômito.

Desviei o olhar por um momento e imaginei novamente se para todos também demora todo esse tempo ou se minha morte está sendo diferente por poder vê-lo. Estaria ele brincando comigo?

Olhei novamente em seus olhos e o que vi me assustou ainda mais. Não havia mais qualquer resquício daquele sorriso frio e cruel, mas sim uma expressão séria, e eu podia estar imaginado coisas, mas seus olhos demostravam certa preocupação e até mesmo angústia. Será que ele, o senhor da morte, está com dificuldade para me matar?

Mas não tive tempo de descobrir agora, pois com uma pancada na parte de trás da cabeça senti minhas forças indo embora, meu corpo relaxou e eu me entreguei a uma sensação quase que confortável e quente que rapidamente tomou conta do meu corpo.

Tive uma última visão antes de perder totalmente a consciência. A mesma rosa branca dos meus sonhos, ela foi murchando aos poucos e então, subitamente esmagada por mãos fortes e, em seu lugar, surge uma linda rosa em um tom prata que eu nunca tinha visto antes. Fiquei encantado com a visão dessa rosa e então a escuridão tomou conta da minha mente e não vi ou pensei em mais nada...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...
Comentem, favoritem, acompanhem e tals... Se tiver algum erro de português me avisem que eu arrumo ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rosas e demônios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.