Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 6
- Capítulo 6




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Não conseguia acreditar, a enfermeira havia dito ao Louis que a situação do garoto era grave, como é que ele saíra do hospital em perfeito estado?

Meus pensamentos martelavam minha cabeça. Será que Louis teria mentido? Não, Louis não faria isso, não teria sentido. Senti meu ombro doer, um homem magro e alto bateu seu braço em mim.

– Mas que droga, - Ele resmungou alto. – aí não é lugar de ficar. – Ele tinha saído do banheiro masculino.

Não respondi, escorreguei pela parede me sentando no chão. Não queria que o garoto me visse. Esperei por 2 minutos, então me levantei e apoiei minhas mãos em cima da parede e forcei uma subida para espiar por cima. E em fração de segundos nossos olhos se encontraram, soltei minhas mãos e meus pés bateram no chão. Tinha que sair dali, não podia ficar a noite toda esperando ele ir embora.

Cautelosamente, caminhei em direção a parede do outro lado, e andei colada nela sem olhar em volta até chegar na porta que ligava a lanchonete do bar. Quando cheguei não pude evitar, então olhei para trás. Ele estava me estudando, com sua cabeça tombada para o lado ele sorriu lindamente. Me apressei. Meu tempo de trabalho tinha chegado ao fim, liguei pra mamãe me buscar rezando para que ela estivesse em casa.

Vinte minutos depois ela estava estacionando o carro na garagem de casa, no caminho todo ela tinha falado sobre o emprego, como as coisas tinham sido e blá blá blá. Não consegui prestar atenção, estava inquieta com o fato do garoto estar no bar sem qualquer arranhão, e ainda mais nervosa por me sentir atraída por ele.

– O que foi? – Mamãe perguntou. – Parece preocupada com algo. Aconteceu alguma coisa?

– Ah... não, está tudo bem. – Menti. – Kane já está em casa?

– Sim. – Ela tirou as chaves e abriu a porta. – Ele está cansado, deve ter trabalhado muito hoje. Chegou, não me deu atenção e se trancou em seu quarto.

– Oh... – Cansado de trabalhar? Acho que não.

Depois de tomar meu banho quente, peguei meu fichário de desenhos e folheei até achar alguma página em branco para poder cair em rabiscos e desenhar tudo o que eu estava sentindo. Quando meus dedos tocavam no lápis eu me sentia distante, me sentia livre, era como se nada mais existisse, éramos só eu e meus contornos. Meus dedos dançavam e dos seus movimentos lindos traços apareciam e eu esquecia tudo. Eu era feliz assim.

Acordei com o barulho do despertador, me segurei para não enfiar minha mão naquela máquina idiota que só me fazia assustar de manhã. Depois de me trocar desci pra cozinha. Mamãe deixara pedaços de bolo em cima da mesa e café. Pude ouvir os paços de Kane na escada.

– Parece que vai chover. – Não, o dia estava lindo e ensolarado. – É a primeira manhã desse ano que vejo você sair pra ir à escola.

– Há-há-há. – Risada irônica. – Engraçadinha você, já pode entregar currículos em circos. Seu talento me encanta. – Falou ajeitando a sua bolsa nas costas. Uma buzina tocou do lado de fora.

– Vai com quem? – Perguntei.

– Com meus pés.

Olhei pela janela, era o Louis, e ele estava com um carro diferente, e não parecia novo. Saí e fui em direção ao carro.

– Esse foi roubado de quem? - Coloquei minha mão no queixo como um gesto pensativo. – Já sei, do seu avô.

– Ele só precisa de uma reforma. – Disse animado. – Comprei de um velho amigo do meu pai.

– Nossa... – Abri a porta. – Com o dinheiro que vai gastar pra deixar essa coisa bonita, dá pra comprar um novo. – Entrei. – Kane, você pode vir, poupe esforços com seus pés.

– Eu não vou com vocês nessa lata velha. – Falou arrogante.

– Ae, - Louis gritou. – respeite meu bebê.

Conseguimos chegar na escola a tempo, porque o “bebê’’ do Louis parou de funcionar logo na entrada do estacionamento da escola.

– Maravilha. – Falei. – Esse carro vai te dar muitos problemas.

– Não ligue pra ela, amor. – Ele falou abraçando o capô do carro. – Ela não sabe o que diz. – Eu só pude rir.

– Vamos, é história agora, sabe como é. – Apressei ele. No meio do caminho lembrei do que havia acontecido no bar. – Louis? – Chamei- o.

– Diga.

– Me disse a verdade quando estávamos no hospital? – Parei.

– Como assim? – Ele se virou pra mim.

– Sobre o menino, você disse a verdade? - Ele pareceu não entender. – O estado dele era grave?

– Ah, - Então caiu a ficha. – sim, foi o que a enfermeira me disse. Por que eu mentiria sobre isso? Por que está me perguntando isso agora? Combinamos de vermos ele hoje, lembra?

– Sim, - Hesitei – mas não será possível. - Louis ergueu uma sobrancelha como se estivesse perguntando “por que”. – Vi ele hoje no Rock’s, ele não parecia nada mal.

– Estranho. – Ele coçou a cabeça. – Talvez a enfermeira tenha se enganado. – Continuou a andar. – Isso tem um lado bom, já não vamos mais precisar visita-lo, eu odeio hospitais. – Então ele parou e olhou para trás. – Ei, - Me chamou. – ande querida, é história agora.

A segunda aula do dia era Educação Física e eu era péssima. Na quadra, as garotas se alongavam de um lado e os garotos jogavam bola do outro. Avistei Edie sentado nas arquibancadas com um saco de salgadinhos.

– Chips. – Falei me aproximando e sentando ao seu lado.

– Na minha filosofia, comer é melhor que fazer exercícios físicos. – Falou enchendo a mão de batatas e enfiando-as na boca.

– Entendo. – Ri. – Mas a Sra. Gil não vai entender. Acho melhor se levantar e pelo menos fingir que está interessado na aula.

– Eu não posso. – Jogou o saco de chips no chão. – Estou em uma crise emocional. – Colocou as mãos no rosto, apoiando os cotovelos nos seus joelhos. – Estou apaixonado.

– Estar apaixonado é estar em crise. – Levantei as sobrancelhas.

– Você não entende. – Coçou os olhos. – Caroline não me quer.

– Oh... – Ele estava sendo rejeitado. Edie estava sendo rejeitado por uma garota, nunca tinha visto esse seu lado emocional. – Caroline, aquela que parece uma vampira? – Pois é, a garota era assustadora, nunca havia falado com ela mas eu a via sempre sentada no banco de cimento do lado mais isolado do gramado lendo livros.

– Ela não parece uma vampira. – Falou desaprovando minha opinião sobre a garota. – Sabia que a cor favorita dela é preto? – Ele levantou.

– Isso é obvio. – Caroline só usava roupas de cores escuras, era impossível não saber qual cor ela gostava mais.

– Você tem que falar com ela. – Disse fazendo uma expressão do tipo “tive uma ideia”. – Isso, você vai falar com ela... você é menina, minha amiga, vai dizer que sou legal, vai dizer do que eu gosto... ela tem que mudar de ideia... Você pode dizer que estou começando a fazer academia, meninas gostam de caras sarados... E também...

– Uou, – interrompi-o. – calma ae. – Me levantei. – Eu não sou nenhum cupido, não vou falar com ela, ela não me parece ser amigável.

– Ela é um amor. – Seus olhos brilharam. – Ok, no intervalo você vai falar com ela, eu faço o que você quiser. Vamos lá, nunca pedi um favor seu, e agora que preciso de você, vai me negar?

– Ei, vocês. – Sra. Gil chamou nossa atenção. – Educação física conta no boletim escolar, não quero... – Ela bateu o pé no chão. – Não quero dar notas vermelhas. – Rugiu. – Para quadra agora. - Todos olharam para nós dois, Edie me puxou pelo braço.

– Não se esqueça. – E correu pela quadra.

Estava cansada e molhada de suor, Gil nos fez dar 10 voltas em torno da quadra e depois tivemos que jogar vôlei, aquilo me deixou exausta. O tempo todo Edie me olhava como um cachorrinho machucado. Antes de entrar no vestiário feminino, fui em direção a ele.

– Ok, eu falo com ela, mas já estou dizendo que eu não sou boa em arrumar relacionamentos. – Falei apontando meu dedo no seu rosto. – Se der errado a culpa não é minha.

– Tá... Tudo bem. – Ele sorriu. – No intervalo. – Disse ele me lembrando quando é que eu deveria agir.

– Tá... – Falei irritada. – E eu vou cobrar.


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