Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 13
- Capítulo 13




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O dia todo fiquei pensando para onde Jess iria me levar, se eu poderia confiar nele. Ele era tão misterioso que qualquer um poderia pensar em coisas más sobre sua pessoa, inclusive eu mesma. Normalmente, nos filmes de terror o mocinho estranho leva a menina pra um encontro e em seguida ela morre. Isso seria trágico.

Fugindo desses pensamentos totalmente idiotas, eu tomei meu banho e procurei algo para vestir. Eu não trabalhava nos finais de semana, Abgail havia contratado outra pessoa para isso.

Lucia tinha chegado em casa a pouco tempo, acompanhada de seu gato. Quando desci a escada ela parou de acariciar as orelhas do bichano e me olhou.

– Não sabia que usava vestidos. – Ela falou surpresa. Eu realmente não costumava usar esse tipo de roupa, mas hoje era diferente. O vestido foi comprado a quase dois anos e eu usei ele apenas uma vez, ele era preto de um pano leve que batia em meus joelhos, com uma fita mais escura amarrada na cintura, e alças finas que o segurava nos ombros.

– Engraçadinha. – Ri irônica. – Como estou?

– Linda. – Ela sorriu, e então voltou sua atenção para o gato.

– Onde está o Kane? – Perguntei olhando para a sala a procura dele.

– Ele saiu. – Expressou indiferença. – Sabemos que ele não para em casa, já me acostumei com esse menino que você chama de irmão. – Lucia não gostava do Kane, e isso era visível. Quando eles se cruzavam pela casa, ela fechava a cara e arrumava mais serviço para fazer como se estivesse dizendo “Estou ocupada, não tenho tempo para você, peste.”

Pouco antes das sete horas, a porta recebeu duas batidas. “Jess, estava adiantado”, pensei. Quando a abri, Louis estava parado com um galão na mão cheio de líquido amarelado. Era a gasolina.

– Demorou. – Eu disse saindo, e fechando a porta atrás.

– Isso tudo para me ver abastecendo o carro? – Ele ergueu as sobrancelhas me olhando da cabeça aos pés.

– Tire logo seu bebê da minha garagem. – Falei passando por ele.

– Vou fazer isso. – Disse indo em direção ao carro. Depois de despejar o líquido do galão para dentro da lata velha ele tampou o objeto de plástico transparente e jogou-o pela janela do carro, que escorregou e caiu debaixo do banco. Louis apoiou suas costas no carro e cruzou os braços. – Pra onde vai?

– Para algum lugar. – Eu realmente não sabia pra onde eu iria, não estava sendo grossa.

– Com quem?

– Isso não é da sua conta. – Sorri.

– Sua mãe não está em casa. - Ele colocou um dedo no queixo, pensativo. – Você não sairia com Kane. – Ele olhou para cima e em seguida para mim. – Não faço ideia.

– Seu carro já está abastecido.

– Não me mande embora. – Ele desencostou-se do carro e se aproximou. – Você está cheirando bala de morango.

– Isso se chama perfume.

– Eu gosto de bala de morango. - Eu gostava muito do Louis, mas ele não era meu tipo, não me via com segundas intenções com ele.

Um barulho macio e ao mesmo tempo potente tomou conta dos meus ouvidos, Jess chegara com seu Porsche preto. Louis se virou para saber do que tratava e sua feição mudou ao ver Jess sair do carro.

Jess usava uma camisa preta e folgada de mangas longas, jeans escuros e botas marrons escuras. Seu andar sexy estava mais agressivo.

– Carro bonito. – Louis falou apontando para o Porsche, Jess apenas assentiu com a cabeça. Lembro-me de Jess ter dito não ir com a cara de Louis, por isso já imaginei por que não saiu um “Obrigado” da sua boca.

– Vamos? – Jess segurou meu ombro me direcionando ao carro.

Louis ficou parado nos olhando, ele parecia chateado mas estava se esforçando para não demonstrar. Eu já estava no carro de Jess quando vi Louis abrindo a porta do seu carro, ele sorriu sem graça, coçou a nuca e entrou no carro.

Jess sentou do meu lado batendo a porta e dando partida. O carro cheirava a couro e era confortável.

– Já recebeu elogios essa noite? – Jess perguntou com sua atenção para a estrada.

– Já. – Curvei os lábios em um sorriso. – Lucia.

– Lucia?

– Uma moça que está trabalhando em casa. – Ele sorriu e então ficamos em silêncio por alguns instantes. – Louis também pareceu gostar. – O sorriso de Jess sumiu, mas ele não estava sério.

– Vejo que esse cara é um problema pra mim. – Ele virou seu rosto para me observar, seus olhos correram meu corpo e pararam em minhas coxas. Para não surtar com aquele clima eu desviei minha atenção para a janela e percebi que estávamos saindo da cidade.

– Pra onde estamos indo? – Perguntei. Confesso que estava assustada, eu não o conhecia direito para ir tão longe assim, meu coração estava pulando e meu nervosismo aumentara. Aquela ideia do mocinho matar a garota estava entrando na minha cabeça, e ela não estava parecendo tão idiota naquele momento.

– Você está bem? – Ele perguntou erguendo uma sobrancelha.

– Pra onde está me levando? – Minha voz soltou um ar de preocupação.

– Você vai ver. – Ele voltou olhar para a estrada.

– Pra que tanto segredo?

– Não confia em mim? – Agora sim sua feição havia mudado para séria, totalmente séria. – Eu não vou machucar você, Mag. – Suas mãos apertaram mais o volante.

Não respondi a sua pergunta, apenas continuei olhar pela janela e no caminho todo, o silêncio predominou.

Jess direcionou seu carro para a esquerda que dava de entrada a uma estrada estreita de terra, o carro desceu por alguns quilômetros e parou de frente para um prédio de dois andares. Em cima uma placa nomeava o lugar como “Gallery’s” com luzes brancas em volta.

– Vem. – Jess falou abrindo a porta. Eu abri o meu lado e saí do carro, o chão era todo de terra e minhas sapatilhas não eram confortáveis, a cada passo uma pedra cutucava um de meus pés.

Do lado do prédio, uma escada ao aberto nos levava direto ao segundo andar, estava escuro, a única coisa que clareava o local era a placa da frente. Eu não fazia ideia do que tinha lá dentro. Jess empurrou a porta de ferro que fechava o lugar e me puxou, uma luz suave se ascendeu e quadros apareceram pelas paredes. Era uma galeria de desenhos, todos feitos a lápis e com efeitos tão bonitos e profissionais que me deixaram de boca aberta. O lugar era de tamanho mediano, as paredes eram brancas e os pisos eram lisos e negros como a noite.

– É lindo. – Falei estudando cada quadro da sala. Pareciam fotos tiradas por máquinas fotográficas de tão perfeitos, sem nenhum erro. No centro, haviam colunas de cimento brancas de todos os tamanhos com quadros pendurados pelos quatro lados. – Como você sabe? – Eu perguntei, com referência ao meu gosto de desenhar.

– Ramon fala muito de você. – Ele estava encostado no canto da parede, com suas mãos no bolço.

– Ah, Ramon. – Sorri.

– Quero ver seus desenhos algum dia desses. – Falou se aproximando ainda com as mãos enfiadas nos bolsos da frente de seu jeans.

– Não são tão bons. – Ainda estava admirando cada quadro, o que mais me chamou a atenção foi um desenho de um senhor sentado em um banco de madeira, o cenário era um tanto sombrio, ele segurava um cigarro na mão e fumaça saia pela sua boca. O chapéu era de palha, camisa branca, calças escuras reforçando a cor do lápis preto e seus pés livres, sem sapatos.

– Aposto que são. – Ele tirou uma mão do bolso, e passou em meu cabelo.

– Quem fez? – Eu estava curiosa para saber. – Não fazia ideia da existência desse lugar. – Olhei em volta. – Porque é no meio do nada, isso teria que ser perto da cidade.

– Não sei. – Sua mão havia soltado dos meus fios dourados e entrado novamente no bolso do jeans. – Faz tempo que achei esse lugar. Muitas pessoas vêm aqui, normalmente nas manhãs, dizem que o dono aprecia esse lugar, ele gosta de ver sua arte aqui e não em lugares movimentados.

– Estranho. – Fiz bico. – Mas extremamente fantástico. – Automaticamente meus braços abraçaram o pescoço de Jess e não havia mais distância entre nós. Suas mãos se voltaram em minha cintura me puxando pra perto e nossas bocas juntaram-se em um beijo doce e intenso.

– Gosto de você, Mag. – Ele murmurou. – Não estou brincando. – Deu uma pausa e nossos olhos se encontraram. – Quero que confie em mim. – Eu não estava em condições para pensar em nada, eu só queria beijá-lo mais e mais. Já não me imaginava mais sem sua presença em minha vida, aquelas palavras me deixaram ainda mais confortável. Percebi que eu me sentia bem com ele, me sentia protegida mesmo ele sendo todo misterioso, me sentia importante.

– Eu confio. – Sussurrei. E outro beijo começara no meio daquela sala onde só estávamos nós dois, acompanhados pela arte.


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