Fundação Enigma escrita por Abraxas


Capítulo 7
Capítulo 7 – A Tiara Encantada.




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Magali coloca a sua cinta-liga na sua meia três- quartos sentada na mesa de reunião do escritório de Oscar Branco. O próprio coloca cinto de sua calça.

É óbvio o que os dois fizeram naquele local.

— Nossa... Já faz um mês que estamos fazendo isso, Oscar. Quando vai revelar a sua namorada que a “fila andou”. – cobra a bruxa.

O acadêmico veste a sua camisa social e responde:

— Não sei... É complicado. – revela.

— Não tem nada de complicado. Você acha que sou apenas uma prostituta de luxo que se diz uma bruxa. – comenta venenosa a mulher.

— Que isso! Eu adoro você. – e a abraça.

— Mentiroso... – diz ela fazendo biquinho.

Logo o telefone toca Oscar se desvencilha do corpo sensual e macio da professora e atende a ligação. Depois de alguns minutos, Oscar retorna e diz a sua amante:

— Temos uma missão! – revela.

Horas mais tarde, no prédio a qual houve a primeira reunião, exatamente no mesmo lugar que os membros contratados foram reunidos pela primeira vez. Todos estão de volta, inclusive Gustavo Trevo. O loiro que os contratou. Além dele, estava Oscar Branco, sem a sua namorada, mas com o seu novo Zumbi de estimação, as bruxas Magali e Irene e as trigêmeas que fofocam animadamente parecem que descobriram algo que as animaram.

Porém Gustavo não estava nada feliz...

— Antes de indicá-los em uma nova missão, quero pôr uns “pingos nos is”. Quem vocês pensam que são? Deuses?! Acham mesmo que podem enganar a Fundação Enigma? Eu sou a Fundação! Não vocês!!! Devo lembrá-los que são contratados, entenderam? – brada o loiro com raiva.

Magali dá um sorrisinho debochado.

— Qual é a graça, Senhora Verdonni? – pergunta o loiro com raiva.

— Como assim enganamos a instituição? – pergunta a professora.

— Vocês roubaram um livro do Nyarlathotep e estão usando a nossa instituição côo escudo ou pára-raios! – grita.

Com toda a calma do mundo, Oscar se levanta e explica:

— Senhor Trevo... Eu gostaria de dizer que a nossa instituição foi usada por Nyarlathotep para conseguir o seu manuscrito. Tanto que o próprio disse e acredita que o mesmo esteja o controlando-o neste momento. – argumenta.

Gustavo fica possesso e golpeia o púlpito com força fazendo um grande estrondo que ecoa em todo o salão. Como um trovão, o homem grita as seguintes palavras:

— Controlando?! Controlando?! Seus idiotas!!! Nyarlathotep é um agente duplo. Trabalha tanto para nós quanto para a Cabal. Vou ser ainda mais claro, seus mentecaptos! Ele é o nosso espião, informante, X-9!!! Imbecis!!! Era uma missão simples! Era pegar a MERDA daquele manuscrito e entregar pro cara! Cacete!!! E vocês roubam do cara?! Eu tive que gastar uma fortuna para segurar essa informação da Imprensa Oculta!!! Se essa notícia vazar, a qual VAI VAZAR, o Nyarlathotep vai romper qualquer ligação conosco. Levamos séculos para trazer o Sujeito para o nosso lado! E vocês estragaram TUDO!!! – berra o loiro espumando.

Magali faz uma expressão de “Ops”.

— Não acredito nisso! – pondera Oscar. O sujeito...

Antes de completar a frase, Gustavo revela:

— Enviou uma Doppleganger e contratou um assassino?! Cacete! O sujeito está brincando com vocês. Se ele quisesse vê-los mortos, ele conhece milhares de meios para fazê-lo! Se quiserem uma comparação, se nós fossemos os Vingadores, Nyarlathotep seria o Thor! – conclui.

Todos ficam em silêncio. Oscar desaba na cadeira.

Gustavo tenta se controlar fazendo uma técnica de relaxamento. Depois de alguns minutos de respiração profunda, o loiro penteia o seu cabelo para trás com a mão.

— Bem... Por Sorte, Nyarlathotep teve um arrebatamento emocional com um de nossos contratados. A senhorita Irene. O sujeito está muito interessado nela e está disposto a esquecer tudo por algumas semanas com ela. – explica Gustavo um pouco mais calmo.

Dessa vez, quem explode é Magali.

— Como ousa transformar a MNHA FILHA numa prostituta daquele monte de verme?! Aquele CANALHA queria nos transformar em escravas sexuais! – berra a bruxa.

O olhar do loiro é de incredulidade.

— Você teve a Sorte de não ser explodida de dentro pra fora por uma entidade que pode matar um milhão de pessoas com um simples piscar de olhos. – fala calmamente. Nyarlathotep foi exilado por não destruir o nosso Planeta por gostar das mulheres Humanas de nosso Mundo. Cara. Para salvar o nosso Planeta sou capaz de dar a minha Esposa, Mãe e minha virginal filhinha para ele. Talvez, até dou a minha bundinha, se ele quisesse. – desabafa o loiro.

Oscar bufa.

— Só se for a sua... – reclama entre os dentes o acadêmico.

Magali abraça Irene.

— NUNCA! Nunca darei a minha filhinha para aquele monte de piche ectoplásmico asqueroso! – diz a bruxa.

— Mamãe... Tudo bem! – diz Irene. Não quero que Humanidade sofra. Se for para o Bem de todos... Eu me lanço para este sacrifício... – diz resignada.

— Filhinha!!! – e Magali chora abraçada a Irene.

— Tocante. – comenta Gustavo da forma mais irônica possível.

Magali diz irada.

— Seu bruto! Você não entende este supremo sacrifício de uma mulher. – fica a bruxa alisando a cabeça de sua protegida.

— Sei... Igualzinho o seu “sacrifício” que anda fazendo com o Senhor Oscar ali. – aponta o loiro para o acadêmico.

Magali fica vermelha na hora.

As trigêmeas gargalham, pois elas sabiam do caso dos dois assim que entraram no auditório com a sua telepatia. A satisfação delas é por causa da Mirian. Nenhuma das três gosta da Hacker e saber que está sendo traída pelo namorado é um prazer mórbido e cruel.  

Oscar fica envergonhado. No final, desabafa:

— Eu gosto da Magali... Sempre gostei. – diz olhando para a bruxa.

E ela retribui o olhar com carinho.

— Bah! Não me interessa quem vocês ficam trepando! – quebrando o clima romântico. Vou explicar a nova missão de vocês. – diz Gustavo.

Quando furgão negro chega ao seu destino, minutos depois a equipe operativa da Fundação enigma sai do seu interior do veículo.

Primeiro saem às trigêmeas, depois as bruxas e por último Oscar e Paulo Tenório Zumbi. O Morto-vivo caminha com desenvoltura, nem parece daqueles estereotipados Zumbis do Cinema.

Magali observa a sua criação como uma mecânica observa um veículo que passou em sua oficina.

— Parece que o cuidou bem dele. – Observa a bruxa.

— Ele faz tudo o que é ordenado. – diz Oscar. Curioso, pensei que toda a memória e consciência tivessem sido apagadas? – pergunta.

— Cérebro humano é complexo, mas é tudo divido em compartimentos. As memórias históricas e conceitos motivacionais foram apagados, porém as suas memórias funcionais, de habilidade e conduta social foram mantidas. – diz a bruxa.

— Mas está vivo? – pergunta Oscar.

— Pergunte as trigêmeas. – ordena Magali.

Antes mesmo de qualquer pedido a respeito...

— Ele está vivo e consciente, só que não sabe quem é, mas sabe que tem que proteger o do anel. É uma hipnose muito mais profunda. – explica Maria Helena de braços cruzados como faz as suas irmãs.

— Lobotomia Alquímica! – decreta a bruxa. Sou demais! – vangloria. Fora o fato que adicionei umas funções e talentos que faz o rapaz aqui uma andróide mágico. – completa pousando a sua mão direita no peito do Zumbi.

— Eu testei isso semana passada, numa luta simulada no ringue alugado perto da minha casa. – revela Oscar. Ele é um lutador incrível e muito obediente. Se você não ordenar ou não explicar direito, ele não executa a ação. – completa.

Sorridente, Magali diz:

— Sou a melhor naquilo que faço. – vangloria-se com orgulho.

As trigêmeas fazem uma expressão de nojo e Irene fica pregando pontos de crochê, a sua nova diversão. Tanto que a bruxa de cabelo roxo ignora quase tudo em sua volta.

— Pessoal, chega de conversa! Vamos ao nosso caso. – lidera Magali.

As trigêmeas comentam venenosas entre si, depois que a Magali seduziu Oscar, a bruxa se acha a líder do grupo.

Para poupar os leitores da conversa forçada e pouco produtiva, irei explicar a missão de nossos protagonistas.

O grupo está no estado de São Paulo, na cidade de São José do Rio Preto, para ser mais preciso. Numa residência enorme e de uma família emergente. O que aconteceu é que a filha mais nova do casal começou a ter um comportamento estranho. Redecorou o seu quarto de princesinha da Disney para um Templo de Louvar a Satã em menos de dois meses. A garota e o quarto estão parecendo um cenário do filme “O Exorcista”  com “Bebê de Rosemary” só que mais “Gore”.

A menina nunca estudou essas coisas, mas agora é versada em Latim, Ocultismo e Satanismo. A única coisa que os pais notaram é uma estranha tiara que ela nunca tira de sua cabeça.

— Então senhora Fátima, a sua filha está no quarto neste momento? – conversa Oscar com a mãe da garota.

— Sim! – balbucia a Mãe entre prantos.

— A nossa filha virou uma criatura que nunca imaginei que se tornaria assim... Não posso crer nisso! Demoníaca! – diz o Pai abraçado a esposa. Nós não acreditamos em nenhuma Religião. Não acreditamos nessas coisas! Antes de isso ocorrer com a nossa filha, achávamos que possessões eram tolices e sandices. Agora... Por favor, salvem a nossa filha! – implora.

Com toda a calma do mundo, Magali pergunta com certo desdém:

— Antes de nos procurar, a quem vocês recorreram? – pergunta Magali sentada, com as pernas cruzadas na sala de estar daquela espaçosa e bela residência familiar.

— Psicólogos, médicos, psiquiatras e até pastores e padres. Todos foram corridos daqui. A minha filha endemoniada disse que queria a Fundação Enigma aos berros. – explica o Pai nervoso. Nós não sabíamos que diabos são vocês, nem sabíamos que existiam.

Magali ficou um pouco surpresa por uma criatura solicitar a presença da Fundação, mas se foram chamados...

— Sem problemas. – tranqüiliza a bruxa. Vamos salvar a sua filha. – promete.

Oscar fica apreensivo. Afinal, se chamou o nome do grupo, boa coisa não é.

— Podemos entrar no quarto e vê-la? – pergunta Magali levantando-se do sofá.

Claro! Acompanha-me... – diz o Pai, já a Mãe é amparada pelos filhos mais velhos.

Depois de alguns minutos, o Pai abre a porta do quarto da garota. Assim que é aberto, o cheiro de enxofre e carne podre é pungente e ainda mais acrescido do desagradável aroma de ovo podre.

Todos colocam lenços para suportar o cheiro medonho.

O quarto está escuro, mas como é de Dia e Sol brilha contra a pintura bizarra e macabra no vidro da janela, dá um tom de penumbra ao ambiente funesto.

— Chegaram?! Entrem... Entrem... – diz a voz de uma adolescente rouca e estranhamente tranquila. 

Quando todos os membros da Fundação Enigma entram no quarto espaçoso, mas redecorado com as coisas mais sinistras que possam imaginar... Um fã de Death Metal teria receio de entrar naquele lugar. Um altar de falos e velas de várias cores e tamanhos. Cabeças de animais de vários tipos, mas predomina os bodes, além do sangue por todo lado, pichações de pentagramas nas paredes e a garota sentada na posição de lótus na cama com um pijama limpinho e branco. Como destoasse daquele cenário bizarro.

— Estava esperando por vocês. – diz a garota com a tiara na cabeça.

— Ahn... Bela decoração... – balbucia Magali.

— Obrigada. Tive um pouco de trabalho. Afinal, não conheço direito como são as coisas neste mundo. Porém a gente acaba aprendendo. – comenta a garota.

A menina se ajeita e se senta direito na cama, apoiando as costas na cabeceira da mesma.

— Vamos logo aos negócios! Nyarlathotep disse que o meu livro está com vocês. Cadê ele? – aumenta o tom de voz.

Todos ficaram um pouco confusos. Surpresos, mas confusos. De súbito, Magali desabafa:

— Que coisa chata!!! Eu não agüento mais esse Mané! Pomba! Tudo tem um dedo dele!!! – explode a bruxa.

As trigêmeas sugerem que os parentes fiquem afastados do quarto, por isso conduzem os familiares para fora do local. Irene encara a menina com atenção. Oscar e seu Zumbi de estimação aguardam os acontecimentos.

A Garota com a tiara fica de braços cruzados e depois diz séria:

— Acabou com o seu espetáculo? Quero o meu livro de volta! Não interessa o faniquito de vocês. – diz a possuída.

De repente, Magali age de forma destemperada.

— AH!!! QUER SABER?! – explode a professora.

A bruxa avança sobre a garota e arranca de forma abrupta a tiara de sua cabeça. A menina cai na cama desacordada.

— Pronto! Acabou! – decreta a bruxa vestida de negro.

Quando as trigêmeas voltam para o quarto, elas ficam nervosas, pois a garota acaba de entrar em coma e não está respirando.

— Você está louca, Magali?! – grita Maria Luisa. A tiara está mantendo a garota viva. – explica, enquanto as suas irmãs fazem uma reanimação cardiorrespiratória.

Com a tiara na mão, Magali tem um pensamento nefasto de quebrá-lo, porém as mãos delicadas de Irene a contêm.

— Coloca no lugar... – pede a bruxa de cabelos roxos.

— Está bem. – resigna-se e a bruxa acaba colocando a tiara na cabeça da garota.

Como num encanto, a menina revive, mas com uma expressão de poucos amigos.

— Isso não foi legal. – foram as suas primeiras palavras.

— Foda-se! – foi à resposta da bruxa. Quem é você? Como conheceu a gente e o Nyarlathotep? – interroga.

A pré-adolescente se deita na cama e começa a se contorcer de uma forma sensual. Ainda deitada e com as mãos apoiando o queixo, a menina explica o motivo de estar fazendo aquilo.

— Bem... O meu nome é Joanne L’Ambert, nasci em 1643 e tive o meu corpo humano destruído pela Igreja Católica em 1675. Sou uma feiticeira que conseguiu entrar em contato com os Antigos. Foi através de Nyarlathotep que adquiri poderes ilimitados sendo a sua primeira amante. Segundo ele... Óbvio que não acreditei nessa história, todavia o meu querido Senhor do Caos, deu-me a imortalidade. – ao completar a frase a garota rola na cama, em seguida continua a sua narrativa. Eu escrevi o seu Livro “O Jardim do Caos” com o meu próprio sangue, misturada com uma tinta alquímica. Graças a isso, pude transferir a minha alma, caso fosse capturada e morta pela Inquisição.  Para esta simpática tiara que todos conhecem por aqui. – e aponta para a mesma. Porém havia algumas considerações para o feito. Ficaria em hibernação por duzentos anos, depois desse período a minha consciência ficaria ativa na tiara e possuísse quaisquer corpos que a usasse. – explica.

— Porém algo deu errado... – diz Magali logicamente.

— Isso mesmo! – concorda a garota. O Livro foi despedaçado antes de completar duzentos anos. Sem o Livro unido, eu não poderia despertar. Algo aconteceu, pensei. Em seguida invoquei Nyarlathotep. Só aí ele explicou-me os acontecimentos e aqui estou! – conclui.

Todos se entreolham.

Então, Magali faz a pergunta mais óbvia do mundo:

— Se devolvermos o Livro para você, o que irá fazer? – pergunta.

— Sou amante do Caos Rastejante. O que mais devo fazer? Destruir a Sociedade Humana neste Mundo. Pura Vingança. – revela a garota com um sorriso largo e pouco se importando com a opinião as pessoas em sua volta.

— Ahn... Se não devolvermos, o que fará? – pergunta a Bruxa de negro.

A menina faz um bico com os lábios.

— Primeiro, mato a família da garota, depois quem mais estiver no caminho e vou destruindo tudo até a Polícia, Esquadrão de Forças Especiais ou um algum samaritano consiga destruir este corpo. Se a tiara ficar inteira, possuirei outro corpo, se não vou ser um fantasma que tentará possuir outros corpos e repetir o processo. É isso que vou fazer. – e sorri de forma doentia e macabra.

Os membros da Fundação Enigma se entreolham.

Logo, Magali decreta:

— Não deveríamos ter devolvido a Tiara para a garota... – comenta a bruxa.

Oscar faz a última pergunta:

— Será que poderia nos dar algum tempo para decidiremos o que vamos fazer? – pede o acadêmico.

— Vinte e quatro horas apartir de agora. – propõe a garota. Afinal, não tenho nada o que fazer e vou ficar deitadinha na cama. – e dá um sorrisinho debochado além de dar uns tapinhas no colchão como indicasse que ficará “comportada” ali até decidirem.

O grupo sai do quarto e começa a confabular o que fazer.

— Já viu isso?! – exclama Oscar. O que faremos?

Magali cruza os braços e fecha a cara.

— Eu sou a favor de exorcizar aquele demônio da Tiara. – decreta a bruxa.

— Gente! O Gustavo Trevo disse que Nyarlathotep trabalha conosco, não é? – recorda Maria Rose, uma das trigêmeas. Por que não chama o sujeito para resolver isso? – sugere.

Magali fica indignada.

— E entregar a minha filha para ele? NUNCA! – berra.

— Mas a coisa lá dentro não sabe disso. – diz Maria Helena.

Um clima de crueldade e maldade envolve a todos os membros da Fundação Enigma. Logo, uma risada maligna ecoa de forma tão pungente que até a menina da tiara começa a ficar com receio do que está acontecendo no lado de fora do quarto.

Doze horas mais tarde, uma limusine preta surge na Rua isolada por policiais, cheia de membros da Imprensa e curiosos. Brilhos incessantes dos flashes machucam as retinas do motorista do veículo. Porém, os policiais retiram os fotógrafos e curiosos do caminho e o charmoso carro circula livremente em direção da residência da garota possuída para tiara demoníaca.

Na entrada da residência, está uma bela mulher. Ela está vestida de forma sensual e brilhante. Como fosse a um encontro de alto luxo ou para uma premiação de grande repercussão da Mídia. O seu cabelo roxo e seus olhar de menina perdida revelam que é a Bruxa Irene, embalada para presente esperando alguém.

Eis que a limusine para diante aquela criatura esculpida para o deleite das Mentes mais indulgentes e depravadas da História.

Então, o motorista sai do seu posto e dá a volta no carro luxuoso e abre a porta traseira. Logo, sai um homem alto, bem vestido e de boa aparência. Com um grande sorriso nos lábios e sua pele levemente escurecida e seu smoking completo completando a indumentária de encontro perfeito.

É Nyarlathotep na sua versão humanóide e de gala, trazendo um buque de flores para a bela donzela de roxo. 

— Irene... Como está linda neste vestido. – diz o Antigo com aquela voz de locutor de programa de rádio da madrugada.

— Obrigada. – agradece a moça transparecendo timidez e recebendo o buque de flores.

— Vamos? – pergunta Nyarlathotep ansioso pela Noite que vai ser longa. 

— Espere... Tenho medo... Sou uma moça delicada. – valoriza a bruxa de cabelo violeta.

— Por quê? Eu fiz o encontro perfeito nesta Noite para nós dois. Será especial... – diz o galanteador Caos Rastejante.

Irene morde o seu dedo indicador direito de uma forma sensual que qualquer macho ficaria louco por tamanha donzelice.

— Eu aceito ir com você, mas com uma condição. – diz a mulher.

— Qual é? – pergunta o Antigo todo cheio de si.

Irene oferece a sua mão envolvida com uma luva longa e toda rendada.

— Vem comigo... – diz a bruxa.

Prontamente, o Antigo segura a mão daquela mulher que parecia uma boneca Barbie de tão perfeita e delicada. Tanto na sua aparência, quanto na forma que caminha, era como desfilasse. Os seus quadris dançam aos olhos do Ser como uma promessa de fantasias sexuais prestes a serem realizadas.

O encanto é tanto que o Antigo nem percebe a armadilha que está entrando. Isso é revelado quando ele fica diante da menina que está possuída pela tiara.

— Fale com ela... – diz Irene com uma expressão séria.

— É, seu pulha! FALA COMIGO! – diz a menina possessa.

Os olhos do Antigo piscam como acordasse de um sonho.

— Como é? – balbucia Nyarlathotep.

— Você disse que eu seria a única de sua Vida! A Mulher mais incrível do Mundo! Que me daria a Imortalidade para que ficássemos juntos para sempre! QUEM É ESSA ZINHA, AI? – cobra a garota aos berros.

Irene começa a soluçar.

— Ele disse se eu não saísse com ele... – soluça. Ameaçaria os meus amigos com um Destino pior que a Morte. – envenena ainda mais Irene.

Nyarlathotep fica furioso e constrangido, pois parte da História é Verdade.

— Quantas foram?! Dezenas, centenas, milhares de mulheres que te “consolaram” enquanto estava hibernando?! – brada a garota possuída pelo ciúme.

— Ah, sim! Tem aquela Manticore! Qual é o nome dela mesmo? – relembra Magali querendo pôr mais lenha na fogueira.

— AUTRIAS?! – e urra de ódio a garota possuída. ATÉ ELA?!

— Amor... – balbucia o Antigo.

— Ela ERA a minha melhor amiga!!! – grita. 

— Xiiii... Pisou feio, pisou rude... – ironiza Oscar aproveitando para tirar uma “casquinha”.

O Antigo começa a mudar de cor e forma. Logo assume a sua forma original de silueta negra e de olhos brilhantes.

— Cala a boca! – ordena Nyarlathotep. Saia desse corpo, pois o seu Mestre ordena! – diz com uma voz potente.

A tiara pula da cabeça da garota e cai inerte no chão. Não é preciso dizer que a garota volta ao normal, mas, devidos aos acontecimentos, ela desmaia. O Caos Rastejante pega a tiara e a entrega para a bruxa Irene carinhosamente.

— Cuide dela. – diz Nyarlathotep. Foi um bom plano. Nem eu faria melhor. – e sorri com aqueles dentes brancos no meio daquele negro profundo.

— Obrigada. – e Irene dá um beijinho no rosto do Antigo.

O Ser é só alegria. Porém a criatura não se esquece que foi enganado e humilhado de novo por aquele grupo tão peculiar e irritante.

— Mortais... Aproveitem a Sorte que tiveram em sermos aliados, mas vai ter troco por esta afronta... – ameaça. Façam o que quiserem com essa tola. Ela é habilidosa e será útil. – diz o Caos Rastejante referindo ao espírito que está na tiara.

De súbito, Oscar aproveita a cordialidade do Antigo e resolve esclarecer algumas questões.

— Senhor... Por que enviou aquela garota no meu escritório e usou o meu ex-amigo para me matar? – pergunta o acadêmico.

A criatura negra como petróleo olha fixamente para Oscar como fosse um verme incomodo, todavia o Caos Rastejante está de muito bom humor naquele momento.

— Enviei aquela garota para mostrar a vocês o quanto tenho de conhecimento e poder. Foi também para lembrá-los o quanto posso ser destruidor e cruel. Posso ser um aliado, mas não somos amigos. Já o assassino, foi um desejo de liquidar o vermezinho que você é, Senhor Branco. Tê-lo morto, seria um meio muito mais fácil para possuir todas essas fêmeas para mim. – e dá uma risada medonha. Mas como sobreviveu, reconheço que você possui algumas qualidades.

Oscar sente um calafrio percorrer toda a sua espinha quando o Antigo completa:

— Você só está vivo, pois quero impressionar aquela garota de vestido sensual ali. – aponta para Irene que conversa com Magali a respeito da ex-possuida. Senão, eu iria fazer de um modo quando dormisse nunca mais acordasse, Mortal... – ameaça Nyarlathotep.

Então, o Antigo dá um sinal de despedida e parte para um Destino ignorado.

Enquanto as trigêmeas cuidam da garota que foi possuída pela tiara, um homem estranho entra na casa e pergunta:

— Ahn... Boa noite! O sujeito de negro que alugou a limusine disse que vocês iriam pagar o aluguel do veículo. – diz o motorista.

Epilogo 1:

Depois de algumas semanas, Vanessa Dias, a possuída pela tiara, voltou a ser a mesma adorável e gentil menina antes do ocorrido. As garotas da Fundação Enigma pagaram a reforma do quarto, fizeram roupas novas e todas as despesas para aquele momento tão especial na Vida de uma futura mulher. A Festa de quinze anos, por isso que foi dado uma nova e linda tiara para a garota.

Epilogo 2:

Irene está dedicada à confecção do seu novo brinquedo, uma boneca. A bruxa de cabelos roxos está muito feliz. Pois ela caprichou em todos os detalhes da sua “bruxa de pano”. As mãos, o corpo, os vestidos, as sapatilhas, o cabelo e uma linda tiara recebida de presente do seu pretende a namorado. A mesma tiara que tem consciência que estará para sempre presa naquela maldita boneca de pano.

Epilogo 3:

Mirian Lott retorna para a sua casa. É recebida por seu gato Homer, um angorá malhado em preto e branco. A hacker não gosta muito de deixar o seu animal de estimação sozinho, porém ela tem que ir a Faculdade e passar na Polícia Federal para pedir autorização para poder digitalizar os seus trabalhos em um computador sem internet.

Sim, Mirian ainda está cumprindo a sua pena por causa dos seus crimes de Informática. A delegada disse que daqui há dois anos, ela terá a sua liberdade condicional. Por tanto poderá, oficialmente, operar os seus amados computadores.

Todavia, sabemos que Mirian descumpre esta regra há séculos. Como ela é cuidadosa e não utiliza internet comum, mas sim a lendária e famigerada Deep Web. Em suma, em todos estes anos, Mirian nunca esteve fora ou desatualizada dos equipamentos eletrônicos e de informática.

Mirian é muito possessiva a respeito de suas coisas. Sejam objetos ou pessoas. Apesar de não gostar muito do seu namorado Oscar, ela o considera o seu namorado.  Por isso não tem o prazer de dividir o seu prato com ninguém.

Por causa disso, a hacker decidiu instalar um sistema de espionagem no escritório do seu namorado. Ela poderia justificar a compra desse equipamento depois do ocorrido daquela garota que apareceu e desapareceu do nada. Segurança e etc. Lógico que não é para isso que está espionando o seu namorado. Afinal, ela precisa saber o que Oscar anda fazendo as escondidas.

É a primeira gravação que ela irá ver em seu Laptop do local onde trabalha. A garota aproveitou a oportunidade do ataque de Paulo Tenório para dar uma “incrementada” no sistema de segurança do prédio como num todo.

Agora ela é uma “Big Sister” do prédio inteiro.

Depois de algumas horas de gravação, ela viu toda relação sexual do seu ex—namorado, Oscar com aquela vagabunda da bruxa Magali Verdonni.

Uma lágrima, acrescida de uma frase foi tudo que ela fez naquele momento.

— Filha da puta... – cuspe a garota diante do seu quarto escuro.


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Notas finais do capítulo

Fim do capítulo sete.



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