Lisboa, 1986 escrita por sweetbitch, Agama


Capítulo 2
O Café




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A noite chega. Estou nervosa o bastante a ponto de roer minhas unhas, sujando meus dentes de queratina e deixando uma sensação reconfortante na mente. Estou á caminho da loja de roupas formais, onde irei comprar o meu vestido para o baile de aniversário do meu pai. Ah, meu pai... Um homem alto, com alguns fios de cabelos grisalhos, dentes perfeitos e uma risada espetacular, ele que me presenteou com uma grande estante no meu último aniversário para por os meus queridos livros. Como já devem ter percebido, sou louca e apaixonada por eles, pois cada história é fascinante, intrigante e de certo ponto, mágica, nos fazendo pensar em nossa vida e o quanto ela seria melhor ou pior se fosse pelo menos um pouquinho parecida com a história. Nossa, acho que me empolguei, continuando com meu pai, ele vai completar 48 anos de idade e é coronel do exército. As vezes meu pai me conta como ele conheceu minha mãe, ah, até me arrepio quando penso nessa magnífica epopeia, tirada dos mais lindos sonhos dos mais inteligentes poetas. A história dos meus pais é perfeita, muito provavelmente ela daria uma linda história em algum livro.
Minha mãe era uma garota humilde, do interior de Loures, distrito de Lisboa; uma camponesa, que adorava flores desde pequenina, e até hoje nossa casa tem o belo aroma de orquídeas azuis encantando nossas manhãs. Meu pai á conheceu no terreno da casa da minha mãe, quando ela estava procurando flores. Meu pai estava olhando o território quando avistou aquela bela moça, de um rosto sereno, de vestido esvoaçante, cabelos ruivos e belos olhos verdes, acho que sei de onde puxei minha aparência (risos). Bem, voltando a história dos meus pais, ele ficou a observando por um bom tempo, disfarçadamente, até que ela olhou pra ele. Ele deveria fazer algo, meu pai dizia pra sim mesmo, afinal, era um homem não era? Então ele foi até ela, tentar falar com ela, falar o quanto ela era linda, o quanto seus olhos acaloravam seu coração. Eles conversaram muito até que o pai de minha mãe (meu avô) a chamou, então meu pai gritou: “EI! Como você se chama?” E minha mãe respondeu rapidamente, com um belo sorriso angelical, o olhando uma última vez antes de partir: “Cecília!”, logo em seguida ela fecha a porta. Meu pai ficou olhando ela indo embora, e dessa vez nada podia fazer. Passaram-se vários dias, e meu pai voltou para o mesmo lugar onde a encontrou na última vez, e lá estava ela, colhendo mais flores. Ela o avistou e sorriu, aquele sorriso que derrete o coração dos homens, que pode parar guerras. Ou criar guerras. Aquele sorriso pelo qual muitos querem viver. Ou morrer. Ele retribuiu o sorriso e se aproximou dela, sentimentos aflorando pelos olhos e secando sua boca, se agachou e começou a ajuda-la. “Achei que você não viria nunca mais” Disse minha mãe. Então meu pai (ainda sorrindo) a olhou nos olhos. Aqueles penetrantes olhos verdes. Eles se apaixonaram naquele dia e até hoje são assim, passaram-se uns 6 meses e eles estavam noivos, se casaram, me tiveram, e fim. Ou não, por que pra mim tudo isso é só mais um grande começo. Será que um dia poderei ter uma história assim pra contar aos meus filhos e filhas, netos ou bisnetos?

O táxi para e percebo, que já estou em frente á loja, pago o motorista e sigo entrando. Sempre que vejo um táxi agora me lembro do Kenneth, nunca vou me esquecer daqueles olhos brilhantes e acinzentados. Mas ainda me sinto confusa, o que devo pensar dele? Será que... não sei, é muito rápido pra tirar conclusões. Quando entro na loja meu celular toca, nunca havia visto aquele número antes, atendo.

–Alô?
– Oi Lindsay! Sou eu, Kenneth. - fala entusiasmado -

– Ah! Oi, tudo bem? - Fico em silêncio por um tempo, não sabia o que falar. -

– Tudo ótimo! E você?

– Estou bem, obrigada. – Respondo sem jeito.

– Lindsay, eu estava pensando se você gostaria de tomar um café comigo, será que você aceitaria?

– Nossa, tudo bem, mas agora eu não posso, eu estou na loja comprando meu vestido para o baile de aniversário do meu pai.

–Hmm, você está na loja, da Av. 57? - perguntou ele satisfeito -

– Erm... Sim, como que você sabe? - fiquei vermelha quando escutei ele falando onde exatamente eu estava. É nesse hora que tenho a brilhante ideia de olhar pro lado de fora, e vejo Kenneth, de celular na mão, a uma rua de distancia da loja, com um sorriso inocente. Fico mais vermelha ainda. -

– Lindsay, eu estou te olhando nesse momento, ou você esqueceu, que a cafeteria fica a duas quadras daqui? Que tal um café, agora? - sorrindo, ele me manda uma piscadela. -

– Erm, tudo bem, já que você já está aqui, vou desligar (rio sem jeito de novo).



Eu fiquei meio preocupada, por que bem como ele sabia exatamente onde eu estava, ele estava me vigiando? Ou será que apenas ele estava andando pela rua, e me avistou entrando na loja, pode ser uma opção. Enfim, tirei esses pensamentos da cabeça, fui até ele, dei-lhe um abraço, e fomos caminhando até a cafeteria, chegamos lá, como sempre pedi meu café com chantilly, e ele pediu um café com leite com uma porção pequena de pretzels, sentamos numa pequena mesa para dois e começamos a conversar, e sempre que estávamos conversando ele me olhava nos olhos, e sorria. Por fim, ele começou a falar:



– Sabe, desde o dia do táxi, eu não consigo mais ver um táxi, sem pensar em você, e o pior, eu sonho com você quase todas as noites. - ele falou envergonhado e eu também me envergonho por ter passado pela mesma situação. -

– Nossa, acho que nunca me falaram isso antes, bem obrigada, sobre o táxi, peço desculpas por ter entrado nele de repente, e ter feito você dividir ele comigo, eu também ficaria sonhando coisas em situações estranhas como essa. – Nossa, como eu sou idiota, por que eu disse isso?

– Não foi nada, não tem nada que pedir desculpas, fez bem em ter entrado e ter pedido para ter divido o táxi comigo, adorei ter te conhecido Lindsay.

– Obrigada, Kenneth foi bom ter te conhecido também, bom, já que você me convidou para tomar um café, quero te convidar para o baile de aniversário do meu pai, Coronel Tomás Holtz. - falo empolgada, afinal o nome de meu pai é realmente bem sonoro quando falado com empolgação. -

– Seu pai é o Coronel Tomás Holtz?! Nossa que privilégio, obrigado por me convidar, é claro que eu vou e eu quero te ver, mais linda do que você já é! – Ele ri.

– Sim, obrigada! - Fico muito envergonhada, mas rio mesmo assim -

Nós nos despedimos, e eu fui direto para a loja comprar o meu vestido, até que percebi que, pasmem, Kenneth gostava de mim. Eu estava me sentindo muito envergonhada, entro na loja e passou uns trinta minutos escolhendo o vestido, então começo a pensar muito no Kenneth e quanto ele era lindo, respeitoso, carinhoso, e em seus olhos perfeitamente acinzentados.


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