Eu não consegui dormir aquela noite.

Eu estava surpresa, chocada e, raivosa. Eu ficava me perguntando...como ele pôde fazer aquilo com aquela garota?! Ele manipulou os sentimentos dela. Mas eu não estava só com raiva dele. Estava com raiva de mim mesma por ser tão fraca. Agora, estou sentada em minha escrivaninha as 4:00 da manhã pensando como será o dia de amanhã. Com certeza, vão espalhar o boato que eu bati nele. Mas eu não ligo. Não preciso de ninguém. E então, olhei para o meu caderno, que estava encharcado de lágrimas para a minha surpresa. Pare com isso! Gritei para mim mesma nos pensamentos. Eu nunca havia me sentido assim. Minha vida estava começando a ficar difícil novamente. Deitei a cabeça no caderno e lentamente fechei os olhos.

Acordei cedo, como de costume. Tomei uma ducha e coloquei uma roupa clássica do meu guarda-roupa. Tomei meu café e sai para a escola. No caminho, fui ouvindo música clássica. Não sei por que, mas me acalma. Adentrei a escola. Todos estavam rindo e cochichando sobre mim, mas não que eu me importasse. Eu já estava acostumada. Entrei na sala A e tirei o caderno para revisar nos últimos minutos antes da aula começar. Senti a presença de alguém. Quando levantei a cabeça para ver quem era, me surpreendi: Uma garota com cabelos loiros e um senso de moda estranho, provavelmente daquelas lojas caras. Em seus ambos lados se encontravam duas meninas com o mesmo senso de moda. Pareciam ridículas aos meus olhos, mas mesmo assim falei:

–Em que posso ajudar?

A do meio respondeu:

–É verdade que você bateu no meu irmão?

–Sim, e...?

Ela levantou a mão para me dar um tapa.Eu fui mais rápida. Segurei seu pulso na hora que Nathaniel entrava na sala. Tomei coragem e disse:

–Só porque sou novata, não me rebaixe ao seu nível. Sua falta de educação me enjooa. - Isso a deixou boquiaberta, a fazendo voltar para seu lugar. Nathaniel teve a mesma reação. Nessa hora o professor entrou na classe. Eu fiquei pensando...eu nunca tinha visto a irmã de Nathaniel. Talvez eu não estivesse olhando muito ao meu redor. É sempre assim, primeiro e somente os estudos em minha vida. Reparei que Nathaniel estava me olhando. A marca ainda estava em sua bochecha, desaparecendo aos poucos. Eu nunca pensara que fosse capaz de fazer algo assim em alguém.

Pouco depois o sinal bateu. Fui até a cantina e comprei um sanduíche. Me sentei no pátio e então um garoto de cabelos brancos com pontas pretas se sentou ao meu lado. Provavelmente porque não tinha outro lugar para sentar. Ele estava compondo. Não me interessava por música, então voltei a comer meu sanduíche e revisar. Então ele me olhou e disse:

–Você não é a garota que ganhou a competição de matemática?

–Sim, eu sou - respondi - alguma reclamação ou crítica?

–Não, só fiquei admirado que uma novata ganhou do Nathaniel.

–Não subestime os novatos - me levantei e já ia ir embora quando ele segurou minha mão, dizendo:

–Meu nome é Lysandre, qual o seu nome?

Me soltei e disse:

–Meu nome é Lain. - Dito isso eu fui embora.

Quando estava no corredor, as três pestes me encurralaram. Não tinha como me defender das três. A do meio disse:

–Chega de bancar a durona, moçinha! Comigo você não pode! - Novamente ela levantou a mão para me dar um tapa, mas outra pessoa a segurou do lado de fora. Quando ele a arrastou para fora, pude ver que era Nathaniel. Ela se debatia, mas ele não a soltava. Quando ele soltou, as três saíram bem rápido. Ele disse:

–Você está bem?

Eu resmunguei:

–Estou.

Ele já ia embora, quando parou por um segundo e disse:

–A Melody terminou comigo. Ela disse que eu era infiel.

–Ela fez bem - eu soltei - porque isso é o que você realmente é.

–Eu nunca vou me apaixonar por você.

–Acho que já está, Sr. Gafanhoto.

–Quem sabe? Eu não sei.

–E eu não ligo - soltei e fui embora. Um pouco dramático para um dia só se quer saber minha opinião.