Capítulo único — Sorriso.

Ao contrário do que imaginara, a noite chegou rapidamente. Podia confirmar isso, ao olhar para o céu, tomado por um tom negro e escuro, o que tornava as estrelas ainda mais encantadoras e brilhantes. Laxus realmente não parecia ansioso, mesmo que ao seu redor, as pessoas só soubessem sorrir, o dragon slayer não esboçava nenhuma reação.

A praça principal de Magnólia estava lotada de pessoas da cidade. Não só magos, mas também crianças e suas respectivas famílias. Ele ainda tentava entender o motivo de ainda estar ali, sendo comprimido pelas pessoas ao seu redor, mesmo que a resposta fosse óbvia. A insistência de sua equipe, certamente, foi um motivo, mas não o principal. Ainda tinha a esperança de reencontrar a albina naquele lugar e, com isso, rever seu sorriso tão encantador e cativante. Podia parecer idiota, mas ficar três dias sem vê-la, já se havia se tornado o suficiente para ter uma crise de abstinência, e era exatamente isso o que estava acontecendo. Depois de tanta insistência por parte de seus irmãos mais novos, Mira cedeu e acabou indo em uma missão com eles. Apesar disso, após conversar com Lisanna, antes que estes saíssem em missão, passou a ter a certeza de que Mirajane nunca faltaria aquele evento, — o aniversário de Magnólia. O motivo, não sabia, mas Lisanna havia garantido. Lembrava-se bem de quando eram crianças e costumavam ir juntos àquela comemoração, e também nunca se esquecera da expressão de felicidade que Mirajane demonstrava quando os fogos de artifício iluminavam o céu, exatamente à meia noite.

Até mesmo ele, que era péssimo em compreender sentimentos, teve a confirmação de que a preocupação excessiva que sentia acerca de Mirajane, se tratava de um único sentimento, e que a partir desse, vários outros sentimentos apareciam, — o amor. Certamente, ele odiava se sentir daquela forma. Laxus Dreyar, que tanto prezava seu orgulho e frieza anteriormente, agora estava apaixonado. E por mais ridículo que isso soasse, se tratava da verdade, e ele não poderia negá-la.

Dessa vez, ela não estava presente. Perdera a conta de quantas vezes vasculhara o local com o próprio olhar a procura de uma única pessoa. Olhou para o relógio de pulso, impaciente, 23:56 e nenhum sinal de Mirajane ou seus irmãos. Seus olhos se reviraram, mais uma vez naquela noite enquanto bufava, indicando a insatisfação crescente sobre o que estava acontecendo. Observar a hora foi o suficiente para que chegasse a conclusão de que ter ido para aquele lugar havia sido inútil. Estar com os companheiros de sua guilda não era tão ruim, mas Laxus realmente não gostava de comemorações públicas ou lugares cheios de pessoas. O único motivo de estar em tal lugar, era sua preocupação, embora tivesse certeza de que Mira sabia se cuidar sozinha, e acima de tudo, sua saudade e ansiedade para revê-la. Mesmo que ainda odiasse ter que admitir isso. Mais uma vez, seu olhar se voltou para o relógio de pulso, indicando que era 23:57, e ainda não havia sinal da albina. Um minuto nunca pareceu tão longo. Bufou novamente, fechando ainda mais a cara.

— Esse é mesmo Laxus Dreyar? — Ouviu a voz feminina do qual tanto sentira falta, fazendo-o virar para vê-la, estava ao seu lado. — Em um lugar como esses? — Mirajane perguntou, sorridente e, ao mesmo tempo, irônica.

— O que você acha? — Respondeu Laxus, em seu tom frio habitual, levemente sarcástico. — Não sei para que tanta surpresa, já viemos aqui muitas vezes antes, é uma tradição da guilda.

— Sim, nós viemos muitas vezes, mas eu me lembro bem que você parou de vir já faz uns anos. — Respondeu-lhe, cruzando os braços, como se estivesse desafiando-o a respondê-la.

E por alguns segundos, o silêncio reinou entre eles. Naquele momento, Laxus ficou sem palavras.

— Então, por que está aqui? — Mirajane indagou, arqueando as sobrancelhas. Estava realmente ansiosa para saber a resposta, afinal, tinha em mente que, certamente, aquele tipo de evento não era algo que Laxus facilmente frequentaria, pelo menos não atualmente.

O loiro pensou um pouco, imaginando o que poderia responder naquele momento.

— Raijinshuu. — Respondeu uma única palavra e a primeira que veio a mente, esperando que o falso argumento fosse o suficiente para convencê-la.

— Até parece que você deixaria eles te convencerem tão facilmente. — Mirajane o conhecia bem, talvez esse fosse um dos motivos dele sempre querer tê-la por perto.

Laxus, por sua vez, não respondeu, apenas virou-se para frente, fazendo com que o silêncio voltasse a se instaurar entre ambos. De repente, a contagem regressiva pôde ser ouvida por eles, indicando que já estava próximo de meia noite. Foram dez segundos de contagem, até que, finalmente, os fogos de luzes azuis, vermelhas e verdes, manchassem o céu, e em seguida, inúmeros outros fossem lançados ao mesmo tempo. O olhar do dragon slayer, por sua vez, se voltou para uma única pessoa, Mirajane. Era incrível como, algumas vezes, Laxus a achava diferente de anos atrás e em alguns momentos, como aquele, ela parecia exatamente igual. Não entendia, mas não queria entender. Tudo com o que se importava, naquele momento, era o sorriso que ela carregava em seus lábios ao observar os fogos serem disparados, tão inocente e tão encantador quanto antigamente.

Mirajane, ocasionalmente, olhou para o rapaz ao seu lado, ainda com o mesmo sorriso presente em seus lábios, e acabou surpreendendo-se ao perceber que ele a fitava. De repente, sua expressão tornou-se de dúvida, como se perguntasse, indiretamente, o que estava acontecendo naquele exato momento. Laxus ponderou, não sabendo se deveria dizer alguma coisa e, por fim, tomou sua decisão. Suas mãos seguiram até o rosto de Mirajane, acariciando-o delicadamente. A albina mantinha a expressão duvidosa em sua face, como se ainda não compreendesse o que estava acontecendo. O dragon slayer, então, ao notar que ela não se movia, resolveu aproximar.

A maga, quando finalmente entendeu o que estava acontecendo, pensou em se afastar, mas seu corpo simplesmente não se movia. Ela queria aquilo. A proximidade entre os rostos se tornou maior, e, aos poucos, seus olhos foram se fechando, tal como os do rapaz a sua frente. Por fim, os lábios se tocaram, dando início a um beijo, enquanto os braços dela passavam a envolvê-lo em volta de seu pescoço.

Ao tomar aquela decisão, não tinha a menor ideia de que seria correspondido, e quando aconteceu, sentiu-se aliviado. Aos poucos seus lábios se afastaram. Ele não disse nada, tal como ela, que apenas sorriu, e ele retribuiu. Embora fosse um simples sorriso, Laxus teve e certeza de que ela se sentia da mesma forma que ele. Apaixonado, e, de repente, aquela palavra não soava mais tão repugnante, e, nem mesmo vergonhosa para ele, tal como a palavra amor. Ele não sabia, mas todas as vezes em que ela olhava para aqueles fogos de artifícios, o único pensamento que invadia a sua mente, era ele, e esse era o motivo de seu sorriso em todos os anos que participaram daquela comemoração. Sempre acabava se lembrando de quando iam juntos para esse evento.

Laxus concluiu que ir até aquela praça não havia sido inútil. Na verdade, era o contrário. Inesperadamente, talvez aquele dia tivesse se tornado o mais feliz de sua vida.