Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 9
Capítulo 10 - Yuri




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Ótimo, agora além de tudo meus pais achavam que eu era um mini delinquente. Ou pior, porque um mini delinquente vai para uma prisão normal, os pais pagam a fiança e ele é solto. Para os meus pais eu estava sob custódia do governo, o que significa que eu teria que ter feito algo muito grave como assaltar o banco central, adulterar documentos do governo ou até... Matar. Não posso nem imaginar minha mãe achando que fui capaz de algo assim, o quão decepcionada ela ficaria. Rezo para que ela lembre que tinha dificuldades até de matar insetos quando pequeno.

Além desse pequeno problema, também tinha a boa notícia que em breve estaria lidando com outros 10 adolescente problemáticos, brincando de ser líder deles. Muito legal realmente, espero que pelo menos eles não acabem me matando. A conversa tinha sido uma daquelas discussões que não tinha o que fazer quando acaba a não ser aceitar. A voz sumiu e tudo que pude ouvir foi meu estômago roncando. Eu precisava pensar e resolver várias coisas, mas não podia fazer isso de berriga vazia.

Sai da casa e me embrenhei na mata, toamando total cuidado para não ser atacado por nenhum tipo de animal como da última vez. Álias fiquei tão atordoado com tudo que ouvi que não consegui perguntar qual era a do animal tentando me matar no meio da mata, mas algo me dizia que isso devia fazer parte do teste e que eu estava reprovando. Foi realmente estranho o fato de ter conseguido amansá-lo por um tempo, devia ser minha força de liderança.

Me embrenhei ainda mais pela mata até ouvir um barulho de água corrente. Corri em direção ao som certo de encontrar um rio. Não podia estar mais certo, tratava-se de um lindo riacho cristalino onde era possível ver os peixes que por ali nadavam livremente. Peguei um pedaço de galho quebrado do meu lado e tentei dar uma de experiente jogando contra a presa. Meu galho rodopiou no ar e caiu de lado, o peixe mais próximo nem ao menos sentiu medo.

Me decidir por pular na água e agarrar o primeiro que conseguisse. A água possuía uma temperatura agradável comparada com a temperatura que fazia do lado de fora. Já deviam ser umas 19:00, mas o calor castigava igual. Mergulhei e nadei um pouco antes de realmente iniciar minha caçada. Parecia um retardado correndo atrás de um peixe. Se alguém estava assistindo a isso como a um reality show, certamente estava se divertindo agora. Depois de várias tentativas fracassadas eu finalmente consegui um peixe de tamanho razoável.

Me sentia feliz por meu feito. Se ia ter que passar por tudo isso, não podia ficar por aí me lamentando. Claro que eu preferia mil vezes estar em casa esperando um chocolate quente vindo da minha mãe, enquanto assistia televisão com a minha irmã. Porém essa era a realidade agora. Teria que aprender a caçar, achar comida, limpar a casa e cozinhar. Talvez quando eu voltar minha mãe fique até orgulhosa por ter aprendido tudo isso.

Esses pensamentos me ajudaram a me acalmar. Caminhei tranquilamente até a entrada, mas por algum motivo me senti tentado a visitar a parte de trás. Ainda segurando o peixe pela cauda contornei a casa. Assim como seu interior a parte de fora parecia um acampamento militar. Ao chegar do outro lado fui surpreeendido positivamente. Havia lá um espécie de horta com grãos, verduras, legumes, hortaliças e frutas.

Nunca fui um grande cozinheiro e muito menos agricultor. Acabei optando pelas verduras que conhecia, não que eu gostasse muito delas, não sou chegado em salada. Peguei então alguns cogumelos, um milho, tomates e alface. Despejei meus produtos recentemente adquiridos do mercado naturebinha na bancada da pia. Lavei tudo que colhi e parti para o peixe.

Nunca tinha preparado um. Passei um bom tempo encarando-o, seus olhos mortos pareciam rir de mim. “você me pegou e agora não consegue fazer nada, otário”. Abri as gavetas em busca de algo que me ajudasse. Podia comer um sushi dele, mas mesmo assim tinha a pele e tudo mais. Achei um facão e com cuidado comecei a tentar retirar a pele. Demorou bastante, mas consegui algo quase bom. Dentro de uma porta abaixo da pia achei uma frigideira. Peguei minhas comidas saudáveis e lavadas, o peixe e joguei dentro dela. Deixei ela fritar até cansar de esperar,

Não foi a tarefa mais fácil, talvez até mesmo caçar o peixe parecia ter sido mais fácil, porém fiquei satisfeito com o resultado. O que sobrou pus de volta na geladeira imaginando o almoço do dia seguinte já. Aliás quando meus companheiros iam chegar? Bem que um deles podia ser bom na cozinha, e se viesse uma garota bonita eu também não iria reclamar.

Já mais tarde o lugar começava a me dar nervoso. Eu podia ver tv e sair para caminhar, mas a falta de qualquer tipo de companhia me deixava entediado. Sempre fui um ser muito sociável e boatos por aí que sou um cara legal também, mas isso não posso confirmar. O fato é que ao entrar no quarto para dormir esperei com todas as minhas forças que amanhã uma dessas camas estivesse preenchida.

Passei os olhos pelas camas vazias. Ao mesmo tempo que queria vê-las preenchidas batia em mim um sentimento de ansiedade. Será que eu conseguiria controlá-los e até mesmo liderá-los. Posso ser muitas coisas, mas um líder esteve sempre fora das minhas ideias, pelo menos um líder direto. Quando você é conhecido na escola, você é um tipo de líder, as pessoas querem ser você, mas não necessariamente você manda nelas Minha cabeça pensava em tantas coisas. Talvez fosse difícil pegar no sono hoje.

Ao longe ouvi um barulho de trovão e previ uma tempestade chegando. Podia não ser hoje, mas se tiver chovendo amanhã será um dia longo. Talvez eu devesse começar a fazer estoque de comida. Tenho um armário e uma geladeira. Se eu pescar alguns peixes e quem sabe caçar de verdade algum animal... Não, o que eu tinha que fazer agora era dormir, independente de como fosse amanhã eu tinha que estar acordado e bem.

 


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