Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 8
Capítulo 9 - Yuri




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De alguma forma consegui chegar até o quarto. Deitei na primeira cama que vi. Minha respiração era pesada e meus pulmões pareciam estar em chamas. Estava verdadeiramente exausto. Mal reparei quando caí no sono.

Não sei por quanto tempo dormi, mas quando acordei o sol já não estava tão forte. Eu suava, o que já era algo normal nesse lugar, vai ser quente assim no inferno. Meu braço incomodava, pus a mão sobre a parte incomoda e estava molhado. Droga tinha me cortado em algum lugar do trajeto até aqui. Pelo menos estava vivo, se a intenção desse lugar é me matar eles estavam indo bem.

Levantei da cama e fui tomar uma ducha gelada. Quase me sentia bem, mas não saber onde estava, ou o porquê de estar aqui já estava me dando nos nervos, se não descobrisse algo logo ia acabar pirando. Sentia falta dos meus pais e da minha irmã. Não que eu nunca tenha me separado deles, mas normalmente tinha uns telefonemas e eles sabiam onde eu estava. Mas... Será que de alguma forma eles sabiam onde eu estava? Abri a porta determinado a obter respostas.

Na sala sentei no sofá. Não sabia direito o que fazer, será que era só eu chamar? Passei a mão no cabelo para arrumá-lo, mas logo me lembrei que não o tinha mais, até isso haviam me roubado. Minha dignidade. Sem ter meu cabelo para ficar arrumando enquanto pensava me dediquei a estalar meus dedos. Será que alguma hora ele iria se pronunciar? O quão idiota eu devia parecer nesse momento? Sentado, esperando que uma voz do além venha falar comigo.
Esperei alguns minutos antes que finalmente ouvisse um ruído e então uma voz se comunicasse.

—Caro Yuri Yvanovich, vejo que terei de me pronunciar primeiro. -eu não ficaria chateado se a voz que fala tivesse um rosto, as coisas seria muito melhores.-Creio que deseja respostas.

—Sim! É claro que quero respostas! -levantei do sofá sobressaltado, me exaltei um pouco e então com medo de que ele desistisse tentei me concertar e voltei a me sentar -Quer dizer, ficaria grato se pudesse recebê-las.

—Certo, então faremos assim: Você terá dois dias de perguntas livres, um é hoje, o outro é indefinido. -melhor que nada.

—Certo, certo. -estava confuso, mas tinha que me concentrar e fazer as perguntas certas. -A primeira coisa que desejo saber é aonde estou. -era algo bem básico e fácil de responder.

—No meio de uma floresta tropical na Bolívia. -Gregory, o dono da voz, respondeu de imediato.

—E o que é esse lugar? -se ele ia ser objetivo nas respostas eu tinha que ser nas perguntas.

—Um centro de treinamento da PSP.

—Defina PSP. -para mim essa sigla significava playstation portátil, mas algo me dizia que era outra coisa.

—Programa secreto de pesquisas. -que nome criativo...

—Quanto tempo passarei aqui?

—O tempo necessário.

—Necessário para que? -ele já estava me irritando com essas respostas meia boca.

—Para a conclusão dos testes.

—Que testes? - custava tanto assim que ele me desse uma resposta completa, até parece que não tinha reparado que era isso que eu queria. -Quero detalhes, como para que eles servem, quem são, quem é você, o que acontece depois?

—Claro, vamos simplificar. - Gregory parecia não ter gostado muito da ideia de falar tanta coisa, mas acatou. -Sabemos que você é inteligente o suficiente para entender que o mundo em que vivemos está entrando em crise certo? -concordei afirmativamente com a cabeça, não precisava ser muito esperto, só ligar no telejornal e você tinha uma boa noção. -Nós precisamos de soluções e acreditamos que devidamente treinados e selecionados os jovens podem ser o que completa as falhas em qualquer plano estratégico já criado. Nós estamos aqui para analisar vocês. Existirão alguns grupos compostos por 22 jovens divididos em dois times igualmente separados. Diante de situações de pensamento, agilidade, estratégia e outras capacidades seremos capazes de escolher os melhores para o mundo. Dentre esses grupos existem categorias, sabemos que vocês tem tribos bem restritas, apesar de haver integração, não há como negar que certas pessoas são mais estudiosas, outras mais rebeldes, ainda há aqueles que são mais esportivos ou ativos, e não tem como testar cada tribos de forma igual.

—Entendo o básico da ideia, mas duas coisas são cruciais para mim agora, a primeira é saber de que grupo faço parte e a segunda é como cheguei aqui?

—Você está no grupo de jovens rebeldes, problemáticos, que tem certa dificuldades em seguir as regras que lhes são impostas, jovem que costumam ser visionários e não tem problemas em agir, porém normalmente segundo suas próprias vontades. -quase me engasguei quando ele disse isso. Eu? Problemático? Podia não ser santo, mas sempre fui um bom menino, tirei notas boas, participava do time de roquei, quase não matava aula. Será que era porque mesmo menor de idade eu bebia? Só podia ser por isso, não tinha outra explicação. -Quanto a sua segunda pergunta existem diversas formas de ser escolhido, nesse grupo foi de interesse dos pais, foi criada um falso centro de reabilitação de adolescentes problemáticos. Pais de todo o mundo escreveram seus filhos na esperança que possamos mudá-los e torná-los jovens nos moldes da sociedade em que vivem. Recebemos vários pedidos e escolhemos para esse programa os mais interessantes.

—Posso perguntar por que eu? -isso não entrava na minha cabeça, eu nem era um caso tão interessante, e tem outra, minha mãe não sabia que eu bebia.

—Cada grupo precisa de alguém que comande. Você é considerado neutro. Temos diversos, um em cada sub-grupo de 11. Você não é rico nem pobre, não é inteligente nem burro, problemático nem bonzinho, enfim, acho que deu para entender.

—Meus pais concordaram? -cada vez mais tinha dificuldades com absorver as informações, e ainda por cima ele estava me chamando de sem sal.

—Não, seu método de entrada nos testes não foi por escolha deles. -Gregory fez uma longa pausa antes de continuar, me dando certeza que o que viria a seguir não podia ser boa coisa. -Para eles você está preso numa unidade especial sob a custódia do governo.

 


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