Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 49
Capítulo 50




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O dia tinha amanhecido diferente. O sol parecia brilhar mais intensamente, não havia uma única nuvem no céu, o calor era quebrado por uma leve brisa que balançava a copa das árvores. Alguns pássaros cantavam desavisados, podia-se ver um mico pulando de árvore em ávore. Um lindo dia de verão.

Enquanto isso com um humor totalmente diferente do da natureza os grupos esperavam as ordens do dia. Gregory e Julius cada um ao lado de seu time mantinham uma postura firme. Carmem apareceu pouco tempo depois, usava uma camisa social azul e calças bege.

—Último dia hoje! Antes de tudo queria dizer que esou muito orgulhosa de vocês e que o acampamento foi um sucesso. Tenho certeza que seus pais estarão muito orgulhosos de vocês quando regressarem para casa. Estão prontos para essa prova?? -perguntou ela sem realmente esperar por respostas. -Bom, a primeira coisa que devemos fazer é a contabilidade de pontos para cada grupo. O time Gama conta com três provas ganhas e o Beta com quatro. Com isso cada time recebe o dobro de pistas quanto ao número de provas ganhas. -Julius e Gregory se dirigiram à frente para pegar as tais pistas. -Agora teremos alguns prêmios individuais. -Carmem levantou a mão revelando pequenos cartões com mais pistas. -A primeira que chamarei à frente é a senhorita Diana por ser a mais veloz que temos. -a menina parecia meio confusa, mas ao mesmo tempo orgulhosa ao ir para frente. -Agora Mike por ser o mais forte.

Assim se seguiu, houveram diversos prêmios e no final os dois times tinham bastante com o que se guiar. Era uma caça ao tesouro de certa forma e a primeira ficha justamente dizia o que deveriam procurar. A menina do último dia. Claro que todos tinham achado estranho a aparição e então sumiço dela, só não podiam imaginar que ela seria tão importante. Yuri não lembrava exatamente como a menina se parecia, a única coisa que o havia marcado eram seus longos cabelos dourados.

O time Gama reuniu suas pistas. Algumas eram mais relevantes, mas outras só os ajudaram a achar alguns instrumentos úteis. Camila não imaginava como a menina podia estar escondida na mata. Eles conheciam esse lugar bem demais.

—Você tem certeza que leu bem todas as pistas? -perguntou Angelo a Camila.

—Claro que tenho! -respondeu a menina um pouco exaltada demais.

—Ei! Se acalmem. -pediu Philokrates. Desde que ele tinha se assumido, mudara completamente seu comportamento, passou de um rotwailler briguento a um shnauzer fofo, mas no momento isto estava irritando bastante o grupo.

—Beleza, me passa as dicas que a gente tem Cams. -pediu Malifa como sempre sendo a mais calculista e até mesmo sensata.

Samira as pegou e entregou a Malifa. A menina mexeu e remexeu de uma forma estranha. Mike esperava ansioso. Esse negócio de ficar indo devagar não era pra ele, gostava de brigar, correr e qualquer outra coisa que não envolvesse ficar parado. Pareceu passar uma eternidade até Malifa se comunicar de novo.

—É claro! -exclamou ela com um sorriso.

—O que é claro? -Camila já estava ajoelhada ao seu lado.

—É um anagrama. Pelo que eu imagino O máximo de dicas que poderíamos ter descoberto eram 14, mas nós só temos 6. Com isso só consigo achar isso: 0-4-S-E-A-H. Com o que temos creio se trata de coordenadas, e chutaria que envolve o leste, as pistas estão em inglês então o anagrama deve seguir a mesma lógica, mas só poderemos saber com certeza se tivermos todas. Precisamos das que estão com o outro time.

—Tá, mas por que essas letras exatamente? -Philokrates quis saber.

—Olhem. Malifa apontava para uma letra levemente em itálico em cada pista. -Elas se diferem das outras. É muito sútil, mas dá para ver.

—Ótimo, então nosso plano é descobrir onde eles estão e então atacar certo? -Camila possuía um olhar forte enquanto falava.

—Certo. Concordaram todos.

O time Gama tinha alguma vantagem em relação ao Beta, seu número maior de fichas fez com que tivessem mais do que preparados para uma batalha, ou seja lá o que viesse pela frente. O problema é que não parecia haver nada pela frente. Caminhavam a horas e nada parecia ter acontecido. Louise reclamava de dor nos pés e Hunter não aguentava mais carregar os suprimentos.

—Ok, acho que podemos dar uma pausa. -comentou Yuri já se jogando no chão.

—Tem algo muito errado nisso. -disse Diana depois que todos já estavam acomodados.

—Como o fato de que seguimos tudo que nos foi dado e não chegamos em lugar algum? -falou Hunter em tom debochado.

—É, exatamente como isso Hunter.

Havia uma quantidade boa de comida e a parte em que recostaram era coberta por uma árvore que deixava o ambiente numa boa temperatura. Cada um pegou uma fruta. Yuri tentava de qualquer forma pensar em algo, mas sua cabeça estava mais relaxada do que devia, a única pessoa que realmente parecia um pouco mais preocupada era Turmalina. Ela estava mais longe do resto do grupo olhando para um ponto aleatório.

Já era tarde e sem ninguém ter tido uma ideia real todos concordaram em dormir um pouco. Hunter e Turmalina concordaram em montar a primeira guarda. Apesar de não imaginarem o que de ruim poderia acontecer, não custava nada levando em conta que estavam à céu aberto.

—Você realmente gosta daquela garota né? -perguntou a menina do nada.

—Oi? -Hunter foi pego desprevenido.

—Eu vejo como você olha pra ela, é fofo.

—Hã... Eu não sei o que dizer quanto a isso. -ele parecia confuso.

—Pra mim nada, mas pra ela, você vai ter que se esforçar um pouco mais.

O silêncio voltou a recair sobre os dois. Hunter tinha achado muito estranho que ela viesse falar com ele do nada, não é como se fossem próximos, Turmalina foi a que sempre se mostrou mais racional e mais distante de todos. Porém normalmente essas pessoas eram as que viam melhor, sabiam estudar o próximo. Pensou em Camila e o que ela estaria fazendo agora. Estava absorto nesse pensamento até que ouviu um barulho. Com um movimento rápido pediu silêncio para Turmalina e apontou a direção que tinha vindo. Prontamente ela concordou e começou a acordar o resto.

Em pouco tempo todos já estavam em guarda e preparados para o ataque, seja lá o que fosse a essa hora não era coisa boa. Alguns segundos se passaram no silêncio até que um som muito alto foi ouvido e Louise sentiu uma forte dor no braço, dele escorria um líquido verde. Bolinhas de paint ball. Era disso que suas armas estavam carregadas. Yuri lançou um tiro ao léu, mas pelo visto teve algum efeito, de longe ouviu-se um grito de dor.

Camila foi a primeira a aparecer pela mata, no seu peito uma macha roxa. Mike saiu pela lateral esquerda, Malifa pela direita, Samira vinha por trás. Yuri logo percebeu que estavam cercados.

—Ainda faltam dois que podem estar em qualquer lugar. -comentou Diana.

Cada um dos quatro envolvendo o grupo atirou. Três balas atingiram seus alvos, elas até podiam ser feitas de tinta, mas doíam de verdade. Yuri e Heidi atiraram de volta, mas parecia que o outro grupo estava cada vez mais próximo. Louise olhou para trás, todo o suprimento deles estava amontoado num lugar só. Sem pensar duas vezes, saiu correndo para pegar o que podia. Já estava correndo mata adentro quando Phiolókrates a interceptou.

—Onde você acha que vai gracinha? -perguntou sem realmente esperar um respostas.

Philókrates sabia que seu próximo passo não era algo muito legal de se fazer, mas não conseguia pensar em outra solução. Agarrou o que a menina segurava e a empurrou com força, com sorte ficaria bem. Olhou rápido e viu que ela já se levantava, então se pos a correr o mais rápido que podia, seus amigos o encontrariam em pouco tempo perto do riacho.

Quando todos estavam finalmente juntos perto do riacho Malifa não perdeu tempo tentando achar as outras letras e decodificar a mensagem. Em pouco menos de 10 min o código estava formado: 120 east 43 north. Claro que diversas combinações podiam ser feitas, mas Maifa com seu olhar clínico conseguiu ver diferenças entres os algarismos que formavam a combinação norte e leste.

—Onde fica o ponto zero? -perguntou Camila preocupada, agora que tinham tudo que precisavam não podiam se dar ao luxo de errar.

—Eu acho que sei onde fica. -disse Angelo que até o momento andava bem quieto. -Pelo menos é onde faz mais sentido, de lá usamos a bússola que nos foi dada.

—-----

—Merda, merda, merda. -Yuri xingava para ninguém em especial.

—Relaxa aí, não é como se tivéssemos perdido todas as nossas chances. -Hunter tinha uma ideia em mente. -Nós ainda podemos segui-los, talvez tenhamos alguma perda de tempo, mas não é o fim.

—Eu nem sei porque a gente tá lutando por isso com tanto afinco, nem é um prêmio tão bom, e de qualquer forma não quero voltar pra casa. -reclamou Diana.

O pensamento que passava por todos agora era o mesmo, de que adiantaria a volta para casa? Para tudo aquilo que tanto detestavam? Mas Yuri sabia que não era bem assim, que ganhar não era nem de longe ir para casa. E justamente por isso se perguntava agora se valia a pena ir até o fim. Sentia falta de casa e a ideia de se envolver em algo ainda maior o assustava, mas ao mesmo tempo o animava.

Foi combinado que todos se separariam e deveriam se encontrar no mesmo ponto em uma hora.

Turmalina seguiu pelo caminho da mata densa. Pensava agora no que Diana havia dito. A ideia de voltar para casa era bem ruim para ela. Estava prometido a um homem 25 anos mais velho e era obrigada a agir conforme sua família esperava. Via nos filmes de Bollywood uma realidade que não era dela, mas que queria fazer parte, ter nascido em uma família tradicional sempre a atormentou. Foi mandada para um acampamento onde viu gente muito pior que ela, no mínimo seus pais deveriam se orgulhar por nunca ter usado drogas, algo que parecia bem comum aqui.

Estava tão absorta em seus pensamentos que mal reparou quando ouviu um barulho. Parou e esperou para ver se captava algo. Distante ouvia-se a voz até um pouco chata diga-se de passagem de Camila. Estava brigando com alguém definitivamente.

—Ótimo estamos aqui e agora?

—Se acalma. -pedia uma outra voz feminina.

Com certo receio ela se aproximou mais. Ela agora podia ver por meio de uma abertura na folhagem. Havia duas pedras vermelhas, como que com uma camada de ferrugem. Camila andava de um lado para o outro chutando o chão ocasionalmente.

—Vocês não entendem não é? Eu preciso ganhar isso! -a menina parecia prestes a chorar.

Turmalina deu meia volta para poder contar a todos o que tinha visto, mas algo agora a incomodava. É claro que além de voltar para casa os vencedores receberiam um prêmio em dinheiro, mas tanto Camila quanto Yuri pareciam intensos demais em suas vontades de ganhar, o que a levou e pensar que talvez, só talvez pudesse ter muito mais por trás do que ela sabia.

—-----

—Não é só porque você não conseguiu movê-la sozinha que ela não se move. -disse Philokrates irritado com o comportamento de Camila.

Todos se juntaram a pedra e tentavam a empurrar com toda a força.

—Eu falei que isso é inútil. -exasperou Camila após uma infama tentativa.

Camila estava mais que arrasada e não aguentava nem mais um segundo disso tudo. Tinha que ganhar e queria sua vida de volta. Passou-se alguns poucos segundos até que ouviu-se um barulho, era como uma porta destravando. Todos olharam na direção do som. Malifa havia se recostado numa árvore que por sorte destravou a passagem. Lentamente a pedra começou a se mover, dando espaço para um túnel escuro. Não tinham opções a não ser pular, e antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa Camila pulou.

—Ok podem vir, é seguro aqui em baixo.


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