Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 44
Capítulo 44




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—O que aconteceu afinal? -perguntou Yuri impaciente.

—O chip dela entrou em curto. -explicou Julius. -Só não entendo bem o porquê.

—Eu achei que ele só servia para que nos entendêssemos. Será que ele pode mais que isso?

—Infelizmente sim. -Julius não tinha regras exatamente claras sobre o que podia ou não falar com Yuri, então decidiu contar o que sabia. -Por meio desse chip que todos vocês têm a organização pode controlá-los. -Yuri o olhava espantado, ou talvez fosse melhor assustado. -Elas lê suas ondas cerebrais e pode enviar pequenos impulsos para ver como reagem.

—Isso significa que nem todos os meus atos são meus?

—Não é bem assim, os atos são seus, mas eles podem dar um empurrãozinho.

Yuri não sabia o que falar, pensava agora em quais atos tinha cometido por vontade própria e quais tinham sido estimulados a serem feitos. Isso era doentio, apesar de por outro lado ser incrível, não acreditava que podia ser feito algo assim. Estava tão absorto nesses pensamentos que quase se esqueceu de Camila deitada na mesa do lado.

—O que vai acontecer com ela?

—Não sei de verdade. -Julius respirou fundo, sabia que estava dando informações demais. -Olha menino, nos testes feitos houve uma vez que eles deram pane de propósito no chip, não sei se esse é o caso, mas se for o que deve acontecer é uma perda de memória.

—Só mais uma pergunta. -Julius assentiu aliviado desta conversa estar chegando ao fim. -Não tem nenhum problema você me contar tudo isso?

—Isso não se trata de um jogo certo com regras específicas, não é a intenção. Ás vezes o acaso é bom, ou ruim, não temos como saber. -e com isso ele saiu do contêiner.

Hunter apareceu logo em seguida na sala, parecia mais controlado. Yuri tentou explicar o máximo que podia sem deixar nenhuma informação importante passar. Para isso teve que inventar uma pequena mentira, contou que o chip tinha dado curto sozinho, não saberia explicar como um acampamento teria poder de mexer no chip. Deixou de fora também a perda de memória, não tinha certeza sobre isso e não queria que o garoto se estressasse por antecipação

Um som do lado de fora cortou a conversa. Yuri abriu a porta e lá encontrava-se uma carta. Dentro dela continha informações sobre a prova do dia seguinte. O time inteiro comandado por ele deveria recuperar um objeto perdido dentro de uma casa, provavelmente mais um jogo de realidade virtual. Mias uma vez olhou Camila, sua presença desacordada era um pouco desconcertante. Seus pensamentos se voltaram para a prova, eles tinham uma vantagem injusta, o outro time estava temporariamente sem liderança.

Yuri pediu licença para Hunter que mal pareceu ouvir e foi atrás de Lou. Ela estava no quarto com Heidi, as duas conversavam animadamente sobre algo. Ainda achava estranho as duas terem virado tão amigas, mas fazia sentido, elas se pareciam de alguma forma, no mínimo as duas tinham um gosto parecido com garotos.

—Posso saber do que as duas estão conversando? -perguntou Yuri descontraído. -Ou é algum papo importante de menina?

—Ai Yuri como você é idiota. -zoou Heidi.

—Ei, você quietinha. Não te deixo zoar meu namorado. -Louise olhou séria para Heidi. -Ou pensa que já esqueci. -Lou soltou um risinho amigável, para Yuri tinha sido bem constrangedor.

—De qualquer forma estamos discutindo de nosso triângulo amoroso favorito. -Heidi achava tudo aquilo muito divertido. -Estamos querendo saber o que vai acontecer agora. -ela de repente ficou séria. -E como Diana vai reagir.

—Aliás alguma das duas mocinhas a viu desde que ela chegou com Hunter? -só agora Yuri tinha dado a falta dela. Tanta coisa tinha acontecido.

As duas negaram. Isso não era bom.

—Eu vou atrás dela. -se prontificou Lou.

—Ótimo, eu vou com você. -acrescentou Heidi.

—E eu? -perguntou Yuri chateado.

—Você fica aí que a gente já volta. -as duas riam dele.

—Vocês são muito chatas sabiam?

Louise e Heidi caminharam pela mata por algum tempo em silêncio sem ter nenhum vislumbre de Diana. Era engraçada a amizade delas. Por um tempo Louise a odiava pelo que tinha feito com Yuri, isso sem contar que tinha ciúmes, sempre achando que ela poderia fazer de novo. Mas então as duas começaram a conversar. Louise descobriu que Heidi não sentia absolutamente nada por Yuri além de atração física e tudo não tinha passado de uma pequena diversão. Além disso veio o problema com Diana e no fim de tudo isso era um jogo que nenhuma das duas entendia bem. Louise talvez soubesse um pouco mais do que Heidi, mas o único que sabia de todos os detalhes era Yuri. Queria que ele tivesse coragem de contar tudo e isso a irritava.

Já cansadas de andar começaram a ter pequenas conversas. Coisas de menina, que para muitos é considerado bobo, mas são legais e para elas pouco importava agora o que os outros pensavam. Falaram desde garotos famosos até roupas e filmes. Heidi contou que sempre levou fama de piranha na escola pelo que fazia. Fingia que não se importava, mas na verdade achava muito chato ouvir o que as pessoas falavam ao seu respeito pelos corredores. Quando estava cansada de murmurinhos chegava na escola já drogada para as palavras se dissolverem.

Lou também contou como era descriminada por sua cor e tinha a necessidade de sobressair e para isso começou os pequenos furtos.

—Você já roubou algo meu? -perguntou Heidi brincando.

—Claro. Uma pulseira com pingente de ursinho e um prendedor.
Heidi olhou para o pulso e então riu. Pouco importava isso.

Não muito tempo depois elas encontraram Diana. Ela estava parada em frente ao rio. Chegaram perto para conversar e logo viram um filete de sangue. Isso estava saindo do controle.

—Diana o que houve? -Heidi já pegava água do rio para limpar o pulso dela.

—Hunter. -foi o que ela conseguiu dizer antes de cair no choro. Ela tinha gasto todas as suas energias o ajudando com Camila. Não iria deixar a garota jogada no chão, esse não era seu jeito de agir. Por outro lado doía ver o quanto ele se importava com Camila e não com ela.


 

—Hunter eu preciso levá-la para seu time. -tentou explicar Yuri pela milésima vez.

—Se ela for pra lá não vão me deixar vê-la–a conversa estava um tanto quanto cansativa.

Yuri imaginava que essa situação era complicada para ele. Pelo que tinham conversado os dois finalmente tinham se entendido e aí do nada ela apagou.

—Hunter talvez ela precise de cuidados médicos, não sabemos quanto tempo mais ela vai ficar assim. -explicar log para uma criança parecia mais fácil. -E de qualquer forma alguma hora o time dela vai dar falta. Já está tarde.

—Mas...

—Sem “mas” Hunter. Temos prova amanhã e precisamos descansar e essa conversa já acabou.

Sem esperar uma reposta ele pegou Camila e a apoiou nos braços. Ela era bem pesadinha. De repente o peso se aliviou e viu que Hunter a segurava do outro lado. “Graças a Deus”.




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