Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 43
Capítulo 43




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—Eu não entendo -disse Yuri assim que saíram da sala.

—Não entende o que? -perguntou Camila confusa

—Por que você não mandou a Louise pra casa em vez do Diego, ou Hunter.

—Ok, era certo que tirando a Louise eu te desestabilizaria, mas ao mesmo tempo não acho q estaria jogando justo. -Camila brincava com sua maria chiquinha enquanto falava já era um hábito. -E quanto ao Hunter, eu não sei ok? Mas de qualquer forma Diego era um dos mais fortes.

—Nossa. -Yuri não tinha reação, não esperava q Camila agisse assim, dessa forma tão integra. -Bem, obrigado. De verdade.

Yuri tinha q conter suas emoções, ninguém sabia o que tinha acontecido e eles tinham acabado de perder um integrante do grupo. Ao mesmo tempo que devia sentir-se mal por isso, respirava aliviado por não ter sido Lou a ir embora. Quando chegou na sala Diego já não se encontrava mais. Talvez fosse melhor não dizer nada.

—Amanhã será um novo dia- limitou-se a dizer.

O jantar se revelou bastante silencioso. Perder um membro causava um efeito negativo no grupo. As refeições normalmente agitadas agora estavam quietas, se resumindo em pedidos para passar alguma comida específica. Hunter olhou para Yuri e em seguida para a porta. Entendido mensagem ele concordou com um aceno de cabeça, essa história toda ainda renderia, principalmente agora que suspeitava que Camila também sentia algo por ele. Aos pucos as pessoas foram se dispersando da mesa. Cada um ia para o seu canto, fosse para refletir sozinho ou ter uma conversa mais particular. Yuri e Lou foram para a porta da casa.

—E aí como foi de verdade lá? -perguntou ela sabendo que não tinha sido tão simples.

—A escolha de quem saia foi da Camila, ela deixou você ficar. -Yuri demonstrava uma expressão pensativa. -E não foi uma decisão sem pensar, ela simplesmente achou que seria errado escolher você, seria como ganhar de uma forma injusta.

—Que bom isso mostra que ela é bem legal não?

—O problema é que eu não sei se faria o mesmo. Acho que não sou tão gente boa quanto ela. -Yuri se sentia verdadeiramente mal por isso, mas tentava disfarçar sorrindo

—Ei! Você é tão legal, mas tão legal que eu te amo. 
Isso o chocou por um momento, não lembrava de algum dia ela ter dito isso para ele, era a primeira vez em que ouvia um eu te amo vindo dela, vindo de qualquer garota.

—Você acabou de dizer....

—Que eu te amo? -ela ria, para Yuri este estava se tornando o sorriso mais lindo do mundo. -Sim eu disse e poderia dizer isso mais um milhão de vezes.

—Eu...

—Ai, as vezes você é péssimo com palavras. -Louise não precisava ouvir dele, afinal ambos sabiam o que sentiam e um beijo valia por todas as palavras não ditas.

—Espera! -ela se lembrou de algo. -Mas e o Hunter? Ele é definitivamente o mais forte do grupo, por que ela não mandou ele embora?

—Quem vai saber. -não queria pensar no problemas dos dois agora, preferia aproveitar esse tempo com Lou.

 

Camila havia chegado radiante no seu alojamento, sentia-se bem consigo mesma. Na hora a primeira pessoa que passou por sua cabeça para mandar embora foi sim Lou, mas agora estava grata que não foi. Não queia ganhar por métodos que não julgasse justo. Logo, não se sentiu nem um pouco acuada em contar a todos o que tinha feito. A única coisa em que não parava de pensar era em porque não tinha escolhido Hunter, de certa forma sabia que ele era mais forte que Diego. A noite passada a tinha deixado bem confusa, se não tivesse tido aquela conversa tinha certeza que o teria escolhido, ela o odiava. Certo?

—Qual é a sua -perguntou Mike assim que ela acabou de falar. -Você podendo escolher e manda embora o Diego? Sendo que a Louise desestabilizaria o grupo muito mais?

—Sim. -disse pura a simplesmente.

—Você é retardada ou o que? -Mike estava furioso.

—Desculpa se sou ética e me recuso a ganhar de forma desonesta. -aquela discussão poderia se estender por horas, mas Camila não queria estragar seu humor com inutilidades. 


Assim que terminaram de jantar, Camila pediu a Samira que cuidasse das coisas para amanhã, pois tinha que sair. Estava ansiosa e assustada ao mesmo tempo, tinha a esperança que veria Hunter de novo perto do rio. A sensação no seu estômago era desconfortável.

Quando chegou perto do rio ele já a esperava. De longe era ainda mais bonito, sua silhueta forte se destacava a luz do luar. A única coisa que mudaria nele seria seu psicológico, o garoto era bem piradinho da cabeça, e agora ainda tinha essa de que talvez ele gostasse dela.

—Oi. -disse Camila sem jeito sentando-se ao lado dele.

—Ah, oi. -respondeu ele também sem jeito.

Os dois se olharam em silêncio pelo que pareceu uma eternidade, porém não foi aquele silêncio constrangedor, mas sim aquele em que dez mil coisas passam em sua mente.

—Então, como esta seu humor hoje? -perguntou Camila quebrando o clima.

—Acho que bom... Pro meu nível. -ele sorriu e Camila teve que se controlar para não pular em cima dele. Esse garoto causava um efeito muito diferente de todos que já tinha sentido.

—Posso te fazer uma pergunta? -Camila sentia-se um pouco insegura, tinha medo de que o deixasse estressado e eles brigassem.

—Acho que sim.

—Você nunca tem certeza de nada não?

—Acho que não. -respondeu rindo. Ao mesmo tempo que se sentia nervoso com ela por perto se sentia leve, como se todos os seus problemas não existissem.

—De qualquer forma essa não era a pergunta. -Camila olhou para o céu como que esperando uma confirmação que devia continuar. Como nada aconteceu foi em frente. -Por que você disse que não devia se aproximar de mim?

A pergunta pegou Hunter de surpresa. Não gostava de falar sobre sua vida pessoal. Queria sentir raiava dela por perguntar algo assim, essa menina tinha uma vida perfeita, como poderia entender a dele?

—Me desculpa, fui idiota em perguntar. -ela falou já se sentindo idiota, sabia que a chance dele se irritar era alta. Decidiu se levantar, era melhor assim.

—Espera! -chamou Hunter antes que ela se afastasse. -É só que pra mim é um pouco difícil de falar sabe? -Camila sentou-se e concordou com a cabeça, dando brecha para que ele continuasse. -O problema todo é que nada bom se mantém comigo sabe? Pode parecer meio piegas falar isso, ou que estou querendo me por pra baixo, mas é verdade -ela não o olhava com pena, como ele esperou que fosse acontecer, mas com curiosidade, queria que continuasse, isso o deixou de certa forma feliz. -Quando eu era pequeno meu pai era muito mal, batia na minha mãe e em mim quase todo dia, atá que minha mãe ficou grávida de novo. Achei que as coisas fossem mudar, ele andava mais tranquilo. Isso durou por volta de quatro anos. Eu quase podia dizer que tinha uma boa família. Mas um dia ele bebeu demais depois de um jogo e quando chegou em casa estava pior que antes. Nem minha irmã escapou. Depois desse dia minha mãe fugiu de casa. Não a culpo por isso, devia ser horrível ser casada com um monstro como meu pai, a culpo por largar a mim e a minha irmã com ele. Durante um tempo eu fui tudo para a Hanna. Meu pai era ausente e quando estava em casa sempre gritava com a gente, mas pelo menos não nos batia mais. Achei que dessa vez por fim minha vida tinha se estabilizado, mas era claro que não. Um belo dia minha avó resolveu aparecer. Ela ficou sabendo como meu pai tratava a gente. Achei que iríamos morar com ela, mas ela veio com uma história que não tinha condições financeiras de cuidar de ambos, então minha irmã que era a única pessoa que eu ainda me permitia amar foi tirada de mim. Nunca mais ouvi falar nem dela nem da minha mãe. Meu pai depois disso desistiu por completo de mim. Nem gritar comigo gritava mais, era simplesmente como se eu não existisse. Foi nessa época que me envolvi com o que não devia. -ele tinha contado tudo rápido demais e ficado até sem fôlego, nunca tinha se aberto assim com alguém. -Você sabe a que me refiro. -disse concluindo a história que torcia nunca mais ter de repetir.

Camila permaneceu em silêncio. Não sabia o que falar numa situação dessas. A vida dele era mil vezes mais complicada que a sua. O que ela poderia dizer? "Uma vez briguei com meu pai porque ele não quis me levar pra Disney?" O mais próximo de um problema real era o que enfrentava agora, queria muito poder contar a ele, mas sabia que não podia.

—Eu sempre vou estar com você. -disse ela por fim. -Se você quiser, é claro. -era o máximo que conseguia dizer.

—Você jura? -aquele vislumbre que tinha tido no outro dia, de um garoto vulnerável era real, queria abraçá-lo naquele mesmo momento.

—Juro juradinho.

Camila nunca tinha sido muito impulsiva, costumava sempre pensar muito antes de qualquer ato, esse era seu normal, porém com esse garoto as coisas não pareciam seguir muito o normal. Antes que pudesse pensar direito se inclinou em sua direção e o beijou. Não foi como da última vez, aquele beijado tinha sido roubado e ela nem mesmo sabia se queria. Esse por sua vez tinha partido da sua vontade e seu corpo parecia em extase, como se tivesse esperado por isso por toda a vida.

Quando eles finalmente se separaram ela sentia que poderia fazer qualquer coisa, estava mais feliz do que em muito tempo. Queria beijá-lo de novo e era exatamente o que ia fazer até que sentiu uma pontada na sua cabeça.

—Ai! -gritou involuntariamente.

—Tá tudo bem? -perguntou o menino preocupado.

—Eu não sei.

A pontada tinha se intensificado e a dor começava a ser tão grande que respirar se tornava difícil. O que estava acontecendo? Sua visão começou a ficar embaçada, podia ouvir Hunter lhe chamando, sua voz cada vez mais distante. Decidiu por fim tentar levantar, talvez molhar o rosto a ajudasse. Na hora que apoiou o pé no chão sua visão apagou de vez e ela sentiu cair.

 

—CAMILA!!! -Hunter a pegou antes que caísse no chão.

Ele não fazia ideia do que podia ter acontecido em um momento eles estavam bem e então ela tinha apagado. Sabia que tinha que fazer algo rápido, ela ainda respirava o que era um bom sinal. Ela estava jogada sobre seu corpo, era mais pesada do que ele imaginava. A única coisa que podia fazer no momento era sair dali, qualquer lugar era melhor. Claro que seria muito mais fácil se ele não estivesse nervoso.

Mal deu dois passos quando Diana o parou



—Estava te procurando. -disse ela séria.

"Ah não", Hunter sabia muio bem o que ela queria e aquela não era a hora.

—Não vai falar nada? -perguntou Diana pertinente.

—Olha, agora não é a hora ok? -Hunter sentia seus músculos doendo por conta do peso.

—O que diabos você ta fazendo com ela? -Diana apontava para Camila com repulsa.

—Olha Diana a gente pode falar sobre o que você quiser, mas agora não vai dar ok? Eu sei que vou ser babaca com você agora e que você vai me odiar, porque a verdade é que não sinto nada por você, pronto essa é a verdade de porque tenho te tratado com tanta frieza. Você é linda e tudo mais e sorte daquele que te amar. Agora por favor você pode me ajudar ou sair da frente?

Diana encarou ambos. Sua expressão não dizia nada e Hunter começou a ficar impaciente.

—Vamos! -gritou ele ao ver que a menina não se mexia.

—Posso ao menos saber por quê? É por que não sou bonita o suficiente? Por
quê não tenho o cabelo rosa? Por quê não fico me fazendo de retardada por aí? -Diana gritava histérica, lágrimas rolavam por seu rosto, era duro ser rejeitada mais uma vez.

—Cala a boca por favor? -Hunter não queria ter falado assim, mas Diana não deixava muita escolha, ela precisava crescer e principalmente sair da frente.

Finalmente Diana saiu do seu estado histérico e se pôs ao seu lado passando o braço em volta da Camila. Hunter deu um sorriso agradecido, esperava que estivesse tudo esclarecido. Camila estava ficando quente os dois sentiram isso e começaram a andar ainda mais rápido.

—Para onde nós vamos? -perguntou Diana.

Ele não tinha certeza, pensou em deixá-la com seu grupo, mas não sabia como eles reagiriam, decidiu então que precisava falar com Yuri antes. Não demorou muito até que chegassem.

—O que houve? -perguntou Yuri preocupado.

—Eu não sei... -respondeu Hunter exausto.

—Vou chamar Julius, já volto. -e com isso ele desapareceu adentro.

Hunter a colocou por sobre a mesa. Seu sono era tranquilo quem a visse diria que estava somente dormindo. Ele então pode finalmente observá-la bem. Não, não era a menina mais bonita que já tinha conhecido, a própria Diana poderia ser considerada mais bonita. Mas Camila tinha algo especial. Dela emanava uma calma e segurança que Hunter poucas vezes sentiu em sua vida. Não podia se dar ao luxo de perdê-la também. Nesse momento prometeu a si mesmo que nunca deixaria que nada acontecesse a ela, não importava como. Já tinha perdido gente demais,


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