Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 42
Capítulo 42




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Os quatro representantes de cada time se encontravam no centro da clareira junto a Carmen. Cada um devidamente uniformizado com as cores do seu time. Ninguém sabia exatamente como funcionaria a prova, mas entre as capacidades envolvidas se encontrava destreza, raciocínio, velocidade e principalmente estratégia.

—Se divertiram ontem gama? -perguntou Carmen com seu já característico sorriso falso.

O time respondeu com pequenos acenos e alguns risinhos. A grande parte tinha se divertido.

O time gama tinha passado por algumas mudanças no time entre os que competiriam se encontravam Yuri, Louise, Turmalina e Diego. Hunter realmente tinha tentado se afastar de Diana, principalmente depois do que tinha acontecido à noite com Camila, mas a garota era insistente demais e ele acabou se rendendo. Heidi também tinha saído do time, na noite anterior comeu algo que não a fez bem e passou a noite em claro vomitando.

Do outro lado o time era formado por Camila, Samira, Mike e Angelo. Muitos pareciam não entender a escolha de Angelo nesse time, Yuri olhava confuso para ele, não acreditava que esse menino pudesse ter qualquer uma das capacidades necessárias. Philokrates não falava com Camila desde sua escolha o que só deixava esta mais motivada a tê-lo no seu time, ela sabia o que ele podia fazer e isso era mais que suficiente. Apesar disso a cena que presenciou ontem ainda a deixava um pouco perturbada, eles pareciam tão íntimos.

—A prova de hoje será em formato de realidade virtual. -Camila não pode esconder a pequena felicidade que sentiu ao ouvir isso, seu grupo havia treinado em diferentes cenários. -Haverá cinco situações e no final uma moeda de ouro.

—Tá falando que isso vai ser tipo um jogo do Mário? -disse Yuri automaticamente. -É... Foi mal. -todos o olhavam como se tivesse feito a pergunta mais estúpida do mundo.

—Sim senhor Yvanovich, a ideia foi baseada nesse jogo virtual. -Carmen olhava pra Yuri com aprovação. -Creio que todos aqui conheçam esse jogo certo? -ambos os grupos concordaram. -Maravilha! Acho que estamos prontos para começar. O primeiro grupo será o beta que possui um integrante a menos.

Todos foram levados até uma outra base desconhecida. Consistia em uma pequena sala com três portas. Uma dando para fora, a outra para a sala de controle e por fim a última dando para a sala de realidade virtual.

Camila e o resto do grupo passaram pela porta confiantes. Não podia ser muito mais difícil que o dia no deserto, e para Camila nada seria mais difícil que quando estava sozinha pela primeira vez naquela loja.

Chegando lá Mike não se conteve e começou a rir.

—Gente, mas nós estamos realmente num joguinho do Mário Bros!

Era verdade, o cenário era idêntico. Contava com pequenas flores laranjas e pixeladas, as paredes de baixo feitas de tijolinhos, os cones verdes, as moedinhas e até mesmo as vidas e as tartarugas do mal. Todos sorriam abismados com exceção de Samira.

—O que ta havendo Sam? -perguntou Angelo um pouco preocupado.

—Não é nada... -seu rosto estava corado de vergonha. -É só que nunca joguei esse jogo. Não tenho muitas coisas eletrônicas em casa. -era horrível para ela admitir isso.

—Ah... -Angelo não podia imaginar alguém não conhecer esse game. -Bom, qualquer coisa gente te ajuda ok? -Angelo estendeu a mão e Samira a apertou de bom grado. Tendo sido resolvido esse primeiro problema o resto seria tranquilo.

O básico foi explicado a Samira e então todos começaram a correr. Imaginavam e estavam certos que o tempo também faria diferença. Mike e Camila ficaram encarregados de matar as tartarugas enquanto Angelo e Samira recolhiam as moedinhas e prêmios. Foi bem engraçados quando todos se viram com o dobro de seus respectivos tamanhos ou quando começaram a brilhar. Tudo corria muito bem até que se depararam com o doutor mal do jogo. Segundo a experiencia que eles possuíam com esse jogo eles precisavam de diversos ataques a ele para que sumisse e liberasse a passagem. Ainda tinham uma surpresa não aberta. Decidiram então que aquela era a hora perfeita para usar. Era algo que nunca tinham visto em suas experiências com jogos.

—Espera! Eu já vi isso sim! -lembrou Mike. -Mas é uma parada meio suicida. Tem uma parecida no Mário Kart. Acho que quando alguém vestir essa roupa a bomba vai ser ativada e vai ser preciso que chegue perto o suficiente do doutor para que haja a transferência.

—Isso soa meio suicida Mike. -Samira não queria ser a pessoa a usar a roupa. -E se tipo algo dá errado? -sua preocupação era evidente.

—Creio que destruímos os dois.

—Eu vou! -se pronunciou Angelo de imediato.

—Não Angelo! Isso é muito perigoso! -Camila odiava mentir, mas precisava parecer convincente. Tinha escolhido Angelo exatamente por isso. Sabia que todos de seu grupo eram egoístas demais para casos que pussessem sua integridade em risco. Não gostava de saber que Angelo poderia se machucar, mas era algo necessário. Se sentia péssima por isso, queria que pudesse ser de outro jeito e que sua escolha quanto a ele no time não tivesse tido esse propósito.

—Tá tudo bem Camila, eu sei que é perigoso, mas não acho que nada sério possa acontecer em uma realidade virtual. Não se preocupe. -Merda. Camila se odiava no momento, mas não se sentia verdadeiramente preocupada, estava mais para aliviada por seu plano estar funcionando.

—Muito obrigada Angelo, você não tem ideia do que esse ato significa, mas se quiser desistir, não há nenhum problema. -sua falsidade era enorme, não sabia o quão atriz era capaz de ser.

Angelo vestiu a roupa e investiu em direção ao doutor. Como Mike esperava os dois acabarem sofrendo com a explosão. Por um momento tudo ficou escuro, e então quando voltaram a ver nenhum dos dois se encontrava mais lá. Mike tentou argumentar que deveriam procurar por Angelo ou algo assim, mas Camila sabia que o mais provável era que ele tivesse sido expulso do jogo por ter morrido nele, só esperava que o amigo não estivesse tão mal.


O nível dois era bem mais complicado e eles tinham um jogador a menos. Os três pularam num cano vermelho e foram levados ao subsolo. Uma tartaruga surpresa atingiu Camila com força, por um momento achou que seria tirada do jogo, mas tudo que aconteceu foi uma tontura. Andaram por mais algum tempo até que Samira avistou algo.

—Hm isso pode ser a tal moeda que faz a gente ganhar o jogo?

Do outro lado da plataforma que se encontravam um enorme moedinha de ouro rodava. Bastava um para que o jogo terminasse. Sem pensar Camila mandou que Mike fosse o responsável por saltar, era uma distância excepcionalmente grande e o garoto não pareceu muito feliz. Totalmente a contragosto ele saltou, só faltava esticar a mão e o jogo acabava, mas antes ele fez questão de fazer um gesto obsceno para Camila.

 

Ninguém do grupo de Yuri sabia bem o que esperar. O outro grupo parecia bem confiante quanto essa prova, provavelmente tinha treinado em condições semelhantes, eles por outro lado só tiveram a mata para treinar. Estava ansiosos e o passar da porta foi um choque de realidade.

—Nossa! Esse é igual o jogo que eu peguei uma vez numa loja lá perto de casa. -Yuri a olhou Louise com reprovação. -Que foi? Eu paguei! -respondeu ela rindo e dando um beijo na bochecha dele.

—Quando eu era mais novo adorava esse jogo. -Diego como sempre fazia sua pose de machão. -Mas agora só jogo Fall Out e GTA. -ninguém acreditou de fato, mas também não se manifestaram, não iam começar uma discusão por tão pouco.

—Olha as tartarugas do mal! -disse Turmalina animada demais. -O que? Vocês acham que não tem isso na Índia?

—Não é esse o problema é só que... -O que ele ia falar? Que achava que a menina nem falar direito falava e só a tinha chamado porque ela era rápida. -Sei lá, você não costuma ser muito de falar.

—Talvez você diga isso porque não me conhece bem. -disse ela dando de ombros.

Quando estavam todos prontos começaram a correr. Porém algo estava dando errado, enquanto todos se focavam em correr estavam deixando muitas moedinhas e surpresas passarem.
—Assim não vai dar certo. -disse Yuri parando. -Turmalina e Diego, vocês matam tartaruga e abrem caminho. Eu e Lou vamos recolhendo os extras. Pode ser? -tendo recebido a aprovação do grupo eles continuaram.

Yuri achou muito legal quando conseguiram o canhão, que deu uma boa vantagem a eles e foi bem emocionante. As coisas pareciam estar indo muito bem até encontrarem o doutor. Todos sabiam o que significava e que teriam que lutar para passar por ele, um verdadeiro desgaste.

A última surpresa que tinha recolhido tratava-se de um traje bomba e quando Yuri deu a ideia de alguém usar e derrotar ninguém concordou.

—Por que não vai você se acha tão boa ideia? -perguntou Diego chateado.

—Porque eu sou o líder e não acho que seja bom para vocês ficarem sem uma liderança. -Yuri não era nem louco de se suicidar lá. De certa forma imaginava que ninguém fosse morrer de verdade. Não era o que os organizadores de tudo isso queriam, mas mesmo assim devia machucar. -Podemos tentar jogar a roupa sem ninguém e ver se funciona.

—É e se não der certo o atacamos juntos. -completou Louise.

Não era a melhor ideia, mas era a única levando-se em conta o fato que ninguém queria ser o grande herói da missão. Sendo assim Diego arremessou o traje, porém como era de se esperar nada aconteceu. Sem mais alternativas começaram um a um a golpear o doutor. Demorou muito até que os primeiros sinais de vitória começassem a aparecer. Mais um longo tempo e o doutor foi abatido, deixando o resto do grupo extremamente cansado.

Ainda não havia acabado a missão e agora teriam de descer por um túnel. Em decisão quase unanime onde só Turmalina não concordou ela foi escolhida pra ir a frente. Era a mais rápida e se queriam ainda ter alguma chance ela teria de prosseguir sozinha enquanto o resto corria em retaguarda.

Assim feito Turmalina se encontrou na beira do precipício vendo a moeda do outro lado. "Se fui a única capaz de chegar aqui, serei a única que merece pegar a porcaria da moeda." pensou Turmalina com raiva e assim fez. No minimo mereceria mais respeito agora. E assim fez, a moeda era honra sua.

 

Só os líderes de cada grupo foram chamados por Carmen para se mostrar o vencedor. Estavam em mais um local desconhecido, sentados em uma mesa de reunião.

—Devo parabenizá-la Camila, não sabia que era tão boa estrategista. -disse Carmen com o sorriso mais genuíno que ela já esboçou.

—Hm, obrigada, eu acho. -Camila não sabia bem ao que ela se referia.

—Desde o início foi claro que esse jogo se tratava de destreza, raciocínio, velocidade e principalmente estratégia. Achei até bonita a ideia do grupo de vocês Yuri, mesmo que tendo sida motivada pelo egoísmo. Quer dizer. Todos por um foi o lema certo? Todos trabalhando em equipe para derrotar o vilão. Porém em uma hora de vida ou morte por mais louvável que seja é péssima. Realmente acha que um exército prefere perder todos os soldados a um? Camila por outro lado sabia que Angelo era capaz de se sacrificar. Mesmo não sabendo qual seria a prova ele era ideal para qualquer situação de desespero. Graças ao seu trabalho em equipe Yuri, seu time perdeu muito tempo, sinto muito, mas vocês precisaram de 1h 45min e arrecadaram 560 moedas, enquanto o time da Camila realizou em 57min e recolheu 1215 moedas. Sendo assim parabéns ao time beta! -Carmen bateu palmas afetadas ao falar. -Como prêmio terão ótimas refeições entre hoje e amanhã, além de poder escolher qualquer integrante do outro grupo para sair. -Carmen olhou para Camila ainda sorrindo. -Agora é claro.

—Diego. -disse Camila mudando sua resposta de última hora.


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