Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 34
Capítulo 34 - Camila




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/579441/chapter/34

—Camila! -alguém me gritou atrapalhando meu sonho com o lindo do Matt Damon. -Vamos Camila, acorda! -tentei ignorar, mas a pessoa era bem insistente.

—Ai Angelo, o que é? -se tinha uma coisa que eu não era pela manhã era agradável.

—Já está tarde. -queria conseguir me estressar com ele, infelizmente o menino era um amorzinho. -E hoje tem umas coisas deliciosas pro café. Tem inclusive nuttela! -e com essa palavra mágica eu praticamente pulei da cama em direção a cozinha, não sabia há quanto tempo eu não comia essa iguaria.

A mesa do café era a melhor que eu já tinha visto. Literalmente tudo que você pudesse querer estava ali. Pouco me importava se hoje eu engordasse uns três quilos ou mais, quando se tem comida assim não pode desperdiçar. Peguei ovomaltine com nescau, bacon, nuttela, queijos variados, enfim, fiz uma grande mistura.

Quando acabei de comer mal conseguia andar me sentia absurdamente pesada. Um cochilo matinal não faria tão mal. Fui para o quarto mais me arrastando que andando. Estava pronta para me jogar na cama, mas não pude já que tinha uma muda de roupa em cima dela. Era uma roupa tipo as pretas que normalmente usávamos, porém em vermelho. E não era qualquer vermelho, era um bem forte e vivo e aberto e horrível.

Olhei para trás esperando rir com Samira das nossas roupas novas, mas algo a preocupava.

—O que houve? -perguntei sem entender o motivo, tudo bem que a roupa era esquisita, mas não era pra tanto.

—Eles puseram a mesma roupa para você e para mim. -disse ela desapontada.

—Claro ué, esperava uma cor mais legal ou... -foi então que me toquei que faltava o Hijab dela, e que a saia era curta demais, enfim, não era o que ela costumava usar nem de longe. -Sam... Eu não sei o que fazer. -Ela já havia se acostumado que os meninos a vissem de cabelos soltos, mas nós íamos conhecer pessoas completamente diferentes.

—Não Camila, pode deixar. -ela abriu um sorriso forte. -Eu não fui considera alguém "rebelde e problemático" pela minha comunidade por querer mudar as regras? Essa é só mais uma que irei quebrar. -ela demonstrava uma confiança em relação ao assunto que eu sabia não existir, fiquei feliz pela menina (ainda assim ela podia começar essa fase com uma roupa melhorzinha).

—Então veremos esses lindos cabelos soltos e esvoaçantes por aí? -perguntei ainda tentando manter o clima leve.

—Ei! -ela agora ria de verdade. -Também não é pra tanto, se você pode usar suas maria chiquinhas eu posso usar um coque.

Coloquei meu uniforme vermelho, um all star branco que haviam me dado (o que aliás é um absurdo, pois esses tênis não são anti impacto) e prendi meu cabelo da forma de sempre. Achava legal com as pontas rosas caíam pelos lados. Depois disso fui para a sala onde estava todo mundo. Alguém tinha decidido assistir “friends”.

—Camila, é sério isso? -Philokrates tinha vindo cheio de raiva falar comigo.

—Isso o quê?

—Esse uniforme ridículo! -ainda não tinha visto como tinha caído "bem" nos garotos. -Quer dizer, o preto já não era muito legal, agora esse é horrível. Eu me sinto uma menininha.

—Pois saiba que eu sou uma menininha, e uma que pode acabar com você em três segundo com uma espada, então antes de falar algo assim de novo pensa melhor ok? -pelo visto minha frase tinha feito efeito, ele me lançou um olhar de raiva e saiu marchando.

Tentei por um tempo interagir com o pessoal, tentei prestar atenção na série, tentei conversar com a Dulce que sempre reclamava que ninguém a amava e sobre a chance dela de conhecer um menino gatinho na nova fase do "acampamento", tentei até comer mais. No fundo nada disso me satisfez. Estava me sentindo incomodada sem saber como as coisas seriam, nunca fui metódica, mas essa falta de informação era demais.

Sério, assim que chegássemos no lugar determinado eu ia falar o que? "Então gente, menti para quase todos vocês ao não contar que isso na verdade é um teste! Amo vocês, beijinhos." Eu ia ser a pessoa mais babaca do mundo, mas qual outra saída eu tinha? Esperava do fundo do coração que esses idiotas que não conseguem fazer nada sozinhos viessem a se explicar com esses garotos.

Fiquei um tempo sozinha atrás do sofá pensando nessas coisas para chegar a conclusão nenhuma. No final estava fazendo círculos imaginários no chão com o dedo. Fiquei assim até que ouvi um estrondo vindo do teto. Ele foi seguido de outro no centro da sala. Todos que estavam lá pularam para trás. Eu continuei atrás do sofá sem saber o que fazer. No teto agora havia um rombo bem grande.

Já estava pensando que teriam que consertar isso aqui, quando a escada apareceu e eu me liguei que era assim que iríamos embora. Pulei por sobre o sofá. Certas horas quando você é líder, tem que agir como tal e isso era impactante, dava uma moral. Peguei a ponta da escada e mandei que me seguissem.

No final da escada estava o carro da corporação que nos levou até um belíssimo jatinho particular daqueles que eu sempre via os famosos usando e nunca nem sonhei em usar. Esperei ansiosamente na escada todos subirem, louca para ver o jatinho. Quando o último subiu e a escada se recolheu saí para analisar. Era bem, mas bem luxuosos mesmo.

As poltronas eram de couro bege, o chão coberto de carpete azul. Tinha uns quadros, um vasos e algumas esculturas, não entendi como se mantinham de pé durante o voo. Em cada mesa estava posicionada uma taça de bebida. Reparei então que cada copo era diferente e continha a bebida preferida de cada um. Não fiquei surpresa quando vi a quantidade de bebida alcoólica. Cada um se sentou no assento designado e uma aeromoça muito bonita (que eu achei desnecessária) chegou para afivelar nossos cintos. Fiz isso sozinha me negando a deixar ela fazer.

Esperamos um tempo e por alguns segundos temos um vislumbre do outro time enquanto eles se dirigem ao segundo andar do jato. Um garoto em especial me chama a atenção, mas mal tenho tempo de vê-lo direito. Esperamos mais um quinze minutos para o outro time se acomodar e sinto o avião começando a tomar velocidade. No mesmo momento algo aperta meu braço.

—Se você falar qualquer coisa eu te mato -disse Mike assustado igual um filhotinho.

—Por mim minha boca é um túmulo. -claro que iria me aproveitar da situação. -Quer dizer, depende só de você. -e com um sorrisinho me virei para a frente antes que ele dissesse qualquer coisa.

Finalmente levantamos voo. Ele não me soltou e isso me deu muita vontade de rir, mas me controlei, não seria muito educado. Olhei para a janela e tudo que vi foi uma clareira e uma mata. Estávamos muito bem escondidos e agora era hora de dar adeus a esse lugar.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fase Experimental" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.