Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 33
Capítulo 33 - Yuri




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Acordei cedo demais, mas não me sentia cansado, muito pelo contrário. Estava um pouco apreensivo em sair daqui, já me sentia quase em casa e agora ia para um lugar totalmente desconhecido. Fui direto ao banheiro e dei de cara com a máquina de cabelo. Tinha feito todos os meninos rasparem o cabelo e eu mesmo não tinha, estava exausto demais para isso. Bem devagar aparei meu cabelo até que ficasse rente a cabeça. Tinha saudade dele um pouquinho maior, um tamanho que pelo menos desse para pentear.

Saí do banheiro torcendo que todos ainda estivessem dormindo. Tive vontade de chorar de felicidade quando vi o quão absortos em seus sonos eles estavam, finalmente um tempo para mim. Com o humor um pouco melhor fui para a cozinha começar a preparar o café. Eu até estava inspirado para cozinhar, mas parecia que alguém já tinha resolvido esse pobleminha para mim. Sob a mesa estava o melhor café da manhã que já tinha visto. Devia ser um tipo daquelas últimas refeições, aquelas que te dão na prisão antes de te matarem. De qualquer forma não ia reclamar. Tinha diversos pães, sucos, leite, café, bolos, frutas, manteiga, requeijão, queijos, salgados. Hoje eu comeria como rei.

—Olha, eles não são cem por cento impiedosos. Pelo menos temos boa comida. -Louise estava parada na porta e parecia ainda mais bonita na sua camisola e com o cabelo preso em um coque.

—Hmm, achei que era o único acordado. -apesar de ser ela queria mesmo que fosse só eu.

—Te ouvi saindo do quarto e resolvi vir com você... -ela fez um beiço de criança que me deu uma enorme vontade de rir. -Algum problema? -não tive como ficar chateado depois dessa cena, invés disso me liberei a rir.

Comemos até que não coubesse mais nada em nossos estômagos. Mesmo pesado de tanta comida de alguma forma me sentia leve. Lou e eu tivemos então a ideia de acordar a todos de uma forma... Barulhenta, acho que podemos dizer. Já deviam se passar das oito, mais do que na hora de levantar da cama.

Pegamos algumas panelas e entramos no quarto batucando-as com toda nossa força. Ver as expressões das pessoas acordando foi impagável. Se não já confiasse um pouquinho neles teria certeza que nos cobririam de porrada. Dependendo do meu humor até eu seria capaz disso. Pelo lado bom, todos levaram na esportiva e ficaram muito felizes ao ver o café que os esperava.

Como eu e Lou já havíamos comido resolvemos ir nos aprontando. Quem viu a novidade primeiro fui eu. Nossas roupas normais que usávamos tinham sido substituídas por... Alguma coisa amarela.

—Então, acho que hoje iremos fantasiados de ovo. -disse estendendo a roupa para que Louise visse.

Esperei que ela risse ou fizesse algum comentário, mas simplesmente ficou me encarando sem dizer uma só palavra.

—O que houve? Eu não sou tão bom comediante, mas essa nem foi ruim.

—Não é isso. -seu olhar demonstrava preocupação. -Todos os dias você agiu responsável, e logo hoje que tudo pode piorar muito você está assim todo engraçadinho.

—Mas, isso não é bom? Você não sempre reclamava que eu precisava descontrair mais. -não entendia porque ela estava chateada agora.

—Isso é ótimo. -ela puxou meu rosto em suas mãos e me beijou. -Mas sei que só está agindo assim porque agora todos seus limites extrapolaram.

—Olha eu tenho duas opções: Ou eu ajo assim, ou vou me tornar um babaca e berrar com todo mundo, e eu quero muito isso. Creio eu que nesse caso a primeira opção seja melhor né? -talvez eu tenha me exaltado um pouquinho enquanto falava.

—Ei, tudo bem, eu só estou preocupada.

Nos beijamos e ficamos assim, em pé, juntos, com uma roupa na minha mão, por um bom tempo.

Quando estávamos todos prontos nos reunimos na sala. Alguém tinha posto uma música latina para tocar, provavelmente Diego. Os meninos usavam uma bermuda e uma pólo amarela, as meninas se diferenciavam por usarem saia. Nos pés todos tinham um all star branco. Só pude pensar a ótima ideia que era ser branco. Se fossemos pro meio da mata seria um tênis que muda de cor! Do branco pro marrom.

Louise tinha escondido com ela algumas sobras do café da manhã mesmo contra minha vontade. Ouvi um barulho que me pareceu suspeito e resolvi checar se estavam todos aqui mesmo. Faltava Diana. Sem querer fazer algum tipo de alarde saí atrás dela e não falei com ninguém. Não estava na cozinha, ok, um lugar a menos. Fui para o quarto e já estava de saída quando ouvi um som estranho vindo do banheiro.

Me aproximei na maior cena de espião para poder não ser ouvido. Era um som de vômito que vinha de lá. Ela devia estar passando mal, ou então tinha comido demais. Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Chamei por ela e tudo que tive como resposta foi um "Sai daqui" meio rouco.

Voltei para sala e tudo continuava na mesma. Podia falar com Louise sobre o assunto, mas as duas não eram muito próximas. Nesses últimos dias a via mais conversando com Hunter, aliás tenho quase certeza de um dia te-los visto se beijando.

—Você sabe se aconteceu alguma coisa com a Diana? -eu não era muito bom em ser discreto.

—Até onde eu sei não... -ele parou e coçou a cabeça claramente se lembrando de algo. -Se bem que agora que você falou, ontem ela comeu sozinha e depois disse que estava passando mal e me pediu que não comentasse com ninguém. -ele me olhou preocupado. -Mas, por quê a pergunta? Aconteceu alguma coisa?

—É... Claro que não... Tá tudo ótimo. -não tinha como não desconfiar de algo depois disso, só esperava que ele não fosse me perguntar. -Tenho que ir! -corri para longe dele antes que visse que escondia algo.

Era óbvio até para mim o que estava acontecendo. Ia pedir ajuda para Heidi, por algum motivo sentia que a louca podia me ajudar, mas antes de fazer qualquer coisa alguns carros pretos pararam em frente a casa e a porta se abriu. Era isso, minha ajuda ficaria para depois, agora nós faríamos uma pequena (ou não) viajem.


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