Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 32
Capítulo 32 - Camila




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Claro que nada estava acabado, não tenho essa sorte. Depois de todo o papo agradável que tive com meu amiguinho Yuri e nossos (como posso dizer? Tutores? Líderes?) fomos separados e eu segui para uma sala com o tio Greg (sim eu já tinha um apelido fofo para ele, o tornava menos esquisito).

Ele começou recapitulando o que tinha sido dito anteriormente. Não prestei a menor atenção, mexer na minha maria chiquinha era bem mais interessante. Logo em seguinte ele tocou num ponto que me fez ficar atenta: Betha, a menina que tinha surgido do nada. Ele explicou que era muito importante que eu me lembrasse bem dela e que de forma alguma deveríamos comentar dela para o outro time. Disse que talvez sentíssemos falta dela, mas que não devíamos nos preocupar. Ótimo, se ele não tivesse me contado nada, talvez eu tivesse entendido mais as coisas.

Tio Greg esperou que eu falasse algo sobre isso, mas visto meu silêncio decidiu prosseguir para o próximo tópico: meu prêmio.

Seu discurso começou citando o Gui, que por acaso vinha a ser meu lindo e irritante irmãozinho. Isso me fez murchar um pouco, quanto tempo não tinha notícias dele? Ou da mamãe e do papai?

—Eles estão bem? -perguntei rápido demais deixando transparecer o quanto isso me afetava.

—Calma você terá informações deles assim que eu terminar de falar. -seu tom era de alguém falando com um bebê de dois anos e isso me irritou.

Ele começou a dizer o óbvio para mim. Que Gui estava se formando do nono ano e que sua escola não tinha ensino médio. Daí em diante ele começou um casos de família comigo. Segundo Gregory meu irmão sempre estudou de graça nessa escola devido a um acordo feito com meu pai, nesse acordo ele tratava das alergias da diretora e ela o pagava isentando a mensalidade do Gui. Porém agora mudando de escola essa mordomia não existiria mais. Para completar ele finalmente me disse o que tanto minha mãe fazia em casa nesses últimos dias. Ela tinha sido demitida do seu trabalho como contadora.

Resumindo os fatos, meus pais não tinham dinheiro nem pra bancar a comida direito de dois filhos. Eu não fazia ideia que tinham vendido o apartamento e agora viviam com a vovó. Nesse momento pensei que até não era tão ruim eu estar aqui, pelo menos era um gasto a menos. Meu grande prêmio consistia em uma grande quantia em dinheiro que ajudaria minha família a se por de volta nos trilhos e um emprego para minha mãe. Para ganhar, bastava ganhar o jogo, era o mínimo que eu podia fazer por eles. Nem passar na faculdade pública eu tinha conseguido. Aliás com tudo isso provavelmente minha matrícula da faculdade tinha sido encerrada, acho que alguém teria que fazer ENEM de novo.

Gregory me levou em silêncio até o caminho de volta. Fiquei grata com ele por isso, precisava pensar em tudo. De onde vim tinha um escorrega ao lado da escada que usei para subir, muito mais divertido.

—Sei que ficou sabendo de muitas coisas hoje e tudo que quer fazer é ficar quieta e sozinha, mas temo em dizer que deve preparar seu time, pois a competição começa amanhã. Lembre-se de porque precisa ganhar e jogue essa força pro seu time. -essa tinha sido a primeira coisa verdadeiramente legal que esse cara já me disse. Concordei e pulei para descer.

Cai em cima da mesa e fiquei feliz que ninguém tivesse lá para presenciar, não foi um exemplo de pouso provavelmente acordaria dolorida amanhã. Infelizmente ao sair da cozinha dei de cara com todos meus amiguinhos me esperando na sala. Até a menina recém chegada estava lá.

—Camila!! -Angelo gritou quando me viu, porém ao receber todos os olhares ficou vermelho na hora.

—Hmm, oi gente. -o que eu ia falar? Podia tentar ser uma líder animada ou falar como sentença de morte. Não sabia a melhor opção.

—Onde você passou esse tempo todo? -perguntou Sam.

—Bem isso é meio que pessoal. -tinha começado bem mal. -Mas recebi informações privilegiadas de que partiremos amanhã para uma nova fase do acampamento.

—Mas eu não quero ir! -tinha que ser Mike. -Ninguém pode me obrigar.

—Ah, mas podem, vai por mim. -e com isso dei a conversa por encerrada.

Meio de cara emburrada todos se levantaram ou para cochichar sobre mim ou para fazer qualquer outra coisa. Não tinha noção de quanto tempo passei fora, mas infelizmente ainda era dia. Tive que passar o resto da tarde tentando inventar o que fazer para distrair minha mente. Quando o relógio bateu oito horas decidi que já estava na hora de dormir, estava indo pro quarto quando Samira me interceptou. Mesmo talvez não podendo ainda considerá-la amiga, definitivamente ela era a pessoa com a qual mais tinha intimidade. Logo de cara ela percebeu que não era só o que eu disse. Não me prolonguei muito contando, mas deixei que soubesse o básico. Betha, missão, liderança e blá. Deixei de fora a parte que envolvia minha família, não era algo que ela precisasse saber, isso interessava a mim e somente a mim.

Já sem saco para nada a chamei para fazer comigo um programa menininha que sempre me desestressou de situações como essa. Pintar meu cabelo. Não sabia se lá iam me dar tinta, então preferi deixar ele no ponto antes de sair. Nada pior do que um cabelo rosa desbotado.

Perdi totalmente a noção de hora enquanto nos arrumávamos. Depois de terminar meu cabelo decidimos fazer a unha, eu claro tinha escolhido preto, Sam optou pelo nude. Não suficiente comemos um mega balde de pipoca e assistimos um filme de comédia romântica daqueles que você não chora pelo filme, mas porque nunca vai ter uma vida amorosa igual a do filme.

Admito que quando deitei na cama me sentia bem melhor, a pressão tinha aliviado, como algumas pessoas conseguiam viver sem amigos? Definitivamente não sei o que faria sem essa menina, mas não pretendia contar para ela, ia se achar demais.


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