Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 30
Capítulo 30 - Camila




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/579441/chapter/30

—Vejo que os líderes já se conheceram então. -continuou Gregory sem reparar minha cara de espanto.

—Sim, mas ainda não os apresentei. -Julius e Gregory conversavam como se fosse o assunto mais trivial do mundo, a conversa poderia ser “você ficou sabendo da vitória do Flamengo ontem?” “ah, claro, mas não sei por quantos gols”.

—Hã... Se esse é o problema, prazer meu nome é Camila Montes. -disse estendendo a mão para o garoto e querendo acabar logo com isso, se eles não iam fazer o serviço direito eu faria.

—Prazer?! -ele parecia confuso, o que era engraçado. -Meu nome é Yuri Yvanovich?

—Isso foi uma pergunta? -ia zoar um pouco com o garoto, ele parecia um cachorrinho assustado. -Por que eu não sei seu nome amigo, se alguém tem que saber é você.

A cara dele de reprovação era óbvia, mas ou era a gente tentar levar na brincadeira ou pirar com tudo isso. E me desculpe, gosto muito da minha saúde mental, que por sinal já não anda das melhores.

—Fico feliz que agora se conheçam de forma tão... Amigável. -Gregory não parecia feliz com o resultado da nossa apresentação. -Acho que Julius e eu podemos explicar o que falta.

Um vídeo com uma retrospectiva de como foram as coisas no meu time começou. Mostrava diversos momentos bons e ruins. Vezes que eu falhei como líder foram frequentes. Uma das cenas mostrava eu tentando fazer todos irem treinar e eles ignorando devido a um programa de talentos, que vergonha.

Depois começou a mostrar um outro lugar que creio que seja do outro time. Era uma casa com floresta em volta, um riacho, horta. Podia ter sentido inveja, mas aí me lembrei dos insetos que deviam ter lá. O vídeo deles era bem parecido com o meu. Mostrava tanto momentos bons, de cooperação, quanto algumas brigas e falhas do garoto a minha frente como líder. Tive que me controlar para não rir quando o vídeo de uma festa muito louca foi mostrado, eles sabiam como se divertir.

—Espero que tenham tirado o máximo que podem do time adversário. -Gregory sorria como se tivesse dito a coisa mais divertida do mundo, seu jeito era bem afetado.

—Vamos logo então! -Julius por outro lado parecia um pouco ansioso.

Saímos da sala e voltamos para o ponto de início. Lá ambos os tutores falaram com algumas pessoas que passavam sobre algo que não entendi e então nos conduziram para uma outra porta. Essa parecia um cofre de banco daquelas que tem que girar um leme enorme.

Dentro dela havia uma maquete tamanho gigante de uma cidade em ruínas no meio da mata. Algo meio Indiana Jones. Além disso as luzes não eram mais azuis e sim vermelhas. Um detalhe idiota, mas que me chamou a atenção.

—Aqui será onde o jogo vai se desenrolar. -Gregory ficou responsável pela primeira explicação. -Precisamos analisar o máximo possível de cada integrante de ambos os grupos. Para isso daremos diversas tarefas. O ganhador de cada uma leva um pequeno brinde e uma dica para ser usada na prova final. -com tanta coisa pra pensar só me veio na cabeça o que seria o brinde, eu queria tipo os de festa infantil, eles eram muito legais. Será que eles tinham garrafinhas escritas “colônia de férias para crianças problemáticas”?

—A prova final para você Yuri, é como a caça ao tesouro com a qual "brincavam". -era Julius agora que falava, algo me dizia que eles iam ficar nisso de se revesar. -Para você Camila, é como suas missões de resgate. -ele sorriu pra nós, o que me deixou meio desconfortável. -Creio então que se sairão muito bem nisso, tiveram bastante treino.

Mais uma vez eles deixavam claro a minha inutilidade nisso tudo. Eles não tem o menor interesse em mim ou no Yuri. O que eles podem testar na gente quando já sabemos de tudo? Isso me deixa um tanto quanto assustada com o meu futuro aqui. Olho para Yuri do meu lado e vejo que também não parece muito animado com tudo isso. Talvez eu possa gostar do pirralho.

—O que nós temos a ver com tudo isso? -Yuri falou jogando toda a frustração dele. -Quer dizer, vocês estão aqui para testar o grupo em questão. Saber quais deles podem ser aproveitados num programa para tentar salvar o mundo. Beleza eu entendi. -eu podia sentir a angústia dele em mim. -Mas e nós? O ganhamos estando longe da nossa família e amigos? E principalmente o que podemos perder nisso aqui? Eu nunca escolhi liderar um bando de problemáticos. -quis aplaudi-lo, mas não ia pegar muito bem.

—Se quiserem podem ir embora e deixar o time se virar sozinho. -respondeu Julius como se fosse a coisa mais simples do mundo, como se perguntando o porquê de ainda estarmos aqui.

—É sério? -perguntei já animada e decidida a deixar tudo isso.

—Sim, mas sei que cada um dos dois precisa muito de algo. E o vencedor terá. -a expressão de Gregory me assustou. -Não posso falar na frente dos dois ao mesmo tempo. E não posso impedir que saiam, mas ao fazerem isso talvez nunca consigam o que tanto precisam.

—E se perdemos? Fica por isso mesmo, ou... - não pude completar minha frase por medo de ser tornar real. Se tem um prêmio pro ganhador o que impede de ter uma prenda ao perdedor?

—Nada acontece. Você volta a sua vidinha e tudo que viu é apagado de sua memória. -Gregory faz uma pausa pensando. -Porém é claro que se tratando do resto do time se virmos alguém que valha a pena nós o manteremos por mais que seja do time perdedor.

Penso nas opções. Quero muito voltar para a casa. Tento agir normal como se tivesse tudo bem, mas não está faz tempo. Não consigo me aproximar de verdade das pessoas do meu time. O mais perto disso cheguei com Samira, talvez em uma outra situação poderíamos ser verdadeiramente amigas. Talvez se eu não sentisse tanta falta da minha família e amigos que deixei pra trás, até da minha vida mais ou menos eu sentia falta. A única coisa que me prendeu aqui foi esse algo que eu tanto precisava e não fazia ideia.

—Eu... Eu tô dentro. -disse Yuri sem nenhuma empolgação.

—Eu também. -tentei soar confiante, mas foi em vão.

—Mais alguma pergunta? -Gregory voltou a mostrar seu sorriso, talvez mais assustador do que quando está sério.

—Eu tenho. -digo encarando-o com força. -Existe algum risco real?

—De jeito nenhum minha querida. -é Julius quem me responde. -Nós somos os bonzinhos, nunca se esqueça disso.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fase Experimental" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.