Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 29
Capítulo 29 - Camila




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—Será que pelo menos pode me explicar quem é você? -perguntei enquanto apertavam meu braço com força me levando para o desconhecido.

Tava andando tudo as 500 maravilhas (porque num lugar como esse nunca vai chegar a 1.000). Já tínhamos o time completo, os novatos eram: Marcos da Angola, Paloma, da Espanha, Dulce Maria do México e Ashley do Canadá. Todos já estavam conseguindo se adaptar a maneira como as coisas funcionavam na casa. Mesmo Ashley que foi a última a chegar já conseguia manusear razoavelmente um machado (admito que achei estranho essa ser sua arma de escolha, ela era toda menininha e para completar não devia passar de um metro e meio, mas quem sou eu para julgar).

O problema foi que hoje enquanto estávamos numa missão dentro do coliseu de Roma algo estranho aconteceu. Depois de derrotar gladiadores e leões recebemos alguns prêmios. Dentre eles, uma coroa de louro e ouro. Imaginamos que logo em seguida a luz voltaria ao normal e a simulação iria embora. Mas não foi exatamente o que aconteceu. Dulce achou ao longe uma trouxa branca e sugeriu que olhássemos dentro. Eu como líder fui escolhida para abrir.

Pensei em falar para eles deixarem isso de lado. Já havíamos completado a missão e não de uma forma satisfatória. O cansaço batia com força e algo me dizia que eu tinha um belo ralado no joelho. Quem se importava com uma trouxa branca quando em casa podíamos assistir netflix? Pelo visto todos eles que me encaravam esperando que eu abrisse.

Dentro dela havia uma linda menininha loira de olhos azuis, devia estar na faixa de seus nove anos. Seus olhos pareciam assustados e quando Júan perguntou o motivo ela disse que tinha que encontrar sua irmã Magdalena. No mesmo momento que ela disse isso me paparei para outra missão, mas em vez disso nos encontramos na sala de treinamento com suas luzes azuis e o controle. A menina continuava com a gente. Achando ser um erro tentei todos os botões, mas concluí que devia ter acabado sua bateria ou algo assim.

Depois de muita discussão decidimos que o melhor era levá-la para o quarto das meninas e deixar que tomasse um banho e trocasse de roupa, já que vestia vestido branco e sujo de um tecido fininho.

Com ela já no banho começou uma discussão de o que de errado havia acontecido no sistema para ela ter vindo conosco. Por algum motivo eu não estava muito interessada na discussão, ninguém imaginava o que eu tinha em mente. Ela devia fazer parte do jogo real, era a única explicação plausível. Já estávamos todos aqui há pelo menos um mês, mais cedo ou mais tarde algo tinha que acontecer. Sentei na sala esperando clarear a mente quando a televisão ligou sozinha. Ela me dava umas coordenadas. Demorei um bom tempo para entendê-las, pois não sou muito boa nisso.

Local exato: Cozinha, mais exatamente no teto em cima da mesa. Subi nela e tateei o teto em busca de algo. Bem camuflado havia um pequeno puxador, com certa dificuldade alcancei-o e puxei. Abriu-se então um alçapão com um escada. Por mais que eu olhasse a escadaria simplesmente parecia não ter fim.. Curiosa resolvi subir.. Assim que passei pelo buraco no teto ele se fechou não me deixando a opção de voltar por onde vim, me arrependi no mesmo instante.

Continuei subindo pelo que me pareceu uma eternidade até encontrar uma luz no fim do túnel, literalmente falando. Saí em uma sala moderna, toda iluminada por luzes azuis, as mesmas do centro de treinamento. Tinha alguns computadores e muitas pessoas compenetradas trabalhando em sei lá o que neles. Se me contassem sobre esse lugar diria que só existe em filmes, mas aqui estava eu, no meio dele. Não demorou muito para um trambolhão de preto vir na minha direção.

—Amigo você se importa de me explicar isso tudo? -perguntei um pouco rude demais, não ligava.

—Obviamente que não senhorita Camila Montes. -ele olhava com uma expressão assustadora em minha direção. -Mas antes preciso que venha comigo.

—Eu não vou a lugar nenhum sem saber de nada! -disse tentando impor algum respeito.

—Temo que não tenha escolha. -disse ele já me puxando pelo braço de uma forma nem um pouco educada.

Ele me levava em direção a uma porta e eu não queria entrar sem saber de nada, mas esse cara era muito grosso e não ia me dar respostas. Com a mão livre pegou seu crachá para que a porta lesse.

—Pelo menos agora sei seu nome. -um visor digital me dizia que ele se chamava Heitor.

Dentro da sala havia diversas telas. Pude reconhecer o quarto com todo mundo amontoado, a sala, meu centro de treinamento. Agora do outro lado estava cheio de lugares que nunca vi na vida. No centro da sala havia um senhor de cabelos grisalhos e um garoto loiro por volta dos seus 15 anos.

—Onde está Gregory? -perguntou o grisalho em tom alegre ao brutalhão.

—Creio que deve ter se atrasado senhor Martius. -quando se insubordinou ao que eu imaginava ser seu superior seu tom passou de um tigre para um mero gatinho.

—Ah, claro. -Martius parecia decepcionado. -Deixe que falo com ela enquanto isso. Muito obrigado, pode se retirar agora. -disse apontando para a porta, já estava gostando desse cara.

O garoto do outro lado me olhava de cima abaixo como que me analisando e isso estava me deixando muito desconfortável. Ainda tinha o fato de estar um silêncio constrangedor e eu não fazer a menor ideia de nada que estava acontecendo.

—Que vergonha a minha! -disse o grisalho quebrando o clima ruim. -Meu nome é Julius, sou o tutor dele, o seu já devia estar aqui, mas chegará em breve. Tenho certeza. -Julius consultou o relógio. -Ele sempre se atrasa.

—Hmmm, sem querer ser chata e tal, mas quem são vocês? Não o nome, quer dizer... Ah sei lá só podiam me explicar o que está acontecendo, eu to bem confusa. -qualquer informação que me dessem agora eu estava no lucro, só queria sair do breu total.

—Me dê só um minuto. -pediu ele.

Julius se virou para uma mesa touch com diversas funções, eu só podia imaginar se uma delas servia pra trazer comida, mal tinha reparado que na verdade estava morrendo de fome. Sabia que devia ter feito uma boquinha aproveitando que estava na cozinha. Enquanto ele mexia na mesa as telas começavam a mostrar cenas diferentes. Não me apeguei à nenhuma delas preferindo analisar o garoto na minha frente. Era bonito pra idade. Estatura mediana, olhos verdes, cabelo louro, pele queimada de sol e fortinho. Dava pro gasto.

—Pronto. -disse Julius se pondo entre nós dois. -Ó aí vem o Gregory! -exclamou ele feliz em ver o companheiro.

—Peço desculpas a você Julius e principalmente a você Camila. -não podia ser. -Meu nome é Gregory Stovan. -era a voz que falava comigo em carne e osso.


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