Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 28
Capítulo 28 - Yuri




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Dei a mão à menina ajudando-a a se levantar. Seu cabelo estava sujo de folhas e seu rosto de terra, mas mesmo assim era encantadora. Vestia um simples vestido branco que dançava junto com o vento.

—Quem é a sua irmã? -perguntou Hunter de uma forma tranquila que não sabia ser capaz de usar para a menina.

—Betha. -sua voz já não era mais um sussurro.

—Você pode falar um pouco sobre você? -continuou Hunter, ele falava com tanta facilidade que me fez perguntar como era sua relação com a tal irmã que admitiu ter. Eu por outro lado a única coisa que conseguia fazer era encará-la, era algo quase hipnótico seu olhar.

—Meu nome é Magdalena. -seu rosto parecia mais vivo. -Tenho 9 anos e moro na Suíça. A última coisa que me lembro antes de ser deixada aqui com... Com vocês -ela estava nos zoando? Eu senti um tom de deboche, que direito essa menina achava que tinha? -É que estávamos eu e minha irmã na aula quando uns caras de preto chegaram e nos tiraram de lá. Depois disso recebi algum remédio de dormir e ouvi eles repetindo que eu tinha que achar minha irmã.

Isso não me cheirava nada bem. Era óbvio quem eram os caras aos quais ela se referia, os mesmos que trouxeram a todos nós. Eu também cheguei aqui apagado, mas o resto sabia desde o princípio estarem vindo (mesmo que não saibam para onde vieram de verdade). Algo me dizia que ela seria determinante no momento, que ela não era mais uma simples participante igual aos outros, até sua idade não batia, o mais novo tinha 14.

Levamos-a para dentro. Ao abrir a porta do quarto as camas continuavam sem existir, mas agora no lugar de cada cama havia um uniforme verde escuro. Uma roupa bem no meio do quarto se destoava das demais. Turmalina, pegou a roupa e a abriu. Tratava-se de um pequeno vestido branco com um sapatinho, tipo aqueles de dama de honra de casamento. Não pude conter um pequeno sorriso ao pensar nela tendo que treinar conosco no meio da mata com esse vestido branco, estaria preto em um dia.

Deixamos que ela fosse tomar banho em paz enquanto do lado de fora todos discutiam sobre ela. Uns diziam que ela era muito nova e isso era um absurdo. Outros tentavam entender o que de tão errado ela fez para estar nesse acampamento. Eu e Louise estávamos calados mais interessados em saber o que ela representava no tal jogo que não fazíamos ideia do que era.

—Lou, acho que você devia entrar na discussão. -disse em seu ouvido. -No final, você não sabe de nada ainda.

Sai de fininho da roda de conversa. Precisava investigar melhor o que estava acontecendo. Não podia entrar no banheiro pois a menina estava tomando banho e isso ia ser bem constrangedor. Fui até a sala, nada, na cozinha tudo parecia normal também. Liguei a televisão sem nenhum motivo, mas lá estava o que eu procurava. A tela estava preta e no centro tinha coordenadas em letras grandes e amarelas. Decorei-as e desliguei a tv o mais rápido que pude.

Não foi muito difícil achar o lugar levando em conta que a casa era bem pequena e quase sem cômodos. Dava no centro da cozinha. A princípio pensei ter ido parar no lugar errado, mas então reparei algo que não tinha me chamado a atenção. Entre os azulejos os quatro do centro eram alguns centímetros mais separados que o resto. Procurei por alguma maçaneta, botão ou qualquer coisa, mas não encontrei nada. Resolvi então numa mistura de cansaço e idiotice pular em cima esperando resultado. O que infelizmente funcionou.

Comecei a descer por um cano em altas velocidade, não sei o que sentia, mas tive um ataque de risos no meio. O quão mais estranho podia ser o dia de hoje? Achei uma menina perdida, minhas coisas sumiram e agora eu caía em um cano do meio da cozinha. Finalmente a queda acabou e parei num acolchoado de espumas brancas bem macio. Podia ter sido pior. Levantei e dei de cara com algo (acho que era a melhor definição que eu era capaz de dar agora) muito moderno. Tinha alguns computadores e era meio azulado, muitas pessoas trabalhavam lá altamente concentradas, tanto que nenhuma se virou quando cai e tenho certeza que fiz barulho.

Andei em direção aos computadores modernos e dei de cara em um vidro. Comecei a bater nele, mas pelo visto era à prova de som, o que explicava ninguém ter me ouvido cair. Desisti de tentar chamar a atenção de alguém e me sentei. Alguns minutos depois um homem alto, cabelos curtos e escuros e uma barba por fazer me estendeu à mão para que me levantasse. Seu terno tinha cheiro de novo e seus sapatos brilhavam. As coisas aqui eram bem luxuosas pelo visto.

—Creio que você seja Yuri Yvanovich. -uma cara de terno branco tinha vindo falar comigo. -Prazer meu nome é Julius Martius, mas pode me chamar só de Julius.

—Hm... Prazer... Julius? -o que mais eu podia falar?

—Prazer Yuri. -sua expressão era amigável demais e isso me assustava. -Chegou bem na hora que imaginamos. Temos que te mostrar algumas coisa antes de finalmente podermos conversar... -pelo menos ele estava disposto a falar comigo.

Ele começou a caminhar comigo e saímos da sala principal para outra. Meus instintos diziam que agora estávamos debaixo do quarto. A outra sala era um pouco menor, tinha uma mesa de mogno no meio e era cheia de telas mostrando diferentes lugares. Podia ver meus amigos no quarto, o riacho, a mata, a sala de tv vazia... Mas do outro lado não reconhecia nada. Até que vi uma menina ruiva que nunca tinha visto.

—Você deve estar se perguntando quem é ela. -balancei a cabeça em concordância. -Paloma, integrante do outro time. -isso me deu um estalo, o outro time estava mais perto que eu imaginava.

—Quem é a líder deles? -perguntei absurdamente curioso mesmo sem achar que me responderiam.

—Ó, creio que a conhecerá daqui a pouco. Digamos que para ela chegar aqui é uma subida. Isso sempre demora mais.


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