Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 20
Capítulo 20 - Camila




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Decididamente eu deveria ter pensado sobre o assunto antes. Não podia ser um lugar legal demais porque a chance que eles se distraíssem era alta. Isso também vai ser bom pra mim, é melhor dá um tempo de nova Iorque, Paris e Grécia, eu ia acabar me acostumando com a boa vida. Destino de escolha? Um lixão que achei por meus tédios brincando com o controle, era um lugar horrível e com a aparência de ter um cheiro pior ainda. Se tinha uma coisa certa depois disso era que eu seria a primeira a ir tomar banho.

—Alguns aviso rápidos. -já segurava o controle só esperando apertar, era tão legal ter a posse dele, lá em casa ficava sempre com meu irmão. -Nós vamos para uma realidade paralela e assim que chegarmos seremos desafiados para uma missão. -depois dessa explicação magnífica tenho certeza que eles não me fariam perguntas, mas quis ser educada. -Alguma dúvida?

—Eu! -respondeu Samira levantando a mão. -Se... e se eu morrer? Quer dizer, tem chance disso? -essa foi uma dúvida que eu não pude tirar antes da minha primeira aventura.

—Não! -Disse rápido demais. -Tipo, eu nunca entrei com mais alguém, mas quando eu "morro" bem entre aspas, eu sou tirada e acordo na minha caminha. Agora quanto a machucados, esses são bem reais. -
sinto um leve tom de medo no ar. -Calma, isso não significa que um tiro é um tiro, é mio como um paintball, dói, mas você sobrevive. -não tenho muita certeza se eles se convenceram. -—Então acho que é isso. -aperto o botão. -Boa sorte muchachos.

Me arrependi do lixão no segundo que chegamos. Tudo bem que eu já esperava algo muito ruim pelo que vi nas imagens, mas era ainda pior. Esse negócio fedia a tudo de ruim que se pode imaginar. Junto. Estávamos parados em cima do lixão e ele se elevava como um morro. A minha esquerda logo pude avistar o que parecia ser um facão, talvez esse lixo não fosse de todo ruim.

—Temos que nos virar com o que nos é dado, não adianta pedir alguma coisa. Vão por mim, eu já tentei. -Pego a faca do meu lado. -Todos a procura de algo que sirva para atacar ou se defender!

Em poucos segundos o grupo se dispersou pelas cantos. Para minha surpresa nenhum deles teve o menor receio de por a mão no lixo, por algum motivo achei pelo menos um fosse se recusar, (sim eu falo do Mike) bom quem sou eu pra saber o que eles já fizeram de pior. Além do meu facão totalmente cego, achei uma grande estaca de madeira com um prego e um caco grande de vidro.

Alguns minutos depois estávamos todos reunidos no lugar inicial. Ainda não podia avistar o exército inimigo, estavam nos dando tempo de preparar e criar táticas (fico muito agradecida por sinal, já estava bem tensa sozinha). Angelo deu a ideia de separarmos nossos achados pelas habilidades. Eu fiquei com o facão mesmo porque me saio bem nesse lance de arremessar objetos, sim eu objetifiquei que não era o mesmo que uma faca, mas não, não fui ouvida. Jogar as coisas independente do peso na cabeça do meu irmão quando ele me irritava tinha que servir pra algo agora. Por algum motivo me lembrar de jogar coisas nele me deu muita saudade e eu sabia que a única forma de vê-lo o mais rápido possível era me dando bem aqui e indo embora logo. Tirei-o da cabeça e me voltei ao grupo.

Ao longe pude ver o exército se aproximando. Quase gritei ao olhar, eram muito mais do que eu já tinha visto, provavelmente multiplicaram o que usavam pra mim por todos do grupo.

—Sete adversários para cada um de nós. -Malifa fala sem nem pensar direito, e eu aqui colocando muito mais. -Pelo lado positivo não parece que eles já tenham nos visto.

—Malifa está certa. -Digo levantando a faca até perceber o quanto isso é ridículo, então abaixo-a discretamente. -Vamos rápido se esconder na direção oposta.

Descemos o morro de lixo enquanto uma pequena avalanche vinha conosco. Do nosso lado corria um lindo rio de chorume, não podia imaginar algo melhor. Ao ouvir com atenção conseguimos identificar os passos deles e mais ou menos a localização. Em pouco tempo eles alcançam o lixão e começam a subir. Tenho que pensar em algo rápido. Vejo algumas pedras de diversos tamanhos e tenho a ideia da qual precisava.

—Todos vocês. -digo baixinho para não sermos ouvidos. -Peguem a maior pedra que tiverem força para jogar e assim que eles aparecerem no topo joguem.

—Acho essa ideia idiota. -claro que tinha que vir do Mike, o moleque irritante, tava até demorando.

—Você tem uma melhor? -pergunto na grosseria mesmo, porque ele me dava raiva. Ele, como eu imaginei, não teve resposta. -Ótimo, então aproveita que é forte e pega essa aqui. -disse estendendo uma tão pesada que eu mal conseguia segurar.

Quando vislumbramos as primeiras sombras deles jogamos todas as pedras que coletamos. Vi que acertamos alguns, nossos inimigos passaram a ter rostos e isso torna tudo mais difícil, é como se realmente estivéssemos matando pessoas. Não sei para o resto do meu time, mas para mim isso era forte. Podia ver o sangue escorrendo de partes do corpo dos nosso adversários e isso me provocou uma breve ânsia. Mas eu era a líder aqui, não podia de forma alguma demonstrar o quanto isso me afetava. Não sei para que maldita coisa eles estavam sendo treinados, e pelo andar das coisas não queria mesmo saber.

—Eles tem armas! -gritou Juán ao vê-los. -Não que isso me assuste, claro. -ele estava morto de medo.

Já havia lutado contra armas antes. Por sorte elas atiram bolinhas de paintball como eu havia mencionado, mas mesmo assim terminei toda roxa e dolorida. Se fossem balas de verdade teria morrido algumas vezes e sabe-se lá como teriam ficados esses ferimentos. Precisava de outra ideia boa e rápida.

Ainda estava pensando quando ouvi um tiro. A uns 10 centímetros de mim o chão tinha se manchado de verde.

—Se alguém tem uma ideia, ótima hora pra falar! -gritei sem ter ideia do que fazer.

—Você é a líder aqui baby. -ás vezes eu odiava eles, principalmente quando estavam certos, nesse momento meu ódio tinha se concentrado no Juán.

—Beleza se ninguém tem ideia do que fazer eu falo que é pra geral correr e tentar desarmá-los. Façam o que for necessário. -esse era o plano menos plano que eu já havia tido.

Os tiros vinham com força e em todas as direções. Corri pela direita e fui em cima de um inimigo que olhava para o outro lado. Podia ter cortado sua garganta ou enfiado a faca na sua barriga, nem mesmo era uma pessoa de verdade. Porém como já vinha acontecendo há algum tempo algo me impediu. Em vez disso dei um chute nas suas costas, o que fez com que ele caísse inconsciente. Em seguida peguei a arma de suas mãos. Antes que eu pudesse mexer com a arma senti alguém atrás de mim, seu toque era diferente de uma pessoa real. Sem pensar duas vezes fiz um corte em sua barriga.

Não foi fundo o suficiente para matar, mas o fez cair de dor.
Agora já com dois no chão pude ver como o resto se saía. Mike era impiedoso, batia sem medir forças e chegou a quebrar o pescoço de um deles com as próprias mãos. Samira fazia o possível com o vidro que possuía, mas não parecia ser muito. Juán estava escondido, eu meio que esperava isso dele, seu rostinho lindo não podia se machucar. Senti uma mão no meu ombro. Meu primeiro instinto foi cortar a pessoa, mas então reparei na diferença de toque e me acalmei.

Era Malifa, mas infelizmente não soube o que ela queria comigo. Antes que pudesse dizer qualquer coisa foi atingida por uma bala na cabeça. Seus cabelos agora tingidos de rosa. Ela ficou zonza e partiu para o ataque, porém foi facilmente derrubada. Angelo começou a correr em sua direção. Tentei gritar que parasse, que isso não adiantaria de nada, mas antes que conseguisse ele foi pego por trás e também levado a nocaute. Ótimo, havia perdido dois de uma vez e os restantes não me animavam.

Lutando de verdade sobrou eu, Samira e Mike. Ele até se saía bem, mas ela nem tanto. Um cara do time adversário levantou sua arma na direção de Sam. Joguei meio sem pensar minha faca nele, um tipo de instinto de sobrevivência. Para minha sorte ela acertou exatamente sua mão fazendo com que largasse a arma e saísse correndo, medroso. Aproveitei a brecha e corri na direção dela. Haviam só mais cinco homens de pé, isso era incrível e nada impossível.

—Peguem rápido cada um de vocês uma arma que eles tenham perdido. -eu segurava a minha com força já deixando-a preparada. -Tem algo nessa bala que deixa quem é acertado zonzo, não me parece uma simples bolinha de cor. Acertem rápido uma em cada um deles.

Fomos rápidos. Como imaginei todos saíram zonzos. Eu já tinha sido acertada na cabeça, e só doía, mas sobrevivível. Malifa era pra ter sentido dor, não ter ficado tonta como ficou.

Depois dos tiros eliminá-los foi fácil. Soube que tinha acabado quando pude sentir o velho aroma de eucalipto que eu havia escolhido na minha sala de treinamento.

Angelo e Malifa tinham sido levados sem que ninguém visse, mas um dos mistérios desse lugar. Samira ao meu lado parecia uma guerreira de verdade. Seu Hijab estava meio caído deixando algumas mechas de cabelo escaparem. Mike tinha alguns arranhões e roxos, estava bem sexy. Só Juán se encontrava em perfeito estado.

—Fico feliz da forma como as coisas saíram. E só pra avisar, quando for pra valer, e saibam que uma hora será, aqueles que de nada ajudam serão os primeiros a dançar um frevo dos bons. -sim era uma indireta para o nosso amigo Juán. -Por hoje eu acho que é só.

O jogo se fechou e nós quatro nos encontrávamos no centro de treinamento, tão em mal estado quanto na simulação. Lancei um pequeno sorriso para Sam e mesmo para Mike, tinham sido bons parceiros.

Meu corpo pedia por um bom banho e uma boa cama, todos os meus ossos e músculos pareciam a ponto de explodir. Senti uma fina gosta de sangue escorrer da minha testa. Se eu aguentasse isso tudo o mínimo que iria pedir eram alguns dias num ótimo spa.


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