Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 15
Capítulo 16 - Camila




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—Samira, -ainda não sei bem como começar, podia começar a agir como a minha professora de educação física, sempre animada e tentando fazer paecer que dar cinco voltas na quadra é super legal. -preciso te mostrar algo.

Caminho com ela até a sala agora já tãoo conhecida por mim. Sempre entrei sozinha nela, então é um pouco estranhor ter Samira do meu lado. Já era quase uma tradição.

—Hoje vou pegar leve com você, mas depois teremos que pegar pesado ok? -será que eu estava assustando a menina? Definitivamente eu era péssima nisso

—Hm, tá... -ela parecia tão perdida quanto eu. -Mas o que é?

Abro a porta e me deparo com a já conhecida sala, porém algo estava diferente. Além do controle havia uma arma de fogo sobre a pequena mesa. Curiosa apanhei o controle, nele não aparecia mais o modo treinamente, eu estava restrita as simulações. Talvez uma boa alma esteja tentando me ajudar e sabe que eu ia ter muita dificuldade escolhendo qual utensílio usar a cada dia e em ve de perdemos mil séculos na escolha eles já estão escolhendo por mim. Fico feliz com a ideia, finalmente uma boa notícia.

Caminho até a arma. De todos os utensílios a pistola tinha sido o que mais tinha gostado. Na primeira vez que disparei fui arremessada de bunda no chão e passei alguns dias com o ombro dolorido, mas agora achava fácil de manusear e fazia me sentir poderosa. Por outro lado um pensamento bem pertinente se fixava na minha mente, quanto eu podia confiar nessas pessoas para dar uma arma dessas? Afinal de tudo meu grupo era de pessoas que os pais cnsideravam difíceis de controlar, rebeldes, imprevisiveis, de repente tive medo.

—Posso te fazer uma pergunta? -temo pela resposta, mas preciso saber por qual motivo ela está aqui, ela pode ser perigosa.

—Claro. -ela sendo fofa demais estava começando a me irritar, seu comportamento devia ser o opoto disso, já podia imaginá-la como uma psicopata manipulando sua vítima, eu.

—Você assim, de alguma forma, já foi considerada problemática pelos seus pais? -pronto, soltei, agora era só esperar que cntasse todos os crimes já cometidos.

—Já... -ela a baixa a cabeça claramente envergonhada, talvez não tenha sido uma boa ideia, mas agora era tarde. -Meus pais não aceitam que eu lute pelos meus direitos como menina. Eles são muito restritos sabe? -claro, alguém ser problemático depende muito do ponto de vista. Enquanto pra mim ela é uma menina normal na sociedade dela o fato de querer ter direitos é visto como anormal. -Eu só quero ter direito de estudar e escolher com quem vou me casar. Não me importo de me vestir segundo as regras, ou de rezar a Alá todos os dias, mas não quero ser subjulgada. Inclusive já fugi de casa algumas vezes para ir estudar e meus pais não viram isso com bons olhos. -ela fala muito rápido, talvez feliz por poder compartilhar o que pensa sem ter medo de uma represalha.

Quase aplaudo ela de pé. Tem que ter muita coragem para isso. Sempre vi na tv o quanto as mulheres tem dificuldades de viver nessas sociedades. Não tenho medo dela ou do que ela possa fazer, mas sinto certa raiva de seus pais. Como podem considerá-la problemática por isso? Mas aí penso em quanto na verdade não sei nada sobre seu estilo de vida. Não posso imaginar uma sociedade que me proíbe de receber educação porque sou mulher, ou que meus pais escolham alguém 30 anos mais velho que eu para me casar. Pego a arma e estendo em direção a Samira sem hesitar nem por um instante. Estou feliz com a minha discipula, sinto que posso aprender muito com ela, e que quem sabe podemos virar até amigas, mas por outro lado tenho quase total certeza que ela é o que chamamos de exceção.

Ensinei-a o básico de como atirar. A menina levava jeito. Não quis perguntar se já tinha mexido com arma algum dia, mas tinha essa sensação, ultimamente eu confiava muito nos meus instintos. De qualquer forma não me surpreenderia, pois a situação à é um pouco diferente. Conversamos também sobre trivialidades. Pude contar um pouco sobre a cultura do ocidente e ela a do oriente. Ambas ficaram chocadas com alguns fatos. Para Samira o fato de eu poder beijar um homem e não ser casada é algo fora do normal, se beijou é claro que tem que ser casada. Já eu, achei bem curioso e assustador saber que pena de morte é uma punição muito comum, inclusive com aedrejamento.

O dia passou até mais rápido do que eu imaginei. Quase nem tive tempo de assistir série. Mas como boa preguiçosa que sou achei um horário para ver e obriguei Samira a ver comigo. Acho que ela gostou até, ou então era educada demais, o que é mais provável.

Já era tarde e minha barriga começava a roncar. Decidimos que cada uma faria um prato típico de onde morávamos. Eu não podia me considerar uma exímia cozinheira, mas sabia fazer algo bem gostosinho, claro que normalmente a preguiça me vencia e eu acaba com um miojo. Optei por preparar um bom prato de feijão, arroz e frango à passarinho. Essa história de ter tudo o necessário para qualquer comida era bem prático. Como isso funcionava eu não fazia ideia, mas era uma das poucas coisas que não tinha motivos de me queixar.

Pude sentir o cheiro do que ela cozinhava de longe. Era bom. Quando as duas acabaram colocaos as travessas sobre a mesa.

—Apresento meu lindo e delicioso prato!

Expliquei-a exatamente o que levava e nos servimos. Ao que parece ela gostou, comeu dois pratos razoaveis, guardando espaço claro para a segunda leva.

—Meu prato é o mais básico que pude pensar. Trata-se de kafkas com arroz de lentilha e cebola frita.

A aparência era ótima, e o gosto era melhor ainda, comi mais do que imaginava conseguir e isso era muito. Ambas tinhamos a aparência de derrota quando acabamos.

Resolvi que era uma boa hora para contar de como funcionavam as simulações. Falei que nada sério acontecia, mas que de certo ela sairia de lá com alguns roxos e arranhões. Falei da minha primeira experiencia e em como eu já estava bem melhor nisso. Comentei também algumas novidades rcentes, agora as pessoas possuíam rosto e eu tinha um exército só pra mim. Isso me fazia sentir que estava em um jogo de videogame, a cada vez que eu melhorava minhas habilidades o gráfico do jogo e a dificuldade aumentavam. Até me dava vontade de treinar só para ver o que me esperava na próxima.



Estava tão feliz em conversar com alguém, poder compartilhar como era eu dia a dia aqui e ter uma companhia e definitivamente não podia ter vindo pessoa melhor (tá, desconsiderando o loiro, alto, de olhos claros, lindo, maravilhoso e fofo que definitivamente não viria). Nosso assunto terminou em garotos. Ela não tinha muita experiencia com eles, na verdade as minhas também eram pequenas, mas em comparação eram enormes. Contei sobre meu gosto pessoal por meninos com cara de gringos (que eu generelizava por cara de australiano). Falei do meu primeiro beijo e sobre como já tinha feito deversas coisas, mas nunca chegado ao ponto x. Senti que esse assunto em particular a deixou bem desconfortável, o que por sinal foi bem fofinho, ela tinha 17 anos e esse assunto ainda a fazia ficar verelha igual não sei o que.

Já devia ser por volta de meia noite quando fomos dormir cada uma em sua respectiva cama. Amanhã teríamos mais um dia animado de treinamento. E o fato de tê-la achado fofa demais? Estava melhorando, acho que era só tímida. E sua fofura a deixava especial. Hoje em um determinado momento soltou até um semi-palavrão, o que para uma pessoa da religião dela era algo bem errado.

Meu relógio interno também melhorava com o tempo e acordava antes do aviso de despertar. (Sim, tinham instalado uma sirene porque eu dormia demais). Me levantei normalmente para ir colocar minha roupa. Estava animada e quis ir acordar Samira. Só não estava preparada para o que vi. Ao seu lado dormia tranquilamente um menino branco como a neve (não que eu já tenha visto alguma vez, mas a imaginava exatamente assim.). Acho que a coisa tava realmente ficando séria e eu não tinha mais tempo a perder.


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