Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 13
Capítulo 14 - Yuri




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—Sabia que as pessoas normais costumam cumprimentar umas as outras? - disse ela depois já cansada de esperar minha resposta. - Então, vamos tentar assim, qual é seu nome?

—Hmm. -precisava deixar de ser um idiota e falar alguma coisa, o problema é que já estou há tanto tempo sem falar com mais ninguém que acho que esqueci os pricipios básico da comunicação. -Oi, meu nome é... Yuri.

Tinha conseguido falar meu nome, como se não bastasse eu não saber mais ser sociável ela ainda por cima era uma tremenda gata. E o pior é que ela estava de sutiã na minha frente e nem ligava, mas porra eu ligava e muito. A menina era um pouco mais baixa que eu, tinha a pele negra, sua cintura e quadril eram perfeitos e seu cabelo era uma longa cascata cacheada. Não se parecia nem um pouco com as meninas da minha escola, onde todas eram brancas igual a neve, que parecia cair 95% do ano. Olhando para ela assim me pergunto o que já vi em qualquer uma das garotas que já peguei até hoje.

—Sabe o que eu acho sacanagem? -disse ela virada para o espelho enquanto ainda lutava para por seu cabelo num elástico preto. -Primeiro o fato que minha mãe não deixou eu alisar o cabelo antes de vir, segundo ter que usar ele preso, terceiro essa roupa horrível que me deram.

—Hã, eu acho seu cabelo cacheado muito bonito. -droga, Yuri você já foi melhor com isso.

—Eu sei que ele é bonito cacheado, mas me dá muito trabalho e eu duvido que irão me dar os cremes que eu preciso aqui. -ela finalmente prende seu cabelo em um rabo perfeito. -Pelo menos não tive que raspar o meu. -disse ela claramente se referindo a mim.

Concordei com a cabeça e sai de mansinho da porta do banheiro. Parecia que nunca havia visto uma garota na vida, cruzes. Ainda por cima estava conversando com ela usando só minha cueca branca e furada. Acho que ia ter que usar o pijama completo agora que ia dividir quarto com uma garota. Peguei minha roupa e me vesti ali mesmo. De longe consegui ver a roupa que ela vestia. Nem era tão ruim, uma calça legging preta, uma blusa camuflada verde e uma bota marrom.

Depois de ambos estarmos prontos, sem termos trocado mais quase nenhuma palavra, (nossa conversa se pautou no “nossa aqui é quente” “aham” ou “tem comida se você quiser na geadeira”) chamei-a para conhecer a casa. Não que tivesse muitos cômodos, mas mesmo assim. Mostrei a sala com a única forma de diversão dentro da casa. O lugar seguinte e último, já que era uma casa tão grande foi a cozinha. Estava preparado para contar que aqui nunca tinha comida a não ser a que caçava e colhia, quando me deparo com um incrível banquete de café da manhã. Só podiam estar brincando comigo.

—Uau, até estou começando a gostar desse acampamento que minha mãe me mandou. - Louise já tinha um grande pedaço de pão na boca antes mesmo que terminasse de falar. -Bem que você me disse que tinha comida. -não era bem o que eu esperava, mas fico feliz que ela tenha gostado só esperava ter tido essa recepção também.

Algo me chamou a atenção no que ela falou, então eles realmente achavam que estavam num acampamento. Peguei uma fatia de presunto esperando obter alguma resposta enquanto me deliciava com ela. Será que eu podia contar sobre tudo? Eu precisava, e muito de falar com o comandante daqui ou sei lá o que ele era. O que importava é que não fazia a menor ideia de como agir agora. Já tinha minha rotina de acordar caçar, pescar, pegar água e coletar verduras e agora atedendo aos meus pedidos tinha uma compania, mas o que eu devia fazer com ela?

Olhei a mesa escolhendo o que pegar e vi leite. De onde diabos eles tinham tirado isso? Nunca vi nenhum animal de fazenda por aqui. Eles estavam começando a me deixar chateado de verdade. Não era querer ser crianção ou ciumento, mas leite é uma das coisas que mais sentia falta e agora essa menina que mal tinha chegado teve direito assim, sem nem ter que se esforçar. Peguei o leite e fui em direção a saída da cozinha. Louise mal pareceu reparar enquanto comia como se não visse comida a muito tempo.

Fui para o banheiro na esperança de ser respondido. Por mais estranho que fosse me sentia mais próximo do comandante aqui, deve ser porque aqui seguia a ordem de raspar a cabeça que tanto odiava. Não precisei perguntar. Grudado no espelho tinha um envelope com meu nome. Desgrudei-o e fui abrir na cama. Dentro dele tinha duas frases escritas à mão: Continue treinando. Não conte nada a eles.

Podia ter me falado pessoalmente, quer dizer o mais pessoalmente possível, ou seja, por voz, mas estava satisfeito com o que tinha conseguido. Claro que ainda tinha muitas dúvidas, por outro lado sabia que teria em breve meu dia de perguntar o que quisesse e dessa vez não podia desperdiçar nenhuma pergunta. Fui em direção a cozinha confiante agora do que fazer. Dei um último gole no meu leite e o pus na mesa com uma certa força. Eu sou o líder daqui tenho que agir como o líder daqui o que significa que ficar sem saber o que falar esta fora de cogitação.

—Quando o fofinho aí terminar sua cena será que você pode me levar para conhecer o lado de fora? -e com isso ela tinha acabado de estragar minha cena perfeita. Sendo ela extremamente mandona, e eu extremamente frouxo.

Do lado de fora como quase todos os dias nesse inferno, o sol castigava e nenhuma nuvem podia ser vista. Era praticamente o contrário de onde eu morava. No lugar da aventura diária hoje tinha dardos. Como já sabia mais ou menos o ritmo daqui pude ter certeza sem testar que eram envenenados. Peguei um e senti o cheiro só pra tirar qualquer resquício de dúvida.

—Cuidado com eles, são envenenados. -falei para ela, mas a garota já estava atirando um no alvo. Ela não seria uma companhia fácil de lidar. -Será que você pode esperar antes de fazer as coisas? -disse já um pouco irritado.

—Fala sério, atirar dardos no alvo? -ela ria enquanto mais um dos seus passava perto do centro. -Uma das minhas brincadeiras preferidas quando era mais nova. Tirando o fato que era algo mais... Rústico. -realmente esses dardos eram bem moderninhos.

Peguei um dardo um tanto quanto chateado. De todas as armas que já me deram a que eu tive mais chance foi com a espada. E mesmo assim não fui um exemplo de espada-chim. Joguei meu dardo e posso dizer que não foi das piores experiências. Não ficou absurdamente longe ou passou voando até atingir uma árvore como aconteceu com o arco e flecha. Continuamos por um tempo até que restavam poucos dardos.

Já estava achando que teria que dar mil explicações sobre porque largar os dardos, mas ela simplesmente os soltou. Parecia uma criança, era leve e espontânea. Um pouco demais para mim. Além do mais ela tinha que ter um outro lado, fui avisado sobre meu grupo. Me aproximar sim, mas com restrições ou podia acabar perdendo credibilidade e dignidade e sabe lá o que mais.
Chegamos ao riacho e pus os dardos num canto. Não precisava de muito para pegar um peixe, já estava craque nisso, e de saco cheio.

—Caramba! Esse lugar é lindo! -disse ela encarando seu reflexo na água.

—É sim, mas agora temos que nos preocupar com conseguir peixe. -eu não era muito bom em dar ordens soavam sem força. -Não ache que o almoço virá na mesma facilidade que o café da manhã.

—E por que não? -perguntou ela realmente confusa. -Quando voltar pra casa vou mandar minha mãe processar isso aqui, não fui avisada de metade dos detalhes.

—Por que você tá num acampamento mi... -não sabia que tipo de acampamento ela foi avisada que ia, mas e se não fosse militar? Ela disse que aqui não era o que esperava, e se disseram que ia pra um acampamento tipo spa? -Num acampamento e aqui você tem que aprender a se virar.

—Ótimo. -já estava comemorando ela ter assentido e conseguido que ela fizesse algo de útil quando a vi se despindo bem na minha frente.

—O que você tá fazendo? -perguntei atônito.

—Ué, ainda tem muito tempo até o almoço. -vi sua blusa jogada na grama abaio de nós.- E está quente.

Estava realmente quente. Tentei argumentar que as coisas não podiam ser assim, mas ela já mergulhava e não podia mais me ouvir. Fiquei parado esperando que ela agisse como uma pessoa normal, pensei em gritar com ela, mas então me toquei de quão chato estava sendo, esse não era eu. Sempre topei fazer as coisas e minhas ordens se baseavam em coisas fúteis. Ferre-se também. Tirei minha roupa e mergulhei com a menina de cabelos cacheados.


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