Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 11
Capítulo 12 - Camila




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Peguei o controle com as mãos ainda incerta se deveria realmente fazer isso. Me sentia com um anjinho e um diabinho em cada ombro, o diabinho pedia que eu largasse tudo e voltasse a ver TV, já o anjinho sabia que eu tinha que encarar a sala. De alguma forma o anjinho ganhou e quando dei por mim já estava com o controle, agora o mínimo era escolher um lugar legal. Muito melhor levar uma surra no Caribe que num lixão abandonado e fedorento.

Brinquei por um bom tempo passando por entre os lugares, alguns como o Ibirapuera ou Bariloche eu já conhecia. Escolhi Nova Iorque, sempre tive vontade de ir para lá, estava parada em plena quinta avenida, parecia um sonho, era bonita, chique e bem iluminada. Porém algo estava muito estranho, não havia uma alma viva na rua, parecia uma cidade fantasma. Estava de frente a Prada, aproveitei para olhar a vitrine, quase comecei a rir com os preços, será que seu eu derrotasse seja lá o que viesse ao meu encontro eu podia pegar de brinde umas bolsas? Passado esse pensamento voltei a me concentrar na missão. De onde será que o perigo viria?

Olhava para um lado e pro outro preparada para qualquer coisa. O vento frio me castigava, me arrependi de não ter pego um casaco, se bem que parando para pensar, acho que não me deram essa opção de roupa. Estava tentando me aquecer da melhor forma que podia, quando virando uma rua à direita um pequeno exército dos serzinhos estranhos apareceu. Eles emitiam um som estranho, algo como bolhas de águam, decidi apelidá-los de Blub. Todos carregam fuzis e cassetetes e outras armas que não sabia o nome. Quanto a mim? Tinha minhas mãos e olhe lá. Parei por um período de tempo para analisar a situação. Eles ainda não tinham me visto o que me dava alguma vantagem.

Corri para dentro de uma loja. Sentia que lá tinha uma chance maior de me salvar. A primeira coisa que fiz lá dentro foi desfazer uma das araras de roupa usando um cano de arma. Caminhei silenciosamente até a porta e pude ver o pequeno exército se aproximando. Com mais calma pude contar oito pessoas. Me concentrei então no que vinha na frente. Era alto, forte e azul, mas muito parecido com os que vi da primeira vez, um corpo sem forma. Claramente tinha sido criado só com essa finalidade e por isso não necessitava de detalhes, mas isso só o tornava mais assustador.

Estava observando o modo deles de agir quando ouvi algo. Era como um som distante, mas com esforço conseguia captar algumas coisas.

—Formar quatro na porta... Blub... Laterais... Blub... Sargento 05... Blub.

O mais estranho era que ele não tinha boca e a voz dele parecia vir de dentro da minha cabeça. Por algum motivo não achava isso estranho, não sei o que fizeram comigo aqui, talvez eu tenho um chip instalado em alguma parte do cérebro, já vi isso em vários filmes. Até porque como eles saberiam meus pensamentos na hora que treino para me testar? Óbvio que tem algo em mim. Pensei em algo bem feio e tive esperança que eles ouvissem. Logo depois voltei a tentar ouvir os Blubs, tinha que me concentrar pois a voz era fina e baixa.

Eles pretendiam partir todos de uma vez para cima de mim, meu simples cano não seria páreo. Precisava de algo de longa distância. Podia tentar pegar a arma de algum deles, mas estavam todos muito juntos e isso me parecia quase impossível, além do mais não sabia disparar um negócio desses, acho que já sabia minha próxima aula. A única coisa que tinha treinado era o arco e flecha mais cedo. Se eu conseguisse criar um com o que tenho aqui talvez pudesse disparar de um lugar seguro. Olhei atentamente em volta, minha cabeça passando à mil por hora por todos os pensamentos. Avistei um pouco à esquerda uma arara com uma parte curva curva. Com dificuldade quebrei-a da forma desejada. Só precisava agora de algo para ser a corda e para ser a flecha, não podia ser tão difícil. Fui para o caixa e encontrei exatamente o que queria. Dinheiro com elásticos, aliás muito dinheiro, mas não era isso que me interessava agora. Cortei-os e marrei vários juntos para depois prendê-los no meu suposto arco.

Último passo para ter alguma chance eram as flechas. Precisava ser algo fino para ser lançado. Claro que nada que eu achasse teria metade da aerodinâmica necessária, mas alguma coisa tinha que servir. Subi para o depósito já desesperada, a voz inconstante do líder continuava chegando até mim e eu sabia que em poucos instantes eles invadiriam e iriam ao meu ataque. Lá em cima parei um pouco para respirar antes de sair à procura. Encontrei alguns pedaços de madeira no canto e um estilete usado para abrir caixas no outro.

Com o pouco de habilidade manual que eu tinha comecei a tentar entalhar a madeira. Para minha sorte os pedações já eram finos e em pouco tempo tinha conseguido deixar 10 deles com uma ponta razoável e mais finos. Peguei uma blusa do estoque amarrei na frente e pus as "flechas" ali. Desci devagar me detendo na metade da escada. Quatro Blubs se encontravam lá dentro olhando de um lado para o outro.

Algo me dizia que eu estava no modo fácil, porque eles já deveriam ter me atacado da última vez tinha sido bem mais rápido e eu não tinha melhorado tanto em um dia. Não ia reclamar de qualquer forma, não estava pronta para o nível difícil. Peguei a primeira flecha e respirando fundo mirei num deles. Soltei e a flecha o acertou no ombro esquerdo. Tirando o fato que que queria acertar a perna direita para para-lo e que o ferimento fora ínfimo, até que estava bom.

Quase pulei de alegria com essa minha conquista, mas me detive, ainda havia muitos Blubs e poucas flechas. Agora eles me procurava pela loja. Como o nível fácil era bom. Atirei a segunda flecha, dessa vez mais certeira e com mais força na perna que eu desejava. Estava preparando o próxima disparo quando um deles me viu. Vi sua arma se levantando e sabia que um simples tiro na perna não me ajudaria. Reuni todas as forças e mirei seu peito. A flecha foi quase que perfeita no alvo e o homem caiu no chão.

Mais um aqui e quatro lá fora e poderia me consideram vitoriosa. Achei um deles que me esperava atrás do caixa. Podia tentar coisas novas, não eram pessoas de verdade, acertar elas não me fazia uma assassina. Mirei entre os olhos dessa vez e pude ver meu tiro acertando a garganta. Nem sangue saia dessas "pessoas".

Abri a porta para terminar meu serviço. Parecia não haver ninguém na rua. Respirei fundo e quando reparei estava cercada pelos oito, talvez minhas flechadas não tenham sido tão boas quanto imaginava, talvez arco não fosse meu forte. Não dava tempo de atirar uma flecha. Eu ainda precisava de tempo para armar a coisa toda e o máximo que eu conseguiria era retardá-los. Já sabendo não ter escapatória deixei que todos eles me dessem um tiro. Acordei na minha cama um tanto quanto dolorida. Não sabia como ia parar da sala para o quarto, mas fiquei feliz que alguém me levasse, pelo menos a cama era confortável.

 


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