Fase Experimental escrita por Camila Fernandez


Capítulo 10
Capítulo 11 - Camila




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Acordei para comprovar o que eu esperava, as camas ainda estavam vazias. Tinha tido uma longa conversa com Julius, a voz que de vez em quando dá o ar da graça e que me pôs aqui. Mal ele acabou de falar minha mente já formou algumas ideias. Primeiro que esse tal de PSP é um idiota, quer dizer, se tivessem me pedido e explicado a situação eu talvez até aceitasse de bom grado, mas em vez disso me jogaram aqui de qualquer jeito e não foi nem um pouco legal. Segundo, se eu ia ser a “líder” desse pessoal que tava vindo, eu precisava me preparar. Não tinha como receber os novatos como estou agora.

Sempre fui uma sedentária convicta, nos últimos meses que resolvi entrar na academia para perder aquela barriguinha chata que sempre me castigou. Porém agora eu era a líder da nação dos esquisitos problemático e com sinceridade não acho que eles me obedecerão com facilidade. Pelo menos já tinha algumas ideia em mente de como conseguir respeito. Tinha que ser imponente, forte e convicta, três coisas que eu passava longe.

Admito porém que não comecei bem, assim que ouvi a notícia toda e decidi o que faria, fiz exatamente o oposto. Peguei uma pipoca de micro-ondas o armário, sentei no sofá e fui assistir televisão. E como boa pessoa que gosta de ver série, não vi um único episódio, mas sim 8 seguidos de Teen Wolf. Não seria nem um pouco triste se meus iniciandos (apelido fofo que eu havia dado a eles), se parecessem com os atores gatíssimos da TV. Uns lobisomens ou vampiros seriam muito bem aceitos.

Levantei da cama e pus um dos conjuntos pretos para começar um dia animado e cheio de treinamento. Estava determinada a ir direto para a sala do controle, mas antes que eu pudesse entrar, meu estômago protestou, nesse momento ficou óbvio que não conseguiria fazer nada sem antes comer. Passei na cozinha e preparei um copo grande de nescau e um misto quente no capricho. Onde já se viu um alfa que se preze comandar sua matilha de barriga vazia? Aliás era interessante essa ideia de eu ser um alfa. Coloquei o prato e o copo na lavadoura e me perguntei porque nunca tivemos uma dessas em casa, teria me poupado muitas horas lavando louça.

Abri a pesada porta e estava como da primeira vez que entrei, sem nada que lembrasse Paris. Durante nossa conversa na noite anterior, Julius me explicou bem simplificadamente como funcionava a sala. Eu pegava o controle, escolhia um lugar, e pá! Estava lá. Porém como não estou aqui de férias e sim sendo treinada para “salvar o mundo”, esse lugar me colocaria em alguma situação de risco, vencendo, ganhava o direito de desfrutar um pouco da paisagem, isso é claro se ainda me restassem forças. Além das simulações de situações que deveriam ser reais, mas pareciam bem impossíveis, era possível escolher treinos simples. Nele, escolhia-se alguma forma de luta e praticava com auxílio de sei lá o que, mas o importante é que tinha auxílio.

Como não estava preparada para nenhuma grande emoção logo assim de manhã pus no modo de treino. Diversas opções de armas e lutas surgiram para mim, acabei escolhendo por arco e flecha, já que agora era moda. Logo todo o cenário mudou, luzes azuis marcavam alvos pela sala. No centro sob uma mesa um belo arco e flecha super moderno e complexo, fiquei me perguntando onde estava aquele simples de madeira. Peguei-o incerta até mesmo de como segurar. Aquele negócio era pesado. Coloquei a aljava nas minhas costas e puxei uma flecha. Ainda sem entender direito o que fazer posicionei-a da melhor forma que consegui. Fechei um dos olhos, puxei a corda, mirei de novo e lancei. Digamos que o alvo era bem grande, e digamos também que não estava muito longe. Tirando isso foi um bom tiro no nada...

Uma voz feminina começou a corrigir meus arros e me dar algumas dicas. Continuei tentando até meus braços doerem, o que graças a academia demorou um pouco. No final já chegava perto, e por perto posso dizer e algumas ricochetearam o alvo. Acho que estava pegando o jeito. Se eu continuasse treinando podia me tornar boa nisso de verdade, ou pelo menos aceitável. Soltei o arco e a aljava onde estava, e peguei o controle no meu bolso da saia (aliás genial ter bolsos na saia, queria que mais fabricantes de roupas femininas lembrassem-se dos bolsos). Fiquei tentada a apertar a opção Mc Donalds, mas se isso significava ter que matar bichinhos loucos antes de um hamburguer eu preferia uma lasanha na cozinha.

Devido a manhã cansativa ficou decidido que nada mais justo que assistir alguns episódios de Supernatural. Precisava saber como andavam meus bebês. Sendo assim sentei no sofá com um pacote de m&m e coca cola. Eu ia precisar treinar muito se quissesse continuar magra, essa cozinha me dava tudo que eu queria e eu queria tudo. Seria bem mais fácil se toda vez que eu pedisse um guaraná eles me dessem suco de uva e quando eu pedisse doritos, fosse-me entregue uma laranja.

Vi dois episódios e pensei verdadeiramente em continuar ali. Não estava pronta para lutar contra os bichinhos estranhos, tudo bem que agora sabia que não poderia ser morta por um deles, mas eles causavam dores reais. Se um deles me desse um tiro, eu sentiria como uma bolinha de paint ball e essas porcarias deixam minha pele roxa.

 


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