Eventualmente Claricce Stracci escrita por TM


Capítulo 17
Capítulo 17




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Manhattan, 10:54

Lucy andava de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Seu marido estava morto, sua filha mais nova estava desaparecida, e a mais velha, viajando. Ela viu sua família desmoronar pouco a pouco, primeiro seu marido... E agora uma de suas filhas? Não. Ela não ia deixar. Sua casa que antes parecia seu porto seguro, agora parecia uma prisão. Ela tinha que sair pra fazer alguma coisa, ou pelo menos, tentar.

A garoa estava fraca, então Lucy decidiu ir na delegacia a pé. Os carros buzinavam pela sua falta de atenção, mas ela não ligava, o que importava agora era a segurança de Suzane. Chegando na delegacia, viu que havia uma aglomeração de pessoas na entrada. Era o famoso Tony dando entrevistas novamente? Não era o que parecia.

Com o microfone na mão estava uma jovem dos cabelos encaracolados, morena, dos olhos verdes. Ela passava calma com seu olhar, e quando viu Lucy, parecia que a conhecia a anos.

– Gente – A morena disse no microfone. – eu já respondo as perguntas de vocês, primeiro eu tenho que conversar com uma senhora. Um segundo!

Ela correu em direção a Lucy, e lhe deu um abraço.

– Desculpe moça, mas eu lhe conheço? – Lucy perguntou desconfiada.

– Não, mas eu conheço a sua filha. – A morena sorriu. – Sou Valentina Rockfeller, agente do F.B.I.. E não, sua filha não esta metida em encrenca, muito pelo contrário, ela é a cidadã mais exemplar que eu tive o prazer de conhecer.

– Você está falando da Suzane? A minha caçula? – Valentina assentiu com a cabeça.

– Sim, essa mesmo. Você poderia me informar por que ela não está atendendo minhas ligações? Sabe, estou querendo falar com ela... – Valentina tinha que improvisar. – Eu tenho um amigo que está.. Ahn... Interessado nela, se me permite dizer.

Lucy riu.

– Então, é por isso que eu estou aqui. Vim falar com Tony. – Lucy a olhou. – Suzane não atende mais minhas ligações, não responde mais meus e-mails.. Estou começando a achar que ela foi sequestrada por uma daquelas máfias. Estou rezando pra que isso seja só uma alucinação da minha cabeça... Não aguentaria viver se.. – Ela não conseguiu completar seu pensamento, não podia.

Valentina começou a olhar cada canto daquela rua, desconfiada. Como um predador se prepara antes de pegar sua caça.

– Mas Suzane não disse pra onde ia? Nem se ia sair com alguém?

– Não, minha filha não é dessas coisas, até pra sair com alguém ela me liga perguntando o que eu acho.. Nesse sentido eu e Suzane somos muito unidas.

– Ela voltou com Eric de novo. – Valentina mentiu. – Pelo o que eu soube, eles iam fazer uma viagem ao Caribe.. E isso foi a quatro dias! Olha como o tempo passa rápido.

– Mas mesmo assim eu quero falar com Tony, pra ver o que ele acha dessa situação. – Lucy foi andando até a porta, passando pelo meio daquela multidão.

– Creio que o senhor Hopkins não queira falar conosco! É melhor você deixar esse assunto em minhas mãos. – Valentina ia atrás dela.

– Por que não? – Lucy parou para encará-la.

– Digamos que Suzane aprontou um pouco... – Valentina desviou o olhar pra ver quem vinha em sua direção. Merda.

Tony vinha todo triunfante e cheio de si, sorridente. Valentina queria cavar um buraco no chão e ficar por lá do que ver todo aquele egocentrismo. Ele parou e sorriu pra senhora ao seu lado.

– Olá, senhora...? – Tony encarava Lucy com um sorriso metidinho no rosto.

– Lucy Dudek.

– Oi pra você também, Anthony. – Valentina o encarou – Não se esqueça que eu tenho meus telefonemas e posso te ferrar a qualquer hora!

– Que bom, Rockfeller, guarde esses telefonemas pra você por que vai precisar deles. – Tony pensou por um segundo. – Espera.. Dudek... Dudek... Você não é parente daquela advogada louca, é? Suellen, Sabrina... Qual é o nome dela mesmo?

– Suzane. – Valentina e Lucy falaram juntas.

– Isso, Suzane! – Tony riu. – Espera, você tem parentesco com essa doida? Se tiver, tenho dó de você, minha senhora.

Lucy o metralhava com o olhar.

– Eu sou mãe dessa doida, e por favor, guarde essa piedade pra você mesmo, já que está conhecido na cidade por ser galinha, não por ser um delegado de “sucesso”. Particularmente, creio que essa fama veio de alguns eventos mal aproveitados que ocorreram na sua vida, já que não consegue segurar mulher nenhuma, fica com todas. E é disso que você deveria ter dó, - Ela o encarou. – de você mesmo.

Voltando ao assunto, gostaria de falar com você para falar do desaparecimento da minha filha, conhecida por você como a doida. Podemos falar como duas pessoas civilizadas? Ou prefere que Valentina faça suas devidas ligações?

Tony ficou encarando o chão, tudo que Lucy dissera era verdade, e assim como a filha, a mãe não tinha medo de falar o que pensava, e isso foi o que mais atraiu Tony em Suzane.

– Anthony, prefere que eu faça minhas devidas ligações ou vai fazer seu papel de delegado descente, pelo menos uma vez na vida? Faça sua escolha. – Valentina pegou seu celular para discar, até que Tony arregalou os olhos e voltou a encarar Lucy.

– Certo, eu ajudo. – Tony olhou para Valentina. – Mas que fique bem claro que estou ajudando por espontânea vontade, não por medo dos federais nojentinhos do F.B.I..

Tony caminhou até sua mesa e fez sinal para que as moças fizessem o mesmo.

– Essa espontânea vontade muda de nome aqui em Manhattan, isso se chama remorso por quase ter feito a moça tirar a roupa.. E quem ele pensa que é pra chamar nós assim? O único nojento daqui é ele, estuprador de presas. – Valentina sussurrou consigo mesma.

– O que você disse? – Lucy perguntou.

– Eu? Ahn... Estava falando que já ouvi falarem muito bem desse delegado, tanto que Stella Ruckell, nossa patroa, queria contratá-lo pra ficar em seu lugar... Mas sabe como é né... Muita concorrência.. Esse Anthony é realmente cobiçado. – Valentina mentiu novamente.

Lucy e Valentina se sentaram, e começaram a encarar Tony, esperando que ele faça alguma coisa, qualquer coisa. Ele pegou um formulário e entregou a Lucy.

– Preencha isso. – As palavras eram sólidas como rocha.

– E se eu preencher vão fazer uma investigação ou algo parecido? Ou o caso vai ficar em aberto até me chamarem pra reconhecer o corpo da minha filha? – Lucy arqueou uma sobrancelha.

– Vamos fazer algo parecido. – Tony encarava Valentina, esperando uma reação contrária de sua adversária. – Tudo vai acabar bem.

– Valentina? – Lucy perguntou vendo que a agente não demonstrava nenhuma emoção, apenas mostrava sua cara de paisagem. – Eu devo fazer o que ele está me pedindo ou devo mandar ele ir a merda?

Valentina apenas assentiu com a cabeça.

– É só isso que você vai fazer? – Lucy a encarava com raiva. – Concordar com tudo que eu disser?

– Preencha logo essa merda pra sairmos daqui e irmos resgatar sua filha. Já que esse bosta não vai fazer nada, a não ser ficar sentado aí e torcendo pra que ela esteja morta pra não ter mais trabalho pra ele.

– Bosta não! Você não sabe com quem está falando! – Tony parecia possuído.

– Ahh, se eu sei! – Valentina se levantou. – Eu estou falando com um bosta que não teve a capacidade de fazer nada na vida... De estudar, de arrumar um emprego que preste, ou até mesmo de arrumar uma família! Você é uma vergonha pra toda humanidade, e sinceramente, tenho dó da sua família por ter que conviver com essa desgraça, com essa maldição, de que é ter você!

– Meça suas palavras quando forem dirigidas a mim, Rockfeller. Eu sou um Hopkins!

– Grande bosta! Se sua família tem poder e tudo mais, e por isso, o mérito é deles, não seu, já que diferente deles você nada mais é do que um sanguessuga mal amado que espalha ódio e destruição por onde passa. Não fique pensando que não vou te denunciar por abuso de poder, por que eu vou. E pode ter certeza que no banco das testemunhas estará a tão famosa doida, nossa querida Suzane Dudek!

– Se vocês acharem ela viva, podem provar algo. – Tony a desafiou. – Antes disso, tudo que você falar de mim serão apenas boatos inventados por uma mulher da qual já foi tremendamente apaixonada por mim, mas que levou um toco no primeiro momento em que quis ter algo comigo.

– Se falar mais alguma coisa, eu juro que...

Lucy se levantou com lágrimas nos olhos.

– Chega vocês dois! Valentina, eu confio em você e sei que você vai fazer tudo que estiver ao seu alcance pra ajudar minha querida Anne, e te agradeço imensamente por isso, e desejo que a sorte esteja ao seu favor. – Ela encarou Tony. – E enquanto a você, machão.. Espero que não tente nada com a minha filha, pois você não será tão louco a ponto de encostar um dedo nela, ou será que é?

Por que se for, você vai se arrepender de ter nascido! Vai desejar estar morto a essa altura do campeonato, garanhão.


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