Lições de Vida escrita por abishop


Capítulo 1
1. Coisas Do Passado Não Devem Ser Relembradas




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#Flash Back#

            Acordei com o meu pai falando aos berros coisas que não tinham sentido algum por causa do seu vicio em bebida alcoólica. Abri a porta do apartamento e o coloquei para dentro antes que algum vizinho sem noção chamasse a policia por causa do horário. Coloquei-o para deitar depois de um banho frio e fiz o mesmo comigo. Na manha seguinte deixei meu pai dormindo e fui me encontrar com o Spencer que tinha uma idéia e que precisava me contar eu tinha uma coisa para contar a ele, só não saberia como ele reagiria, mas estava certo sobre minha decisão.

            “Alec, e se a gente montar uma banda?” Fiquei pensando por alguns momentos sobre a pergunta que meu melhor amigo me fizera. “Você é bem direto nas perguntas, isso sim. Mas acho uma ótima de idéia e concordo com a nossa idéia.” Ele me olhou com aqueles olhos azuis que dava para ver o quão estava feliz por dentro. Olhei para o relógio e vi que precisava ir. “Alec, o que você tinha para me contar?” Olhei mais uma vez para o relógio um pouco afobado. “Spencer, agora eu preciso ir. Depois eu te conto o que é.” Despedi-me e segui meu caminho por onde meus pés me levavam.

            Quando cheguei em casa, meu pai estava assistindo um jogo de futebol e eu fui para o meu quarto. A idéia sobre a banda era de fato excelente e já tínhamos comentado muito sobre isso, mas só agora foi possível. O telefone tocou e eu sabia que era ele. “Alo, Alec?” Ouvia sua voz do outro lado. “Spencer, o que tenho pra te contar é que eu resolvi sair do armário, entende o que eu digo?” Houve um silencio mutuo de ambos os lados. “O que você esta tentando me dizer que agora você é homossexual, Alec?” Engoli seco, porque isso foi um grande avanço, pelo menos para mim. “Isso mesmo Spencer, sou homossexual. Só não comenta nada com ninguém, okay?” 

            Quando desci as escadas, meu pai estava parado e quieto no primeiro degrau e eu sabia que boa coisa não podia ser. “Então você resolveu ‘sair do armário’?” Aquilo me pegara de surpresa. Meu pai tinha ouvido minha conversa e eu estava com medo do que estava prestes a acontecer. “É pai. Resolvi sair do armário sim, e o que tem demais nisso?” Pensei comigo mesmo que deveria encarar os fatos de frente. “Tem que eu não aceito isso.” Resmungou um pouco bravo. “O senhor não aceita como eu sou, não é?” Fez um sinal negativamente com a cabeça e olhou para mim furioso e em poucos segundos veio na minha direção com toda força possível e eu acabei levando uma surra. “Fiquei alguns dias no hospital em observação.”

#Fim do Flash Back#

            Ouvi o barulho das chaves na fechadura do meu apartamento em Los Angeles, só podia ser o Joshua chegando com as compras. Fechei os e peguei levemente no sono. Acordei com o toque de sua mão no meu ombro e o beijo que ele me dera nos meus lábios. Meu olhar apreensivo e meio atordoado fez a expressão em seu rosto mudar.

– Alec, você esta bem? Não andou sonhando com o seu passado de novo, não?

– Acho que andei e isso não é bom. Odeio quando tenho esses sonhos.

– Você sabe que eles não te fazem bem.

– Eu sei Joshua, mas é que...

– É o que Alec?

– Eu não sei Joshua. Eu não sei. Se eu soubesse te diria e você sabe disso, não?

– Sei Alec. Agora vai lá lavar seu rosto.

            Voltei um pouco depois e ele estava sentado vendo TV. Sentei do seu lado e ele me envolveu em um abraço. Não gostava de deixá-lo preocupado por conta das minhas lembranças do passado. Ele sabia o que tinha acontecido e isso não o deixava nem um pouco feliz. Enquanto víamos o noticiário local na TV ele acariciava meus cabelos bagunçando-o todo e dando beijos na minha cabeça. Tudo isso porque me amava e porque queria me deixar um pouco mais calmo.

– Alec, sabe aquela conversa que a gente teve outro dia?

– Estou me lembrando.

            Ajeitei-me em seu colo e abraço para que pudesse olhar em seus olhos. Ele me abraçou com um pouco mais de força e se ajeitou também, mesmo com alguma dificuldade.

– Você pensou no assunto?

– Joshua, me desculpe, mas ainda não. Você sabe que isso será uma mudança e tanto em nossas vidas, não?

– Sei Alec...

– E já pensou quando a gente estiver em turnê?

– Sim, mas isso não seria nenhum problema.

– Joshua, quando eu decidir alguma coisa sobre esse assunto eu vou falar com você, não se preocupe.

– O Spencer ou o Jon te ligaram Alec?

– O Spencer me mandou uma mensagem e me ligou uma única vez.

– Esses caras sabem que temos que preparar o próximo álbum do Panic! Salamander e resolvem viajar, só eles mesmos. E fora que temos muitas coisas para fazer.

– Joshua não fica bravo com eles. Deixa eles se divertirem um pouco.

            Dei um beijo para que ele ficasse quieto e parasse de resmungar. Se uma coisa do qual eu não gostava era de vê-lo aborrecido. Ele correspondeu e cada vez mais a coisa foi esquentando. Quando vi estava na nossa cama e ele envolvendo meu corpo, me fazendo caricias.

              Não sei se devia concordar com a idéia dele, só sei que seria uma mudança radical em nossas vidas, mas acho que o meu grande medo era ter que deixar meus projetos musicais de lado, abandonando-os por completo para ter que me envolver com uma única coisa. Tinha medo de tantas coisas nesse momento que não sabia qual me deixava mais assustado. Fechei os olhos e aos poucos peguei no sono. 

            Levantei cedo para fazer a minha caminhada matinal e deixei com que Joshua dormisse mais um pouco. Coloquei meu Ipod e sai para fazer minha caminhada matinal. Às vezes eu sinto um mal pressentimento de que alguma coisa ruim esta para acontecer e me deparo com minhas lembranças do passado.

            Cheguei ao nosso apartamento e lá estava Joshua dentro do estúdio que tínhamos feito em uma sala que ficaria sobrando. Depois de tomar uma ducha e tirar o suor que escorria pelo meu corpo fui ao seu encontro para ajudá-lo com a letra que estávamos escrevendo juntos. Saímos do nosso estúdio algumas horas depois e ficamos mais uma vez em casa. Deitei um pouco no sofá e fechei um pouco meus olhos.


#Flash Back# 

            No dia em que faríamos um acústico vi que ele estava um pouco nervoso e Spencer e Jon estavam como costumavam ser, mais especificamente normais. E estava sentado no sofá que ali havia enquanto que Joshua tentava contar piadas e ele era muito bom nisso. Spencer e Jon estavam se arrumando e só não podíamos nos arrumar todos de uma única vez, porque o camarim era de fato um pouco pequeno. 

            Ele sentou-se do meu lado quando as piadas haviam se esgotado. Zack já estava um pouco impaciente, mas era normal atrasar um pouco. Jon saiu seguido pelo Spencer e Joshua e eu ficamos ali para terminar de nos arrumar. Enquanto ajeitava minha gravata, vi que ele parara de se arrumar pela imagem refletida no espelho. “Porque parou Joshua?” Perguntei enquanto arrumava meu colete. “Porque eu preciso te dizer uma coisa Alec.” Virei-me para ele e encarei seus olhos que tinham algo a dizer. “Alec, é que eu te amo e quero namorar com você.” 

            Pela primeira vez na minha vida me senti no céu ao saber que tínhamos os mesmos sentimentos um pelo outro. Olhei profundamente em seus olhos. “Joshua, isso é o que eu mais queria ouvir de você, porque sabia que você sentia alguma coisa por mim do mesmo jeito que eu sinto por você.” Ele me olhou um pouco perplexo, mais feliz. Sabia que tinha aceitado seu pedido e sabia mais ainda que nosso amor seria para sempre a partir daquele momento. Selamos aquele momento com um beijo.

#Fim do Flash Back#

            Voltei para mim, ao mundo real do qual eu pertencia. Sorri sozinho para o nada e somente para mim. Olhei para o Joshua de relance que agora estava na cozinha. Acenou sorrindo para mim com uma colher de pau na mão e com o avental xadrez vermelho que eu lhe dei.

            Fui ate o seu encontro e o abracei por trás, roçando meus lábios no seu pescoço. Ele teve um leve desequilíbrio ao sentir meus lábios em seu pescoço e o envolvendo com meus braços.

– Porque isso tudo Alec?

– Porque eu amo você e porque eu me lembrei de uma coisa do nosso passado que me deixou muito feliz.

– E o que foi que você lembrou?

– Da nossa primeira vez. Mais especificamente do nosso primeiro beijo.

– Hmm. Nosso primeiro beijo é...?

– Se lembra como aconteceu Joshua?

– Claro que lembro. Foi em um camarim. E como eu poderia me esquecer, eu estava tão ansioso pra saber se você iria ou não querer namorar comigo que eu não pensei em mais nada.

– Arriscou na pergunta e deu certo, não?

– Se eu não tivesse arriscado, não estaria ao seu lado agora.

– Josh, vamos fazer alguma coisa hoje à noite?

– Ross, seu pervertido!

– Não é isso Joshua.

– Eu sei. Só estou brincando com você, mas o que você quer fazer?

– Sei lá. A gente pode ir ao cinema, ou a um restaurante, ou ate mesmo fazer um passeio pela cidade.

– Prefiro o passeio pela cidade e já sei aonde vou te levar. Agora eu vou levar o Bogart pra passear, você quer ir junto?

– Acho que não. Vou ficar por aqui mesmo e tentar compor alguma coisa.

– Tudo bem então. Bogart, garoto vem cá.

            O cachorro chegou logo assim que ouviu a voz de Joshua, era impressionante o tamanho do carinho que Joshua tinha por ele. Ainda mais impressionante quando dava carinho a mim. Saiu com o cachorro pela porta me deixando sozinho.

            Voltou uma hora depois do passeio com o canino e foi se arrumar para irmos andar um pouco pela cidade e admirar a vista noturna. Saímos sem nos importar com o que aconteceria. Ainda era segredo para a  mídia sobre nosso relacionamento.

            Caminhamos um pouco ate chegarmos a um local do qual tive que vendar meus olhos para ver a surpresa que me agradava. “Alec não olha.” Eu já estava um pouco impaciente e ele me guiava com as mãos em meus ombros atrás do meu corpo magro. Paramos e ele tirou a venda dos meus olhos. A vista era impressionante e o ar puro me encheram de alegria.

            Sentamos no banco que havia próximo dali, o local era uma antiga praça, daquelas que só vemos na televisão e nos filmes. Iluminação e bancos antigos mais bem cuidados. Lugar perfeito para se ter inspiração ou ate mesmo refletir um pouco.

– E ai gostou?

– Joshua, eu adorei. Essa é uma das melhores surpresas que você já me fez.

           Ficamos ali sentados olhando para a lua e conversando um pouco. Apoiei minha cabeça sobre seu ombro e ele passou a mão sobre meu rosto, reconfortando-me. Decidimos que já era hora de voltar e já se passavam das duas da manhã. Meus lábios encostaram-se aos seus buscando por um doce que vinha dos seus beijos um doce que não tinha nada que pudesse ser comparado.

            Fechar os olhos e ter que apreciar cada centímetro do seu corpo e provar o seu gosto tinha que ser o mais devagar possível. Era uma dádiva, uma coisa dos deuses aquilo tudo. Quando nos largamos seguimos o rumo dos nossos passos e para onde eles nos guiavam.

            Nas horas vagas, principalmente nas segundas-feiras aproveitávamos para ensaiar. Resolvemos não comentar nada, nem tocar no assunto sobre a noite que se passou. Apenas tinha troca de olhares e sussurros jogados ao vento. O celular de Joshua toca.

– Joshua como vai?

– Ah, ola Spencer vou bem e você?

– E como vai o Alec? Bem eu espero.

– Ele vai bem sim. – Me olhou antes de confirmar sobre eu estar bem e pelo seu olhar a voz do Spencer do outro lado do telefone não trazia boas noticias.

– E o Jon, Spencer. Como ele vai?

– Só com o braço quebrado, mais bem. Foi tentar fazer umas piruetas e se ferrou.

– Serio? – Vi Joshua fazer a pergunta com uma expressão incrédula em sua face, mesmo não estando interessado no assunto e sim prestes a fazer um comentário engraçado com aquilo tudo.

– Joshua, por conta disso vamos ficar alguns dias mais do que o previsto fora.

– Spencer, vocês sabem que a gente tem que fazer as coisas na banda. O Alec e eu ate compomos algumas musicas e tocamos no teclado e guitarra, que ficaram ótimas.

– Eu sei Joshua, e aposto que o Alec esta com uma cara de emburrado ai do seu lado. Voltaremos o mais breve possível. Ate mais.

– Ate mais e melhoras pro Jon.

            Pela cara que o Joshua fez, coisa boa não podia ser. Dei tempo para que ele pudesse desligar o telefone e pensar um pouco para saber como me contar. Suspirou fundo antes de começar.

– Bem Alec, o Jon quebrou o braço e por conta disso eles vêm o mais breve possível.

– Puta merda, esses dois estão mais enrolados que rolo de papel higiênico e mais folgados que calça de palhaço.

– Eu sei Alec, e não fica nervoso por conta disso. Não gosto de ver você assim. E eles sabem do compromisso que têm.

– Nem vou mais dizer nada. Espera só aqueles dois voltarem.

– Alec, desse jeito eu vou ficar com medo de você.

– Não precisa ficar com medo, doce.

– Eu sei. – Ele riu, e o seu sorriso iluminava onde o sol não alcançava, ate mesmo meu coração.

            Para não ficarmos pensando no telefonema do Spencer e muito menos para não ficarmos mais aborrecidos do que já estávamos com ele e com o Jon resolvemos colocar nossas idéias no papel e ficamos fazendo rascunhos de algumas letras que poderiam vir a serem composições no estúdio e chegamos ate a gravar alguma coisa durante a tarde.



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