365 Dias escrita por Fleur dHiver


Capítulo 2
O Dia do Livro de Receitas


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo. Todo mundo de ressaca, pós Ano Novo?
Bem, espero que tenham pique para essa leitura leve e despreocupada.
Uma boa leitura a todos;*



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Os tímidos raios de sol surgiram no céu nublado, não era forte o suficiente para derreter a neve, mas belo para dar a Konoha uma paisagem bucólica. Nas ruas da Vila crianças brincavam descendo em tobogãs, criando fortes e bonecos de neve.

E em uma das ruas que ficava situada as melhores residências do centro da Vila a algazarra era tanta que trazia os adultos para suas janelas apenas para se divertirem vendo seus filhos brincando. Mas toda essa animação não chegou a uma casa situado no meio dessa mesma avenida. Com passos fundos e pesados Sakura descia as escadas, enrolada em um casaco de lá grosso.

Estava irritada com o seu marido preguiçoso que não queria, de maneira alguma, sair da cama. Nunca em sua vida teria imagino uma versão Sasuke, o senhor preguiça e se alguém lhe contasse duvidaria até a morte. No entanto ela tinha visto e presenciado ele se enrolar em meio as cobertas e quase fazer um bico, quase, semi-bico, algo em formação.

Além de ter usado seu charme irresistível, para persuadi-la, ele estava tão fofo com preguiça que se ele pedisse para ela ir lá fora só de camisola ela poderia ficar tentada a acatar o pedido.

Mas agora consciente e liberta dos poderes hipnóticos de Sasuke e ela estava com raiva por estar tendo que arrumar algo para eles comerem enquanto desgraçado estava no quarto, enrolado em duas cobertas, quente e quem sabe tirando um cochilo.

Tudo bem que ela tinha concordado com a ideia de passar uma semana trancada em casa, mas alguém precisava sair para comprar algo para se comer, ou eles poderiam comer fora.

Queria tanto ir comer fora, mas a ideia foi rechaçada pois violava os termos do acordo de lua de mel. Absurdo! Absurdo! Ela não assinou termo nenhum e quem disse que a lua de mel deles se chamava: “roupas, não mais”.

Uchihas não são pessoas criativas.

O pior de tudo era que quando foi contestar o fato dele não ter abastecido a residência, ouviu um muxoxo indignado de que a dispensa estava lotada de comida, era só ela preparar algo para eles comerem.

Em plena lua de mel ela teria que cozinhar e bem, ai morava o problema.

Que a verdade fosse dita: não sabia fritar um ovo.

Todas as vezes em que estiveram em missão ela sempre usou como desculpa a escassez de temperos e o fogo sem controle para a comida não sair muito boa e quando preparava algo instantâneo não tinha como errar, na maioria das vezes, é claro.

Sasuke se quer tinha provado algo que ela realmente tenha preparado. Caso se tivesse provado era provável que não estivesse casada agora, já que era um completo fracasso na cozinha.

Correu para a janela e fitou a rua, neve para todo lado, tapetes brancos cobriam toda parte, tornando as pessoas pequenos pontos, o Sol fraco que surgia, lhe encheu de esperanças. Talvez não estivesse tão frio e ela poderia ir correndo, de telhado em telhado até o Ichiraku e comprar algo.

Abriu a porta cheia de convicção, mas a primeira rajada de vento a fez recuar com as bochechas coradas pelo vento cortante. Fechou a porta e escorou o corpo na madeira maciça, não tinha jeito teria que encarar o desafio de cozinhar para Uchiha Sasuke, o manhoso.

Colocou o avental que encontrou em uma das gavetas do armário e abriu a geladeira. Forçou sua mente a acreditar que procurava ingredientes para um café decente, mas o que realmente queria era que algo instantâneo surgisse em frente aos seus olhos com os dizeres “25 minutos em fogo baixo e você terá um café da manhã feliz e saudável”.

Três batidas firmes ecoaram pela residência silenciosa.

Ergueu a cabeça estranhando o som. Ninguém bateria a porta de recém casados, certo? Largou a geladeira e voltou para o meio da sala para ver se o som se repetiria, não foi preciso chegar ao cômodo, antes que cruzasse o batente da cozinha as batidas foram dadas mais uma vez.

Atravessou rapidamente o curto espaço que havia até a porta e ao abri-la se arrependeu na mesma hora. Carregando uma sacola de condimentos em uma mão e um prato coberto na outra, Karin fitava Sakura com a superioridade que sempre fingiu ter.

— O que você quer aqui? — A Uzumaki se empertigou, empinando o pequeno nariz arrebitado. Teria ajeitado os óculos apenas para elevar sua antipatia e superioridade por aquela criatura rosada, mas suas mãos estavam ocupadas com coisas para o seu amado.

— Eu estou aqui para cozinhar para o Sasuke-kun, com licença. — Antes que desse um passo para dentro da residência, Sakura interceptou caminho. Bloqueando a entrada com as pernas e empurrando-a com o ombro para longe da porta.

— Você deveria se envergonhar. Sasuke-kun é casado agora. E comigo! — Fez o possível para deixar bem frisado que ela era a escolhida, quase esfregou a sua aliança no rosto daquele ser insuportável, mas não foi preciso. O amargor das palavras estava estampado no rosto de Karin, fazendo-a sorrir cheia de presunção. — Como esposa eu cozinharei, eu o satisfarei.

— E você por algum a caso sabe cozinhar? — As bochechas de Karin estavam coradas, mas engana-se quem acha que era por vergonha do seu comportamento. Estava corada de raiva, ódio e incompreensão. Por que tendo a ela, Sasuke escolheu aquela pelúcia? — Ou sabe do que ele gosta? Do que ele quer? — Deu uma risadinha descrente que apenas irritou a nova senhora Uchiha.

— Sei muito bem o que meu marido quer. — Apertou a maçaneta da porta com força, quase torcendo a peça. — Muito mais do que você que só foi um estorvo durante todo esse tempo e mesmo que eu não saiba o que ele gosta de comer, eu aprendo! — Sem esperar por uma réplica fechou a porta na cara da outra.

Antes de se afastar da entrada da casa, pode ouvir os murmúrios irritados de Karin, mas ela não teve a petulância de voltar a bater na porta. Fez o possível para ignorar tudo que ela tinha dito, como sempre, o único intuito daquela praga era irrita-la, ou diminui-la, já que a maldita peste ruiva tinha viajado durante quase dois anos ao lado de Sasuke e adorava jogar esse fato na cara de Sakura e da Vila inteira.

Ignorar. Ignorar. Ignorar. Era só ignorar.

Respirou fundo, passando as mãos pelos cabelos, botou sua mente para funcionar, Sasuke gostava de tomates e onigiris. Contentava-se com pouco, gosta de coisas simples e nada sofisticado demais.

Poderia fazer algo com tomates e onigiris para o resto da vida deles e tinha certeza que ele seria o homem mais feliz do mundo com isso. Mas ela sabia que não podia viver somente disso. Além do que onigiris não se encaixavam no café da manhã que tinha em mente. Mas era o que tinha para hoje.

Sorriu, voltando para a cozinha cheia de disposição para preparar o primeiro café da manhã pós-casamento. Esse evento merecia ser registrado, comemorado, indexado no calendário de datas importantes de Konoha.

Abriu o primeiro armário pronta para pegar os materiais necessários e começar a fazer a refeição, foi então que se tocou. Como diabos se faziam onigiris? Ela não fazia ideia de como se preparava tal iguaria, na verdade não fazia ideia de como se preparava muita coisa. Deveria ter tirado algumas das suas folgas para cozinhar com sua mãe.

Coçou a cabeça olhando em volta, a cozinha era limpa e polida, tudo em seu devido lugar, com toda as mudanças que a Vila vinha sofrendo Sasuke comprou tudo de inox, parecia quase uma cozinha de chefe. E não havia nenhum mínimo livro de receita pelos cantos, mas talvez tivesse algum em outro canto da casa.

Correu para o escritório e fitou os diversos livros que eles tinham postos na estante, mas nenhum deles era de culinária, tinha um livro que ensinava a criar armar ninjas de bambu, mas não tinha um maldito livro que ensinava a ferver água no ponto certo. Por que ela não era como as outras garotas? Por que?

Jogou-se na poltrona, encolhida e irritada. O que iria fazer para comerem? Deveria ter roubado o que estava na mão de Karin, cheirava a bolo. Poderia fingir que tinha feito, Sasuke nunca saberia.

Um pacote azul chamou sua atenção, virou a cabeça e viu os presentes sobre a mesa do escritório e mais algumas caixas com tudo que eles tinham ganhado de casamento.

Os embrulhos empilhavam-se um em cima do outro, três caixas enorme pelo chão transbordando e alguns na cadeira e na mesa, tinham ganhado diversos presentes a maioria antes da cerimônia, apesar de pequena, eles descobriram que Ino tinha contado a algumas pessoas da Vila e de fora também e em um belo dia eles começaram a receber presentes de pessoas que apoiavam a união dos dois. Não havia aberto porque ela e Sasuke tinham combinado de fazerem juntos assim que o casamento acontecesse.

Olhar para eles agora a fazia lembrar do porquê de tê-los escondido no escritório. Aqueles papes brilhosos que pediam para ser rasgados, caixas perfeitas a serem abertos e laços de ceda que quase imploravam um “me puxe”, fazia com que os seus dedos coçassem e a vontade de ceder era grande demais.

Pegou uma das caixas era pequena e quadrada, mordiscou o lábio. Não havia mal algum em abrir aquele pacote sozinha. Poderia muito bem ter um livro de receita dentro, ele até tinha o formato de um livro e era apenas um, um único pacote.

Rasgou-o, era um porta-retratos. Soltou um suspiro e olhou a sua volta, bem, poderia ter um livro de receita perdido por ali e ela precisava de um, já que por ordem de Sasuke deveria cozinhar. Então estava decidido, iria abrir apenas os que tivessem formato de livros.

Com esse pensamento em mente começou sua caçada por pacotes que lhe parecessem livros. Descobriu que tinha ganhado diversos porta-retratos, álbuns de fotografias, um icha icha, uma enciclopédia ninja, um guia de alimentação saudável que ela particularmente gostou, mas não ensinava a cozinhar. Ganharam até mesmo um livro sobre a vida ninja em um milharal, como sobreviver em uma missão onde só há milhos, porém um livro de receitas muito mais útil ninguém pensou em dar.

O problema era que durante a busca outros pacotes pareceram bastante atrativos e possuidores de livros quem sabe, alguns pularam em suas mãos e outros pareciam tão exóticos que deveriam ser abertos, afinal qualquer um poderia ter um livro escondido. Acabou precisando abri-los, precisou abrir quase todos.

Poderia se sentir culpada por isso, mas ela só tinha feito aquilo porque queria muito cozinhar algo decente para ele. Isso era amor, muito amor. E final, ela casou-se com Uchiha Sasuke. Desde quando o Uchiha, vingador, maioral, que queria ser Hokage, liga para presentes abertos?

Na verdade poderia continuar a procura pelo livro que não teria problema algum. Esticou a mão para pegar um pacote retangular sobre a mesa de mogno.

— Sakura, o que está fazendo? — Sentiu todo o seu corpo estremecer. Ficou parada com o braço esticado por um tempo. Não queria virar, não queria fita-lo, mas acabou tendo que fazer.

Encolheu-se no meio dos pacotes espalhados, levou uma das mãos ao cabelo, penteando-o com os dedos.

— Bem, Sasuke-kun, não é nada do que você está pensando... — Cruzou os braços em frente ao corpo arqueando uma das suas sobrancelhas.

Tinha cansado de esperar, sua fome aumentava a cada minuto e Sakura já estava fora do quarto a pelo menos uma hora e meia. O que ela poderia estar fazendo? Mas que café da manhã levava tanto tempo assim para ficar pronto? O que ela estava preparando afinal? O café da manhã do Hokage?

Com o estomago roncando e a irritação surgindo, ele decidiu ir averiguar a situação. Surpreendeu-se ao encontrar a cozinha vazia e ficou ainda mais surpreso quando encontrou o chakra de sua esposa no escritório. Mas nada poderia prepara-lo para o que veria. Agora ali estavam eles, Sakura com cara de criança que aprontou e ele com uma fome dos diabos.

— Você me deixou com fome para abrir os presentes? Era só ter dito que queria abri-los sozinha.

— Mas eu não queria abrir sozinha! — O Uchiha estendeu a mão para o ambiente, fazendo-a olhar o que ele apontava, as bochechas logo ficaram rubras. — Isso foi apenas... Um pequeno desvio de percurso.

— Como isso é possível?

— Bem é que... Eu não cozinho muito bem e resolvi ver se a gente tinha ganhado algum livro de receita... — Pegou uma das caixas no chão, era pequena e quadrada, não poderia caber dentro nada maior que dez centímetros.

— Como um livro caberia aqui dentro?

— Eu me empolguei! Não me julgue! — Puxou o pacote da mão dele.

— Tudo bem, eu cozinho. — Sorriu esfuziante, pulando nos braços dele e dando diversos beijinhos. — Mas você vai ter que limpar essa bagunça. — Ela concordou com a cabeça. — E enviar todos os cartões de agradecimento. — Os beijos pararam e grandes olhos esverdeados o fitaram.

— Não! Isso não é justo! Os presentes eram para nós dois...

— Mas ninguém mandou você os abrir sozinha, querida... — Sorriu de canto, depositando um beijo na ponta do nariz dela, virando-se e tomando o rumo da cozinha enquanto Sakura esbravejava as suas costas.

No final o seu verdadeiro plano tinha se concretizado, era de conhecimento geral que Sakura não era boa cozinheira e não resistia a presentes.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Sasuke-kun um tremendo sacana por fazer uma sacanagem dessas com a Sakura-chan.

Espero que vocês estejam gostando dessa brincadeira.
Até amanhã;*