365 Dias escrita por Fleur dHiver


Capítulo 10
A Primeira Refeição feita por Sakura


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Uma boa leitura a todos;*



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O clima frio tinha dado uma pequena trégua. Ainda era preciso andar pelas ruas de casaco, mas já dava para se aquecer com o Sol e não mais estremecer a cada brisa. No entanto naquela manhã Sakura não precisava se preocupar em se agasalhar. Estava de folga, depois de um plantão noturno só ia precisar aparecer no Hospital de Konoha na manhã seguinte, mas ainda assim acordou cedo.

No momento que Sasuke levantou da cama seus olhos se abriram, observando a forma como ele sentava na borda da cama e esticava os braços, mexia no encaixe de sua prótese, esticava a mão “sintética” e então levantava, seguindo o mesmo sistema de todas as manhãs: banhou, roupa e café. Algumas vezes era café, banho e roupa, mas mesmo com essa variação as coisas eram realizadas da mesma maneira.

Chegava a ser engraçado observa-lo, Sasuke era sem dúvidas a pessoa mais metódica que ele tinha conhecido.

Ao sair do chuveiro com agua pingando de seus cabelos ele finalmente notou que ela estava acordada. Puxou o travesseiro dele para junto de seu corpo, encolhendo-se na cama.

— Estava me espreitando? — Um sorriso sacana surgiu nos lábios dele, enquanto secava os cabelos rebeldes.

— Sempre, preciso cuidar do que é meu. — Revirou os olhos e abriu a porta do closet.

— Claro, deve ter alguma louca aqui, escondida embaixo dessa montanha de roupas.

— Não ouse arrumar! — Quase se levantou para ir até lá e proteger a sua bagunça.

Tinham chegado em um consenso com relação as roupas. Ele prometeu que deixaria uma pequena desordem acontecer, com tanto que não voltasse a ter coisas dela misturada as dele E ela prometeu que sempre que começasse a fugir do controle arrumaria tudo, sozinha. Porque o sistema louco de Sasuke a deixava nervosa. Muita ordem lhe dava fobia.

Quando o Uchiha voltou a aparecer no quarto usava um conjunto preto, com o logo de Konoha no braço esquerdo e um pequeno emblema do clã nas costas. Apesar de ter mudado sua mentalidade com relação ao clã e suas diretrizes, ainda se mantinha apegado a algumas pequenas coisas.

Não usava nem o colete branco da ANBU, nem o verde. Não andava precisando, no momento as folhas nas copas das arvores executavam mais missões do que ele.

— Você pode vir para casa na hora do almoço? — Colocou o relógio e a fitou, bocejando na cama.

— Posso. Quer que eu compre o nosso almoço?

— Não precisa...

— Você vai sair para comprar?

— É... — As respostas vagas eram estranhas, Sakura parecia estar com algum problema ou tentando esconder algo, mas o mais sábio a se fazer era deixa-la falar sozinho, sem drama.

— Certo, nos vemos no almoço então. — Aproximou-se da cama, dando um beijo na testa e outro nos lábios macios de Sakura.

— Bom trabalho.

O viu sorrir antes de fechar a porta. Soltou o ar que estava prendendo, apertando o travesseiro com mais força contra o corpo. Quase tinha sido pega, quase tinha sido descoberta, ou melhor, ela quase tinha se entregado.

Há exatos dois dias vinha planejando fazer uma refeição digna para Sasuke. Poderia ter contado isso a ele, mas seria melhor fazer uma surpresa e embasbaca-lo com o seu dote culinário.

Tudo bem, todos sabiam que ela não tinha um dote culinário, mas a pratica leva a perfeição. Ino a tinha ajudado a escolher pratos simples que não precisavam de muito esforço e segundo sua amiga quase impossíveis de se errarem.

Os pratos perfeitos para uma iniciante.

Pegou em sua bolsa a lista feita pela Yamanaka e desceu as escadas, pronta para começar seu primeiro dia na cozinha.

Puxou o papel do bolso e passou os olhos pela explicação.

— Quebre o macarrão... Enche uma panela com água, óleo, sal ou tempero a gosto... — Pegou uma das panelas e encheu até a metade com água, pegando uma garrafa de óleo e despejando a quantidade que achava necessário. Logo em seguida resolver pôr o sal, provavelmente ficaria melhor com tempero, mas como ainda não era uma pessoa eximia na cozinha o sal estava de bom grado.

Como nas diretrizes de Ino colocou a água para ferver. Quase deu pulos de alegria ao ligar o fogão. Ela estava cozinhando, esse dia precisava ficar marcado para sempre. Sentou-se à mesa apertando o papel contra o peito.

Sasuke ia ficar feliz, tinha certeza disso. ´

Adorava a comida dele, na verdade era um cozinheiro maravilhoso, mas casar é dividir obrigações e ela se sentia um pouco mal por não saber fazer nada na cozinha e quando estava em casa as refeições ficavam por conta dele, mesmo se estivesse exausto, ou então comiam algo de fora.

Isso era ruim, porque em grande parte de seus sonhos ela conseguia visualiza-lo chegando em casa cansado e ela colocando um prato fumegante e delicioso a sua frente que iria melhor o seu humor, enquanto ela o observaria comer, feliz por vê-lo satisfeito com a sua refeição

Queria muito fazer isso. Queria mais do que tudo passar por essa experiência.

Quando deu por si a água já estava fervendo, despejou todo o macarrão que tinha separado dentro dela.

— Prove de tempo em tempo, quando estiver mole está bom... Ino e sua maravilhosa precisão. — Mesmo tendo certeza que tinha um tempo certo para que ficasse pronto, ela fez como o dito pela amiga, provava a todo instante, no entanto a água começou a secar antes que ficasse completamente mole. Não havia nada do tipo na explicação de Ino.

Provou o macarrão mais uma vez. Realmente não estava mole, estava consistente, mas era comestível, totalmente comestível. Deveria estar “no ponto”, como algumas pessoas costumam dizer.

Aquela idiota deveria ter falado que a agua secava rápido.

— Coloque-o para escorrer e retire o excesso de óleo. Depois pegue um molho de tomate já pronto... — Molho de tomate. Molho de to-ma-te. Fitou a sua volta, provavelmente não tinha aquilo em casa.

Abriu os armários, olho na sacola de papel sobre a mesa e depois na geladeira, não havia molho de tomate em canto algum. Porém não havia problema, ela mesma iria prepara-lo. Estava confiante que conseguiria, conseguia se lembrar de sua mãe fazendo algumas vezes, não era difícil.

Fez como Ino tinha dito, retirou o excesso do óleo e deixou o macarrão no escorredor enquanto arregaçava as mangas para preparar o molho.

— Cebola, tomate, alho, pimenta... O que mais levava? Sal.. E duas folhinhas verdes esquisitas. — Abriu a geladeira, observando alguns temperos que ficavam em uma pequena caixa no canto da porta. — Folhinha verde esquisita, folhinha verde esquisita... Cadê... Achei! — Sorriu ao conseguir as duas.

Analisou os ingredientes espalhados pela pia. Sua mãe usava pouca folhinha, obviamente tomates deveriam ser usados em grande número. Quanto dente de alho deveria pôr? E a cebola? Uma deve ser o suficiente. Tendo pimenta, era preciso sal?

Respirou fundo quando criança tinha visto sua mãe cozinhar diversas vezes, depois de grande já não tinha tanto interesse, mas as informações estavam no seu subconsciente. Era só deixar ele trabalhar. Ela saberia a resposta. Ela sentiria a resposta.

Cortou os tomates em vários cubos, logo em seguida a cebola, foi necessária uma pausa para lavar os olhos e piscar diversas vezes para ver se parava de arder. Por fim picotou o alho, jogando tudo em uma outra panela. Colocou o sal e começou a mexer, despejando o macarrão logo em seguida.

Misturou os ingredientes, mas algo estava errado. Quer dizer, as coisas estavam se misturando, porém não parecia com molho. O nome era molho de tomate por uma alguma razão. Onde estava a parte liquida? Sentindo o desespero começar a assola-la, olhou em volta.

O que poderia jogar? O que poderia jogar? A garrafa de óleo surgiu no seu campo de visão, esticou-se até ela e então notou o azeite também, pegando-o com a outra mão.

— Óleo ou azeite? Óleo ou azeite? Óleo ou azeite? — Seus instintos diziam para jogar os dois. Que mal poderia ter? Estava seguindo a natureza, subconsciente trabalhando.

Despejou um pouco dos dois líquidos e voltou a mexer por mais um tempo, jogou as folhinhas esquisitas junto com a pimenta. Pronto. O almoçou estava preparado.

Sorriu despejando o macarrão em uma travessa. O molho ainda não parecia molho, mas estava quase lá, tinha certeza. A massa estava formando um bolo esquisito que não desgrudava de forma alguma, mas parecia bom também.

Qual o problema de macarrão agarrado um no outro? Nenhum.

Comida é comida no final.

Lavou as panelas para que Sasuke não visse a sujeira e se sentou em frente a tigela, analisando-a. Talvez fosse melhor jogar fora. Quem ela queria enganar? Aquilo não parecia bom, aquilo poderia matar alguém.

Levantou-se pronta para joga-la fora e pedir algo para ser entregue quando a porta se abriu.

— Cheguei. — Em menos de dez segundos ele estava na cozinha. Fitou de Sakura a tigela em cima da mesa. — O que é isso?

— Eu fiz... Para nós. — Aquela resposta o espantou, mas fez o possível para não parecer assustado.

— Ah. Bem... Vamos comer. — Sentou-se em frente na cabeceira da mesa e logo um prato foi posto à sua frente.

Para servir foi necessário cortar a massa, já que apenas com o pegador não dava para separar.

— É normal, a massa fica grudada as vezes. — Tentou apaziguar a situação e ter um pouco de pensamento positivo, não poderia ser tão ruim. — O que é isso? São tomates? Nada com tomates poderia ficar ruim.

— Sim, eu fiz molho e tomate. — Sorriu, encolhendo os ombros, estava tão nervosa que poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento.

— Molho... Claro... — Respirou fundo e cravou o garfo no bolo de macarrão. Não teve como enrola-lo a única maneira de conseguir comer foi pegando a faca e cortando um pedaço. Assim que colocou na boca quis cuspir, sentiu seus olhos lacrimejarem. Haviam tantos gostos ruins que ele não conseguia encontrar o pior, com muito custo engoliu aquela massa em sua boca, fechou os olhos massageando as têmporas, assim que os abriu deparou-se com a expressão animada de Sakura. — Está bom... Muito bom.

— Sério? — Não! É a pior comida que eu já provei e isso supera o lamen que Naruto deixou passar do ponto em uma missão. Era o que queria ter dito, mas apenas concordou com a cabeça, forçando um sorriso. Não podia magoar os sentimentos de Sakura.

Precisava arranjar um jeito de se livrar daquela comida.

— Pegue agua para mim? Ou suco? Qualquer coisa que tenha para beber. — Animada, se levantou e pegou o suco como ele tinha pedido.

— Poxa, acho que eu vou provar também, cheguei a imaginar que não estaria bom. — Ao ouvir aquelas palavras um pânico se instalou em Sasuke, com uma pressa descomunal ele devorou todo o macarrão de seu prato e antes que ela começasse a se servir ele pegou a travessa do centro da mesa. — Esse macarrão é todo meu. — Começou a devora-lo. Como ele queria vomitar, com todas as forças queria por aquilo para fora. O que ela tinha posto naquela merda? Sua boca estava começando a queimar. — Os tomates são meus, a comida é minha.

— Está tão bom assim que você não quer nem dividir? — Incapaz de verbalizar apenas concordou com a cabeça.

Por um momento ela se sentiu extasiada, mas logo depois voltou a si. Aquilo não podia ser verdade, ela sabia. Não dava, não tinha como. A expressão dele não parecia de êxtase e vê-lo comer o que parecia um tipo de geleca dura ela só ficou mais convicta de que Sasuke estava fazendo de propósito.

— Sasuke pare de comer isso não está bom...

— Está uma delícia!

— Deixe-me provar — Sem aviso, jogou-se nas costas dele tentando pegar um pouco de macarrão. O Uchiha lutou bravamente jogando o corpo dela para trás, mas acabou perdendo o equilíbrio e a travessa foi a chão, enquanto o bolo de macarrão foi de encontro a parede.

O maior absurdo é que ele não grudou, ele caiu e mesmo assim não se desgrudou, aquilo poderia ser utilizado de bola. O casal se entreolhou e começou a rir. Sakura chegou a dar uns pequenos chutes, só para rir mais um pouco.

— Que horrível, desculpa ter feito você comer isso...

— Tudo bem, só que... Acho que não me fez muito bem.

E de fato não tinha feito! Aquele foi um longo dia, entre vômitos e lavagem estomacal. Foi preciso uma noite em observação com sua médica favorita a tira colo. Poderia dizer que o esforço não tinha valido a penas, mas Sakura ficou tão penalizada que o compensou com sexo. Sexo selvagem e radical no hospital.

Bem, talvez ele devesse continuar a provar as loucuras culinárias de sua esposa.


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Notas finais do capítulo

Não tenho o que dizer hoje, não to me sentindo bem. Achei esse capítulo tivesse sido posta a três horas atrás, mas meu note deu bug. Perdão
Agradeço a todos que acompanham, comentam e favoritam a história
Beijos e até mais tarde;*