When I Grow Up escrita por Rapousa
Notas iniciais do capítulo
Se puder, enquanto lê a história, ouça a música: http://www.youtube.com/watch?v=4F-CpE73o2M
Ergueu as mãos para o céu. Aquela estrela, aquela lá, tão distante, tão bela, luminosa. Aquela lá mesmo. Ele queria alcançar.
Os lábios finos e incertos, rasgaram-se em um sorriso leve. Os olhos de uma cor imprecisa brilharam com as luzes e se arregalaram levemente. Cílios castanhos parecendo loiros. A noite brilhava com o luar.
- Alfhild – sussurrou a voz peluda. Tão macia...
- Ulf – respondeu com a boca rasgando ainda mais o rosto.
- Alfhild, venha.
Foi. Ergueu-se do chão como uma raiz que ganha vida, trazendo pedaços consigo. De Terra.
Uma mão buscou a outra na escuridão da noite, os dedos se entrelaçaram. Eram ambas macias e pequenas.
- Ulf – repetiu ele saboreando o nome. Lambeu os finos lábios com a fina língua.
No silêncio, correram. A floresta era densa, cheia de armadilhas, mas eles as conheciam todas. Mãos dadas. Confiantes. Cabelos ao vento. Livres. Correram.
O riacho era amarelo. De dia. À noite ele era negro, como todo o resto.
Ulf parou no último momento, dedos dos pés se contraindo e pressionando pedrinhas soltas, quase tocando a água. Alfhild desviou o olhar de cor misteriosa e o brilho das estrelas estava lá. Mais discreto, mais intenso. Ulf sorriu para o reflexo da lua na água. E se virou. Alfhild prendeu a respiração. Não queria que aquele ar bruto, denso, terrível, desmanchasse a imagem a sua frente. Queria guarda-la para sempre.
- Para sempre – disse Ulf. Brilhos cinzas em olhos azuis elétricos. Pareciam negros. Como todo o resto.
Alfhild concordou com a cabeça. Para sempre.
Lábios rosados, puros, carnudos, se aproximaram. Emoldurados por cabelos ruivos cacheados e rebeldes refletindo o brilho da noite. Alfhild fechou os olhos. Se beijaram. A lua cheia brilhava no céu.
- Para sempre – confirmou sem separar-se.
Encostaram as testas. Sorriram. Gritaram para as estrelas. Alfhild uivou. Desafiavam os céus.
Ainda estavam sorrindo quando pularam o mais longe possível. Ainda estavam de mãos dadas quando caíram nas águas turbulentas. Lavados para sempre da história dos vivos. Afogaram-se em amor.
Jamais conseguiram separa-los. Jamais. E o jamais era eterno. Eles ainda sorriam. Para sempre.
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História experimental. Comentários, por favor.