“O que está acontecendo comigo?”

“Por que estou aqui?”

“Desde quando eu me tornei assim?”

“Por que estou afundando?”

Essas eram algumas das várias perguntas que vinham em minha cabeça. Naquele momento eu não entendia exatamente o que estava acontecendo comigo, mas aos poucos eu fui percebendo, eu estava afundando. Submerso em um mar de emoções, sentimentos, e lembranças. Algumas doces memórias das pessoas que eu amava ou um dia eu amei vinham em minha mente, bons momentos que jamais poderei ter de volta. Tudo estava perdido, ou assim me parecia. E eu me encontrava cada vez nos braços vazios da solidão.

“O que é esse sentimento de derrota?”

“Por que não consigo lutar contra isso?”

“Alguém pode me ajudar?!”

“Alguém?”

No começo eu sentia que meu corpo e a minha alma gritavam, imploravam por ajuda, por alguém. Por mais fraco que eu estivesse, eu ainda possuía alguma esperança, por mais ínfima que fosse. Eu estava afundando cada vez mais, esperando, por algum sinal, por alguém capaz de me tirar daquele lugar frio, escuro e vazio. Porém, á medida que o tempo passava, minha esperança ia se despedaçando. O único sentimento que me dava alguma espécie de força, alguma vontade lutar estava se esvaindo, estava se desfazendo, se esfarelando assim como as cinzas ao vento.

“Eu acho que já sabia que seria assim”

“Eu vagando sozinho no vazio da solidão eternamente”

Dizia um eco em minha mente.

Depois de muito tempo afundando, eu finalmente havia chegado ao fundo ou assim me pareceu, pois agora eu me encontrava parado. Estava escuro, eu estava sozinho, preso sob o domínio das correntes da solidão. Sem forças para lutar, para quebrar essas correntes frias. Sem esperanças, prestes a perder minha sanidade, eu apenas aguardava o fim ou o que quer que fosse acontecer comigo a partir de agora. E então por fim meus olhos começaram a se fechar lentamente.

Em algum momento enquanto meus olhos estavam se fechando, por alguns segundos eu consegui ter uma visão, parecia que alguém mergulhava em minha direção, porém eu me sentia fraco demais para poder averiguar melhor. O fato é que eu estava perdendo minha consciência, cedendo para a escuridão. Ou assim eu achava.

De repente, alguém segurou minha mão, por um momento não consegui sentir de imediato, mas na medida em que o aperto ia aumentando a intensidade, uma espécie de energia parecia percorrer pelo meu corpo, eu começava a me sentir mais leve como se enfim eu estivesse saído do vazio em que me encontrava, e aos poucos a minha força voltava. E então decidi abrir meus olhos, no primeiro momento uma luz ofuscante feriu meus olhos que estavam habituados á escuridão. Novamente, eu fiz outra tentativa e finalmente pude ver claramente, uma garota de longos cabelos pretos, olhos castanhos escuros e pele morena, sorria radiantemente para mim, embora ela parecesse estar se esforçando bastante para conter as lágrimas. Ela estava com os abraços ao me redor e me abraçava fortemente com se temesse minha fuga novamente.

- Você acha que escapará de minha assim tão fácil, seu bobo. – Disse ela.

- O que houve? – Perguntei a ela. – Por que você esta aqui?

- E onde mais eu estaria se não ao seu lado? – Respondeu ela.

- Por quê? Por que se esforça tanto por mim? Por alguém como eu?

Ela me olhou nos olhos com ternura, esboçou um sorriso e por fim disse:

- Por que... eu te amo. – E me beijou. Os lábios dela eram macios e estavam molhados e salgados devido ás lágrimas dela, mas isso não me impediu de retribuir o beijo.

Foi como se nunca houvesse existido a solidão em meu coração, como se eu nunca tivesse afundado em uma escuridão sem fim. O amor que aquela garota tinha por mim, conseguiu eliminar qualquer vestígio daquele vazio. E agora, em meu coração só restava o que eu sentia por ela. O sentimento do qual eu até então nunca conhecera, o amor que dessa garota me trouxe de volta. E ao lado dela eu ficarei.