–-Te... Tem certeza que não tem problema de ficarmos aqui? E... Eu posso voltar pro navio...- Koala se sentia constrangida em simplesmente em tomar o lugar destinado ao amigo.

–-De jeito nenhum! Vocês duas ficam no quarto do Sabo!- Dadan aconchegava Shiro no Futon- Até parece que eu vou deixar um marmanjo...

–-Ei! Eu estou aqui!- Sabo protestava

–-...Ficar no bem bom- Ele foi completamente ignorado.- enquanto duas garotas passam perigo lá fora! Onde está a educação que eu te dei?- O revolucionário abriu a boca para responder- Não responda!

–- Obrigada Dadan-Sama! Mas onde o Sabo-kun vai ficar?

–- Manda ele lá pra fora. Dormir no chão faz bem pras costas.- Era muito perceptível a decepção da mulher por ainda não ter um nora.- E ele já deve estar acostumado.

–-Mas não quer dizer que eu goste.- O loiro resmungava de cabeça baixa.

–-Boa noite vocês duas!

A mais velha fechava as garotas dentro do quarto, batendo a porta e puxando o filho adotivo para o lado de fora.

–-Você fica aí.- Ela empurrou o garoto pra fora, fazendo com que este caísse sentado no chão.

–- Eu ganho um travesseiro?

–-Não.

–-Pelo menos um lençol?

–-Não.

–-Mas a grama pinica!

–-Você pode ir lá e dividir o quarto com as duas... Ah, não! Espera! Ela é só sua amiga!- Dadan parecia irritada.- Porque me enganou?

–-Você que tomou conclusões precipitadas.

–-Me deu falsas esperanças de que eu finalmente ia ter ajuda por aqui!- Ela ignorava novamente o jovem- E eu realmente queria uma netinha fofa e delicada como a Shiro!

–-Mas...

–-E falando nisso, nem ouse dar as caras por aqui se for pra trazer outro capetinha como você e seus irmãos! Te expulso a vassouradas!

–-QUEM ESTA FALANDO DE FILHOS AQUI?!- A fala saiu um pouco mais alto do que pretendia.

–-VÁ DORMIR SEU PIRRALHO DE 23 ANOS!- Ela fechou a porta dos fundos com força, deixando um Sabo irritado sentado no chão, resmungando sobre a grama, o tempo e todo o resto com o nada em específico.

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–-Hey!

Sabo se virou para a direção do som, sendo tirado de seus pensamentos.

–- Você realmente tem insônia não é?- Koala se ajoelhava ao lado do amigo deitado, encarando seu rosto de cima.

–-Um pouco. O chão é desconfortável.

–-Não vou deixar você dormir no quarto comigo e com Shiro, se é o que está pensando.

–-Hun.- Agora ele tinha certeza que estava acordado.- Nem passou pela minha cabeça.

A garota sorriu de canto.

–-Você é um péssimo mentiroso.

–-EI!

–-Eu te trouxe um cobertor e um travesseiro.- Ela apontou para o que carregava- Levanta. Deixa eu estender isso.

–- Sem chocolate quente dessa vez?

–- Não força a barra.

Sabo rolou para o lado.

–- Como chegou aqui sem a Dadan te ver?- Ele perguntou assistindo a amiga esticar o cobertor no chão

–-Pulei a janela.

–-Do segundo andar?

–-Qual o problema?-Ela deu de ombros, se deitando no tecido estendido- Você faz isso o tempo todo.

–-Nunca vi você fazer isso.- Ele ria ao se aproximar da garota.

–-Não espere que eu faça de novo.

–- O que aconteceu com o medo de altura?- Sabo encarava o rosto que corava.

–-Esta fazendo perguntas demais hoje.- Isso era uma claramente “cale a boca ou você morre” traduzido do dificílimo dialeto feminino. E Sabo já havia decifrado o bastante em cinco anos bastante para entender a mensagem.

–-Isso me lembra Dressrosa.- Ele voltava a encarar as estrelas.

–-Mas dessa vez você não está dormindo.- Ela deu um sorriso torto, também se voltando para o céu.

–-Nunca vai me perdoar por isso né?- O loiro cruzou os braços atrás da cabeça

–-Não enquanto não me der aquele hambúrguer.

–- A volta do coala canibal!

–- É só o meu nome! Não a minha espécie!

–-Tem certeza? Porque seria legal pensar que eu tenho um companheiro animal que nem o Luffy!

–-Tecnicamente aquilo é um Tanuki... Ou uma rena, não sei... Mas é meio humano por causa da Hito-Hito no mi. É uma exceção.

–-Mas acontece o tempo todo nos mangás!

–-Então sinto muito mas sou humana mesmo. Cem por cento mulher.

–- Ah, que pena.

–-O Hack não conta? Ele é metade peixe-galo.

–-Hun... Não.

–-Você é muito exigente!- Ela deu risada

–-Prefiro o termo perfeccionista.

–-Acho que desregulado se encaixa melhor.

–-Pode ser.

–-Porque concordou tão fácil?- Koala se virou para encarar o amigo

–-Com o quê?- Ele continuava olhando pra cima, distraído.

–-Hun... Nada. Boa noite Sabo-kun.- Ela se levantou

–-Panquecas...- Ele respondeu já fechando os olhos.

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–-Bom dia.- Sabo entrava na casa curvado e com as mão nas costas, parecendo um idoso.

–-Envelheceu 42 anos em uma noite Sabo-kun?- Koala balançava a frigideira

–- Mais ou menos.- Ele se aproximou do fogão.- O que esta fazendo?

–- Café da manhã!- Shiro corria na direção do mais velho batendo ovos em uma tigela, derrubando no chão metade do conteúdo durante a corrida

–-Panquecas.- Dadan lavava pratos- Ou o que restou delas. Acordou por último de novo.

–-Todo mundo já comeu?

–-Exceto você e a sua amiga ali. Não saiu do fogão desde que acordou.

–-Não tem problema! E... Eu gosto de ser útil!- Ela virou a massa em um prato- E eu prometi que não tomaria café sem a Shi-chan.

–- Dadan-batchan, posso ti ajudá?- A criança se sentava ao lado da bacia cheia de água e pegava um dos pratos sujos

–-Obrigada baixinha- Ela sorria feliz – Viu Sabo? Era assim que vocês capetinhas deveriam ser!

–- Desculpa mas lavar pratos não é minha atividade favorita.- Ele pegou o prato da bancada- Valeu Koala.

–-De nada.- A moça desamarrava o avental- Eu vou à cidade fazer compras pra Dadan. Pode trazer a minha bolsa do Pequeno Tigre?

–-E o Súcar!- Shiro completou.

–-Posso.- Ele encheu a panqueca com calda, falando enquanto mastigava- Espera, vai sozinha?

–- Shi-chan quer ficar e ajudar a Dadan-sama, então... sim.

–-Mas você não conhece a cidade! É a primeira vez que vem aqui!

–-Toriko-kun me deu um mapa- Ela balançou um pedaço de papel- É a sua cidade natal, não precisa se preocupar.

–-Mas é exatamente porque aqui é minha terra natal que eu me preocupo!

Koala revirou os olhos.

–-Eu vou até Fuusha, não nos mercados negros que você ia com seus irmãos!

–-É mas...

–-Se esse é o caso, traz as coisas pra cá e me encontra na sorveteria no centro da vila nobre daqui a duas horas. Simples assim. Melhor?

–-Posso ir tomá sorvete também Nee?

–- Claro! O Ossan te leva!

–-Pode ser.

–- Tudo resolvido?- A revolucionária pegou a cesta de verduras vazia- Até mais tarde então.- E saiu pela porta

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–-O que diabos mulheres carregam nas malas? – Sabo soltava a bagagem de qualquer jeito no chão do quarto- Pedras? Tijolos?

–- Não seria tão pesado se trouxesse tudo em uma única viagem!- Dadan retrucava do lado de fora do quarto- E tome mais cuidado, podia ter coisas frágeis aí dentro!

–- SÚCAR!- Shiro abraçava o boneco de pano.

–- Que bichinho bonito Shi-chan.- A mais velha se abaixava encarando Açúcar- É seu?

–-Não! O Ossan deu pra Nee, e eu pego empestado puquê é fofu!- Ela apertou ainda mais o coala contra o peito.

–-Que legal!- Dadan sorria abobalhadamente para a aspirante a neta- Porque não vai lá e apresenta pro Magura?

–-Hun!- A criança meneou a cabeça em concordância, séria, apenas para sair correndo feliz logo em seguida.

A mulher se virou para o filho adotivo.

–-Você é péssimo em esconder sentimentos.

–-Ei! Porque?

–-Porque sinceramente eu não consigo pensar em uma declaração mais óbvia que dar um bichinho escrito eu te amo para a sua “melhor amiga” e “companheira”- Ela fazia o sinal de aspas com os dedos

–-Mas...

–-Fora que está na sua cara.

Ele instintivamente levou a mão ao rosto.

–-E o único jeito dela não ter percebido ainda é sendo mais lerda que você!

–-Eu não sou lerdo!

–-É sim! Tá enrolando a garota já faz cinco anos! Se isso não é lerdeza eu sou o Garp!

Sabo bufou com raiva. Era óbvio que a mulher estava certa, e ele sabia disso. E, embora estivesse concordando com tudo internamente, não iria dar o prazer a ela de estar certa.

–-Tá bom, tá bom. O que sugere que eu faça? Junte todas as flores da ilha em um buquê gigantesco, vá lá e simplesmente desate a falar tudo o que eu sinto em versinhos toscos? Me poupe!

–-Sabo.- Ela estava séria- Eu só conheço essa garota não faz nem meio dia e já sei que não vai encontrar alguém melhor que te ature. Ela gosta de você. Mas tem que agir como se fosse sua babá!

–-Mentira!

–-Verdade. Tanto é que ela foi lá te levar um travesseiro e um lençol ontem a noite!

–-Como sabe que foi ela?- Ele falava tremido e corava.

–-Porque eu tenho certeza que Dogura não faria isso.

–-Bah! Não tenho tempo pra isso! Tenho que ir encontrar a Koala – Sabo saía do quarto balançando as mãos como se espantasse algo.- OCHIBI-SHI! Vamos sair!

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Koala sentia o estômago roncar enquanto carregava a pesada cesta de verduras e legumes pela feira. Ela se esquecera de tomar café da manhã ates de sair de casa, o que não fora uma boa ideia.

–-Esta bem, vejamos...- Ela murmurava sozinha lendo a lista de compras- Alho-porró, alface, cenouras, baratas... Não, espera... Batatas, salsa...

Ela não conseguia decifrar as letras. Além da letra de Dadan ser péssima, a fome a distraía demais. Ela olhou para o relógio central da praça onde estava. Ele marcava meio dia e meia, uma hora e meia desde que saíra da casa na montanha. Faltavam ainda uma hora do horário combinado com Sabo, mas já havia comprado tudo o que era legível na lista que lhe fora dada, e a sorveteria não era tão longe de onde ela se encontrava. Ele não ficaria bravo se ela fosse na frente e comesse algo sozinha, de modo que ela se dirigiu a passos apressados a construção cor-de-rosa e arejada.

A revolucionária escolheu se sentar na varanda do local, onde conseguiria ver a chegada dos dois companheiros. Remexia calmamente o canudo do milk-Shake, admirando a rua, perdida em pensamentos.

–-Vejo que está pensativa.- Um desconhecido cercado de dois brutamontes, aparentemente seus guardas costas, se dirigia a ela.

–- Um pouco...- Koala respondia cautelosa, um pouco apreensiva.

–-Muito prazer, Eu sou Victor.- Ele estendia a mão se sentando na cadeira em frente a dela, na maior cara de pau.- Um dos nobres de Goa.

–-Koala- Ela retribuiu ao aperto de mãos- Posso dizer que estou a passeio.

–- Uma turista? Isso é raro por aqui, quanto mais uma garota bonita como você.- Ele sorriu maliciosamente, lançando olhares indiscretos a garota- Geralmente encontramos apenas piratas e ralés por aqui...

Dito isso, ele iniciou um monólogo vazio, preenchido com diversos “talentos” que ele dizia ter e interrompido apenas por risadas unilaterais e respostas de apenas “hun’s” vindos da garota, que sequer eram ouvidas.

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Sabo carregava a pequena Shiro nos ombros, para evitar que ela se soltasse e sumisse em meio a multidão. Crianças pequenas são mais fáceis de perder.

–-Cadê a Nee Ossan?- Shiro cruzava os braços apoiados na cabeça do mais velho, entediada.

–-Já disse que Koala esta esperando na sorveteria no centro.- Ele respondia pela quarta vez nos últimos quinze minutos.

–-Nós já chegamos? Falta muito? Quantos quarteirões? Podemos jogá alguma coisa? Tô entediada...

Sabo já estava a ponto de estourar a paciência. Gostava da garotinha, e sabia que toda criança era cheia de perguntas, afinal, Hiro e Luffy também eram assim. Mas parecia que ela fazia de propósito para irrita-lo. Ele se preparava para fingir um tropeço e derrubar a pirralha no chão, quando finalmente avistou a construção cor-de-rosa da sorveteria.

A primeira reação que teve foi alívio. Logo em seguida, veio alegria ao reconhecer a parte de trás da boina vermelha costumeira da amiga. Em sequência, raiva por ver que ela aparentemente conversava com um rosto desagradavelmente familiar.

O rosto do revolucionário se tornou vermelho, e ele estava a ponto de ir até lá e enviar o desgraçado para o Novo Mundo com um único soco. Mas seus planos iniciais foram frustrados pela própria Koala. A garota havia se virado ligeiramente, mostrando um sorriso forçado. Encontrando o amigo, um traço de alívio passou pelos olhos azuis por um segundo, sendo substituída pelo olhar número 68: Estou-desesperada-então-vem-me-ajudar-logo-ou-vai-acontecer-uma-grande-desgraça-aqui.

Sabo sorriu maldoso.

–-Baixinha, quer me ajudar com uma coisa?