12 ANOS ATRÁS.

Sabo caminhava pela ilha estranha emburrado, sem dizer uma palavra. Não era nada atípico da criança revolucionária ter aquele tipo de comportamento. Era seu aniversário de 11 anos e nem mesmo se importava com isso. A única coisa que queria era voltar para casa, para Luffy, Ace e Dadan, mostrar que ainda estava vivo e fazer tudo voltar ao normal, reunindo novamente a ASL para novas aventuras.

Andando sem rumo e sem destino, indiferente a tudo e a todos, acabou por chegar a um penhasco que dava para o mar. Era incrível como mesmo uma ilha conseguia ser tão seca e árida naquela parte, na qual a única saída do sol quente pareciam ser as sombras dos cactos que nasciam aos montes no meio do deserto. Os raios solares pareciam derreter quem quer que se atrevesse a passar por ali, tanto que mais ninguém de todo o navio havia se interessado em segui-lo.

Se sentando na beirada do barranco, embaixo da sombra de um cacto, a criança esfregou a bandagem que cobria seu olho e praticamente toda a parte esquerda do rosto. A queimadura já havia se curado nos seis meses que passara preso ao seu novo “chefe” (claro, Dragon havia salvo sua vida, mas não parecia justo que o pequeno ficasse ancorado ao homem pelo resto da vida, sem ter a opção de voltar para casa.),mas não era uma coisa que se orgulhava em mostrar aos quatro cantos do mundo.

Sabo continuava encarando o horizonte com a expressão raivosa e triste que ostentava desde o dia do acidente com o Tenryubito. Naquele momento, ele queria mais do que nunca estar em casa, treinando com Ace e Luffy ou fingindo gostar do bolo que Dadan fazia (que na verdade era horrível). Sabia que fora escolha dele fugir de casa e ir para o mar antes dos dois, mas não sabia que seria tão difícil e doloroso, nem queria que fosse desse modo.

Ficou ali, sentado na areia quente, perdido em meio a seus devaneios por algum tempo, até que ouviu passos caminhando em sua direção. Virando-se ligeiramente, percebeu que não poderia chamar aquilo de caminhada: Uma menina pequena, de cabelos cor de mel, aparentando ter mais ou menos a sua idade, saltitava cavando buracos na areia a cada vez que batia com os pés no chão, espalhando areia para todos os lados e deixando voar a barra do vestido

–-HEY! Você é o Sabo não é?- Ela falava em um tom risonho-Hack me disse que é seu aniversário!

–-Vá embora.- Ele se recusava a se virar novamente e encarar a garota.

–-Mas eu te trouxe um bolo!-Ela estendia um embrulho de fukuroshiki verde.

–-Não quero.- ele começava a se irritar com a menina.

–-Por que está tão mal humorado?- O sorriso dela murchava.

–-Não tenho motivos pra estar feliz.

–-Bem, eu também não.- Ela estava séria- Mas isso não é motivo pra estragar o dia dos outros com uma cara feia! Simplesmente sorria!- Ela mostrou os dentes

–-Não to com vontade de sorrir.

–-Então não faça por você, faça pelos seus companheiros!

–-Meus verdadeiros companheiros não estão aqui.

–-Mas acha que eles ficariam felizes se você estivesse triste, mesmo estando distantes?

–-Não sei.

–-Você só sabe dizer frases com não?

–-Se você não prestou atenção a primeira frase que eu disse foi “Vá embora”.

–-Hunf, como quiser, seu bobão!-Ela fez uma cara emburrada por um segundo, voltando a sorrir logo em seguida.- Mas vou deixar o bolo aqui, caso sinta fome! Thauzinho!

Sabo observou a garota estranha voltar pela direção de onde veio em uma mistura de corrida com saltito muito desengonçado. Esperou até que a figura sumisse no horizonte para devorar o pequeno bolinho que ela deixara. Tinha de admitir que estava bom, principalmente pelo fato do pequeno loiro não almoçara.

Se levantando e rumando de volta ao navio ,Sabo se surpreendeu ao perceber que, pela primeira vez em meses, estava sorrindo.

BISCOITO!