Olho para a tela esperando alguma resposta. Eu podia escutar o barulho dos socos, e eu me arrepiava a cada murro dado entre o Arqueiro e o Artesão de Bonecas. Meu coração estava saltitando, quando escuto um gemido de dor da parte de Oliver.

– Oliver!? - falo já assustada. Por mais que o clima estivesse tenso entre a gente, eu ainda me preocupava pelo fato dele estar lutando contra o crime dia e noite. - O que aconteceu?

"Ele fugiu!" diz ele no comunicador. "Vou atrás dele!"

– Oliver, não! - grito para ele que parece me ignorar. Olho mais uma vez para o localizador de Oliver, e meu coração gela. - Ele está te levando para a recepção da Tríade. Há vários vigias!

Olho mais uma vez para o pontinho se movendo entre algumas ruelas, e acabo me desesperando mais ainda.

Maldita cabeça dura!

– OLIVER! - grito mais uma vez quando posso enxergar o quão perto ele estava de ser pego por uma das gangues mais perigosas do mundo.

Paro de escutar a respiração de Oliver no fone, e o ponto de luz vermelha no meu computador para de piscar. Ele havia nos colocado fora da jogada.

Tiro bruscamente meu fone, e jogo em cima da mesa, quando sinto uma mão tocar meu ombro. Me viro e vejo Diggle carregar uma arma e sair correndo em direção ao ponto que perdemos Oliver, e eu suspiro.

Levanto da minha cadeira irritada demais para fazer qualquer coisa, então resolvo subir e pedir algo sem álcool para Thea.

Abro a porta do QG - por que eu ainda não tinha pensado em nenhum nome melhor para o esconderijo de Oliver - e me direciono para um tumultuado de pessoas dançando e bebendo loucamente. Escorrego em um dos bancos no balcão, e Thea logo vem me atender.

– Lidar com meu irmão não é fácil, não é Fel? - pergunta ela me forçando a lhe mandar um sorriso.

– Preciso de café! - falo a fazendo olhar curiosa para mim. Mas logo levanta a mão em rendição e se direciona para uma pequena cozinha.

Espero um pouco olhando ao redor, e varrendo aquela confusão - que cá entre nós, me deixava maluca - quando avisto Roy servindo uma mesa. Logo depois, ele me olha, e anda em minha direção com um grande sorriso estampado no rosto.

– Pensei que não gostasse de festas! - diz ele se aproximando e depositando sua bandeja em cima do balcão do meu lado.

– E eu DEFINITIVAMENTE não gosto. - digo perto de seu ouvido, para que ele escutasse através da música alta que começa a tocar.

– E o que faz em uma boate? - pergunta ironicamente com uma das sobrancelhas levantadas, e eu tenho que pensar rápido para responder algo inteligente.

– Preciso de ar! - digo a ele que me olha sem entender.

– Ela está trabalhando na contabilidade da Verdant com Oliver! - diz Thea pousando uma xícara de café em cima do balcão.

– Entendi, etnão. - diz ele fazendo Thea dar uma gargalhada alta. - Tenho que ir, Fel. Nos vemos depois!

Me viro para Thea que encara Roy lhe mandando um beijinho, e depois se vira para mim. Pego o café, e levo a boca sentindo algo bem diferente.

– Mas isso está horrível! - falo a fazendo rir.

– É o que dá pedir café em um bar. - diz ela saindo para atender outra pessoa que havia chegado.

Sinto meu telefone vibrar no bolso do vestido que eu estava usando, e olho a tela.

– Alô! - falo um pouco desesperada demais para o meu gosto.

"Estou no QG!" diz Diggle me fazendo pular da cadeira, e me arrastar até o porão. Entro e encontro Oliver guardando o arco, e logo depois se apoiar em uma mesa, com Diggle de braços cruzados um pouco mais afastado. Só então observo a ferida enorme no braço de Oliver.

– O que você pensa que está fazendo? - pergunto com minha voz saindo um pouco mais alta que o normal e com meu dedo em seu peito.

– Felicity... - é o que ele diz baixinho com o olhar focado na maca que estava do outro lado.

– Não, Oliver! - digo irritada. - Eu preciso me preocupar com você, já que nos deixou cegos. Tem que haver algum motivo para isso!

– Fe...li...ci...ty... - é o que ele diz ainda sem me fitar. E aquilo realmente estava me dando nos nervos.

– SOMOS UM TIME, OLIVER! - falo já não aguentando ele ficar me ignorando enquanto eu tinha um acesso de raiva.

Agora foi a vez dele de se virar e me encarar de frente com os olhor beirando raiva e ódio. Ele era bem mais alto, mas se achava que eu ia recuar, é melhor repensar seus conceitos.

– Eu só preciso que você faça seu trabalho... - diz ele em um tom alto me fazendo respirar fundo de susto. - Que EU faço o meu!

Respiro fundo absorvendo aquelas palavras, e eu não consigo mais aguentar um segundo ali. Começo a me mover até a porta do porão.

– Sinto muito por não ser boa o bastante para isso! - digo antes de alcançar as escadas, e virando minha cabeça para o lado.

Saio na calçada da Verdant onde algumas mulheres ajeitam seu vestido e terminam de se maquiar, e me lembro que eu estava de carona com o Oliver. Levo minha mão a cabeça, e respiro fundo juntando todo o resto de força que eu tinha para evitar que as lágrimas caíssem.

Vasculho meus bolsos atrás de meu celular, e depois de um século, graças a minha mania de carregar milhares de coisas nos bolsos e na bolsa,eu o encontro e disco o número de Caitlin.

"Cadê sua carona?" pergunta ela me fazendo dar um suspiro silencioso.

– Ele tem outros planos. - digo a fazendo responder com um "oh".

Minutos depois, Caitlin estaciona seu New-Beatle vermelho na frente da boate, e eu deslizo no banco do carona.

Por sorte, Caitlin estava ocupada demais com Ronnie - seu namorado - no telefone que acabou esquecendo do tradicional interrogatório, e eu agradeci por isso. Chego em casa e me jogo na cama, mas não consigo dormir já que os pensamentos ficam rondando minha cabeça e me perturbando.

Flashback ON

Me agarro ao tronco musculoso de Oliver, e de certa forma, me sinto bem por isso. Era bom senti-lo tão perto. Ele dá partida na moto, e eu não posso evitar apertar mais ainda sua barriga. Começamos a ganhar velocidade, e vai por mim, aquilo estava me deixando maluca. Oliver era um ótimo motorista, mas quando íamos dobrar uma esquina, senti a moto se inclinar para o lado, e eu pensei que íamos cair naquele asfalto que parecia bem áspero.

– Chegamos. - diz Oliver me forçando a abrir os olhos para ver o mesmo restaurante do dia em que eu "fui embora".

Olho para seu rosto no retrovisor e vejo seu sorriso divertido em meio a meu desespero, e pela primeira vez na vida, eu não sentia mais aquele vazio que eu levava.

Flashback OFF

Enxugo aquela lágrima, e me odeio por estar chorando. Eu nunca me deixava abalar por esse tipo de coisa. Uma coisa é sentir medo, outra é ser atingida por algo que não deveriam me deixar nesse estado.

***

Não me lembro bem em que momento da noite eu dormi, então quando acordo, eu estava devastada. Estava sentindo um enorme peso dentro de mim, e isso queria dizer que eu teria um péssimo dia. Depois de fazer minha higiene matinal, eu vou para sala e a encontro vazia. Provavelmente Caitlin precisava estar no trabalho mais cedo, e para minha sorte, não deixou café pronto, já que eu estava disposta a deixar esse hábito.

Depois de comer um pouco, eu vou para o quarto e visto minha tradicional roupa de trabalho. Dessa vez, uso um vestido cinza com detalhes em rosa e preto, e deixo meu cabelo solto para combinar com o óculos.

Saio de casa em um táxi, e acabo demorando mais tempo do que eu estava esperando no trânsito, mas eu não ligava. Não sabia bem como eu iria encara Oliver nesse dia inteiro, até que me lembro que haveria o julgamento de sua mãe, e que ele passaria o dia inteiro ocupado com alguns papéis necessários.

Já na minha sala, eu começo a fazer meu trabalho calada evitando olhar para sala de Oliver. Algumas pessoas enchiam a sala falando a respeito sobre a pena de Moira, dentre elas Laurel que era quem estava acusando ela, então prefiro não interromper para dar meu tradicional "bom dia". Todos saem, e é minha deixa para deixar alguns arquivos na mesa de Oliver, e lhe dizer os planos para o dia.

Junto toda minha coragem, e empurro a porta fazendo Oliver e Diggle se virarem em minha direção.

– Haveria uma reunião hoje com os acionistas, mas remarquei a pedido de Thea que está lhe esperando nesse momento para irem para Iron-Hights encontrar sua mãe. - coloco os papéis em sua mesa e o olho me encarar com um olhar triste.

Escuto Diggle pigarrear, e começar a se dirigir para a porta.

– Vou preparar o carro. - diz ele me deixando sozinha com o Oliver.

Olho para ele e lhe lanço um sorriso forçado, e começo a me dirigir para fora.

– Felicity... - diz Oliver me fazendo parar ainda de costas. - Precisamos conversar!

– Está atrasado, Sr. Queen. - digo finalmente me virando para encará-lo. Seu olhar estava indecifrável, e ele parecia me analisar.

Logo ele dá o braço a torcer e sai me dando somente um aceno. Eu junto minhas forças e enxugo aquela lágrima que ousou escorrer em meu rosto assim que ele passou por mim e me dirijo para minha sala.

O resto do dia foi tranquilo, já que Caitlin estava ocupada com Ronnie que estava na cidade, então aproveitei para colocar as coisas na minha cabeça em seus lugares.

Saio da empresa já de noite, e inda nada foi definido no tribunal. Eu já estava melhor, mas eu precisava de um pote de sorvete e de uma comédia romântica para terminar o dia bem. Mas antes que eu pegue um táxi, recebo uma ligação um tanto inesperada.

– Oliver? - digo assim que escuto algumas palavras ditas rapidamente sem nenhum sentido.

P.O.V. Oliver

Todos parecem se amontoar na porta do Tribunal, e minha cabeça anda a mil por hora. Observo Thea sentada com a mão na cabeça, enquanto eu ando de um lado para o outro.

Eu não estava necessariamente preocupado com minha mãe, já que a frieza de Felicity de certa forma me incomoda. Ela é a única com quem eu posso realmente contar, e tratá-la assim foi errado de minha parte. O problema é que Felicity não deixa que eu me aproxime, e isso está me deixando maluco.

O barulho de meu celular me tira dos meus pensamentos, e percebo que na verdade é o celular do Arqueiro que está tocando, então me afasto para atender para que Thea não me escute.

– Capitão Lance. - digo sem me preocupar que ele reconheça minha voz, já que Felicity colocou um modulador de voz nesse celular.

"Preciso de ajuda!" diz ele um pouco rápido demais me fazendo imaginar do que se tratava.

– Laurel. - digo, e ele afirma. - Estou a caminho!

Eu sabia que não conseguiria pegar o artesão de bonecas sozinho, e que não contar a Diggle e a Felicity o verdadeiro problema acabava me deixando sem crédito com eles, que estavam bravos comigo. Mas eu não tinha saída. Teria que chamar meu Time!

P.O.V. Felicity

"Preciso de ajuda!" diz ele. E algo com relação ao Arqueiro ainda era minha obrigação, então mesmo não querendo, não hesito.

– Estou a caminho!

Pego minhas coisas e começo a me mover para fora da empresa. Estar ali sozinha havia me acalmado, e eu não queria matar mais o Oliver impiedosamente, então seria mais tranquilo.

Chego no andar de baixo imaginando como eu faria para chegar na Verdant, já que Cait provavelmente estava em um jantar comemorando a última noite de Ronnie na cidade, então eu teria que ir de táxi.

Um táxi passa na rua, e eu aceno para que ele pare segurando meu celular que me mantinha em contato com Oliver, que estava na linha, e minha carteira em baixo do braço. Um táxi para, e eu rapidamente entro tirando a bolsa daquela posição e o colocando no banco para finalmente perceber.

Eu não estava sozinha no banco de trás do táxi!

– Soube que você é amiguinha do Arqueiro! - diz um homem que me faz levantar a cabeça, e notar que quem estava ali era o Artesão de Bonecas.

Só então entendo! Não havia só um Artesão de Bonecas. Eles eram gêmeos. Isso explicava os presos que presenciaram várias fugas desse cara, que diziam que viam o Artesão de Bonecas soltarem o outro e serem mandados para o hospital psiquiátricos. Eles não estavam mentindo, e por isso eles conseguiam fazer as coisas em perfeita sincronia. Eles eram dois!

Por sorte, o motorista estava paralisado de medo, e ainda não tinha dado partida no carro, nem eu fechado a porta. Me lanço para a parte de fora do carro, sendo agarrada pelo cabelo - que doeu muito, para constar. Saio correndo pela avenida silenciosa.

Quando percebo, estou caindo em direção ao chão por ele ter puxado a barra da minha blusa. Perco meus óculos, e não consigo ver mais nada direito, contando que eu sou praticamente cega. Me encolho no chão, mas não sinto nada me tocar. Me viro em direção a onde ele estava, e vejo só uma sombra preta se movimentando freneticamente, me fazendo me arrastar assustada para trás.

Enquanto vejo aquela cena, percebo que e precisava do meu óculos. Começo a tatear o chão, mas não consigo achar nada, além de alguns cascalhos da calçada. Me afasto mais ainda, quando sinto uma mão me levantar e me por de pé.

– Você está bem? - pergunta uma voz masculina bem grossa na verdade, me fazendo praticamente tremer de medo.

– Preciso de meus óculos! - é o que consigo dizer. Pelo menos, eu poderia ver quem ele era. Sinto ele soltar meu braço e se abaixar para pegar algo no chão.

Merda, o meu óculos estava bem embaixo do meu nariz!

Ele me devolve, e quando o limpo e o coloco, percebo que a lente rachou, mas consigo ver um... Um homem vestido todo de preto usando uma capa e uma máscara. Paro de respirar na hora, e me pergunto quem ele era. Ele acena com a cabeça, e se vira e começa a correr em uma diração.

– ESPERA! - grito e ele para e se vira. - Quem é você?

Ele me ignora, e atira em algo o levantando e me deixando sozinha na rua. Depois de alguns segundos tentando assimilar o que aconteceu, eu pego o telefone com a tela também rachada no chão.

"O que aconteceu, Felicity?" pergunta Oliver preocupado assim que coloco o telefone no rosto.

– Temos um novo vigilante na cidade! - digo ainda olhando para a direção para onde aquele cara correu.

"Dois!" diz ele, e eu estremeço. Aquilo estava virando um circo!