Empire State Building, 600º Andar, Monte Olimpo. 26 de Junho de 1993.

Olá Sally,

Eu nunca mandarei esta carta, apenas acho que se escreve-la, me sentirei melhor sobre você, sobre mim, sobre nós, sobre o nosso filho...Sobre tudo.

Eu sei que você sempre soube que eu não ficaria para sempre, deuses são imortais e mesmo que por algum milagre eu pudesse estar com você para sempre, eu iria ver você padecer e morrer, enquanto eu seguiria a minha vida e eu não queria isso. Mas esse não é o principal motivo de eu ir embora, é Zeus, ele diz que eu não posso, que tenho minhas responsabilidades como imortal, que eu estou me tornando...Humano.

Embora eu não queira admitir, ele está certo, cada vez que eu ia te visitar, eu ficava mais tempo e esquecia de minhas obrigações...De minha esposa e de meus outros filhos imortais. Eu sei, você fingia não saber e eu fingia esquecer, mas as vezes era impossível esquecer que eu era casado, principalmente com as constantes intervenções de nossos raros momentos juntos.

Sabe Sally, estar com você foi um erro, te dar um filho foi outro. Deuses não deveriam se apaixonar, é um erro e cada erro nosso cometido, a humanidade é quem paga...Mas o que eu posso fazer quando você é perfeita...Tudo em você me fascina, o seu jeito, seus olhos, sua boca...Você foi um erro, um erro perfeito, que por mim eu sempre cometeria.

Mas a culpa não é sua. A culpa é minha. Eu sabia no que estava me metendo, tenho milhares de anos e embora tenha me apaixonado muitas vezes, você foi a melhor...Mais compreensiva, bonita, inteligente, encantadora, perfeita...E eu nunca esquecerei de nossa história.

E sobre nosso filho...Tenho certeza que um dia que verei-o e provavelmente o que ele sentirá de mim é raiva...Raiva por ter deixado a melhor mulher do mundo sem marido, raiva por deixa-lo sem pai...Mas será melhor assim.

Embora não pareça, a única dor maior que essa, seria a de conviver com vocês dois...E vê-los morrer e ter de enterrá-los...Essa dor eu nunca suportaria.

Eu te amo, Sally.

Poseidon.