Dakota e Lori levaram Tália até a cantina para comprar uma água para a amiga. Sentaram Tália em um dos bancos disponíveis perto do bebedouro.

– Tália você está nos assustando. – Lori diz, ajudando a amiga a sentar-se.

– O que esta sentindo mesmo Tália?

– É como se fosse acontecer alguma coisa, eu não sei ao certo o que, mas é ruim. – Tália respirava pesadamente enquanto Dakota a ajudava segurar a garrafa d’água. Ela estava tremendo muito.

Dakota não queria admitir, mas também sentia alguma coisa, não algo como de Tália, que a fazia tremer ou ficar pálida, mas algo que a fazia sentir um pequeno frio na barriga.

– Isso não dever ser nada - pensou Dakota – Deve ser tudo da cabeça de Tália.

– Você começou a sentir isso do nada?

– Logo depois que eu falei ao Peter que eu iria fazer intercambio eu...

– Espera, você vai fazer intercambio? – pergunta Lori admirada. – Pra onde?

– Inglaterra, eu tenho que mandar a resposta daqui a dois dias e não faço ideia do que fazer.

– Tália, você está tendo uma oportunidade que muitos aqui matariam pra ter. – Dakota diz, apoiando um dos braços na amiga.

– Eu sei, mas eu estou confusa – Tália se levanta e olha para as amigas com as mãos atadas. – Eu tenho vocês, tenho o Peter, não quero me separar dele, não quero que seja aqueles namoros a distancia que as pessoas quase nunca se vêm e que ao longo do tempo tudo o que você viveu se vai, não quero isso pra mim.

Dakota entendia perfeitamente Tália, não que ela já tivesse passado por tal coisa, mas ela tinha certa experiência familiar referente a isso. Sabia como a amiga se sentia.

– Tália eu acho que você deveria pensar nesses dois dias, pensar com calma e tomar uma decisão.

– Estou tentando fazer isso há quase um mês, desde que recebi a proposta.

– Então vamos pensar juntas e ajudar a Tália. –Lori segurou na mão da amiga que estava em pé ainda, balançando-se insegura.

– A questão Lori é o Peter, e eu sei que mesmo a Tália sendo desse jeito, ela ama ele demais.

– Eu sei. – Dakota e Lori olharam para a amiga que mexia na barra da blusa freneticamente tentando ajeita-la, sendo que já estava ajeitada.

As três conversavam sobre a festa, não se importavam de ficar afastadas, o que não era o normal. Dakota era a mais animada e festeira de todos, sempre querendo aprontar alguma e implicando, claro que de brincadeira, com os outros. Muitos se incomodavam com aquilo, mas ela não se importava, Dakota adorava os amigos e tinha um bom gosto musical, bem, no seu ponto de vista.

Dakota então começou a sentir um forte frio na barriga, a sensação que estava evitando pensar, mas agora era inevitável. Dakota não conseguia fingir o que sentia, passou as mãos pelos cabeços e foi ao bebedouro ao lado. Agradeceu por Tália e Lori ainda estarem conversando e não notarem a falta de sua presença. Respirou fundo e pousou as duas mãos sobre a barriga que tremia fortemente.

– O que está acontecendo? – Dakota perguntou para si mesma. – O que há de errado com todos nós?

A pergunta pegou-a de surpresa, Dakota não quis se referir a todos do grupo, apenas a ela.

– Dakota, está tudo bem? – Lori pergunta preocupada.

– Eu não sei eu...

– Dakota, fala pra mim que você está sentindo o mesmo que eu. – Tália parecia desesperada, segurou os ombros de Dakota com tanta força e suplica que a mesma a olhava a amiga assustada.

– Tália, fique calma eu apenas senti...

– Uma sensação ruim, um frio na barriga que dá a sensação que algo muito ruim vai acontecer. – Tália foi soltando Dakota devagar, esperando a mesma dizer alguma coisa.

Mas Dakota apenas olhava confusa para as amigas, por mais que a sensação realmente não fosse boa ela não iria admitir.

– Meninas, acho melhor voltarmos para festa e tentarmos relaxar, vamos voltar e falar com os outros. – Lori propõe tentando fazer com que as amigas não ficassem com estranhamento apenas por causa de uma sensação

– Tudo bem me deixe só... – Dakota antes mesmo de ajeitar seu cabelo sente um tremor que a faz cambalear para o lado, ela olha para Lori e Tália, ambas pareciam assustadas.

– O que foi isso? – Lori pergunta quase gritando. – Tália?

– Eu não sei.

O tremor agora vem mais forte, fazendo tudo à volta sair do lugar, o forte som do impacto do concreto ao chão fazendo as três garotas gritem. Cacos de vidro, vindos das janelas das salas de aula caindo como uma chuva. O céu antes azul agora estava em um nublado obscuro, estranho e mórbido.

– O que vamos fazer? – Lori pergunta ao choro, todas estavam nervosas e não sabiam o que fazer e o tremor cada vez mais forte não as deixavam pensar direito.

Dakota olhou para os lados, as paredes agora com rachaduras extremamente fortes iam até o alto em cima das meninas, ela sabia o que ia acontecer. Quando o tremor veio ela foi mais rápida que o próprio tempo.

– CUIDADO! – e com um grande pulo, Dakota conseguiu fazer com que Lori e Tália se jogassem para longe dos restos do teto que cairiam sobre elas.

– Meu Deus, meu Deus, meu Deus – Tália não parava de repetir freneticamente. – O que vamos fazer?

– Primeiro temos que sair daqui. – Dakota saiu em disparada para fora do que restou da cantina, Lori e Tália vieram mais atrás.

A escola não parecia mais a mesma, a entrada estava com uma enorme cratera no meio, sem contar as pedras e concretos que estavam em volta.

Dakota se mantinha firme, ela não queria voltar a chorar, estava tentando pensar em algo, pois sabia que suas amigas não iriam conseguir. Ela de alguma forma pensou em chegar aos amigos, pois a quadra, aparentemente era a única coisa que parecia ainda intacta.

– Temos que chegar aos outros. – Dakota disse enquanto corria.

– E como iremos salvar-lós, já pensou nisso? – Dakota pensou na pergunta de Lori, e por mais que a amiga estivesse certa, ela só conseguiu responder uma coisa.

– Eles são nossos amigos, iremos dar um jeito.

Então as três correram com todas as forças até o pátio, porque a única coisa que no momento estava na cabeça de Dakota. Seus amigos.