Para além da vida. escrita por Lanhelas


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Se você foi corajoso(a) o suficiente para chegar até aqui, então boa sorte. Hahahaha.



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Já fazia algum tempo que eu não sabia o que era “paz”, muito menos a tal da “felicidade”. Aos poucos tudo ia perdendo a graça, a cor, a vida em si. Eu já não dormia mais e as minhas companhias passavam a ser garrafas de whisky e maços de cigarro – que ao fim do dia sempre estavam acabados.

Não importava mais a forma com que me vestia, se a barba estava por fazer, cabelos desgrenhados. Aliás, que diferença faria, não é mesmo!? Era sobrevivência precisa, nada mais, nada menos. Tudo tão monótono e ao mesmo tempo tão nostálgico e, infelizmente, eu não podia fazer absolutamente nada.

Fazia pouco mais de dois anos em que me encontrava nessa situação tão delicada e constrangedora. Nunca pensei realmente em como seria a “vida” sem a “vida”. Parece um pouco estúpido de falar assim, mas é a realidade de quem cava a sua própria cova. Flashes passam a todo momento em minha mente e, por alguns segundos, sinto que posso ver em frente aos meus olhos, como se tudo estivesse se passando bem ali. Tolice.

Às vezes algumas lágrimas caíam por meu rosto, e meu coração parecia ser esmagado tão fortemente que me faltava o ar. O tudo veio a ser o nada, o meu nada. E as mesmas perguntas sempre tornavam a me atormentar: “Por quê?” “Como pode tudo ter mudado tão rápido?”

Taquei a garrafa mais próxima o mais longe que pude e observei enquanto a mesma espatifava contra a parede e depois ao chão, os cacos de vidros espalhados ali e, nada diminuía a minha dor. Não era possível que esse sofrimento fosse me atormentar assim, pra sempre. Precisava parar.

Olhei para a janela e observei a lua por alguns minutos, estava cheia, brilhando e linda. As estrelas ao seu redor deixavam-na ainda mais bela, iluminando tudo. Lembrei do quanto ela gostava de observar a lua e das suas tentativas frustrantes de tirar fotos da mesma. Sorri de lado, uma lágrima desceu e meu coração mais uma vez se quebrou em mil pedaços.

Tentava entender a todo custo essa habilidade de ter tomado conta de todo e cada pedaço do meu coração, da minha vida, dos meus pensamentos, do meu eu. E, principalmente, essa facilidade de ter ido assim, tão de repente, como se tudo o que vivemos fossem apenas invenções da minha mente perturbada. E, talvez, realmente seja.

Uma ducha quente me ajudou a relaxar um pouco, mais um dia se passara, nenhuma mudança e eu estava prestes a me torturar com pensamentos mórbidos até finalmente cair no sono – caso isso fosse possível. Deitado sobre à cama passei a palma da mão no travesseiro ao lado e puxei-o contra meu rosto, inspirei forte. Ainda tinha seu cheiro gravado ali. Seu aroma doce invadiu minhas narinas e me fez delirar por alguns segundos, tão doce, mas não enjoativo, na medida certa.

Levantei-me rapidamente após um surto de adrenalina, peguei meu telefone. A dor bateu fortemente contra meu peito, junto com o medo e, senti meu coração apertar absurdamente. Eu sabia que não ouviria mais a sua voz, nunca. Abri as fotos, à cada uma que passava meu coração apertava e, ao mesmo tempo, meus lábios tornavam em se moverem formando sorrisos bobos. Sentia sua falta, mais do que tudo.

Deixei meu corpo cair sobre a cama e mais uma vez tudo estava perdido e, de nada adiantava essa minha insistência em observar suas fotos, eu não a veria mais. Nunca mais. Meu coração saltava tão fortemente que pensei por um tempo que teria um infarto, mas nada me ocorreu. Frustrado fiquei alguns segundos lá até que finalmente relaxei.

Naquela noite tudo passava em frente aos meus olhos, correndo em minha mente flashes de tudo que já tínhamos vivido. Vi seu sorriso, a primeira vez que nos vimos, nosso primeiro encontro – e como ela estava linda -, nosso primeiro beijo, a primeira vez que fizemos amor. Foi tudo tão perfeito, como nada havia sido antes em minha vida. Tive certeza, ali, que ela sempre seria a única e que nada faria sentido sem ela, não mais. Suspirei em desgosto. Jamais voltaria a ter aqueles momentos.

Me deixei levar naquele surto, sabia que ela estava ali agora, dentro de mim e que sempre seria assim. Senti que chegava a hora de me encontrar com ela. Sorri de lado, fraco. Estava pronto. Não era mais ali o meu lugar, não sem ela. Fui entrando em um transe e à medida em que isso ia acontecendo, podia vê-la cada vez mais focalizada à minha frente. Tão linda, como da última vez em que a vi.

Um último suspiro foi dado, com ele um último “Eu te amo” e um último batimento em meu coração. Eu estava com ela agora, não importava aonde. E todo o nosso para sempre se concretizava, finalmente, como havíamos prometido. Para além da vida. Minha eterna.


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Notas finais do capítulo

Então, gente... Peguem levem, é a primeira vez que escrevo algo e posto. Quero críticas construtivas, se for possível. Deixem seus comentários sobre o que acharam verdadeiramente. Muito obrigada por ler, beijos!



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