A Invasão escrita por Isadora Nardes


Capítulo 6
Em São Paulo novamente, 13 de maio de 2014.




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Em São Paulo novamente, 13 de maio de 2014.

116 dias desde que isso começou.

Reconheço o cheiro novamente. Estamos em São Paulo. Não mudamos de nave dessa vez;estamos apreensivos.Sentimos, no ar, que algo mudou. É um sentimento que me mata. Eu estou fazendo de tudo para que o vagalume não morra. Eu preciso de uma luz viva.Uma esperança.

Ainda sentimos que alguém chegará. É estranho. Não sabemos quem. Tenho a sensação que será alguém arrogante e inteligente. Alguém que terá um plano. Que sabe mais que nós, que sabe que sabe mais que nós, que vai usar isso. Não sei se vai nos tirar daqui.

Todos esses sentimentos, agora, substituem o vazio.

Não entendo porque voltamos para São Paulo. Eu queria ir para um lugar que eu não soubesse onde é, para eu não me importar, para essa sensação sumir, para eu poder me deixar ir, morrer logo, olhando para o vazio, me tornando parte do vazio, deixando pra sempre minha marca ali. Soa estranho. Mas até um vazio pode deixar sua marca; eu sou a prova disso. Não a prova viva, apenas a prova. Não estou mais vivo; só respirando. Estou respirando? Não tenho certeza; não gosto do cheiro do Tietê, acho que ninguém gosta. Talvez eu viva do ar que acumulei nos meus pulmões depois de anos prendendo a respiração, dentro do armário, fugindo dos gritos de minha mãe.

Oh, merda. Estou me tornando amargo?

Acho que um grande evento faz isso com as pessoas. Elas revivem tudo em sua mente. Talvez tentando encontrar uma maneira de fugir, talvez tentando matar o tédio, ou, pelo menos, amenizá-lo.

Mas o tédio não é amenizável.

O estranho, é que eu não me sinto mais com tédio. O medo passou. Estou angustiado. Quero que essa nova pessoa venha logo. Ela poderá matar a todo nós de uma vez – ou, improvavelmente, salvar-nos.

Não irei atrás de ninguém se sair daqui. Não. Não há ninguém com quem eu queira estar. Ninguém que eu sinta falta. Agora, sinto falta de ar puro. Por que não nos levam para a Amazônia novamente? Por quê?

Ouvi um estalido do lado de fora. Acho que vamos mudar de nave. A porta está se abrindo. Eu vi alguém, um rosto, e


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Notas finais do capítulo

Essa última sentença sem final foi proposital. Entenderão no próximo capítulo.



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