A Invasão escrita por Isadora Nardes


Capítulo 23
Acampamento Militar Americano, 11 de junho de 2015.




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195 dias desde que começou.

É quase meia noite. Todos já foram dormir. Eu não consigo. A única vantagem de estar aqui é que eu tenho um capacete com luz ajustável embutida. Pensei em acordar Rafael, mas é melhor deixá-lo dormir. Ouço os roncos, e digo pra mim mesmo: “Tudo bem. Ele está vivo”.

Mas estar vivo não significa nada. Porque eu estou vivo e aquelas pessoas na gruta também. O índio também está. Minha mãe. Todos estão vivos, mas não por muito tempo. Porque tudo é tão complexo que explicar a dor que me queima por dentro é complicado demais.

Eu sinto que ela está me corroendo. Consumindo-me. Está acabando comigo. Então, eu preciso garantir que todas as coisas que precisam ser feitas sejam feitas antes que não sobre nada mais de mim. Antes que eu me acabe em éons.

Eu estou olhando para o livro de Bárbara. O Senhor dos Anéis. Ele gritar comigo. “Vai me levar de volta ou não? Você tem que levar de volta. Você prometeu”. E eu quase respondo: “Talvez”, Afinal, é uma bela palavra, esse “talvez”. Talvez eu leve Gandalf, Frodo, Sam, Aragorn, e todos os outros em segurança de volta até os braços de Barbara. Eu preciso levar.

É estranho que eu esteja aqui, guardando esse livro e me protegendo, para voltar. Porque estou fazendo isso não só por mim e pelos exilados na gruta. Por Barbara e por todas essas vidas nessas páginas também. Todos esses personagens estão aqui, me acompanhando, me observando e me implorando para voltarem para a gruta. Porque lá eu, Rafael, minha mãe e todos os outros vão estar em segurança.

Eu espero.

É melhor eu dormir. Amanhã preciso fazer uma coisa. Conversar com Peri. Preciso descobrir se estamos falando do mesmo Gabriel. Porque, se estivermos, significa que meu círculo de defesa começa a ficar mais forte. Se todos os brasileiros livres são, agora, exilados, então significa que temos dois infiltrados, trinta e três escondidos e um prisioneiro – que eu vou libertar.

“E os outros 200,4 milhões de pessoas?”, você me pergunta. Bem, do jeito que os americanos atiram incessantemente, eu suponho que sobraram apenas uns 198 milhões. Se tanto. Eu sei que não vou conseguir libertá-los sozinho. São muitas naves em movimento. Muita área. O Brasil inteiro. De norte a sul.

Então, vou por partes.

Começando por aqui.

Tenho que ser organizado. Criar focos de Exilamento. A coisa que dificulta é que, como eu sei que a ação em si é no Sul, aqui é bem longe. Mas isso nunca me impediu. E, mesmo com toda a dor que me queima e tira minha respiração, eu tenho alguma coisa pela qual lutar.

Qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Estou planejando algumas mortes.
Sim, mortes. Não sei se vou matar a Melissa. Acho melhor não. Que tal a Barbara? No final, talvez. Gabriel? Não. Peri? Talvez. Cássia? Com certeza. Rafael? Uma ideia louca e bem iminente...
"E a mãe do Patrick?". Ótima pergunta. Não sei se matar ela é uma boa ideia, mas vamos ter mais capítulos sobre ela.



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