A Invasão escrita por Isadora Nardes


Capítulo 2
Curitiba, 27 de abril de 2015




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Curitiba, 27 de abril de 2015.

Faz 100 dias que a invasão começou.

Nada mudou. Exceto que estamos todos abalados, pois uma garota de seis anos na nossa nave morreu de crise de asma. O corpo dela ainda está aqui. Foi por isso que não escrevi nada por cinco dias. Continuamos em Curitiba. Vão nos manter aqui? Eu acho que tem algo os impedindo de nos tirar daqui. Acho que sei o que é.

Já foi confirmado que existem “rebeldes”. Eu não gosto dessa palavra; soa muito fictício. Não é medo fictício. É medo real. Eu não chamaria de sobreviventes, porque estamos todos vivos, de qualquer maneira. Eu chamaria de exilados; o centro é aqui, ouço mais naves chegando a cada dia, alguma coisa está acontecendo. Estão mandando todos pra cá. Será este o lugar ideal? Se for, este é o turbilhão de acontecimentos, o centro do caos, então, quem está fora, está exilado.

Perguntaram-me porque eu escrevo sobre o que está acontecendo. Eu ainda tenho esperança de que alguém venha nos salvar. E, se eu morrer enquanto isso acontecer, porque eu certamente vou, eu quero que as pessoas saibam como foi. Quero que eles entendam como esses cem dias pareceram durar cem anos. Quero que isso fique na história. Quero que eles saibam o que nós sentimos... Como o mundo realmente foi. Como tudo realmente foi. Sem drama.

Tem um homem aqui que diz que sabe o que está havendo. Eu duvido. Ele passa muito tempo sozinho. Ele apenas diz que só diz o necessário; o que é nada. Ele não sabe. Duvido que saiba que estamos em Curitiba.


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