Every Breaking Wave escrita por Coutclara


Capítulo 7
A Passionate Kid


Notas iniciais do capítulo

Então eu prometi e aqui estou eu. Não tenho muito o que dizer, aproveitem o capítulo beijos!



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Muito tempo. Muito tempo mesmo passando por toda essa tortura.

Ter de aguentar papai com seu humor horrível todas as manhãs, ter de aguentar Rilary se tornar impossível a cada minuto, só mamãe estava ali para me dar forças. Mas eu sentia falta dela, de Savannah.

A menina loirinha que todo dia eu via na aula, mas que não falava comigo que se sentava no balanço todos os dias no intervalo enquanto eu ficava ali do seu lado a espera de qualquer coisa.

Eu me sentia culpado pela morte de Joe Fitz, mas mamãe me dissera para não me sentir assim, jamais.

Eu observava ela ir embora todos os dias com sua mãe, observei ela comemorar seus 5 anos sozinha com sua mãe e seu gatinho branco, enquanto eu não dava atenção a nada mais que fosse meu, só ela me importava.

Eu estava com 6 anos agora e tinha sido afastado de Savannah por papai e Rilary, eu tive de entender o por que de não ter permissão para ser amigo dela.

Papai não gostava da Sav porquê ela o fazia lembrar de Joe, o que era verdade, mas isso não significava que eu não tinha que gostar dela né?

Papai começou a treinar Rilary, ela dava tudo de si todos os dias seguidos, sem parar um minuto, ela só parava quando não podia mais suportar todo o esforço que estava fazendo.

As coisas em casa estavam cada vez piores, papai como chefe dos pacificadores só chegava em casa na hora do toque de recolher quando mandava ser feita mais duas ultimas patrulhas pelo distrito, ele liderava os pacificadores e treinava Rilary, enquanto eu aturava Lacey cada vez mais chata e suas amiguinhas irritantes e meus amigos me perguntando por que eu não ficava mais com eles.

Nos intervalos era o mesmo eu me sentava lá no balanço com ela e esperava, sempre com paciência, sempre com esperança e nisso se foi um ano sem uma única conversa.

Meu pai então começou a me levar para os treinos junto com Rilary, era a mesma rotina de sempre.

Acordar e ser levado pela irmã chata até o colégio, onde seria vigiado de perto por Lacey e suas amiguinhas, nos intervalos me sentaria com Savannah e ficaria ali a fingir que observava todos brincando, mas na verdade estava a observá-la de lado, atento a qualquer expressão dela.

Eu estava com saudades de Savannah e também preocupado, com os treinos de papai, físicos e mentais, eu tinha aprendido a ser mais maduro, eu não tinha mais liberdade para brincar, estava sendo treinado para matar e eu sabia disso, eu podia ver que Sav estava triste e possivelmente em depressão o que me fazia ficar assustado.

Após as aulas papai me buscava e nem dava tempo de ir falar com ela, eu só via seus lindos cabelinhos loiros voarem sobre os ombros enquanto corria até a mãe e depois desaparecendo no caminho para casa enquanto eu seguia para mais um dia de treinamento com papai e Rilary.

Um dia, voltando do treinamento vi uma menininha de camisola e cabelos loiros correr pelas sombras em direção a praia, estranhei pois já passara da hora do toque de recolher e foi estranho pois ela saíra de trás da casa de Savannah, naquela noite não consegui dormir direito com o barulho de Hedwid, a coruja de Rilary, do outro lado da porta fazendo barulho, mas não era exatamente por causa dele e sim por causa da menininha que vira quando estava voltando para casa, consegui dormir já arde da noite.

No dia seguinte não fui à escola, por quê? Era meu aniversário de 7 anos e tudo estava sendo arrumado para minha festa incluindo eu. Deixaram que eu acordasse tarde e então depois do café mamãe mandou uma moça bem vestida que eu não conhecia me carregar até o banheiro e me arrumar.

A moça me deu banho, aparou meus cabelos o que me deixou bem aborrecido, me ajudou a escolher uma roupa legal para a noite e então foi buscar meu almoço.

Depois do almoço, a mesma moça ficou o dia todo comigo em meu quarto, ela brincou comigo, me contou histórias e me falou da Capital e da presidente Sammers.

Quando era 18:00 ela me deu mais um banho que eu achei desnecessário, mas não reclamei, ela me arrumou e penteou meus cabelos fazendo o melhor possível para controlar ele.

Quando estava pronto ela me deixou sozinho em meu quarto e eu me olhei no espelho, estava com uma calça branca e um sapato da mesma cor, uma camisa azul listrada, meu cabelo até que estava legal, sorri no espelho ansioso pra festa, eu tinha conseguido me animar, imaginei ver Savannah na festa e foi o que me tirou do quarto, desci correndo e vi que todos já haviam chegado, as pessoas me parabenizaram e me deram os presentes que mamãe fez o favor de guardar para mim, papai falava com as pessoas como se fosse amigo delas a tempo o que era uma pura falsidade.

Quando já tinha cumprimentado todos e estava com meus amigos a brincar pelo salão procurei por tia Cameron e por Savannah, mas elas não estavam lá, isso me fez ficar triste, mas ignorei.

No final da festa encontrei mamãe no meu quarto arrumando todos os presentes.

– Ei meu amor, o que achou da festa?

– Foi legal mamãe, mas por que Savannah e tia Cameron não vieram? – vi que mamãe se assustou com a pergunta e quando se virou ela me olhava com tristeza, ela pegou em minhas mãos e se sentou comigo na cama, a vi forçar um sorriso e então ela suspirou.

– Meu querido, você sabe como é a relação de seu pai e de Rilary com a Savannah e a Cameron, não sabe? Então, agora entende por que elas não vieram?

– Mas este é o meu aniversário! Meu mamãe, e eu escolho meus amigos.

– Sim meu filho, claro que sim, mas dê um tempo ao seu pai.

– Mais? Já se passaram 3 anos mamãe! 3 anos que eu não posso conversar com a Savannah. – eu estava chorando e gritando agora, a porta se abriu e papai apareceu parecendo com raiva.

– Aldara, vá para o quarto.

– Eu já vou meu amor, só irei arrumar o Jared.

– Jared já é um rapaz, vá agora Aldara, eu já estou indo.

– Boa noite querido. – mamãe beijou minha testa e saiu parecendo ainda mais triste, papai me encarou com raiva.

– Nunca mais diga o nome daquela menina nesta casa Jared. Nunca mais! Estamos entendidos?

– Sim papai. – abaixei a cabeça e funguei.

– Agora seque essas malditas lágrimas e vá dormir. – ele bateu a portar e eu fiquei sozinho. Ao invés de me trocar eu esperei, estava com raiva e não iria mais ficar aqui neste quarto.

Esperei o toque de recolher e observei uma das duas ultimas patrulhas serem feitas, quando as luzes da casa se apagaram deixei meu quarto e passei de fininho pelo corredor, desci as escadas e sai pela porta da frente, corri pela rua deixando a aldeia dos vitoriosos e seguindo para a praia.

Andei pela areia um pouco, até ver o farol se aproximar, algo no final do cais me chamou atenção, uma menina, seus cabelos longos e loiros voavam com o vento da noite estrelada, e sua camisola branca deixava sua pele ainda mais delicada, fui até lá ansioso, eu sabia quem era, andei pelo cais, meus pés fazendo um pouco de barulho e a vi se virar assustada, ela então notou que era eu e sorriu, eu também sorri e me sentei ao seu lado.

– Não devia está se arrumando para dormir? – ela me perguntou e eu sorri ainda mais, sentia falta de sua voz, aquela voz delicada e doce.

– Você não foi na festa. – respondi triste e vi que a tinha tocado, ela também estava pensando nisso, eu sabia.

– Me desculpa, você sabe, seu pai e Rilary não gostam de mim. – ela deu de ombros e então se deitou no chão.

– E daí? – me deitei também ao seu lado, ela pegou em minha mão e suspirou triste. – Você sempre vem aqui. – disse mudando de assunto, eu arrisquei uma afirmação, já sabendo que a menina da noite passada era ela.

– Todos os dias após a patrulha.

– Estou com saudades de você Sav, nós não nos falamos a um ano e estudamos na mesma escola. – vi seus olhos se enxerem de lágrimas e então apertei sua mão..

– Também estou com saudades Jared.

– Você me desculpa?

– Pelo o que?

– Pelo seu pai.

– Mas não foi você Jared, e eu também não estou chateada com o tio Jayden, nem com a Rilary, eu gosto deles, eu sei que não foi por mal.

– Tudo bem então. – abracei ela e ficamos ali por um bom tempo até dar a hora da segunda patrulha e termos de ir.

Depois daquele dia tudo voltou a ficar bem, minha rotina nem era assim mas tão chata, eu ficava ansioso o dia todo para poder sair de casa e ir encontra-la.

Os anos seguintes foram assim até eu fazer 12 anos, faltando uma semana para a colheita Savannah sumiu, seria a minha primeira colheita e eu não teria o apoio dela, ela simplesmente desapareceu e eu não entendi o por que, cogitei pular sua janela de noite, mas ao ouvir seus gritos e choros eu desistia, me sentava debaixo de sua janela e esperava até que ela adormecesse para que eu pudesse ir embora e ter minha própria sessão de pesadelos.

O dia da colheita chegou e a casa estava agitada como sempre, Rilary com toda a sua ignorância preocupada com sua roupa e seu cabelo, papai nem em casa tinha ido e mamãe tentava fingir que não a machucava ver Rilary daquela forma, me tranquei no quarto e me arrumei, coloquei a calça preta que mamãe havia separado, junto com os sapatos sociais pretos e a camisa social rosa clara, dei meu melhor com meu cabelo e passei meu perfume, deixei meu quarto quando Rilary já estava sem paciência de esperar a ponto de me bater e enlouquecer mamãe por aquele dia.

Fomos para a praça o que não foi demorado já que a Aldeia dos Vitoriosos era quase do lado, ao chegarmos mamãe se despediu de nós com lágrimas nos olhos e deixou que nós fossemos para as filas, não olhei para Rilary apenas segui meu caminho e apresentei meu nome para a pacificadora sentada na mesa, depois ela tirou um pouco do meu sangue e eu me juntei aos meninos da minha idade.

A colheita começou e a mulher em cima do pódio começou a falar as mesmas coisas que dizia todos os anos, ela mostrou um vídeo para nós que eu já decorara e fazia graça com os meninos ao meu redor.

Quando terminou batemos palmas e então ela sorteou a garota, por incrível que pareça eu fiquei um pouco aliviado por não ter sido Rilary e então chegou a vez dos rapazes, a mulher colorida sorteou um nome e que por sorte não era o meu.

Ao final da colheita encontrei mamãe com Cameron, procurei por Sav, mas ela desaparecera, Rilary chegou e ignorou Cameron e nos levou para longe, direto para casa.

Naquela noite comemoramos com o distrito enquanto outras duas famílias se trancavam em suas casas para chorar a perda de seus filhos, o que eu achava errado, o distrito deveria prestar solidariedade para as famílias, ficarem felizes por si mesmos, claro, mas não fazer uma grande festa enquanto duas famílias do distrito sofriam, era errado.

Mais uma vez não vi Savannah em lugar nenhum e então resolvi ir dormir.

No dia seguinte na escola ela finalmente apareceu e me abraçou assim que fomos para o intervalo, entendi que ela estava nervosa e com medo por mim, mas pedi que nunca mais ela se afastasse mesmo que estivesse com medo, só que ela não pode me prometer, o que me deixou com medo por ela.

Mais um ano se passou, Savannah completou 12 anos e eu 13, era dia da primeira colheita dela, na semana anterior ela tinha sumido, entrara em uma depressão profunda me deixando nervoso e em pânico, tentei ficar com ela a todo momento o que era quase impossível.

Prometi a mim mesmo que a protegeria, Savannah era sensível demais ela era forte, eu sabia, mas a insegurança a prendia dentro de si e isso a estava fazendo mal.

No dia da colheita tudo ocorreu como de costume, fui para a fila, dei meu nome, a coleta de sangue foi feita e então me juntei aos garotos, a representante, a mesma do ano passado começou a falar seu discurso já decorado e passou o vídeo e então foi o momento do sorteio, fechei a mão em punhos e esperei pelo nome, não fora nem Rilary, nem Savannah, foi a vez dos garotos então e soltei um suspiro de alívio ao ouvir o nome de um garoto que não fosse eu.

No final da colheita procurei por Savannah e ela já não se encontra mais lá, eu sabia aonde acha-la então caminhei de pressa para a praia, cheguei ao cais e a vi lá sentada como de costume, andei pelo cais e ela não se virou, me sentei ao seu lado e então ela se deitou em meu ombro, olhei para o mar e para o horizonte enquanto ouvia sua respiração.

– Ainda têm mais 5 anos.

– E 4 para mim. – suspirei.

– E se eu for sorteada com 18? Você já estará com 19 e não... – eu não queria nem ao menos pensar naquilo, me enchia de medo só de imaginar.

– Você não será sorteada, mas mesmo assim eu irei lhe treinar, meu pai em 2 anos me ensinou muita coisa e farei com que você fique tão forte quanto eu, você saberá se proteger sozinha.

– Estou com medo Jared. – Seco a lágrima que escorre por sua bochecha.

– A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

– Você sabe mesmo me fazer refletir suas palavras.

– Faz parte do meu charme. – Ela ri.

– Se você conseguir fazer uma garota rir, você ganha a capacidade de que ela faça qualquer coisa. – sorri arteiro e encarei aqueles olhos mais lindos que o mar.

– Fala sério Jared!

– Estou falando. Tipo, você vai entrar na água comigo agora.

– O que? Nem pensar, ta gelada!

– A mas vai sim!

Então me levanto e tiro a camisa , já puxando Savannah, mergulhamos juntos e quando voltamos a superfície vejo que ela sorri:

– Você é louco!

– Eu sei. – rimos juntos e então Savannah parece séria de repente.

– O que foi?

– Nada... ahn, vamos para areia? –A idéia não me agrada muito, mas concordo. Nadamos até areia e sentamos ali encharcados, deitamos e começo a falar coisas sem sentindo até perceber que Savannah adormeceu e acabo pensando na vida, nas coisas, e principalmente na garota que está ao meu lado agora.

(...)

Um tempo depois percebo estar abraçado a Savannah, estava tão inerte em meus pensamentos que nem notei estar segurando ela com tanta força, ela estava gelada já e poderia se adoecer por estar molhada e naquele clima frio.

– Savannah? Acorde. – Ela acorda e se senta.

– Você também dormiu?

– Não, depois que você dormiu fiquei pensando, então anoiteceu e resolvi te acordar.

– E eu, bem... não te incomodei? Digo eu estava quase em cima de você.

– Nem tanto, estava começando a ficar frio. – disse pouco me impostando com aquilo, mas vendo que ela ficara sem graça.

– É... frio.

– Jared! – Olho para trás e vejo Rilary me fuzilando com os olhos.

– Estamos te procurando desde cedo.

– Estamos? Quem exatamente?

– Eu e papai claro! E por que você está com uma Fitz?

– Ela é minha amiga. – digo ficando estressado.

– Não importa. Vamos.

– Pra onde?

– Pra casa né Jared.

– Mas eu estou com a Savannah, Rilary.

– Ela sabe se cuidar sozinha, hoje tem a infeliz comemoração das famílias que não tiveram seus filhos sorteados, e a nossa família se encaixa, até porque não estamos livres da colheita ainda, principalmente você!

– Mas...

– Vai Jared. – Savannah me olha com súplica. – Minha casa é aqui perto, e não está assim tão tarde. – Hesito por um momento, mas logo vou. – Pode ir.

– Até amanhã?

– Até. – vou embora com Rilary deixando Savannah para trás me sentindo já com saudades daquela garota que podia me fazer bem com um único sorriso, ou com um único olhar.

–A


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Notas finais do capítulo

Foi isso meus amores, um beijo no core de vocês e até a próxima!
—A



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