Afterlife escrita por Leandro Zapata


Capítulo 44
Paris, a Cidade da Dor


Notas iniciais do capítulo

Hey there, folks

Eu sei, outro capítulo atrasado. Sorry x.x
Eu estava terminando o meu livro e acabei esquecendo na semana passada pela empolgação. Mas aqui está. Espero que gostem.

Até quarta o/



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– A sua espada pode matar os Filhos? - Thais perguntou ao homem de cabelos castanho-claros enquanto passavam pelo hall da casa.

– Não. - Ele respondeu de forma simples. - Mas qualquer ser, mesmo que imortal, demora a se recuperar quando tem sua cabeça cortada.

Thais confirmou uma vez com a cabeça. Era assim que ele sobrevivera naquele lugar infestado: cortava as cabeças. Usando um casacão de inverno, que achava não existir no Paraíso, e que parecia um cobertor que cobria toda sua roupa, os dois saíram da casa.

A primeira coisa que Thais notou quando saiu foi a Harley Davidson parada de frente ao imóvel. Estranhou. Paris estava um pouco longe da posição deles, será que Leonard tinha ido a pé? Não, pouco provável. Mas como ele pode ter ido?

– Ele levou minha scooter! - David reclamou. - Sabe como é difícil encontrar uma daquelas!? Eu juro que se encontrarmos seu amigo, eu mesmo vou cortar sua cabeça!

– Cala a boca. - Thais mandou. - Qual é o plano?

– E você está perguntando pra mim? Você que quer salvá-lo.

– Ok. Meu plano é ir a Paris, achá-lo e trazê-lo de volta. Nesse ínterim, cortar quantas cabeças sua espada permitir.

– Deixe os planos para mim, então. - Ele subiu na moto. - Anda, suba.

Thais subiu sem hesitar, e juntos seguiram para Paris.

– Você precisa mesmo salvar seu amigo? - David perguntou, inseguro.

– Sim, preciso.

– Mas por quê?

– Acho que você sabe. - Retrucou.

– Você o ama.

Thais não respondeu, mas era exatamente isso. Havia muitos mistérios nas leis de memória e proteção do Paraíso. Apesar de estar lá há setenta anos, ainda não entendia direito como as coisas funcionavam. Sabia que o amava; afinal o amor é uma das partes mais importante no pós-vida. Todavia, era a primeira vez que amava outra alma, apesar de saber que isso era possível, pois as pessoas também se casavam no céu - talvez até mesmo com as mesmas pessoas com quem foram casados em suas vidas na Terra, quem sabe? Também sabia que Leonard e ela não se conheceram no mundo dos vivos. Era matematicamente impossível. Se ele aparentava ter dezoito anos e estava morto há alguns dias apenas, significava que morrera com dezoito.

– Ele me salvou. - Ela contou, lembrando o dia que o conhecera. - Ele matou dois Filhos, que com certeza fariam coisas horríveis comigo.

– Deus não permitiria que uma alma sua sofresse assim...

– Não? - Argumentou. - Se ele não quer que as almas sofram, por que não desceu do Trono e veio nos ajudar? Olhe ao seu redor. Várias cidades estão dominadas, esta nevando e frio, e estamos em Guerra. Este lugar deveria ser perfeito.

Thais percebeu que ele ficou chocado e abalado pelas palavras dela. No Paraíso todos adoravam a Deus e não falavam mal do Rei Supremo. E ali estava ela, dizendo que Ele os havia abandonado. Ela queria apenas saber o porquê do aparente desdém dEle.

– Eu não sei dizer por que Ele não veio nos ajudar. Talvez ainda haja uma esperança. Talvez seu amigo seja essa esperança. Se ele realmente é capaz de matar os Filhos, então ele possui algo que nem mesmo os anjos possuem. - Ele disse cabisbaixo enquanto passavam por sob o Arco do Triunfo.

Thais não gostava da ideia de um Deus que, mesmo sendo a existência mais poderosa do universo, não saía de seu Trono para salvar seu povo. Milhares de anjos já haviam deixado de existir e o menor dano foi causado às almas, que voltavam ao Éden após serem destruídas.

O ponto vermelho brilhante no meio de algumas árvores quase passou despercebido aos olhos dela devido aos devaneios.

– Pare! - Gritou; David assustou-se e quase bateu a moto.

– O que foi, mulher? - Disse, irritado.

– Lá! - Ela apontou.

– O que? Não há nada ali.

Thais desceu e correu até o ponto vermelho.

– Onde você está indo!? Volte aqui! É perigoso! Os Filhos podem... - Ele olhava freneticamente para os lados a procura de olhos laranja.

– Não está vendo o ponto vermelho?

– Não tem nada ali.

– Claro que tem!

Thais ajoelhou-se sem quase parar, sujando a calça na grama com neve e lama. Ali estava uma sacola de plástico em que dentro havia dois objetos que ela conhecia muito bem. O sobretudo de Leonard e a espada.

Ele deve ter percebido que a cidade estava infestada e, antes de ser levado, ele escondeu a espada e envolveu-a com o casaco para protegê-la do frio. Týr deve ter feito um feitiço para que Thais, e apenas ela, localiza-se os objetos. Havia um pequeno bilhete dizendo que os feitiços que faziam Leonard lutar tão bem também funcionariam com ela, em outras palavras, era um pedido de socorro.

Ela fitou com tristeza o casaco, mas ao mesmo tempo a raiva em seu coração lhe deu coragem e determinação para levantar e vesti-lo. Leonard tinha razão, usar um sobretudo realmente lhe dava uma sensação incrível, como se você fosse capaz de fazer qualquer coisa.

Um peso extra no bolso do casaco chamou-lhe a atenção. Tirou de dentro dele uma pequena bolsa de pano amarrada por uma corda. Abriu-a e tirou de lá uma maçã faltando um sétimo. Estranhou. Por que ele tinha uma maçã?

– De onde você tirou isso? - David perguntou se aproximando.

– Do casaco. Estava com Leonard.

– Você sabe o que é isso?

– Não... - Ela disse confusa.

– Essa é o Fruto do Conhecimento do Bem e do Mal, também chamado de Fruto Proibido.

Thais arregalou os olhos de surpresa. Por que ele tinha algo assim? Não fazia sentido, mas talvez fizesse. Se ele era capaz de lembrar-se de sua vida na Terra, era por causa daquele Fruto. Então, se ela comesse...

Parou de pensar e, antes que David pudesse reagir, abocanhou o equivalente a um sétimo do Fruto.


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