How to Be Free escrita por Mia Miatzo


Capítulo 7
Part of me


Notas iniciais do capítulo

Para vocês meus queridos, um capítulo especial de aniversário! E de quem seria o aniversário, vocês devem estar se perguntando.
Tambores por favor.
Trrrrrrrrrrrrrrrr...
EU!!! EUZINHA!!! A MINHA MARAVILHOSA PESSOA!!! HOJE É O MEU ANIVERSÁRIO!!!!!!
Então resolvi fazer uma surpresinha para vocês e postar um capítulo extra na semana. (Eu, hein? O aniversário é meu e vocês que ganham presente? Não gostei dessa história não).
Não por acaso (na verdade sim, depois que eu resolvi postar o extra que eu percebi isso) esse é o capítulo em que a Astrid descobre sobre o Banguela! Se minhas informações estão certas (e eu espero que estejam), este é o capítulo mais esperado até agora. E no meu ponto de vista o que eu mais gostei de escrever.
Espero que gostem tanto de lê-lo quanto eu de escrevê-lo.
Boa leitura.
E feliz aniversário pra mim!!!



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– Astrid?

A voz de minha mãe me desperta de meu sono. Acordo agradecida por ter me tirado de outro pesadelo, mas tenho que me beliscar para provar que estou no mundo real.

Ai.

É, parece tudo bem.

O que me leva a outra questão. Eu acabei de ouvir a voz da minha mãe me chamando?

– Astrid? – ela repete.

– Mãe? – pergunto enquanto me levanto e caminho para a porta. Do outro lado vejo uma mulher loira de 1,90m subindo as escadas – Mãe!

Corro para abraçá-la. Não é todo dia que você vê sua mãe voltando dos Portões do Inferno. Ela em retribuição me agarra com tanta força que acho que meus pulmões vão explodir sem ar.

Quando percebeu que estava ficando roxa me soltou e arrumou o elmo nervosa.

– Minha filha, - ela começa – senti tanto a sua falta. Você está tão linda.

– Mãe – reclamo – vocês ficaram fora só duas semanas. Não tem como eu mudar tanto assim em tão pouco tempo. Além do mais, - continuo – eu acabei de acordar. Devo estar com cabelo de espanador e bafo de iaque.

– Mas pra mim você vai ser sempre maravilhosa. Estou tão orgulhosa de você. Minha filha guerreira.

– Orgulhosa pelo quê, mãe? – pergunto curiosa.

– Não está sabendo ainda? Bocão nos disse os nomes dos dois recrutas que enfrentarão o teste de hoje. Parabéns querida!

– Isso é ridículo.

– Como disse?

Percebo que falei em voz alta e tento sair da situação.

– Meu nome sempre esteve na lista dos vencedores.

Sorrio quando ela fala.

– Sempre tive certeza disso. E seu pai também.

Sua mão acaricia minha bochecha quando percebo.

– E onde está o papai?

– Está lá fora conversando com o Hoark e o Ranhento. Nada de mais, só alguns estragos no navio feitos nos Portões do Inferno.

– Acharam alguma coisa?

– Nada. Nem chegamos perto. E assim que passamos a névoa o maior Pesadelo que eu já vi comeu metade do barco.

– É uma pena. Se tivessem achado poderíamos dar um jeito de acabar com essas pragas. – e você e o papai não teriam que arriscar suas vidas para encontrar algo que nem sabemos se existe mesmo, penso, mas guardo para mim mesma.

Minha mãe suspira.

– Bem, não se preocupe com isso. Não foi a primeira vez que isso aconteceu e com certeza não vai ser a última. Agora vá se arrumar, a luta começa daqui a pouco.

– Tudo bem.

Minha mãe beija minha testa e se vira para as escadas, mas antes que desça eu a chamo.

– Mãe?

Ela olha para mim.

– Sim?

Penso no que vou dizer. Chamei-a inesperadamente, mas talvez meus instintos estejam tentando me dizer para contar tudo o que aconteceu ultimamente para ela. E quase o faço se não fosse a lembrança do meu primeiro pesadelo com o Pesadelo Monstruoso, e a voz dela exigindo para que eu escolhesse.

– Nada. Te amo.

– Também te amo. Desça logo para o café.

Assinto e entro no meu quarto novamente. Faço minha rotina habitual, mas com a cabeça nas nuvens. Se há dois dias me dissessem que enfrentaria Soluço na prova decisiva para a final eu teria tempo de pensar em como poderia vencê-lo. Mas sabendo só agora significa que tenho no máximo meia hora para bolar alguma coisa. E sinceramente, eu nunca fui tão boa em planos de última hora quanto Soluço.

A única coisa que posso fazer é dar o máximo de mim e rezar aos deuses que me ajudem tanto quanto tem ajudado ele.

*****

Arrasto-me até a parede mais próxima quando o Gronckle se aproxima. Assim que encosto nela percebo que Soluço está ao meu lado. Ele sorri, mas o advirto:

– Vê se não se mete. Eu vou ganhar essa briga.

Saio rapidamente de lá enquanto ele continua tagarelando. Hoje tem muito mais gente nos assistindo. Incluindo meus pais, Stoico, Gothi, Bocão e todo o resto da aldeia. Se eu vacilar o nome da minha família ficará manchado para sempre. Além da vergonha generalizada pela qual irei passar.

O dragão ruge, mas nem liga para mim na parede de madeira. Olho para ele e percebo que essa é a minha chance.

Salto para a parede mais próxima. Rolo para a do lado. Meu coração está acelerado, quase pulando para fora do peito. Mas é a minha hora.

– Desta vez, - digo para mim mesma – desta vez eu vou ganhar.

Engulo em seco e salto para causar o elemento surpresa.

– Yaaaaah...

E acabou.

O machado quase cai da minha mão quando a plateia começa a aplaudir Soluço, que tenta explicar que não teve a intenção de dopar o Gronckle.

Quando meu cérebro volta a funcionar, minha boca explode:

– Não! Seu filho de troll. Comedor de ratos. Balde de imundice. – não sei nem mais o que estou falando, só sei que balanço meu machado furiosamente para os lados enquanto o xingo de qualquer coisa que venha em minha mente.

Como isso foi acontecer? Como pude deixar que acontecesse? A culpa é toda minha. Não. A culpa é dele. Ele veio com aqueles olhinhos bonitinhos e inofensivos, aquele sorrisinho torto e falsificado, aqueles bracinhos débeis que pareciam não conseguir fazer nada... E bum. Toma na cara sua idiota. Quem mandou se preocupar com ele? Ele sabia o que fazia desde o começo, enganando a todos e melhorando a cada dia para no final tirar a minha glória.

Isso não vai ficar assim. Não vai mesmo. Eu vou descobrir o que é isso.

– É que eu tô atrasado e... – ele começa.

– Pra quê? – ameaço-o com meu machado em sua garganta – Atrasado pra quê? Pode me dizer?

– Muito bem, silêncio. – a voz de Stoico faz todos prestarem atenção e abaixo o meu machado – A anciã decidiu.

É agora. Tem que ser eu. Tem que ser eu. Por favor Odin, tem que ser eu. Thor, Loki, Freya, Odur, Valquírias, me protejam, tem que ser eu.

Bocão coloca o gancho sob minha cabeça e inflo o peito.

A anciã responde negativamente e meu semblante cai, assim como minha boca se abre e a multidão se surpreende. Todos pensavam que era eu.

Quando olho para cima, para o público, vejo minha mãe cobrindo a boca em surpresa e meu pai a acalentando enquanto olham desapontados para mim e saem da plateia.

Bocão aponta para Soluço e a anciã responde sim. O público vai a delírio e Bocão comemora.

– Você venceu Soluço! – ele grita enquanto Soluço olha desapontado para mim e eu retribuo com raiva – Você vai matar um dragão!

Stoico o elogia enquanto os outros o levantam em seus ombros e o aplaudem.

E eu só fico parada.

Sozinha.

*****

A enseada.

O esconderijo perfeito se me permite dizer. Claro que ele se esconderia aqui. Ninguém o perturba, ninguém o encontra, faz perguntas ou briga com ele. É obvio que seria aqui.

Depois que saiu da arena correndo, sem nem mesmo parar para falar com seu pai, eu o segui. Não havia motivos para fazer o contrário. Meus pais não iriam querer me ver mesmo depois de tê-los desapontado. Vou ter de lidar com isso depois. Mas agora tenho que descobrir o que essa peste faz todo dia para sair correndo do treino e voltar melhor ainda no dia seguinte.

Estou atrás de uma pedra perto do lago enquanto ele se aproxima. Quero surpreendê-lo, assim como fez com todos e comigo negativamente.

Ele se abaixa para abrir o cesto que trás em suas costas e tenho minha chance de pular encima da pedra e começo a afiar meu machado com uma pedra.

– Ah! – ele se assusta, bingo, e tropeça numa pedra atrás dele – Que que? É... é... é... é... Que que você tá fazendo aqui?

Largo a pedra e admiro meu trabalho, com o machado e com a surpresa. Finalmente respondo.

– Eu quero saber o que está acontecendo. – apoio o machado e pulo da pedra – Ninguém fica tão bom assim do nada. Ainda mais você. – vou empurrando-o para trás e não sei do que tem mais medo: de mim ou do meu machado – Desembucha logo. Você tá treinando com alguém?

– Treinando? É... eu...

Percebo um tipo estranho de colete e o agarro.

– Será que tem a ver com isto?

– Olha eu sei que parece meio estranho... mas na verdade...

O puxo para o chão quando escuto um barulho entre as árvores. Ele se esborracha e piso encima dele.

– Tá bem, tá bem. – ele diz enquanto se levanta, tento ver o que me chamou a atenção – Já chega de mentiras, né? Eu andei fazendo uns... uns... casacos. Então, cê me pegou né? Tá na hora de todo mundo saber. – ele coloca minha mãe em seu peito e tenta bloquear meu caminho – Pode me levar de volta. Vai. Eu vou lá pagar esse mico. – torço sua mão – Ai. Por que fez isso?

O empurro para o chão e respondo:

– Isso é pelas mentiras. E isso... – solto meu machado em sua barriga e ele reclama – é por todo o resto.

Algo ruge e me assusto. Olho aguçada para a entrada da enseada e vejo algo preto de olhos reptilianos verdes. Um dragão. Um que eu nunca vi na vida.

Prendo o ar.

– Pro chão! – e o empurro de volta ao solo.

A besta vem em nossa direção e tentos protegê-lo.

– Corre! Corre!

O animal pula em minha direção e Soluço astutamente agarra meu machado e o atira para o lado, me jogando no chão junto a ele.

Penso por um milissegundo em quão corajoso ou estúpido ele é antes de perceber que ele está entre mim e a fera tentando proteger os dois ao mesmo tempo.

– Calma. Calma. - ele se dirige ao dragão – Ela é amiga.

O monstro acalma-se enquanto me levanto, mas continua rosnando pra mim mesmo quando Soluço coloca a mão em sua cabeça e o contém.

– Você assustou ele. – ele diz pra mim.

Eu assustei ele? – pergunto, como se fosse a coisa mais ridícula do mundo a se dizer – Quem é ele?

– Ah. – ele solta o dragão, isso não me anima – Astrid, Banguela. Banguela, Astrid.

O bicho solta um rosnado e percebo que ele está tão feliz em me conhecer quanto eu a ele.

Um último pensamento passa pela minha cabeça quando nego o que vi e me viro para voltar à aldeia.

Você está tão frito.


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Notas finais do capítulo

Ta dás! Por favor, não me odeiem, mas eu tinha que deixar esse suspense no ar, senão não teria graça para o próximo capítulo.
Além do mais, quero colocar a “voltinha” da Astrid no Banguela e o descobrimento do Morte Rubra tudo junto num só capítulo. Então sejam bons leitores e sejam pacientes. Só mais quatro dias pessoal e prometo que o próximo vai ser de matar. (Entenderam? Matar? Porque o Morte Rubra mata os dragões que não o obedecem e... Ah, deixa pra lá).
Ah, outra coisa. Recebi duas recomendações maravilhosas que alegraram o meu dia. Sério LaviniaHicstrid e Ivy Gold, vocês duas me deram o melhor presente de aniversário que eu nunca exigi de vocês (e de aniversário porque eu só vi hoje). Muito obrigada mesmo por me incentivarem tanto. Tudo de bom pra vocês. (ouvi Happy duas vezes depois de ler porque não conseguia me conter e cantei junto tão alto que até a vizinha foi ver o que estava acontecendo. Juro é sério)
Bom, então é isso. Espero que tenham gostado e aquele mesmo blá-blá-blá de sempre.
Curtidas? Favoritos? Seguidores?
Vamos dar um up nessa história galera.
Beijos e até a próxima semana.
Mia