“É preciso ter coragem para ser mulher nesse mundo.

Para viver como uma,

Para escrever sobre elas”

- Anônima

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Não Somos

Bonecas De Porcelana

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Garotas. Conceitos diferentes de garotos. Alguns com gostos iguais a eles, mas nunca iguais a eles. Nós nos entregamos fácil? Às vezes. Não somos todas que nos entregamos. Algumas de nós dedicamos nossa vida a castidade, a ajuda para com os outros, e outras de nós vive no completo mundo da falta de pudor, vivendo nas ruas, na prostituição. Mas todas somos batalhadoras. Todas lutamos dia a dia por um futuro melhor. Não somos delicadas.

Não somos as suas bonecas de porcelana.

Desde a infância temos a concepção de que garotas devem ser meigas e delicadas. Devemos amar as bonecas de porcelana, desejar a beleza de Marylin Monroe, Audrey Hepburn, Princesa Diana, entre outras celebridades. Nunca desejei a beleza delas, pelo contrário. Sempre achei que a beleza das mesmas era única e incomparável. Quem não admira a beleza de Marylin? Quem não ama os filmes da Audrey? Que não gostava de ver a elegância de Lady Di no palácio de Buckinghan? São todas inesquecíveis, com certeza. Exemplos de beleza enquanto vivas, exemplos admiráveis de elegância, exemplos de que nem as mulheres mais belas resistem ao choro algumas vezes, mas nunca a porcelana. Nunca fomos e nunca seremos bonecas de porcelana. Por que esse preconceito para conosco? Por quê?

Hoje ainda temos a quem admirar, só que não são belezas como as antigas. Temos Beyoncé, feminista, musa de diversas pessoas, simplesmente uma das mulheres mais adoradas do mundo. Temos Rihanna, que depois do Chris Brown, se revelou que não é porcelana. Não é, nunca será. Ela se ergueu, sacudiu a poeira, e agora ela está no completo brilho, e ele apagado, brilhando e sumindo como pisca-pisca de árvore de natal. Pior ainda que pisca-pisca. Temos também Katy Perry, outra prova viva de que não somos de porcelana. Com o pedido de divórcio mandado por SMS antes de um show, ela subiu no palco e brilhou, logo depois emocionada com o coro “KATY, EU TE AMO!”, dos fãs.

Nós batalhamos, nós lutamos, nós nos erguemos de cada queda e chegamos ao topo. Nós somos fortes, droga. Nós amadurecemos mais rápido, nós guardamos mais nossas amizades. Nós também choramos, mas quem não chora. A vida é dura, sim. A sociedade é machista, sim.

Temos o preconceito relatado em tudo. Esta semana mesmo ouvi na rua um homem falando isso:

“Cara, vamos, nós não somos mulheres, não vamos ser estupradas. Elas que vão, esse é o problema delas!”.

O problema é nosso?! E o governo?! Vocês já viram quem é a pessoa que está no topo do Palácio do Planalto?! É um homem?! Quem é?!

Uma mulher está no topo do Palácio do Planalto.

Dilma Rouseff, a primeira presidente do Brasil, já a caminho do seu segundo mandato. Sei que ela não é certinha, que tem muita corrupção em seu governo, mas é uma mulher! Ela enfrentou a ditadura, sofreu nela, e cá está, como presidente.

E a sociedade brasileira ainda é repleta de machismo e preconceito. Não só para com a mulher, mas também para com a comunidade LGBT, que vive com medo, na descriminação descarada, sendo agredidos, mortos, só que isso as emissoras não mostram, e sim shows anuais do Roberto Carlos, que é um porre, novelas repletas de clichês, entre outras coisas mais.

Mulher também fala palavrão, também bebe, também curte, também ama, também sofre, mas sempre nos erguemos, nunca abaixamos a cabeça, às vezes levamos desaforo, mas nunca esquecemos, e também às vezes não ligamos, pois o mundo dá muitas, muitas voltas, e a vida se encarrega de castigar por nós, e ela faz isso da pior forma possível. Temos memória boa, gosto melhor ainda, temos os e as nossos e nossas confidentes. Temos tudo o que precisamos.

Às vezes nem precisamos de homens. Nós sabemos nos portar, somos superiores em vários modos.

Somos sensuais, somos belas, somos amigas, somos talentosas, somos sinceras, brilhamos, sabemos quando é a nossa hora de ergue a voz, temos certeza de que o filho é nosso, somos mais sensíveis que os homens, mas fazemos melhores os barracos. Acho que a única coisa que realmente detestamos é o que ocorre conosco uma vez por mês, vulgo cólicas infernais, lendo-se menstruação. Só Deus sabe o quanto é horrível.

Enfim, somos muito diferente uma das outras tanto quanto somos iguais. Toda mulher tem suas dúvidas, assim como tem suas certezas. Temos nossas tristezas e as descontamos de vários modos: cortando os pulsos, comendo sem parar, sendo rancorosa, maltratando quem está próximo, et cetera. Nós passamos por cima de todos os problemas com um sorriso no rosto e logo esquecemos o passado.

Aguentamos os desaforos de maridos estressados, os atrasos de namorados, aguardamos pacientemente o cara de quem gostamos responder, sem nunca esquecer quem é mais importante para nós. Ouvimos os desabafos das amigas e as ajudamos, rimos com as mesmas, assim como chegará à hora em que ela irá nos ouvir e nos ajudar, assim como fizemos com elas. Nós as amamos realmente.

Mas, além de tudo, temos amor próprio e não desabamos com qualquer comentário, pois não somos bonecas de porcelana, assim como quem vos fala não é uma mulher...

“FEMINISTA – A pessoa que acredita igualdade social, política e econômica entre os sexos”.

- Flawless, Beyoncé.