Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 142
A sogra


Notas iniciais do capítulo

Boa semana aos leitores!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/578641/chapter/142

– Fala logo Melanie – pediu Carly, impaciente.

– O Julgador que deu o direito de visita pro August é tio dele! - informou Melanie.

– Agora entendi tudo. Assim fica fácil – comentou Sam.

– Eu já entrei com um pedido para que se declare o Julgador suspeito e para que a decisão seja cassada. Além disso, pedi para ouvirem o Cris antes do julgamento final.

– Não sei se é boa ideia, isso pode traumatizar o meu filho – falou Carly, preocupada.

– Cris já é um rapaizinho e a palavra dele vai ter relevância pros magistrados. É só ele contar o que August disse a ele no passeio que esse canalha não vai nunca mais poder chegar perto do Cris – explicou Melanie.

– Eu vou conversar com ele e ver se ele aceita sem problemas. A cabecinha dele já anda muito confusa, não quero que ele tenha mais problemas ou se envolva ainda mais nessa situação estressante – decidiu Carly.

Cris jovava vídeo-game na sala com Isabelle, quando Carly desceu.

– Filho, será que podemos conversar um minuto?

– Claro, mamãe – falou o menino entregando o controle para que Mabel assumisse seu lugar no jogo.

– Salvo pelo gongo né Cris? Tava perdendo e deu um jeito de cair fora – zombou Isabelle.

– Só você acha graça das suas piadas Belinha – respondeu o garoto.

– Você já é uma piada garoto.

Cris ignorou e acompanhou a mãe até o seu quarto.

– Filho, a Melanie disse que talvez seja bom você ser ouvido pelos magistrados no julgamento da sua guarda, que você poderia contar a eles como foi o seu passeio com o August e dizer se quer ficar com ele ou comigo...

– É claro que eu quero ficar com você mamãe.

– Então não se importa de ir ao Tribunal?

– Não, eu quero ir.

Quando Carly voltou pra sala mal acreditou ao ver uma pessoa no local:

– Papai?!

– Em carne e osso e cheio de saudade da miha xereta – falou Coronel Shay, sorridente.

Carly correu e abraçou o pai.

– Sinto muito por não ter vindo antes. Eu não podia saber que minha neta já tinha nascido.

– Ela nasceu prematura. Spencer disse que tentou te avisar, mas estava incomunicável num submarino.

– Só recebi a mensagem quando voltei à terra firme. Liguei para o Spencer e ele me disse que você quase morreu. Larguei tudo por lá e vim correndo pra ver como está e conhecer a minha netinha.

– Eu estou muito bem, ainda de resguardo, mas o pior já passou. Venha conhecer a minha filha – disse Carly, puxando o pai pela mão, ambos subindo as escadas.

Gibby dava banho na pequena, quando a esposa entrou com o sogro.

– Essa gatinha molhada é a minha Sophie – apresentou Carly com orgulho.

– Coisinha linda do vovô! Ela é igualzinha a você quando nasceu filha – disse Coronel Shay todo bobo – Sabe dar banho direito nela rapaz? - perguntou ao genro.

– Sei, sim senhor. Eu dava banho na minha filha mais velha quando era recém-nascida, a Mabel.

– O Gibby leva muito jeito, eu tenho medo de machucá-la, de afogá-la, por isso deixo ele fazer isso – justificou Carly.

Assim que Gibby vestiu a filha, entregou para Coronel Shay segurar. Ele falou, enquanto fitava a neta, encantado:

– Sabe filha, depois de saber que você sofreu tanto para ter essa princesinha e que eu só fiquei sabendo depois, que eu sempre fico sabendo depois das coisas que acontecem com você... pensar que você poderia ter morrido sem que eu soubesse...

– Pai, isso já passou, eu não morri.

– Decidi que está na hora de ir pra reserva. Já honrei minha pátria e minha farda por muitos anos, está na hora de dar atenção à minha família. Eu perdi tanta coisa da sua infância, mas, agora, posso ver minha netinha crescer. Só sirvo aos Estados Unidos da América até o final desse ano.

– Sério pai?! Que coisa boa! - comemorou Carly, contente.

No dia seguinte, Sam chegou em casa após mais um dia de trabalho e se assustou ao abrir a porta:

– Eu entrei no apartamento errado?!

Marissa apareceu:

– Boa tarde Samantha! Gostou? Dei uma melhoradinha na sua sala, fiz o que pude pra deixar menos pior.

– Quem te deu o direito de mudar os meus móveis de lugar?

– Eu te fiz um favor, sua mal agradecida. Costela me ajudou.

Só então Sam percebeu Costela tentando se esconder no corredor, que disse:

– Fica calminha Sam, eu só cumpri ordens.

– Então cumpra as minhas ordens! Coloque tudo de volta como estava antes! Essa casa ainda é minha e ninguém mexe nos meus móveis sem a minha permissão.

– Sim senhora – disse Costela, tentando mover o sofá.

– Pare agora Costela! Os móveis ficam onde estão! - determinou Marissa, autoritária.

Costela largou o sofá, abriu a porta e saiu correndo.

– Eu mesma posso fazer isso – disse Sam, empurrando o sofá.

Marissa colocou-se na outra ponta, impedindo a nora de prosseguir.

– Saia Senhora Benson ou vou machucá-la.

– Faça isso e o Freddie larga você de uma vez.

Sam soltou o sofá e encarou a sogra:

– Por que a senhora me odeia tanto? O que foi que eu te fiz?

– Nunca achei que fosse mulher para o meu filho.

– Sei disso, mas estou casada com o seu filho há quase uma década. Não era mais a fácil a senhora se conformar de uma vez?

– Sam, eu criei o meu filho com dificuldade... - falou Marissa, sentando-se no sofá – Sonhei em vê-lo formado com um bom emprego, rico antes dos 30 anos, então, quando ele entrou na faculdade que sempre quis você engravidou! Ele passou anos como um simples gerente da Pera Store quando ele podia e merecia muito mais. Você arruinou a vida dele com a sua falta de juízo. Eu sempre soube que iria fazer isso, porque sempre foi uma moleca inconsequente. Quando descobri a paixão adolescente do meu filho por você tive a certeza de que o levaria para o mau caminho, sabia que iria arruiná-lo. Fiquei muito aliviada quando você foi embora pra Los Angeles, mas, minha alegria durou pouco quando Gibby me contou que tinha parido uma filha do meu filho.

– Eu também não queria ter ficado grávida tão cedo. Eu nem queria que o Freddie soubesse do nascimento da nossa filha. Como a senhora eu sempre torci pelo futuro nerd dele e em momento algum tive a intenção de levá-lo para o mau caminho. As coisas podem ter se complicado sim por termos sido pais tão jovens, mas a vida vai entrando nos trilhos. Freddie é estagiário da Microsoft agora e tenho certeza que vai ser contratado assim que se formar. Ele ainda tem um futuro pela frente.

– Se você não atrapalhar de novo. Ainda me lembro quando meu filho retomou o curso e, então, você engravidou dos gêmeos.

– A senhora sabe que Freddie fez vasectomia, não teremos mais filhos.

– Você vai dar outro jeito de arruinar tudo, você sempre dá. Ainda me lembro quando detonou a inscrição dele para o acampamento de pesquisa e desenvolvimento de eletrônicos.

– Isso faz muito tempo...

Freddie chegou do estágio e sentiu o clima:

– O que tá rolando aqui?

– Nada, tentei melhorar a decoração da sala de vocês, mas sua esposa prefere manter do jeito horroroso que estava antes – respondeu Marissa, indo para o quarto de Isabelle, onde estava hospedada.

Naquela noite, Sam ficou pensativa e não tinha dormindo ainda quando Freddie chegou da faculdade.

– Ainda acordada amor?

– Sem sono.

– Preocupada?

– O que você acha?

– Brigou com a minha mãe de novo?

– Ela me odeia.

– Pare de repetir isso, não é verdade.

– É verdade. Sabe o que ela me disse?

– Não.

– Que eu atrapalho a sua vida. Você acha que eu atrapalho a sua vida?

– É claro que não, amor. Deixa de ser boba, não sei viver sem você – disse Freddie, sentando-se na cama ao lado dela e beijando-a.

O beijo dos dois já estava se intensificando e a mão direito de Freddie acariciava a perna de Sam, levantando a camisola, quando Marissa entrou no quarto gritando:

– Socorro!

Sam e Freddie separaram-se rapidamente, constrangidos.

– Entrou uma barata voadora no quarto! Precisa matá-la Freddie! - disse Marissa, histérica.

Isabelle apareceu:

– Eu já matei, vovó.

Sam falou:

– Não pode invadir o nosso quarto desse jeito!

– O que não pode é ter barata nesse apartamento. Sinal que você não cuida da limpeza. Esse lugar é insalubre. Um perigo para a saúde do meu filho e dos meus netos. É um porca mesmo – disse Marissa.

– Do que a senhora me chamou?

Freddie colocou-se entre Marissa e Sam:

– Chega! Está tarde, melhor ir todo mundo dormir!

Marissa encarou Sam pela última vez e voltou para o quarto com Isabelle.

Antes que Sam abrisse a boca pra reclamar, Freddie falou:

– Vamos dormir, estou cansado.

No dia seguinte, Sam trabalhava no “Gibby's” preparando o prato de mais um cliente. Gibby falou:

– Sam, por que está colocando pimentão no lugar dos tomates?

– Porque sim.

– Mas e se o cliente não gostar de pimentão.

– Azar do cliente.

– Sam, nosso restaurante não para de crescer porque os clientes estão satisfeitos, não podemos vacilar.

– Então termina você. Eu tô estressada, nem percebi que não eram tomates.

– Eu que deveria estar de mau humor. Não durmo direito há dias. Sophie acorda várias vezes no meio da madrugada.

– Melhor ser incomodado por uma criança do que por uma sogra.

– Já tentou parar de revidar as provocações da sua sogra? Talvez ela só queria briga mesmo.

– Desde quando você pensa baleia?

– Vou tentar não levar pro lado pessoal. Tenho o prato de um cliente pra fazer – disse Gibby, afastando-se.

Sam chegou em casa naquela noite, trazendo Eddie e Nick do colégio, e encontou Marissa assistindo missa na televisão.

A loira ia falar que detestava essa programação, mas se segurou, perguntando apenas:

– Cadê a minha filha?

– Assistindo aquelas séries sem sentido na TV a cabo. Você deveria estimular sua filha a assistir programas mais inteligentes e educativos em vez de permitir que ela fique rindo desses besterois.

Sam ignorou e disse, simplesmente:

– Vou esquentar a comida que trouxe do restaurante.

– Comida requentada não presta.

– Meus filhos estão acostumados assim. Mas, nada impede que a senhora faça do jeito que gosta – falou, indo para a cozinha.

A loira tirava um prato do microondas, quando sentiu alguém abraçando a sua cintura por trás.

– Ai nerd! - dando tapas no braço do marido – Quer me matar de susto? Eu poderia ter derrubado a comida no chão.

– Tenho certeza que você salvaria a comida – zombou ele, “roubando” um beijinho dela – Tudo certo por aqui?

– Por que não estaria?

– Tá bom... - falou Freddie, desconfiado.

Durante o jantar, Isabelle repetiu a comida e Marissa falou:

– Já é quase uma mocinha Isabelle, tem que aprender a comer menos como uma dama.

– Não quero ser uma dama, só quero ser feliz e, pra mim, a felicidade está na comida – explicou a pequena colocando uma grande garfada na boca – Delícia – de boca cheia.

– E não fale e boca cheia! - alertou Marissa – Sam, você não dá educação a sua filha? Que pergunta a minha, você não tem educação nem para você.

Sam se calou e foi a vez de Freddie falar:

– A senhora não precisa falar assim com a Sam. Ela é uma boa mãe e já disse várias vezes à Belinha que é feio falar de boca cheia, acontece que ela é criança.

O silêncio dominou o jantar até o final. Freddie começou a recolher a louça para lavar.

– Você não tem que lavar a louça filho, é dever da sua mulher – disse Marissa.

– Eu não me importo em ajudá-la, na verdade, é meu dever também – respondeu Freddie.

Logo depois, Freddie foi se arrumar para a faculdade. Pegou sua mochila e despediu-se da família, de Sam com um beijo nos lábios.

Marissa falou:

– Deveriam ter mais pudor e não ter demonstrações de afeto na frente dos filhos.

– A senhora não se preocupa em beijar o seu namorado na minha frente – oservou Freddie, saindo.

Mais tarde, Sam brincava com Eddie e Nick no quarto dos meninos. Ela contava a história da “Chapeuzinho Vermelho e do Lobo Mau” com um fantoche de lobo. Os meninos riam, enquanto ela perguntava:

– Pra que esses olhos tão grandes?

– Pra te enxergar melhor – respondeu Nicolas.

– E pra que esse nariz tão grande?

– Pra te cheirar melhor – respondeu Eddie.

– E pra que essa boca tão grande? É pra te comer! - fazendo cócegas nas barrigas dos gêmeos com o fantoche e arrancando risadas dos meninos.

Marissa olhava a cena através da porta. Isabelle passou pela avó e disse:

– É falta de educação ouvir atrás da porta.

– Eu não estava ouvindo atrás da porta, só passando – justificou a senhora indo para a sala.

Isabelle entrou no quarto:

– Mamãe, meu cabelo tá embaraçado, pode me ajudar?

– Claro, vem cá.

A menina sentou-se na cama e Sam pegou o pente da mão dela, desfazendo os nós com cuidado. Marissa voltou a olhar atrás da porta.

– Já fez os seus deveres? - perguntou Sam à filha.

– Fiz sim.

– Tem certeza?

– Tenho. Quer ver?

– Não, confio em você.

Na sequência, Sam acomodou os gêmeos na cama, colocando-os para dormir e fez o mesmo com Isabelle, levando a menina para o quarto dela.

Ela estava indo para a sua suite quando a sogra a abordou no corredor:

– Devo admitir que você é boa mãe Sam. Reze para que tanta dedicação não seja em vão.

– O que está dizendo?

– Pode ser que seus filhos arrumem esposas que não gostam de você e que sua filha arrume um marido que também não goste. Então, no dia que eles tiverem que decidir entre o companheiro e a mãe, vão preferir o companheiro e tudo o que você fez por eles terá sido em vão.

– Eu já entendi qual é o problema da senhora. Tem raiva de mim porque pensa que eu roubei o amor do seu filho. A senhora está enganada. São amores diferentes. Eu nunca poderei ocupar o seu lugar na vida do Freddie e nem a senhora poderá ocupar o meu lugar na vida dele.

Marissa não teve resposta e Sam desejou:

– Boa noite.

Depois disso, Marissa demonstrou um interesse maior de que seu apartamento ficasse pronto logo e parou de implicar com a obra executada pelos pedreiros.

Chegou o dia do julgamento. Carly e Cris estavam apreensivos. Melanie estava ansiosa para colocar toda a sua defesa preparada em ação. August estava certo da vitória e ria debochado na companhia do advogado.

Os três magistrados que julgariam o recurso de August entraram no Tribunal e sentaram-se, anunciando o início da sustentação oral das defesas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foto da sala de estar da família Puckett Benson: http://blogs.ne10.uol.com.br/social1/files/2014/09/sala-retr%C3%B4.jpg