No capítulo anterior...

– O que foi? Rafael eu vou dizer o que foi. Você é um hipócrita que não mede as consequências de seus atos. Apenas quero que você veja o que acontece a sua volta e espero que não continue sendo esse Rafael Worthy.

– Bom... Se você pensa assim, não posso mudar sua cabeça. E se meu jeito de te tratar bem e a minha forma de ser não são bons o suficiente para você, me desculpe Clrack, mas eu não vou mudar por ninguém.

Assim que acordei, fui ao banheiro fazer minhas necessidades e olhar meu “estado”. Quando me olho, vejo uma garota normal, sem graça, sem vida... agora com olheiras e o rosto um pouco inchado. Sim eu passei a noite chorando, sim, por causa do Worthy.

Eu sei que eu não devia ter falado aquilo para ele, mas... eu estava estressada e não pensei. Tudo isso por um ciúme besta. Me sinto muito mal, mas não vou pedir desculpas... sou orgulhosa demais para isso. E afinal, tinha um pouco de verdade em tudo que eu falei.

Ainda lembro do que ele disse, quase com lágrimas nos olhos (não, no nariz ¬¬) “Antes de me julgar e ter falado tudo isso para mim, devia saber de tudo o que eu passei, tudo que eu vivi”. O que aconteceu com o Rafael? Eu poderia falar com ele agora, mas essa é uma das desvantagens de brigar com ele.

Depois de um banho, coloquei uma roupa, fiz um coque desajeitado, coloquei meus óculos (não, eu não preciso usar eles sempre. Se eu quisesse nem usava, mas eu gosto e o grau é fraquinho então nem faz diferença) e desci. Assim que chego no último degrau, vejo o Worthy fazendo panquecas.

Milagre! Ele acordando cedo! Ok, mas e agora? Eu não vou para a cozinha de jeito nenhum e nem para a sala, onde ele estava antes. Então lembrei que estava usando meus óculos! Fui direto para o ex. quarto de hóspedes que agora é a biblioteca e sentei em uma das almofadas enormes que tinham lá, pegando o primeiro livro que eu achei.

Eu já tinha lido umas 300 vezes esse livro, então nem prestei atenção. Apenas olhava para as páginas folheando-as enquanto o tempo passava. Até que sinto uma respiração em meu pescoço e me viro. Rafael olhava para mim com os olhos vermelhos e olheiras fundas. Não fui a única que passou a noite em claro.

– Por que não foi pra cozinha? – Ele perguntou com a voz rouca me fazendo estremecer por um momento – Não me diga que queria vir pra biblioteca, eu não sou burro. E o livro está de cabeça-pra-baixo – Agora que notei esse detalhe. Pensei no que responder, mas eu simplesmente não sabia o que dizer.

– Eu não queria te atrapalhar. Achei que não quisesse minha presença por perto, então eu vim pra cá. — Respondi.

– Eu não quero que me evite. Sim, nós brigamos ontem, mas não quero que as coisas sejam assim. Se eu tiver na cozinha e você quiser ir, pode ir na hora que quiser. O apartamento é seu também.

– Certo... então está tudo bem entre agente? – Perguntei com medo da resposta.

– Olha... eu não queria dizer isso mas, eu realmente fiquei com muita raiva ontem. Acho melhor agente parar para pensar um pouco. Só por que eu acabei de falar com você... não quer dizer que tudo está um mar de rosas. E se quiser, tem panquecas.

Com isso ele saiu. Senti algumas lágrimas escorrendo pelo meu rosto e sem perceber já estava chorando. Fiquei chorando por um tempo até que adormeci.

Estava andando pelas ruas de Nova Iorque em um dia chuvoso. Senti que alguém estava me seguindo e decidi aumentar a velocidade. Quanto mais rápido eu andava, mais rápido a pessoa se aproximava.

Decidi correr, tropecei algumas vezes até que bati em um muro bem alto. Droga! Agora vou morrer, sim, é meu fim. Olhei para trás, quando um homem alto e forte para na minha frente.

– Você é a filha dele! Você é Clarck! VOCÊ TEM QUE PAGAR!

Vi ele pegando uma arma e apontando pra minha cabeça, puxou o gatilho e eu só esperava a dor vir.

“Eu me sentia um passarinho, estava voando tranquilamente até que bato numa árvore e acabo caindo em várias folhas. Na minha frente, uma águia, pronta pra me levar até um lugar alto e me dar de comida pros seus filhotes, ou virar o seu próprio jantar. Mas um pássaro de penas coloridas e longas, aparece e joga a águia no chão”.

Eu estava preparada pra sentir a dor e dar adeus a essa vida, quando ele aparece. E me salva. Dando um soco no homem, que caiu desmaiado. Ele perguntou se eu estava bem e afirmei. Senti seus braços fortes me segurarem e....

– Jullia? Jullia! Acorda Ju! Ei! – Abro os olhos lentamente e vejo o Erik me olhando. Espera, o Erik?

– Erik? O que faz aqui? E por que me acordou?

– Desculpa, mas eu vim te chamar para sair, sei lá. E você estava tendo um pesadelo.

– Ah claro. O pedido ainda está valendo?

– Se você quiser...

– Claro! Vou só me arrumar ok?

– Ok, te espero na sala.

Corro para o banheiro e tomo um banho rápido. E agora? Com que roupa eu vou? Pareço a Camila, mas ela só fica assim quando vai para encontros e.... ISSO É UM ENCONTRO? Ai meu deus. Calma, Jullia você não é assim. Use o que você usaria em um dia normal.

Então acabei colocando uma saia jeans clara, uma blusa azul marinho, bolsa branca e uma sandália branca. Coloquei um lápis de olho preto e rímel pra destacar um pouco meus olhos. Um batom clarinho e pronto! O cabelo está ótimo já que eu dormi com um coque ele ficou com ondas nas pontas.

– Estou pronta, vamos – Desço e vejo as duas princesas dançando no meu sofá, na verdade elas estavam jogando vídeo game, mas tudo bem. – Erik?

– Ah oi Ju eu só estava jogando... uau! Você está... Linda Ju.

– Obrigada.

– Bom, linda você já é, mas agora ficou mais. – Vi que o Worthy saiu com cara feia. Nem ligo, ele que quer assim. – Exagerei? Desculpa, queria testar uma hipótese

– Qual?

– Nenhuma, vamos?

– Claro!

Entramos no carro dele e ele me levou para um restaurante perto da praia, que dava um ar mais alegre.

Quando uma garçonete passou, pedimos uma salada de folhas e uma jarra de suco de laranja.

– Sabe Ju, eu acho que estou aceitando o fato da Bia namorar o Rodrigo, tenho que partir para outra, certo? — Perguntou, suspirando.

– Claro Erik! Isso é muito bom. — Não estou gostando do rumo da conversa. Apenas dei um sorriso falso e olhei para o lado.

– E eu acho que uma garota me fez esquecer ela. — Continuou olhando pra mim, com a expressão séria.

–Dizem que apenas um amor maior que o anterior pode cobrir as cicatrizes do coração.

– Sim... eu gosto bastante dela. — Queria pedir para você não olhar pra mim.

– Conta para ela! Ela gosta de você? — Vamos atuar um pouco, as vezes é bom.

– Eu não posso ainda. E não, acho que ela gosta de outra pessoa.

– Que pena, mas você é incrível Erik! Qual quer uma poderia se apaixonar por você. Fica tranquilo! — E era verdade, ele era o tipo de cara que qualquer garota espera conhecer. Inteligente, educado, sincero, divertido..., mas eu não quero isso.

– Eu espero... — Suspirou.

– Aqui senhores – A garçonete colocava nossos pratos na mesa, junto a jarra de suco. – Bona Petit.

– Obrigada – Dissemos.

Comemos em silêncio e depois ele me levou para casa. Esse passeio não foi lá essas coisas. Sem graça, mas tudo bem, ultimamente tudo na minha vida está sem graça.

Assim que chego em casa, tenho a pior visão que um ser humano pode ter em toda sua estúpida existência.

O Worthy em uma cena de pré-transa com a Jessica. Digo, eles estavam jogados no sofá, ele sem blusa e ela só com lingerie. Brincar de casinha é que eles não iriam. E se iam, ele seria o pai e ela a mãe.

Decido não falar nada, apenas subo para o meu quarto e bato a porta com força. Para deixar bem claro que eu passei por lá. Ouvi a porta da sala sendo aberta e depois fechada. E passos vindo das escadas. Decidi ir para a cozinha ver o que estava acontecendo, mas assim que abri a porta, meu corpo foi de encontro ao do Rafael. Nossas respirações estavam ofegantes. Ele me levou para dentro do quarto e me prendeu a parede.

– O que está fazendo Rafael?! — Perguntei.

– Chega! Já fiquei cansado disso Jullia.